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Goiânia, 05 de abril de 2019

Publicado: Sexta, 05 de Abril de 2019, 12h10 | Última atualização em Sexta, 05 de Abril de 2019, 12h25

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Secretaria atua para garantir ensino a estudantes vulneráveis

Interesse pelo jogo de xadrez em escola rural do Paraná faz melhorar desempenho de alunos

Programa apoiará implementação da Base Nacional Comum Curricular pelos estados e municípios

Quem concluiu ensino médio na rede pública tem isenção de taxa

Escolas cívico-militares serão implantadas sob demanda

CORREIO BRAZILIENSE

'Não está dando certo o ministro Vélez', diz Bolsonaro sobre o MEC

Número de exonerações no MEC chega a 18 em pouco mais de três meses

UnB apura denúncia de assédio moral a funcionárias terceirizadas

GLOBO.COM

MEC estuda priorizar a alfabetização no 1º, e não mais até o 2º ano do ensino fundamental

MEC estabelece referenciais para formulação dos itinerários formativos do ensino médio

Como a inteligência artificial é usada para combater o bullying e monitorar pensamentos suicidas

 

N O T Í C I A S DA E D U C A Ç Ã O

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

REESTRUTURAÇÃO

Secretaria atua para garantir ensino a estudantes vulneráveis

Garantir o direito à educação das populações mais vulneráveis é o objetivo da Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação (Semesp). O seu grande desafio é garantir a implementação de políticas públicas para a educação no campo, a educação especial e para valorização das tradições culturais brasileiras, incluindo povos indígenas e de populações remanescentes de quilombo.

“Todas as especificidades dos estudantes são trabalhadas pela Semesp, tudo com viés dos direitos humanos e o combate à discriminação de todas as formas”, detalhe o secretário Bernardo Goytacazes.

Cabe à Semesp identificar os fatores de vulnerabilidade social ou aspectos regionais que interfiram nos processos de aprendizagem dos estudantes. Para isso, a secretaria desenvolve políticas públicas que garantam o acesso dessas populações à educação escolar. Inclusive, com o investimento na formação de professores.

“Estamos ampliando a formação de professores da escola do campo, quilombola, indígena e especializada, desde a educação infantil até o ensino médio”, explica o secretário. A formação é realizada por meio de parcerias com as instituições de educação superior. “O foco da Semesp hoje é cuidar do cidadão onde ele está e com as especificidades que ele tem.”

A partir do segundo semestre de 2019, por exemplo, as ações de investimento na formação continuada de professores vão elevar de 1.800 para quatro mil o número de profissionais formados, observa o secretário.

Além disso, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) licitou 18 escolas em São Gabriel da Cachoeira (AM) para atender a várias comunidades indígenas cujas escolas não contam com sede ou são muito precárias. “São mais de mil escolas indígenas que não têm prédio”, ressalta Bernardo. Além disso, a construção tem como base a caracterização da própria aldeia onde os estudantes moram.

Acesso – Nos primeiros três meses de sua criação, a Semesp acompanhou a finalização da Política Nacional de Educação Especial junto ao Conselho Nacional de Educação (CNE). O objetivo é garantir o acesso à educação de qualidade no sistema de ensino para os alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e com altas habilidades ou superdotação.

Outros projetos estão em fase de conclusão, como o Programa Nacional do Livro Didático que, a partir do primeiro semestre deste ano, contemplará a confecção de livros em braile e tinta, além de tecnologia assistiva de leitores digitais acessíveis. Caso do Epub3, que possibilita maiores recursos para layout e estruturação de conteúdo, interatividade, animações, áudio, vídeo, tipografia avançada, suporte a fórmulas matemáticas, narração de texto em voz alta e outros recursos de acessibilidade que englobam maior diversidade de publicações para múltiplas plataformas para os estudantes com deficiência visual.

O secretário adianta que também está previsto para o início de abril o lançamento dos primeiros cursos técnicos voltados para cegos.

Roraima – A Semesp também compôs a comitiva interministerial que foi a Roraima, nos primeiros dias deste ano, para buscar soluções para os problemas enfrentados na região por conta da imigração de venezuelanos que buscam ajuda e abrigo no Brasil.

