IFG promove curso de alfabetização e letramento para comunidade externa
Totalmente gratuita, a formação é ministrada nas tardes de sábado no Câmpus Anápolis
O Instituto Federal de Goiás (IFG) – Câmpus Anápolis tem sido celeiro de ideias que favorecem uma proximidade especial da Instituição com sua comunidade vizinha. O mais recente exemplo disso é a implantação do curso "Alfabetização, letramento e fábulas no despertar dos sonhos", cuja proposta é oferecer formação das primeiras letras a adultos, especialmente idosos, com pouca ou nenhuma instrução escolar. As aulas tiveram início em abril deste ano e atualmente 26 alunos estão matriculados. O curso é totalmente gratuito e ministrado todos os sábados no IFG, entre 16 h e 18 h. Ainda há vagas disponíveis, bastando ao interessado procurar o Instituto no dia e horário destinado ao curso. Confira galeria de imagens de atividades do projeto AQUI.
O curso nasceu no coração de Tarcilla Suzy Teixeira Lourenço que é moradora de bairro vizinho ao Câmpus, o Copacabana, e já é colaboradora do IFG em parcerias da Instituição com a comunidade vizinha. Percebendo a existência de adultos, especialmente idosos, com pouca ou nenhuma escolaridade na região onde reside, ela tomou a iniciativa de procurar recentemente o grupo gestor do Câmpus Anápolis para falar sobre o seu sonho, que logo se transformou em realidade.
A proposta foi inserida no projeto de extensão do Câmpus Anápolis denominado "Terra, mãos e sonhos no Câmpus Anápolis: uma proposta de intervenção nas condições de vulnerabilidade social no Residencial Copacabana e Vale das Laranjeiras", que foi oficialmente lançado em agosto de 2017. Uma das premissas básicas do projeto é o envolvimento da comunidade acadêmica do IFG – Câmpus Anápolis com moradores do Copacabana, Vale das Laranjeiras e adjacências. Nele está proposta a realização de cursos de formação profissional e de outras atividades como, por exemplo, a parceria com a Associação Amor ao Próximo e com o projeto Adulão que oferecem, desde o ano passado, aulas de artes marciais a crianças nas tardes de sábados nos espaços do IFG. O coordenador geral do projeto é o gerente de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão do Câmpus Anápolis, professor Alessandro Silva de Oliveira.
COMO FUNCIONA O CURSO
Dia das mães teve aula especial de fabricação de sabonetes
O curso foi dividido em duas classes: uma destinada à alfabetização propriamente dita e outra para aqueles que são alfabetizados, mas que têm pouco tempo de escolaridade formal. Além da idealizadora Tarcilla Suzy e da professora Ana Cristina Cruz, que fazem parte da comunidade vizinha, as aulas recebem também a assistência pedagógica de duas servidoras do Câmpus Anápolis: a professora Cláudia Helena dos Santos Araújo e a pedagoga Grazielle Aparecida de Oliveira Ferreira. Semanalmente, às quartas, as duas fazem uma reunião com as educadoras sociais do projeto para orientação e planejamento das atividades que serão desenvolvidas pelo grupo.
Há ainda 12 voluntários que atuam como auxiliares no aprendizado dos alunos, além dos componentes do Núcleo de Pesquisas e Estudos na Formação Docente e Educação Ambiental (NUPEDEA) do IFG Anápolis que colaboraram dando suporte aos alunos cuidando das crianças que acompanham mães, pais e/ou responsáveis durante o período das aulas. A proposta é que o curso dure seis meses e que sirva como um primeiro incentivo para que os estudantes busquem posterior elevação de escolaridade, incluindo a conquista de certificação formal de escolaridade que pode ser feita pelas redes municipal e estudal por meio de provas que são aplicadas semestralmente com essa finalidade.
"ESTOU RESSUSCITANDO SONHOS"
No contato com a turma, é possível sentir quão singular tem sido essa iniciativa para os alunos. O clima em sala de aula é de comprometimento com o saber, mas logo se percebe também uma energia que agrega alegria, leveza e sabedoria de vida. E há muitas histórias especiais guardadas ali. É o caso, por exemplo, da dona de casa Andreia Oliveira de Freitas, de 29 anos, que relata que está realizando um grande sonho: aprender a ler e escrever. O acesso à escola sempre foi dificultado a ela pelo fato de, desde muito nova, ter tido que trabalhar. Para Andreia, a futura conquista da alfabetização terá significados de múltiplos alcances a começar por atos aparentemente singelos, mas de grande importância, como a autonomia de ler o letreiro do ônibus quando precisar se locomover pela cidade.
Outro aluno do curso é o pedreiro Adir de Oliveira Couto, de 60 anos, que não pisava em uma sala de aula desde 1977, quando completou a terceira série do ensino fundamental. A idealizadora do curso, Tarcilla Suzy, é enteada do senhor Adir e foi a principal incentivadora da sua volta à escola. "Eu quero desenvolver mais a caligradia e aprender melhor a operação da divisão porque isso ajuda na metragem das obras", pontua o pedreiro.
Uma biografia que também é emblemática no grupo é a da empregada doméstica Vanda Pereira da Silva, de 50 anos. Vanda deixou a escola no início da adolescência após concluir a quarta série do ensino fundamental devido a dificuldades diversas que a vida lhe impôs. Ela é mãe de cinco filhos e sempre trabalhou para ajudar no sustento da casa. Mesmo após quase quatro décadas afastada dos bancos escolares, o desejo de voltar a estudar nunca cessou em sua mente e coração. Quando soube do curso do IFG, não titubeou em aceitar o convite. "Estou ressuscitando sonhos e foi o IFG que abriu essa oportunidade. Aqui é tudo de bom!", expressou Vanda com um largo sorriso no rosto.
Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Anápolis
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