Ir direto para menu de acessibilidade.

GTranslate - Tradução do site

ptenfrdeitesth

Opções de acessibilidade

Você está aqui: Página inicial > Próximos Eventos (Câmpus Luziânia) > IFG > Últimas notícias > Concluintes dos cursos técnicos integrados recebem certificados durante solenidades no Câmpus Goiânia
Início do conteúdo da página
CERTIFICAÇÃO

Concluintes dos cursos técnicos integrados recebem certificados durante solenidades no Câmpus Goiânia

Dentre eles, está Maria Meire, indígena, que se torna a primeira da etnia Cinta Larga a ter uma qualificação técnica na área de Cozinha.

  • Publicado: Terça, 02 de Maio de 2023, 07h42
  • Última atualização em Segunda, 29 de Maio de 2023, 16h00
Formanda indígena Maria Meire recebe cumprimentos da diretora-geral do Câmpus Goiânia, professora Adriana dos Reis.
Formanda indígena Maria Meire recebe cumprimentos da diretora-geral do Câmpus Goiânia, professora Adriana dos Reis.

O Instituto Federal de Goiás Câmpus Goiânia encerrou o mês de abril com a certificação dos estudantes dos cursos técnicos integrados ao ensino médio. As solenidades ocorreram nos dias 27 e 28, no Teatro da Instituição e reuniram 43 formandos. Dentre eles, a concluinte do curso técnico integrado na modalidade educação de jovens e adultos, Maria Meire Gomes Ribeiro, indígena descendente da etnia Cinta Larga, povo que habita regiões do estado de Rondônia.

Nascida em Ricardo Franco, cidade próxima do seu povo, Maria Meire é filha de mãe indígena e pai ungandês, que retirou o nome oriundo dos Cinta Larga devido ao preconceito da família africana. Contudo, as raízes com a cultura de seu povo não foram anuladas por isso. Ela conta que durante toda a infância e parte da adolescência conviveu na aldeia com tios e primos indígenas, época da qual tem memória afetiva. “Tinha festa da ave panã, minha mãe passava meses guardando penas brancas pro dia da festa colar as penas em nós crianças pra ficar igual passarinho. Era uma festa pra saúde e para as visitas dos nossos ancestrais que já tinham falecido. Tinha que apresentar as crianças em forma de pássaro porque assim eles nos reconheciam. E tinha muito comida, peixe, biju, caça, assado. Eu e meus irmãos éramos livres pra tudo, pra brincar, nadar pescar. Éramos felizes!”

O acesso aos estudos veio apenas mais tarde, aos 15 anos, quando Maria Meire já estava casada. Devido ao falecimento dos pais, ela ficou responsável pelos irmãos. A oportunidade de frequentar a escola veio só após o casamento, ainda em Rondônia. Com o desenrolar da vida, Maria veio para Goiânia onde começou a trabalhar enquanto terceirizada na Reitoria do IFG, exercendo as funções de zeladora e copeira. “Eu fui estudar mesmo eu já era mãe. Fiz o primeiro grau até chegar na Reitoria e meu grande amigo pró-reitor Amaury [Amaury Araújo, na época exercia o cargo de pró-reitor de Desenvolvimento Institucional e Recursos Humanos] me incentivou a voltar pra escola. Fiz minha inscrição no IFG, passei e fui chamada”.

Para concluir os estudos, Maria lutou contra os desafios impostos aos estudantes das classes mais vulneráveis. “Até eu ganhar a bolsa pra poder me dedicar mais nos estudos, não foi fácil devido à distância. Mas não foi empecilho. Cheguei a dormir no terminal Vera Cruz por ter perdido o ônibus pro [Jardim] Cerrado 10 onde eu moro atualmente. Tudo isso foi um aprendizado”, recorda. A bolsa a que Maria Meire se refere trata-se de um dos programas de assistência estudantil promovidos pelo IFG, intitulado EJA Permanência, que tem como foco ofertar recursos mensais a estudantes dos cursos técnicos EJA que se encontram em situação socioeconômica de vulnerabilidade.

Maria Meire celebrou o momento usando cocar de penas azuis simbolizando a proteção dos ancestrais.

Com todos os percalços, Maria Meire chega ao final do mês de abril de 2023 – mês em que se comemora, no dia 19, o dia dos povos indígenas – com a conquista do seu certificado de técnica em Cozinha, além de concluinte do ensino médio. “É o meu sonho realizado e meu povo se orgulha muito de mim porque as dificuldades lá, por não ter uma escola, é [sic] muito grande, muitos lá tem o mesmo sonho mas não conseguem”, conta. Com o feito, Maria Meire torna-se a primeira da etnia Cinta Larga a ter um certificado de profissional técnica. E a vitória vai além do papel, uma vez que ela já trabalha exercendo sua profissão em um restaurante da capital.