Foram realizados encontros com as secretarias estadual e municipais de educação, e com as instituições federais de ensino para discutir os problemas enfrentados pelas comunidades brasileira e venezuelana.

“As crianças que vieram da Venezuela não tinham documentos e não havia comprovação de sua escolaridade. Fizemos um acordo com as instituições para a realização de provas de nivelamento, que permitiram que as crianças pudessem ser matriculadas nas escolas de acordo com seus níveis de aprendizado. Hoje, mais de 1,7 mil crianças estão na rede pública de ensino na região”, lembra Bernardo.

Em outra frente, estão em curso ações para garantir a chegada dos recursos liberados para estados e municípios, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

“Muitas vezes, os valores deixam de chegar aos entes federados por inúmeros motivos, que variam de prestação de contas à falta de documentação necessária para a liberação dos recursos. Por isso, o MEC e o FNDE estão fazendo um levantamento do que leva ao bloqueio dos recursos para auxiliar estados e municípios a regularizar sua situação e fazer os investimentos necessários para a melhoria da educação em seus territórios”, explica o secretário.

Regulamentação – Em parceria com o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, o MEC apresentará decreto para valorizar os profissionais que atuam no apoio aos estudantes com deficiência. “O decreto vai regulamentar a atividade dos profissionais que trabalham na educação escolar especial. A intenção é regulamentar a atuação dos profissionais que trabalham no apoio à educação especial nas escolas, com reconhecimento da profissão e estruturação da carreira”, adianta o secretário.

Inclusão – Já o projeto Libras na Cidade, realizado com o Instituto Nacional de Surdos (Ines), instituição vinculada ao MEC, prevê a expansão da formação de tradutores de libras para servidores públicos municipais. O objetivo é ampliar a inclusão e a qualidade no atendimento dos surdos nos serviços públicos. “O surdo tem que ter qualidade no atendimento onde quer que ele esteja, seja no posto de saúde, na prefeitura, na escola. Isso vai garantir cidadania para essas pessoas”, defende Bernardo.

“Essas são as primeiras medidas que fazem parte de um esforço conjunto do MEC para alcançarmos a eficiência, equidade e efetividade desejadas. Várias análises estão em prosseguimento a fim de que em breve possamos alcançar, de forma transparente, maior abrangência e qualidade no ensino no país”, conclui o secretário.

Assessoria de Comunicação Social

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TRILHAS DA EDUCAÇÃO

Interesse pelo jogo de xadrez em escola rural do Paraná faz melhorar desempenho de alunos

Alunos dispersos, circulando durante um turno e outro de aula. Foi nesse cenário que uma funcionária da Escola Estadual do Campo São João, na zona rural de Ubiratã, no Centro-Oeste do Paraná, teve a ideia de oferecer aos estudantes uma alternativa de recreação para lá de desafiadora: o xadrez. Como já praticava o jogo por hobby, Vânia Aparecida Suttanni idealizou o projeto Xadrez Amigo, que causou uma transformação na escola e até fora dela. Ela conta essa história no programa Trilhas da Educação, produzido pela rádio do MEC, nesta sexta-feira, 5.

A iniciativa, que há oito anos envolve os estudantes da escola, motivando-os para os desafios do jogo de tabuleiro, teve pouca integração no início, inclusive com outras escolas e projetos da região. Mas o gosto pela prática foi tanto que o jogo passou a ser praticado pelos alunos até nos finais de semana. “Como nos saímos bem nos primeiros Jogos Escolares, em 2011, começamos a treinar nos domingos, fazer encontros, promover lanches”, conta Vânia Suttanni.

Com o tempo, as equipes passaram a participar de competições escolares e de outras atividades no estado. Três são finalistas do campeonato paranaense, entre eles, um aluno que começou a praticar o jogo ainda no terceiro ano. “Hoje faz três anos que ele está no esporte e se classificou para a final de um paranaense. Pense o que é isso para um menino de dez anos, no sexto ano”, comemora a idealizadora do projeto.

