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COMISSÃO

Reunião da CPPIR traz alternativas para consolidação das políticas afirmativas

Publicado: Terça, 24 de Abril de 2018, 08h30 | Última atualização em Terça, 24 de Abril de 2018, 08h31

Pauta tratou questões referentes ao Plano de Desenvolvimento Institucional, plano orçamentário, grupos de trabalho, dentre outros

imagem sem descrição.

 

Em reunião realizada na última sexta-feira, 20, no Instituto Federal de Goiás (IFG) – Câmpus Goiânia Oeste, a Comissão Permanente de Políticas da Promoção da Igualdade Étnico-racial (CPPIR) do Instituto Federal de Goiás (IFG) tratou de importantes questões, como as propostas elaboradas para o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI – 2018-2022) e a retomada dos grupos de trabalho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Desenvolvimento Institucional. Membros da comissão participaram do encontro. Pela manhã, foi feita a recomposição da CPPIR e confirmadas as proposições para o Congresso Institucional, cujas delegadas serão as professoras Jaqueline Vilas Boas e Janira Sodré Miranda.

Segundo a professora Ana Canavarro, “O curriculum precisa ter uma visão holística e que se comprometa com as visões étnicas e morais. Isso passa pelo questionamento da matriz de produção que temos dentro das instituições. O que temos hoje nas instituições acadêmicas brasileiras é uma deturpação das matrizes de produção, sempre vigora uma epísteme branca, masculina de laboratório e europeia, o que exclui a maioria da população brasileira de dentre desse recorte”, afirma.

No período da tarde foram tratados ainda assuntos como o mapeamento e a caracterização dos Núcleos de Estudos e Pesquisa Afro-brasileiros e Indígenas (NEABIs) nas Instituições de Ensino Superior e o consórcio da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), com a professora Anna Cannavarro Benite, que é presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). E foram relatadas experiências institucionais com as bancas de verificação de pessoas autodeclaradas negras em processos seletivos.

À tarde, o encontro contou com as presenças de membros das pró-reitorias de Ensino, Pesquisa e pós-graduação e Extensão, gerentes e demais coordenadores lotados nas pró-reitorias e convidados, além de servidores e alunos do Câmpus Goiânia Oeste, para debater duas importantes pautas.

Experiências

Sobre as experiências institucionais com bancas de verificação de pessoas autodeclaradas negras em processos seletivos, o presidente da Comissão de Verificação de Autodeclaração da Universidade Federal de Goiás (UFG), Pedro Rodrigues Cruz, falou sobre a experiência da adoção de cotas nas universidades tendo como base a experiência da UFG em 2018. Em seguida, a professora Lorena Francisco de Souza, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), compartilhou suas experiências como participante em bancas de verificação das pessoas autodeclaradas negras em processos seletivos.

Conforme a lei 12.711/2012, o ingresso de pessoas negras nas universidades e instituições federais de ensino técnico de nível médio deve estar garantido e, para tanto, o processo de heteroidentificação (processo em que a banca examinadora do concurso verifica a autodeclaração do candidato e se ele se enquadra nas cotas, a fim de evitar fraudes) complementar à autodeclaração de candidatos negros é imprescindível.

A professora Lorena afirma que “Umas das principais polêmicas  criadas para tentar descaracterizar e pormenorizar as políticas de ações afirmativas nas instituições de ensino superior é a afirmação de que somos todos “afrodescentes” e as ideias de “miscigenação” e “o mito da democracia racial”, que são elementos perigosos e complexos para estabelecer critérios para averiguação de candidatos que se autodeclaram”, diz, complementando ainda que “É verdade que temos a miscigenação como constitutiva das nossas realidades sociais e familiares, entretanto, vale destacar que no Brasil, do ponto de vista da concepção racial, o racismo opera por meio do fenótipo (características físicas, morfológicas e fisiológicas apresentadas pelo indivíduo), da marca corpórea e não das caraterísticas genotípicas (constituição genética) ou da ascendência como nos Estados Unidos (EUA).

A professora argumenta ainda que uma das questões usadas para questionar as políticas de cotas e fortalecer a manutenção do status quo por meio de uma elite branca e rica do país é a ideia de que o Brasil está copiando um proposta dos EUA. “A defesa é de que o indivíduo por si só, com base no esforço individual, constrói acesso ao ensino superior, quando sabemos que a meritocracia também é uma perversa ideologia que fortalece ainda mais o poder já estabelecido pelas classes dominantes e não contribui em nada para ações que visam à justiça social”, diz Lorena.

As duas pautas estão diretamente ligadas ao plano de trabalho da CPPIR e às políticas propostas pela Comissão ao IFG, afirma a presidente da Comissão e professora do IFG, Ádria Borges. Ela avalia o encontro como “muito positivo, no sentido de apresentar alternativas para a implementação e consolidação de políticas de ações afirmativas”, finaliza.

 

Para mais informações sobre a CPPIR, acesse a página: http://www.ifg.edu.br/comissoes/cppir 

 

Diretoria de Comunicação Social/Reitoria. Com informações da CPPIR.

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