Para finalizar, ela deixa um recado. “Tudo que eu vivi, eu trago na mente e coração. Não é fácil ser indígena devido às pessoas acharem que somos preguiçosos, que queremos a terra pra não fazer nada. Mas o índio não é ambicioso. O índio é feliz com o que tem. O índio é a natureza. […] Não foi fácil pra mim e meus irmãos depois que perdemos nossa mãe, mas tivemos que caminhar com muita luta pra chegar até aqui! Graças a Deus, eu encontrei anjos no meu caminho! Terminei o curso e hoje trabalho como cozinheira. E uma trajetória bem grande!”

Na solenidade de certificação, a formanda usou o cocar feito especialmente por indígenas Cinta Larga para esse momento. “O cocar tem vários significados! Pra nós, significa a centralização dos pensamentos, é como se você tivesse que tomar decisões serias e o cocar te ajuda a pensar certo e você vai ter a ajuda dos grandes espíritos! A cor azul do cocar significa a energia de proteção dos nossos ancestrais com a natureza. Por quê? Nós somos a natureza!”, explica.

Solenidades

As cerimônias contaram com a presença da diretora do Câmpus Goiânia, professora Adriana dos Reis Ferreira, e dos coordenadores de curso, os professores Sandro Morais Pimenta, substituindo o coordenador do curso de Controle Ambiental, professor Antônio Pasqualetto; professor Marco Antonio Pires Paixão, de Mineração; professora Maria de Lourdes Magalhães, de Transporte Rodoviário (EJA); professor Jorge Fernando Squeff Sahb, de Edificações; professora Rebeca Elster Rubim, de Cozinha (EJA); professor Lamartine Silva Tavares, de Instrumento Musical; Edni Nunes de Oliveira , de Eletrotécnica; Janaína Ferreira, chefe do departamento de áreas acadêmicas 4, no ato substituindo o coordenador do curso técnico integrado em Eletrônica, professor Eliezer Alves Teixeira; Ubaldo Eleuterio da Silva, de Telecomunicações; professor Eliezer Marques Faria, de Informática para Internet (EJA). Além dos docentes, a coordenadora de Registros Acadêmicos e Escolares, Ana Paula Souza, esteve presente na cerimônia do dia 28 de abril.

Momentos das certificações nos dias 27 e 28 de abril,  respectivamente.

Os discursos em nome das turmas foram proferidos pelas formandas Isadora Coutinho da Costa, do curso técnico em Controle Ambiental, no dia 27, e Nicole Liecheski, do técnico em Eletrônica, no dia 28 de abril. Os juramentos foram proferidos pelos estudantes Geovanna da Silva Teodoro, do técnico integrado em Edificações, no dia 27, e pelo João Guilherme Teixeira de Souza, do integrado em Telecomunicações, no dia 28.

Na quinta-feira, 27, a solenidade reuniu 19 formandos nos cursos técnicos integrados ao ensino médio em Controle Ambiental, Edificações, Mineração e Transporte Rodoviário (EJA). Já no dia 28 de abril, 24 concluintes dos cursos técnicos em Cozinha (EJA), Instrumento Musical, Eletrônica, Eletrotécnica, Informática para Internet (EJA) e em Telecomunicações participaram da cerimônia.
A abertura das solenidades contou com apresentação de estudantes do curso técnico em Instrumento Musical que participam do projeto de ensino Núcleo de Choro do Câmpus Goiânia.

Durante o seu discurso, a diretora do Câmpus Goiânia, professora Adriana dos Reis Ferreira, parabenizou os formandos e agradeceu pelo voto de confiança que os estudantes e seus responsáveis creditaram no IFG ao buscarem a Instituição para a formação profissional e cidadã. “Quero agradecer vocês que acreditaram nessa Instituição e por trazerem seus filhos e filhas para estudarem conosco. Vocês acreditaram e nós estamos aqui, entregando para vocês o que nós prometemos: que nós daríamos uma formação com qualidade, que para além de um curso técnico, o ensino médio com qualificação. Muitos já estão trabalhando, muitos já estão fazendo seu curso superior. Então, parabéns a vocês e parabéns a eles”.

Adriana também reforçou o modelo diferenciado dos Institutos Federais, que ofertam educação verticalizada ao disponibilizar cursos técnicos integrados ao ensino médio, subsequentes, graduações e pós-graduações. O concluinte do curso técnico integrado em Controle Ambiental, Dalton Soares, ciente da oportunidade, participou da última seleção para os cursos superiores do Câmpus Goiânia e, a partir de agora, cursa o Bacharelado em Engenharia Ambiental e Sanitária. “O IFG, para mim, é um lugar que me permitiu crescer não só profissionalmente, mas também como pessoa. Me ajudou na relação comigo mesmo e na relação minha com o mundo. Eu amo bastante, inclusive agora estou fazendo o curso superior aqui. É uma Instituição que acolhe bastante”, afirmou.

Confira mais imagens das solenidades no Facebook.

 


Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia.

Fim do conteúdo da página