Vânia explica que o interesse dos estudantes pela iniciativa passou a refletir, também, nas notas em sala de aula. As habilidades exigidas no tabuleiro ajudam no desenvolvimento da atenção, memória, foco, raciocínio lógico, entre outros aspectos. O resultado do desempenho dos alunos acaba revelado não só pelos professores, mas também pelo aumento de índices positivos nos indicadores educacionais.

Concursada da área administrativa, ligada à Rede Estadual de Educação, Vânia é a única funcionária da secretaria da Escola Estadual do Campo São João. E o Xadrez Amigo virou referência local. “A escola é rural, pequena; as comunidades já não têm tantos filhos como antes e o projeto é um atrativo para as crianças, para que elas não saiam da nossa escola”, conta. Ela esclarece, ainda, que alguns alunos saíram da escola, mas não deixaram de praticar o xadrez. Outros, retornam como voluntários.

“Tem uma menina que faz medicina e quando sabemos que ela está na comunidade, a gente vai lá chamá-la para fazer um ‘treininho’. Ela vai, dá o treino a eles, ensina umas dicas. É assim: o ex-aluno passa para o aluno atual”, conta Vânia.

A comunidade também se mobiliza em torno das demandas do Xadrez Amigo. De acordo com Vânia, tanto a prefeitura quanto as empresas da cidade auxiliam no projeto, fornecendo transporte para levar os alunos aos campeonatos e patrocinando a compra de materiais, por exemplo. “No fim, a colaboração é geral, cada um ajuda como pode”, diz, orgulhosa.

Para a funcionária da Escola Estadual do Campo São João, há algumas peças fundamentais na construção dessa boa relação com as crianças, que vão além dos cavalos e das 64 casas onde ocorre a prática do esporte. “Na minha escola tem esse carinho ainda. Trabalhamos por amor ao que fazemos. É uma coisa mútua, eu estou ali por trás, mas tem mais gente comigo, não estou sozinha”, conclui.

Assessoria de Comunicação Social

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EDUCAÇÃO BÁSICA

Programa apoiará implementação da Base Nacional Comum Curricular pelos estados e municípios

O Ministério da Educação lançou nesta quinta-feira, 4, o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (ProBNCC), que visa auxiliar estados, municípios e o Distrito Federal na elaboração e implementação de seus currículos alinhados à BNCC. A soma dos valores que serão investidos este ano nesse programa chega a R$ 105 milhões.

A iniciativa está organizada em duas frentes. Uma para educação infantil e ensino fundamental, que em 2019 corresponde à formação dos profissionais de educação e revisão dos projetos pedagógicos, e outra para o ensino médio, referente à revisão e à elaboração dos currículos.

O secretário executivo do MEC, Ricardo Machado Vieira, destaca a importância do trabalho conjunto com as equipes dos estados e dos municípios para a implementação da BNCC. “O MEC vai buscar sempre essa participação. Precisamos implementar realmente esse projeto e eu acho que a base comum curricular é um sinalizador para que os secretários de educação dos estados possam conduzir praticamente dentro da organização federativa, com o apoio e sempre com a participação do MEC.”

No programa, os participantes elaboram os currículos de ensino médio alinhados à BNCC e aos Referenciais Curriculares para Elaboração dos Itinerários Formativos (RCEIF). A previsão é de que, a partir dos currículos elaborados em 2019, todos os professores estejam formados em 2020 e, em 2021, as escolas comecem a usar esses currículos em sala de aula. Entre as atribuições, os estados precisarão elaborar a parte comum do conteúdo que será ensinado para todos os alunos, nas áreas de linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza.

Para este ano serão oferecidas 1457 bolsas de formação de multiplicadores da BNCC. Desse total, 809 serão para professores de educação infantil e ensino fundamental, e 648 para docentes do ensino médio. O primeiro encontro formativo presencial será realizado ainda no primeiro semestre. Danilo Leite Dalmon, coordenador geral de Inovação e Interação com o Trabalho, da Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, explica como será feita a seleção dos bolsistas. “A comissão estadual de currículo faz a seleção desses profissionais, que devem ser professores das redes. Eles passam a participar dessa formação que o MEC oferece sobre como elaborar e implementar currículo, como revisar projeto pedagógico e como formar os professores.”

