Criatividade, integração, conexão com mundo e interação com a comunidade são defendidas no Extensiona
Evento é realizado até tarde desta quinta-feira, em Goiânia
A roda de conversa realizada na manhã de hoje, 13, durante o Extensiona IFG, trouxe experiências, boas práticas e um conjunto de características e atributos para se integrar ensino, pesquisa, extensão e conseguir aproximar a sociedade dos Institutos Federais (IFs). O desafio de atender demandas externas das comunidades locais, mostrar as pesquisas e ações desenvolvidas nos IFs, resolver demandas sociais são pontos importantes colocados pelos participantes do evento, que ocorre no Centro de Aulas da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Pró-reitora de Extensão do IF do Norte de Minas Gerais, Maria Araci Magalhães, apresentou o projeto Portfólio de Oportunidades, desenvolvido há três anos pela Instituição. O objetivo, segundo ela, é conhecer melhor o território, mapear demanda das comunidades e encontrar soluções para essas demandas, por meio das expertises dos profissionais, servidores e parceiros no projeto. Para criar a ferramenta digital onde as pessoas cadastram suas demandas, a professora conta que foram aplicados questionários à comunidade, empresas, entidades locais, dentre outros, para saber o que eles pensavam da Instituição. Essa pesquisa inicial foi replicada nos 11 câmpus do IFNMG, onde cada coordenador tinha dois bolsistas para desenvolver o projeto de aproximação do IF com a comunidade. O resultado dessa pesquisa inicial, conta a pró-reitora, foi que as pessoas falaram que as pesquisas e ações do IFNMG não tinham impacto para elas, que não eram aplicadas, que a extensão tecnológica era baixa. Foi daí que surgiu a ideia de realizar o projeto do portfólio.
Para viabilizar a execução das atividades e criação da ferramenta digital, ele foi aprovado por meio do edital nacional de Gestão da Inovação. A partir daí, criaram a plataforma para acesso às comunidades, sendo que a preferência é para os coletivos, não necessariamente as demandas individuais dos cidadãos. “O objetivo é propiciar a interação dialógica, chegar mais próximo à comunidade, resolver demandas da comunidade. A gente chama todos de cidadãos demandantes para que possam acessar a plataforma e cadastrar suas demandas”, firma. Pela plataforma, a pessoa faz um cadastro, coloca as demandas para a sua comunidade local, aí a ferramenta levanta as situações-problema e faz o mapeamento de demandas a serem resolvidas. A partir desse levantamento, é possível criar soluções, por meio da Rede do IF, com servidores, pesquisadores e dos parceiros convidados a participar.
Para Maria, a expectativa do projeto é propiciar o desenvolvimento local e regional e não resolver todas as demandas, “e mesmo que os problemas que recebemos não sejam para o IF resolver, a gente encaminha aos órgãos de ofício, como colocar asfalto na rua, dentre outros”, conta.
Entre as características do projeto estão a conexão entre servidores e parceiros para a solução de problemas, criação e manutenção da plataforma digital, com ganhos no desenvolvimento de ações vinculadas à sociedade local, ampliação da pesquisa aplicada e extensão tecnológica, satisfação da comunidade e proximidade dela com a instituição. A partir da resolução das demandas, o projeto prevê ainda a divulgação junto às comunidades, a disponibilização das soluções, mostrando os ganhos para a sociedade.
Uma das estratégias utilizadas pelo projeto é o laboratório móvel de informática, que promove cursos de Formação Inicial e Continuada (FIC) aos trabalhadores. Outra ação é a criação de uma revista para divulgação das demandas já resolvidas. O lema do projeto, afirma a professora, é “derrubando muros e construindo pontes, para que o IFNMG fique cada vez mais forte”, finaliza.
Características
Participante da roda de conversa, o reitor do Instituto Federal de Brasília (IFB), Wilson Conciani, defende a criatividade como uma característica muito importante quando se pensa em inovação, e essa criatividade adquirida por meio da arte e da cultura. Segundo ele, “a criatividade não se aprende na sala de aula, ensinando matemática, por exemplo. Criatividade é dar informação e meios de usar essa informação, é tradição, história, respeito pelo passado, pena que não entenderam ainda que arte é uma tecnologia”, afirma.
Entre os benefícios da extensão, o reitor afirma ser o apoio ao desenvolvimento local e regional, a previsão de ter profissionais ajustados às necessidades do mundo do trabalho, a oportunidade de desenvolver melhores estratégias de formação. E que os desafios perpassam pela cultura academicista que ainda impera no contexto educacional brasileiro, em que o pesquisador se afasta, precisa se distanciar, sempre referenciados outros. “E isso não serve para mudar a realidade, quem quer fazer isso tem que se envolver, temos também uma gestão cheia de legislações, órgãos de controle que nos amarram para desenvolver outras ações. Precisamos flexibilizar as ferramentas, como ocorreu com a criação do cartão do pesquisador”, diz.
Para Conciani, aula não é um espaço apenas para cumprir o conteúdo, embora “nossas cabeças continuem sendo conteudistas”. O que interessa, conta o professor, é a formação de uma pessoa, é fazer educação, que é a transformação, é usar o espaço da aula para construir conhecimento. “A aula é o lugar para desenvolver ensino, pesquisa e extensão”, defende. Aliado a essa ideia, o reitor defende ainda que é preciso desenvolver o pensamento crítico e que hoje há um desencontro entre o que a escola oferece e o que a sociedade precisa. E que para mudar essa realidade precisa-se desenvolver a criatividade, a inovação, a liderança, a inteligência emocional, a capacidade de desenvolver problemas. Essas, afirma ele, são as caraterísticas fundamentais para se produzir alguma coisa. “É importante que os nossos projetos de pesquisa, nossos projetos de extensão não sejam externos à sala de aula”, finaliza.
A programação do Extensiona segue na tarde de hoje com uma roda de conversa com egressos do IFG e os encaminhamentos finais do evento.
Diretoria de Comunicação Social/Reitoria.
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