Reunião da CPPIR traz alternativas para consolidação das políticas afirmativas
Em reunião realizada na última sexta-feira, 20, no Instituto Federal de Goiás (IFG) – Câmpus Goiânia Oeste, a Comissão Permanente de Políticas da Promoção da Igualdade Étnico-racial (CPPIR) do Instituto Federal de Goiás (IFG) tratou de importantes questões, como as propostas elaboradas para o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI – 2018-2022) e a retomada dos grupos de trabalho de Ensino, Pesquisa, Extensão e Desenvolvimento Institucional. Membros da comissão participaram do encontro. Pela manhã, foi feita a recomposição da CPPIR e confirmadas as proposições para o Congresso Institucional, cujas delegadas serão as professoras Jaqueline Vilas Boas e Janira Sodré Miranda.
Segundo a professora Ana Canavarro, “O curriculum precisa ter uma visão holística e que se comprometa com as visões étnicas e morais. Isso passa pelo questionamento da matriz de produção que temos dentro das instituições. O que temos hoje nas instituições acadêmicas brasileiras é uma deturpação das matrizes de produção, sempre vigora uma epísteme branca, masculina de laboratório e europeia, o que exclui a maioria da população brasileira de dentre desse recorte”, afirma.
No período da tarde foram tratados ainda assuntos como o mapeamento e a caracterização dos Núcleos de Estudos e Pesquisa Afro-brasileiros e Indígenas (NEABIs) nas Instituições de Ensino Superior e o consórcio da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), com a professora Anna Cannavarro Benite, que é presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). E foram relatadas experiências institucionais com as bancas de verificação de pessoas autodeclaradas negras em processos seletivos.
À tarde, o encontro contou com as presenças de membros das pró-reitorias de Ensino, Pesquisa e pós-graduação e Extensão, gerentes e demais coordenadores lotados nas pró-reitorias e convidados, além de servidores e alunos do Câmpus Goiânia Oeste, para debater duas importantes pautas.
Experiências
Sobre as experiências institucionais com bancas de verificação de pessoas autodeclaradas negras em processos seletivos, o presidente da Comissão de Verificação de Autodeclaração da Universidade Federal de Goiás (UFG), Pedro Rodrigues Cruz, falou sobre a experiência da adoção de cotas nas universidades tendo como base a experiência da UFG em 2018. Em seguida, a professora Lorena Francisco de Souza, da Universidade Estadual de Goiás (UEG), compartilhou suas experiências como participante em bancas de verificação das pessoas autodeclaradas negras em processos seletivos.
Conforme a lei 12.711/2012, o ingresso de pessoas negras nas universidades e instituições federais de ensino técnico de nível médio deve estar garantido e, para tanto, o processo de heteroidentificação (processo em que a banca examinadora do concurso verifica a autodeclaração do candidato e se ele se enquadra nas cotas, a fim de evitar fraudes) complementar à autodeclaração de candidatos negros é imprescindível.
A professora Lorena afirma que “Umas das principais polêmicas criadas para tentar descaracterizar e pormenorizar as políticas de ações afirmativas nas instituições de ensino superior é a afirmação de que somos todos “afrodescentes” e as ideias de “miscigenação” e “o mito da democracia racial”, que são elementos perigosos e complexos para estabelecer critérios para averiguação de candidatos que se autodeclaram”, diz, complementando ainda que “É verdade que temos a miscigenação como constitutiva das nossas realidades sociais e familiares, entretanto, vale destacar que no Brasil, do ponto de vista da concepção racial, o racismo opera por meio do fenótipo (características físicas, morfológicas e fisiológicas apresentadas pelo indivíduo), da marca corpórea e não das caraterísticas genotípicas (constituição genética) ou da ascendência como nos Estados Unidos (EUA).
A professora argumenta ainda que uma das questões usadas para questionar as políticas de cotas e fortalecer a manutenção do status quo por meio de uma elite branca e rica do país é a ideia de que o Brasil está copiando um proposta dos EUA. “A defesa é de que o indivíduo por si só, com base no esforço individual, constrói acesso ao ensino superior, quando sabemos que a meritocracia também é uma perversa ideologia que fortalece ainda mais o poder já estabelecido pelas classes dominantes e não contribui em nada para ações que visam à justiça social”, diz Lorena.
As duas pautas estão diretamente ligadas ao plano de trabalho da CPPIR e às políticas propostas pela Comissão ao IFG, afirma a presidente da Comissão e professora do IFG, Ádria Borges. Ela avalia o encontro como “muito positivo, no sentido de apresentar alternativas para a implementação e consolidação de políticas de ações afirmativas”, finaliza.
Para mais informações sobre a CPPIR, acesse a página: http://www.ifg.edu.br/comissoes/cppir
Diretoria de Comunicação Social/Reitoria. Com informações da CPPIR.
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