Dalmon detalha ainda quais serão as principais áreas de formação oferecidas aos bolsistas. “Vai ter coordenador de área, para o ensino médio, coordenador de etapa, tem o coordenador de educação infantil, e tem o coordenador dos anos iniciais e fundamental. Cada professor bolsista tem esse papel diferente.”  

O apoio técnico oferecido pelo MEC consiste em acompanhar os bolsistas durante sua formação e na elaboração dos currículos, e também na formação dos professores e revisão dos projetos pedagógicos. O MEC também apoia as equipes estaduais a seguirem o cronograma do estado e a realizar suas tarefas.

Para Eduardo Deschamps, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE), o ProBNCC representa o compromisso do MEC no processo de implementação da Base Nacional Comum Curricular. Ele afirma que o CNE seguirá acompanhando todas as etapas do processo. “O CNE teve um papel anterior à aprovação da Base, que foi justamente a normatização, e agora tem um papel de acompanhamento da implementação e até de fazer os ajustes, se necessários forem, no âmbito das normativas que forem aprovadas pelo Conselho e homologadas pelo Ministério da Educação.”

Recursos – Em 2018 foram transferidos quase R$ 100 milhões. Para 2019, está prevista a transferência de R$ 88 milhões para que as unidades da Federação e municípios possam revisar seus planos de trabalho em parceria com as redes estaduais e municipais de ensino e submeter a revisão à análise do MEC. Desses, R$ 58 milhões já estavam empenhados em 2018, e R$ 30 milhões foram acrescentados pelo MEC este ano. Os recursos financeiros são transferidos via Programa de Ações Articuladas (PAR). Além disso, outros R$ 17 milhões serão investidos em bolsas de formação.

O secretário substituto de Educação Básica do MEC, Alexandro Ferreira de Souza, afirma que a adição de recursos vai dar um ganho na discussão e na elaboração dos novos currículos. “E também fizemos um esforço de aumentar o diálogo, a participação e colaboração do MEC. No caso aqui nós temos uma tarefa a ser feita, a ser desempenhada por vários atores, por várias pessoas, acredito que essa participação plena seja muito importante.”

O Programa - O ProBNCC foi estabelecido pela Portaria MEC nº 331/2018, seguindo a homologação da BNCC para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, no fim de 2017. A Portaria MEC nº 756, de 3 de abril de 2019, atualiza o programa para incluir aspectos da BNCC para o Ensino Médio.

A iniciativa é uma das ações para a implementação da BNCC em regime de colaboração, envolvendo entidades do governo federal, como o MEC e o Conselho Nacional de Educação (CNE), além de representantes estaduais, como o Conselho Nacional dos Secretários Estaduais de Educação (Consed); o Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de Educação (FNCEE), e representantes municipais, como a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e a União Nacional dos Conselhos Municipais de Educação (Uncme).

Assessoria de Comunicação Social

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ENEM 2019

Quem concluiu ensino médio na rede pública tem isenção de taxa

Os estudantes concluintes do ensino médio em escola da rede pública declarada ao Censo da Educação Básica podem solicitar a gratuidade da taxa de inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019. O pedido deve ser feito por meio da Página do Enem 2019. O prazo final para solicitação termina em 10 de abril.

Além dos concluintes do ensino médio na rede pública em 2019, também tem direito à isenção o participante que tenha cursado todo o ensino médio em escola da rede pública ou como bolsista integral na rede privada e tenha renda per capita igual ou inferior a um salário mínimo e meio (Lei nº 12.799/2013). Também serão aceitas as solicitações de isenção de taxa no Enem 2019 daqueles que declararem estar em situação de vulnerabilidade socioeconômica por serem membros de família de baixa renda, e que estejam inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico).

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) preparou um tutorial explicando o passo a passo para a solicitação de isenção da taxa. Em 48 horas, desde a abertura do sistema, mais de 1 milhão de solicitações foram recebidas.

Assessoria de Comunicação Social

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EDUCAÇÃO

Escolas cívico-militares serão implantadas sob demanda

Mudar a nação por meio da educação é a missão e a responsabilidade da Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares (Secim). O órgão do Ministério da Educação, criado com o Decreto Federal 9.665, de 2 de janeiro de 2019, tem como objetivo democratizar o ensino de qualidade oferecido pelas escolas militares do Brasil. Segundo a subsecretária da Secim, Márcia Amarílio, o novo modelo será instalado sob demanda e pretende resgatar a disciplina e a organização, principalmente nas escolas públicas de maior vulnerabilidade social.

