Debatedores defendem a economia solidária como a “economia da vida”
Importância do trabalho das instituições de ensino, por meio de projetos e ações de extensão, também foi destacada
A economia solidária foi o tema do debate da tarde desta quarta-feira, 12, segundo dia do II Extensiona e IV Encontro do Mundo do Trabalho, eventos do Instituto Federal de Goiás para promover a reflexão sobre políticas e práticas de extensão e sobre questões do trabalho.
A roda de conversa “Economia solidária, extensão e práticas contemporâneas” teve a participação da presidente do Instituto Rede Solidária Berço das Águas e coordenadora da Rede Solidária Berço das Águas, Maria Odília Rogado da Silva, da antropóloga e professora na Universidade Federal de Goiás, Jaqueline Vilas Boas Talga, e do também professor da UFG, Eguimar Felício Chaveiro. Estava prevista a participação do militante do MST e um dos agricultores familiares do Projeto Feira Agroecológica IFG/UFG/Siass, Valdir Misnerovicz, que teve um imprevisto e não pôde participar.
O professor Eguimar Felício destacou que e economia solidária traz a solidariedade no nome e que isso está relacionado aos princípios que a norteiam. Segundo ele, o ser humano só é possível a partir da solidariedade da mãe, que concebe e cuida dos filhos. E a economia solidária busca reconstituir o sentido vital, em contraposição à economia capitalista, “que não é solidária; é assassina, da terra e dos seres humanos”.
Segundo ele, a economia solidária conta com entusiastas e críticos, mas também com avaliações intermediárias, que a apontam como grande arcabouço de práticas, saberes e projetos, que buscam uma forma diferente de produção de renda, organização do trabalho e aprendizagem permanente e coletiva.
Na mesma perspectiva, a professora Jaqueline Vilas Boas afirmou que a economia solidária é a economia da e pela vida, enquanto a economia capitalista é a economia da morte, “que não se importa com o meio ambiente, se tem gente morrendo; que se importa somente com o lucro”.
Transformação
Ela apresentou o projeto Coletivo Recicla Goiás, uma grande ação de extensão da Universidade Federal de Goiás, com participação do IFG e da Universidade Estadual de Goiás, e envolvimento do poder público da cidade de Goiás e de movimentos sociais. A partir da identificação de um grave problema – as condições dos trabalhadores que coletavam materiais no lixão da cidade – o projeto foi desenvolvido. Primeiramente, houve uma mobilização dentro das instituições de ensino. Depois veio o diálogo com o poder público e a aproximação dos trabalhadores e, por último, a formulação das ações de extensão.
Os catadores de recicláveis criaram sua cooperativa e passaram a trabalhar num centro de triagem, construído pela Prefeitura. O Município instituiu a coleta seletiva de resíduos sólidos e foram desenvolvidos projetos de educação ambiental. Também está previsto criação de leis para garantir que as mudanças na coleta e destinação dos resíduos sólidos permaneçam, independentemente de quem esteja no poder.
A professora defendeu as ações de extensão baseadas na economia solidária e disse que é necessário mudar a cosmovisão também dentro da academia. Segundo ela, o trabalho não é fácil, mas a academia tem grande potencial para contribuir para a transformação social.
Mão dupla
Maria Odília também enfatizou a importância da academia para os processos de desenvolvimento locais. Segundo ela, por meio da extensão é possível pensar e exercitar uma proposta de educação, que é popular e autogestionada, mas que tem o aporte da academia. “Muitas pessoas nos empreendimentos mal sabem ler, mas eles também são valorizados”, disse.
Ela afirmou que a extensão promove a socialização dos saberes e confirma que o apreender/ensinar é uma via de mão dupla. “A melhoria não vem de cima nem de fora; vem de dentro e do coletivo. A extensão é importante para a economia solidária porque enrique o processo de aprendizagem permanente”, afirmou.
O II Extensiona e IV Encontro do Mundo do Trabalho continuam amanhã. Das 14 às 17 horas, ocorrerá a roda de conversa “Planejamento e gestão administrativa das ações de extensão”, com a equipe da Coordenação de Extensão (Coext) e dos Comitês Locais de Extensão IFG.
Das 18h às 21h, a roda de conversa “O mundo do trabalho na contemporaneidade: empreendedorismo, emprego e transformação social”. Participarão o egresso do IFG (Câmpus Senador Canedo), Lucas Pereira Vieira, que é empresário de Tecnologia e o professor de História no IFG, Josué Vidal Pereira.
Veja a mesa redonda sobre economia solidária e extensão no canal IFG Comunidade no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=TQt5lPUp14s
Acompanhe o event no canal IFG Comunidade: youtube.com/IGFComunidade
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