Roda de conversa desperta reflexão sobre a construção de uma sociedade não violenta
Evento “Acolher a dor; Coletivizar a esperança” reuniu estudantes das Licenciaturas do Câmpus Goiânia para discutir meios de enfrentar os ataques às instituições de ensino
Diante do cenário de violência contra as escolas, o Câmpus Goiânia realizou nesta quarta-feira, 19 de abril, a roda de conversa Acolher a dor; Coletivizar a esperança. A ação é uma iniciativa de docentes da Coordenação da Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa da Instituição e faz parte do programa IFG pela Paz. O evento contou com a presença de estudantes das Licenciaturas em Letras, Matemática, História e Música.
A professora da área de Linguagens do Câmpus Goiânia, James Deam Amaral Freitas, abriu o diálogo chamando os estudantes e servidores para juntos pensarem em proposições para o enfrentamento dos casos de ameaça e violência vividos pelas instituições de ensino. Como a docente reforçou, o ataque às escolas não é algo atual, mas tem sido exacerbado por uma série de fatores como o isolamento social provocado pela pandemia; violência nos ambientes familiares; o acesso a conteúdos violentos propagados pelas redes sociais e a polarização política, social, sanitária e humanitária promovida por esses canais; ausência de políticas educativas contra as formas de intolerância, principalmente se tratando das minorias; e o fomento de políticas armamentistas.
“Nós não vamos resolver todos os problemas. (Os ataques contra as escolas) É um problema que demanda muito das instituições, porém, nós não podemos dizer ‘a escola não dá conta’, porque nós temos que pensar na responsabilidade social que nós temos. A escola é o lugar onde passamos a maior parte do nosso tempo, muitos dos nossos estudantes veem menos os pais que os colegas de sala, passam o dia inteiro aqui”, complementa a professora.
Por isso, James chamou a atenção para que todos façam a reflexão sobre qual a contribuição de cada um em uma sociedade que tem produzido tanta violência. “A gente joga tudo pra tecnologia e a gente viu que essas plataformas não estão preocupadas se tem criança morrendo nas escolas. Elas não estão nem aí. Também é muito complicado a gente pensar que, por decreto de lei, o governo vai sancionar dizendo que não pode (o uso das redes sociais e tecnológicas). Isso é de iniciativa popular, temos que fazer isso coletivamente. A gente tem que entender a responsabilização da parcela participativa na construção de uma sociedade violenta como cidadãos e cidadãs, como pais, mães, alunos, como pessoas. Por que nós produzimos uma sociedade tão violenta? Qual a minha responsabilidade nessa construção?”, questiona.
Estudantes das Licenciaturas do Câmpus Goiânia lotaram a Cinemateca para acompanhar o evento
De acordo com a docente, pensar nesse enfrentamento implica, dentre outras questões, no fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no que tange as redes de apoio à saúde mental da população. Além disso, James citou também que uma postura preventiva contra uma sociedade violenta passa tanto pelo investimento nos trabalhadores das áreas da educação, da saúde e da assistência social, como também pelo cuidado físico dos espaços escolares, e, inclusive, dar espaço para o protagonismo juvenil. “Os alunos sabem o que a gente não sabe, vocês (estudante) estão envolvidos práticas, grupos que nós não conhecemos”, continuou a professora durante sua fala ao solicitar aos discentes que conversem sobre seus anseios e possíveis informações sobre ataques e ameaças ao ambiente escolar. Nesse ponto, os representantes do Centro Acadêmico de Letras, Juliana Santos da Conceição e Natan Teixeira Silva, reforçaram que os espaços aos discentes estão abertos nessas esferas de representação estudantil, no sentido de realizar o acolhimento e compartilhamento de informações importantes para a preservação da segurança no ambiente institucional.
A psicóloga da Coordenação de Assistência ao Servidor do Câmpus Goiânia, Rose Helen Shimabuku, também participou da roda de conversa e salientou que não há um perfil delimitado sobre possíveis agressores. Ela explicou que há fatores que colaboram, como traços de personalidade, o isolamento e o silêncio. “O silêncio fala mais que algumas ameaças ditas claramente”, explicou. Rose também chamou atenção para que professores, estudantes e servidores consigam diferenciar introspeção e a livre iniciativa de evitar o contato social e interação, que pode ser um indicativo da necessidade de alguma abordagem no sentido de acolhimento de algum anseio, medo ou frustração.
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia
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