“Com o modelo cívico-militar, a escola muda o uniforme e sua infraestrutura, ou seja, as instalações físicas para atender ao programa, e também a gestão administrativa, que passa a ser feita pelos militares”, explica Márcia. “A gestão da organização didático-pedagógica continua sendo desempenhada pelos professores civis.”

A implementação do modelo depende de demanda das secretarias de Educação do país. Elas é que devem procurar o MEC e apontar quais escolas poderiam receber o projeto da Secim. “É importante dizer que esse modelo será adotado por meio de adesão. Quem vai aderir é a comunidade escolar, o ente federado e a secretaria de Educação. Todos os fatores precisam estar alinhados para isso acontecer”, ressalta a subsecretária.

Transição – Os militares que serão destacados para atender à demanda da escola que entrou para o programa precisam se ambientar, assim como os docentes e diretores. Para isso, a Subsecretaria de Fomento às Escolas Cívico-Militares vai realizar cursos para adequar o colégio ao projeto. “Nós vamos oferecer cursos de capacitação para os militares justamente nessa área de gestão escolar, bem como para os professores civis, porque eles também precisam se adaptar a esse novo modelo”, destaca Márcia. “Acreditamos que esse tipo de capacitação vai minimizar esse embate, ou seja, o militar vai passar a entender melhor sobre a comunidade escolar e o civil vai entender melhor como funciona o militar. Isso vai trazer uma harmonia para dentro do sistema.”

Civismo – Márcia, 44 anos, é tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal há 25, e sempre esteve envolvida com a educação. Toda a equipe da subsecretaria foi montada também com especialistas do mesmo perfil, ou seja, profissionais acostumados com o trabalho árduo, a competência e os resultados positivos apresentados pelos modelos militares ao longo dos últimos anos.

“O conteúdo que é aplicado a essas escolas cívico-militares são voltados ao civismo, ao patriotismo, à hierarquia, à disciplina, à ordem unida, ou seja, mostram como pensar no coletivo”, destaca a subsecretária. “Acreditamos que esse modelo, o de educar com esses valores, civismo, patriotismo, faz com que o cidadão passe a ter consciência do seu papel dentro da sociedade. E é isso que faz mudar uma nação.”

Assessoria de Comunicação Social

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CORREIO BRAZILIENSE

EDUCAÇÃO

'Não está dando certo o ministro Vélez', diz Bolsonaro sobre o MEC

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) admitiu, na manhã desta sexta-feira (5/4), em entrevista a jornalistas no Palácio do Planalto, que não está satisfeito com a gestão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodrigues. "Não está dando certo", afirmou o presidente.

Bolsonaro também disse aos jornalistas que teve uma longa conversa com o ministro, na tarde dessa quinta-feira (4/4), quando detalhou os problemas que enxerga no ministério. Ele não revelou os erros apontados ao ministro. 

Sobre a permanência de Vélez no cargo, o presidente foi taxativo: "Esperem segunda-feira (8/4). De algum jeito será decidido". Perguntado sobre o desempenho do ministro, o presidente se calou. Preferiu destacar as qualidades pessoais de Vélez. Para Bolsonaro, o ministro "é uma boa pessoa, de coração grande, bom para conversar."
No entanto, em Campos do Jordão (SP), Vélez afirmou que não vai entregar o cargo. A declaração foi dada após ser questionado sobre a declaração de Bolsonaro. O ministro indicou que, se deixar a pasta, será apenas por uma decisão do presidente. 

Gestão

O ministro Ricardo Vélez Rodrigues está na corda bamba desde que entrou em rota de colisão com Olavo de Carvalho, reconhecido 'guru' do presidente, e militares que ocupam postos chaves no governo federal.

