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Inclusão

Estudante autista participa pela primeira vez de congresso de engenharia

Publicado: Terça, 03 de Outubro de 2023, 15h41 | Última atualização em Terça, 12 de Dezembro de 2023, 12h12

Emile participou do evento na cidade do Rio de Janeiro, e na ocasião também apresentou um trabalho

Emile comentou que precisou treinar muito para se apresentar no evento, uma vez que ela tem dificuldade de comunicação e de manter contato visual
Emile comentou que precisou treinar muito para se apresentar no evento, uma vez que ela tem dificuldade de comunicação e de manter contato visual

 

A jovem Emile Silva Santana, de 19 anos, é estudante do 4º período de Engenharia Elétrica, no IFG Câmpus Itumbiara. Recentemente ela viajou até a cidade do Rio de Janeiro para participar do Cobenge 2023 - Congresso Brasileiro de Educação em Engenharia. No evento, a graduanda apresentou, em forma de pôster, o  trabalho “ATPDRAW e bancada de simulação como fomentadores de inclusão na Engenharia - a Iniciação Científica Inclusiva". 

A participação de Emile no Cobenge foi motivo de orgulho para a comunidade acadêmica do IFG, uma vez que ela tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e por conta disso apresenta dificuldade de comunicação, de manter contato visual e estar em ambientes com muitas pessoas. Assim, Emile relata que sua participação no Congresso demandou muito treino, mas que o resultado foi satisfatório. 

Emile comentou ainda que estar no evento foi “bem divertido e muito legal” principalmente porque ela teve a oportunidade de conhecer e conversar com uma professora autista do Instituto Militar de Engenharia (IME) e ainda pôde participar de sessões dirigidas e técnicas voltadas às mulheres na área das engenharias. Participar desses espaços de “apresentação, discussão e articulação de trabalhos acadêmicos de forma coletiva e interinstitucional”, na opinião de Emile, foi apenas mais uma confirmação de que é possível sim que pessoas autistas podem realizar muitos objetivos nas engenharias.

Além do treino e preparo para conseguir se apresentar no Cobenge, Emile ainda teve o apoio de sua mãe Sivanir Santana, que a acompanhou na viagem, do professor Marcelo Escobar e de outros colegas de graduação. A estudante fez questão de ressaltar que o docente Escobar a acolheu muito bem desde que ela chegou na Instituição e que atualmente ele é seu orientador num projeto de iniciação científica. Além disso, ela ainda recordou que foi o professor Marcelo quem a direcionou ao Napne - Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas. 

Quanto à atuação do Napne junto à Emile, atualmente servidores do Núcleo se revezam para poder acompanhá-la em situações específicas, tanto em sala de aula quanto pela Instituição de forma geral. A psicóloga Ana Paula Araújo, por exemplo, além de diálogos e orientações, quase diariamente costuma receber a jovem na entrada do Câmpus e acompanhá-la até a sala de aula. Isso porque, às vezes, a aglomeração de pessoas causa desconforto na estudante, então ela se sente mais segura para circular pela Instituição se estiver junto de alguém de confiança e diante de situações de previsibilidade. Sobre poder receber o apoio e companhia de Ana Paula, Emile ressalta que é muito importante para ela, que isso a deixa mais segura e que se sente bem e confortável ao lado da profissional. Assim, quando precisa ficar em outro ambiente que não seja a sala, Emile cita que gosta de estar nos laboratórios de Fontes, no IFMaker, no Nupse ou em espaços do Setor de Saúde. Para dar a ela ainda mais estabilidade e confiança, Emile também sempre carrega um objeto muito especial para ela: que é um robô C-3PO ou See-Threepio “um androide do mundo fictício de [da saga] Star Wars”.

