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Setembro Azul

Surdos relatam, em mesa-redonda, histórias de vida e desafios que enfrentam para estudar e trabalhar

Publicado: Quinta, 06 de Setembro de 2018, 11h27 | Última atualização em Quinta, 06 de Setembro de 2018, 11h39

A atividade foi a segunda deste ano na programação do Setembro Azul no IFG – Câmpus Aparecida de Goiânia

A mesa-redonda "Relatos Surdos: processos educacionais e formação profissional" foi composta por profissionais surdos de diferentes áreas de formação
A mesa-redonda "Relatos Surdos: processos educacionais e formação profissional" foi composta por profissionais surdos de diferentes áreas de formação

Uma mesa-redonda composta por profissionais surdos de diferentes áreas de formação marcou a segunda atividade do Setembro Azul  2018 no IFG – Câmpus Aparecida de Goiânia. Abordando o tema "Relatos Surdos: processos educacionais e formação profissional", os palestrantes Cristiane Siqueira Pereira (Odontologia), Dheimy Tarllyson Santos Silva (Tecnologia da Informação), Gabriel Isaac Lima de Sousa (Design Gráfico), Lucas Ferreira dos Santos (Engenharia Civil) e Sérgio Vaz Mendes (Pedagogia e Letras/Libras) discorreram sobre suas trajetórias de vida e os desafios enfrentados para conseguir estudar e trabalhar. A mesa foi mediada pelo professor surdo do IFG Aparecida, Diego Leonardo Vaz.

A barreira da comunicação e o desconhecimento de colegas, professores e outras pessoas do convívio social dos surdos sobre suas capacidades e potencialidades foram os destaques feitos por todos eles em seus pronunciamentos. A odontóloga Cristiane Pereira, por exemplo, conta que enfrentou 27 vestibulares até conseguir sua aprovação, na Universidade Federal de Alfenas (MG). As dificuldades não pararam por aí, porque Cristiane precisou de muito esforço para estudar e se comunicar utilizando termos específicos da odontologia. Hoje, trabalhando em Goiânia, sua clientela é formada por muitos surdos, mas ela atende também ouvintes e diz que consegue se comunicar bem com todos.

Sérgio Vaz, nascido em Uruana (GO), relatou ter repetido diversas vezes as séries iniciais do ensino básico, até começar a frequentar uma escola específica para surdos, em Goiânia. Rejeitado na escola de sua cidade natal por ser surdo, Sérgio foi a causa da mudança de sua família para a capital. Ele relatou que começou a trabalhar aos dez anos de idade e teve diversas ocupações diferentes até a idade adulta, tendo ficado muito orgulhoso quando passou a ser professor de Libras. Sérgio falou do apoio recebido de sua esposa, a professora Waléria Batista da Silva Vaz Mendes, para que não parasse de estudar.  Hoje graduado em Pedagogia e Letras/Libras, Sérgio diz ser muito grato a Deus e à família por suas conquistas.

 

Confiança

Formado em Tecnologia da Informação, Dheimy Tarllyson também destacou o apoio recebido por muitas pessoas para que conseguisse estudar e trabalhar. Ele relatou já ter trabalhado em várias empresas e diferentes funções, mas sempre alimentou o sonho de atuar em sua área de formação. Atualmente, Dheimy é professor no Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS). O engenheiro Lucas Ferreira, da mesma forma, ressalta não ter conseguido ainda atuar em sua formação, o que ele avalia ser em função da falta de confiança das pessoas sobre a capacidade dos surdos. Lucas conta que sempre se destacou na escola nas matérias de Matemática e Física. Na faculdade de Engenharia, cursada na PUC Goiás, ele tinha intérprete, mas diz que era o único surdo em seu curso e que se sentia muito sozinho.

A história do design gráfico Gabriel Isaac diferencia-se um pouco da dos demais integrantes da mesa, pelo fato de ter pais surdos, o que favoreceu seu contato com a língua de sinais desde a mais tenra idade. As dificuldades impostas pela barreira da língua portuguesa, entretanto, não foram menores. Lucas falou que o fato de depender dos ouvintes em várias situações o incomodava muito, o que o motivou a iniciar a gravação de vídeos a outros surdos, compartilhando problemas comuns. Hoje, além de YouTuber, Gabriel trabalha no CAS e também na área de animação gráfica em uma emissora de televisão em Goiânia.

 

Programação

Os participantes da mesa-redonda puderam ouvir dos palestrantes especificidades de suas vidas, como entrevistas de emprego e relações sociais. O momento também contou com espaço para perguntas do público, que versaram tanto sobre como o surdo pode atuar em determinada profissão ou como o ouvinte pode auxiliar um colega surdo na escola ou no trabalho. Os membros da mesa receberam ao final do evento, volumes de livros da Série Histórica do Instituto Nacional de Surdos (INES).

A programação do Setembro Azul no IFG – Câmpus Aparecida de Goiânia teve sua primeira atividade no dia 1º e segue até o final do mês.  A programação foi organizada pelo Núcleo de Pesquisa “Educação, Linguagem e Discurso”, a Coordenação do Curso de Pedagogia Bilíngue do IFG e a Coordenação de Polo do Curso de Pedagogia EaD – INES/IFG, coordenados respectivamente pelas professoras Josiane dos Santos Lima, Aleir Ferraz Tenório e Waléria Batista da Silva Vaz Mendes.

 

Imagens

 

Coordenação de Comunicação Social e Eventos / Câmpus Aparecida de Goiânia

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