O descrédito de Vélez está relacionado a declarações polêmicas, entre elas a obrigatoriedade da execução do hino nacional nas escolas de ensino fundamental e médio, ideia da qual ele acabou voltando atrás; a frase de que as universidades públicas "não são para todos"; a de que brasileiros 'Viajando são canibais"; a de querer colocar em livros didáticos patrocinados pelo MEC slogan de campanha de Bolsonaro, o que é vetado em lei; e a proposta de revisar livros didáticos que abordam o golpe de 64.

O caso mais ruidoso, no entanto, aconteceu durante sabatina na Câmara dos Deputados, na quinta-feira passada (27/3), quando a deputada Tabata Amaral (PDT/SP) perguntou ao ministro, depois de uma crítica enfática à gestão dele: "Cadê os projetos, ministro?".

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EDUCAÇÃO

Número de exonerações no MEC chega a 18 em pouco mais de três meses

A crise no Ministério da Educação teve, ontem, mais um capítulo. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, exonerou Bruno Garschagen, assessor especial do comandante da pasta, Ricardo Vélez Rodríguez; e Josie Pereira, chefe de gabinete. As demissões foram publicadas no Diário Oficial da União (DOU). Em pouco mais de três meses, o número de exonerações chega a 18.

Para a chefia de gabinete foi nomeado Marcos de Araújo, coronel da reserva da Polícia Militar do Distrito Federal e ex-subcomandante geral da corporação. Não foi anunciado ainda quem assumirá o posto de assessor especial.
O MEC se vê envolto numa briga ideológica e disputa de poder entre militares, técnicos e olavistas — seguidores do astrólogo Olavo de Carvalho, guru do presidente Jair Bolsonaro. Enquanto isso, as políticas educacionais seguem praticamente paradas, sem prazo definido para serem retomadas.
Também ontem, a pasta anunciou a primeira agenda positiva da gestão. Vélez Rodríguez no entanto, não esteve presente. O anúncio foi o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (ProBNCC), que visa a auxiliar estados, municípios e o Distrito Federal na elaboração e na implementação de currículos alinhados à BNCC. A soma dos valores investidos em 2019 será de R$ 105 milhões.
Segundo o MEC, a iniciativa está organizada em duas frentes. Uma para educação infantil e ensino fundamental que, em 2019, corresponde à formação dos profissionais de educação e revisão dos projetos pedagógicos; e outra para o ensino médio, referente à revisão e à elaboração dos currículos.

Definição

A diretora executiva do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura, e Ação Comunitária (Cenpec), Mônica Gardelli Franco, ressaltou que o MEC é uma das maiores pastas, envolvendo 2 milhões de professores e 50 milhões de alunos, necessitando de unidade e direcionamentos claros.
“Essa população depende de ações e decisões diretas do MEC. É deles (ministério) o papel de definição de políticas, estratégias e implementação. Temos uma agenda de educação que não é de um partido ou de governo. É da sociedade. O Plano Nacional de Educação (PNE) tem metas que precisam ser alcançadas”, disse. “Quais os projetos, o que será feito? Essas mudanças que ocorrem a toda hora impactam o esforço que a sociedade e a área da Educação fizeram no decorrer dos anos. Até recuperar isso, demora.”
Franco alertou que a falta de especialista em educação na pasta compromete o andamento dos programas. “Quem é especialista em educação consegue avaliar os impactos de tudo o que é proposto ou feito. Não é algo pontual. Faltam técnicos e especialistas que conheçam realmente a área.”
Sobre a BNCC, a diretora afirmou que a disponibilização de recursos para a continuidade da implementação da base deu sinalização de que a proposta tem importância para o governo, mas, no tocante a outros programas, o jeito é aguardar.

"Quais os projetos, o que será feito? Essas mudanças que ocorrem a toda hora impactam o esforço que a sociedade e a área da Educação fizeram no decorrer dos anos. Até recuperar isso, demora”
Mônica Franco, diretora executiva do Cenpec

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EDUCAÇÃO

UnB apura denúncia de assédio moral a funcionárias terceirizadas

Trabalhadoras de uma empresa terceirizada da Universidade de Brasília (UnB) denunciam ter sofrido assédio moral de um dos supervisores da firma. Elas são contratadas pela SS. Empreendimentos e Serviços Eireli, conhecida como Servite, e prestam serviço de portaria em cada um dos quatro câmpus da instituição pública. Todas são subordinadas a um chefe da firma privada, chamado de preposto, acusado de persegui-las.