Eventos acadêmicos

Além da conquista de participar do Cobenge 2023, Emile já está se preparando para ir ao IX Congresso Nacional de Educação (Conedu), na cidade de João Pessoa (PB). Na ocasião, ela irá apresentar um pôster e participar de uma sessão de comunicação oral, onde abordará dois temas: “Estudos em bancadas de simulação na Engenharia Elétrica e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) - A Iniciação Científica Inclusiva” e “Disseminação do conhecimento de inclusão e integração, uma perspectiva de uma estudante atista no ambiente escolar/acadêmico”. A estudante ainda destacou que a participação dela no Cobenge foi possível graças à verba recebida via auxílio estudantil do Programa de Incentivo para Estudantes do IFG apresentarem Trabalho em Eventos Científicos e Tecnológicos (PAECT) e à venda dos botons que ela confeccionou.

Além desses feitos, atualmente ela ainda participa no IFG do seu terceiro projeto de iniciação científica; e mencionou que após concluir a graduação, seu objetivo é seguir carreira acadêmica nas áreas da pesquisa e da docência. 

 

Ingresso no IFG

Emile ingressou no Instituto Federal de Goiás no segundo semestre de 2021, durante a pandemia e o ensino remoto. Pouco tempo antes de começar no IFG, ela foi diagnosticada com autismo e revelou que demorou a aceitar que tinha TEA. A estudante, que é da cidade de Bom Jesus, conta que se mudou para Itumbiara para poder estudar no Instituto e, que também por isso, ela enfrentou dificuldades com a mudança de rotina. Por conta disso, o apoio dos membros do Napne foi fundamental para sua adaptação à Instituição.

Emile possui muita facilidade com a área de exatas, e a psicóloga Ana Paula relata que, diferentemente da maioria dos alunos, Emile faz questão de ir a fundo nos estudos e entender todas as teorias e ensinamentos que estão por trás de uma simples fórmula, permitindo a ela ter uma “aprendizagem significativa” e compreensão completa do tema.

 

Napne

No caso da Emile, os membros do Napne a acompanham para permitir à estudante que ela tenha menos dificuldade de se relacionar, comunicar e frequentar a Instituição. A servidora Ana Paula destaca que os colegas de curso respeitam muito a Emile e também têm admiração por ela. Além disso, Ana Paula reforça que, independente de uma pessoa ter ou não um transtorno, todos somos indivíduos com particularidades e dificuldades, e que por conta disso a Instituição precisa cada vez mais estar preparada para lidar com essas situações. A psicóloga ainda citou que nos câmpus do IFG em Anápolis, Goiânia e Luziânia foram contratados especialistas em Atendimento Educacional Especializado (AEE) para acompanhar estudantes com necessidades específicas, e que o Câmpus Itumbiara também está em busca de contratação desse tipo de profissional. Atualmente, no IFG há outro estudante com TEA no curso de Engenharia de Controle e Automação. 

“Essa experiência [de acompanhar diariamente a Emile] tem me ajudado muito enquanto profissional também. O estudo do Espectro no ensino superior é muito novo. Então, é um aprendizado diário”, destacou Ana Paula. A servidora ainda fez questão de enfatizar que não podemos deixar que um diagnóstico defina nenhuma pessoa, pois cada um tem suas necessidades, ritmo e tempo necessário para se desenvolver. “Todos nós somos diferentes uns dos outros. Temos as nossas necessidade. Não precisamos ser iguais”. 

 

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Caso necessite, qualquer estudante pode entrar em contato com o Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Específicas (NAPNE) via telefone ou pessoalmente no Setor de Saúde: (64) 2103-5606. 

No Cogenbe ela esteve junto a colegas de curso e do prof. Marcelo Escobar
No Cobenge ela esteve junto a colegas de curso e do prof. Marcelo Escobar

 

Nesta imagem é possível notar nas mãos de  Emile o robô C-3PO que é muito especial para a jovem e serve também para dar mais segurança e ela
Nesta imagem é possível notar nas mãos de Emile o robô C-3PO que é muito especial para a jovem e serve também para dar mais segurança e ela

 


Quase diariamente a servidora Ana Paula recebe Emile nos portões do Câmpus para que a jovem se sinta mais segura ao circular pela Instituição



 

Setor de Comunicação Social e Eventos - Câmpus Itumbiara

 

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