Em fevereiro, elas fizeram uma representação no Decanato de Gestão de Pessoas Terceirizadas (DGPT) da UnB. Antes, em dezembro, denunciaram o caso à Superintendência Regional do Trabalho (SRT-DF), que passou a fiscalizar a empresa. Algumas das supostas vítimas tiveram apoio psicológico oferecido pela universidade. Elas também contam com apoio de estudantes e de centrais sindicais. Há cartazes anexados nas paredes de prédio da UnB contra o supervisor. Eles denunciam casos de assédio moral, perseguição e demissões injustas. Em negrito e em letras garrafais, consta o pedido: “Fora o preposto da Servite”.
De 270 a 280 pessoas trabalham como porteiros nos câmpus da UnB, em uma escala de 36 horas de folga para cada 12 horas trabalhadas. Uma das empregadas que relata ter sido vítima do supervisor cumpre aviso prévio desde 22 de março. Ela tem 31 anos e trabalha há 10 como porteira em blocos da UnB. Diz sofrer perseguição desde a chegada do representante da empresa, há pouco mais de um ano. A mulher contou que a retaliação do supervisor começou quando ela voltou da licença-maternidade, em julho de 2018, após o filho nascer em março.
No retorno ao emprego, a funcionária trabalhou um mês para ter direito a férias. Retomou oficialmente em setembro, antes da criança completar seis meses. Amparada pela legislação, a babá levava o bebê para a mãe amamentar durante uma hora ao dia, mas a empregada conta que o chefe comparecia todos os dias ao posto dela. “Ele ficava me perseguindo, me procurava todo dia no plantão, falava que só o meu filho não se acostumava com mamadeira nem comida e duvidava de mim. Eu ficava tão nervosa que o meu leite secava”, relatou a moradora de Águas Lindas (GO).

Mudanças

Antes de engravidar, a porteira trabalhava na Faculdade de Educação (FE), onde existe estrutura de berçário para crianças e apoio para mãe. Quando voltou do trabalho, após a licença-maternidade, ela foi transferida para a função reserva. “Chegaram a dizer que o posto foi desativado, uma desculpa. Não se sensibilizaram para me deixar lá”, comentou.
Há dois meses a porteira enfrenta atraso no repasse do vale-alimentação e do valor da passagem. Para ir ao trabalho, pagou o transporte com o dinheiro que usa para comprar remédios do filho. Sem dinheiro para cumprir a escala de trabalho, procurou a sede da Servite, no Rio Grande do Norte. “Quando o preposto foi acionado para resolver a minha situação, ele gritou. Nunca teve diálogo. Toda relação foi baseada no grito”, lamentou, em lágrimas.
Chefe da seção de inspeção do trabalho da SRT-DF, Fernando Reis disse que iniciou, em janeiro, a fiscalização das denúncias. Em 12 de fevereiro, um auditor esteve na empresa e deixou uma notificação. Dois dias depois, começou a análise da documentação para a Servite apresentar a resposta. O prazo foi prorrogado, mas Fernando não informou para quando. Se for constatada alguma irregularidade, a empresa será autuada.
A UnB confirmou a abertura de processo para apurar as denúncias, sem prazo para a conclusão da apuração. Caso a universidade identifique alguma irregularidade, é possível notificar a empresa terceirizada, multá-la e até rescindir o contrato.  
Em nota oficial, a Servite informou que as denúncias serão apuradas. Até o fim da investigação, o supervisor alvo da denúncia será afastado para ter o direito de defesa. Mas a empresa duvida da veracidade dos relatos. Acredita terem sido motivados “por rancor das denunciantes, diante do fato de terem sido desligadas da empresa, com outros colaboradores. Os desligamentos em questão, que fique claro, ocorreram a pedido do contratante, a UnB”.
A empresa também disse “investir fortemente” na capacitação dos colaboradores, por meio do setor de recursos humanos, e que “coíbe veementemente qualquer tipo de assédio, estando esta política presente no manual entregue a cada colaborador”.

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GLOBO.COM

EDUCAÇÃO

MEC estuda priorizar a alfabetização no 1º, e não mais até o 2º ano do ensino fundamental

O Ministério da Educação (MEC) estuda "priorizar" a alfabetização das crianças já no primeiro ano do ensino fundamental e não mais ao longo dos dois primeiros anos. A nova idade-alvo foi incluída em um rascunho da nova Política Nacional de Alfabetização ao qual o G1 teve acesso e que, segundo fontes, foi enviado há mais de um mês à Casa Civil.

O texto foi elaborado pela Secretaria de Alfabetização (Sealf). O governo federal deve publicar um decreto no "Diário Oficial da União" até a próxima quarta-feira (10), quando se completam os 100 primeiros dias do governo de Jair Bolsonaro.

A regra atual, que consta na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em dezembro de 2017, recomenda que a alfabetização deve ser o foco nos dois primeiros anos do fundamental, ou seja, o aluno já deve ter desenvolvido essas habilidades até o segundo ano desta etapa de ensino.

Os decretos dos ministérios são enviados à Casa Civil para a análise final e posterior encaminhamento para publicação no “Diário Oficial da União” (DOU). Após este rito, eles se tornam de fato oficiais.

O G1 procurou o MEC e a Casa Civil para confirmar se o rascunho já havia sido enviado de uma pasta à outra até esta quarta-feira (3), e se havia sofrido modificações desde que deixou o MEC. A Casa Civil informou que “informações a respeito serão divulgadas por meio de release na véspera do evento de 100 dias de governo”. O MEC não enviou resposta até a publicação desta reportagem.

A equipe de reportagem ouviu ainda pessoas envolvidas em etapas do processo de elaboração do texto, que falaram sob condição de anonimato, e pediu que alguns especialistas em educação analisassem o conteúdo da política proposta.

Segundo eles, o rascunho tem pontos que merecem elogio, como deixar claro que haverá “integração e cooperação entre os entes federativos [municípios, estados e união]” e respeito à diversidade e valorização das tradições culturais brasileiras, mas peca em não deixar claro como vai implementar outros, como a valorização dos professores.

Veja abaixo os principais pontos que constam no documento:

Alfabetização aos 6 anos

Priorizar a alfabetização no primeiro ano do fundamental é a primeira diretriz do rascunho. Se for oficializada como política, será a segunda vez em dois anos que o Brasil vai reduzir o prazo indicado nacionalmente para ensinar a maior parte das habilidades ligadas à leitura e escrita.

Em dezembro de 2017, a BNCC já havia reduzido o entendimento anterior de que a alfabetização deve ser feita com mais calma, entre os 6 e os 8 anos, porque, antes disso, as crianças mais novas ainda não têm as habilidades necessárias para a tarefa.

O rascunho indica que o ensino infantil deve receber orientações para o ensino do alfabeto e outras habilidades “fundamentais para a alfabetização”. Este ponto é bem recebido por especialistas que seguem algumas correntes das ciências cognitivas, mas visto com preocupação por outros, que afirmam que nem todas as crianças de 5 anos, na idade em que estão na pré-escola têm capacidade de desenvolver atividades repetitivas e descontextualizadas.

Não há um método único indicado

Nenhum método específico de alfabetização foi explicitamente priorizado no texto, mas ele indica que algumas teorias devem ganhar espaço dentro das orientações do MEC. Elas estão citadas no rascunho como “ciência cognitiva da leitura”, definida como os estudos da aprendizagem e do ensino da leitura e da escrita, com base em evidências das áreas de psicologia, neurociência e linguística cognitiva.

Parte dessas evidências são usadas como argumentos pelos especialistas que defendem os chamados “métodos fônicos”, uma abordagem da alfabetização que, segundo afirmou Renan Sargiani, coordenador-geral de Neurociência Cognitiva e Linguística na entrevista ao MEC, se tratam da “recomendação de que o ensino de leitura e de escrita deve começar por instruções explícitas em uma ordem sequencial lógica das relações entre os grafemas e os fonemas, ou seja, das letras e seus sons”. Segundo ele, a “abordagem fônica sintética” da alfabetização é “reconhecida como a mais eficiente”. (Veja, ao final da reportagem, a explicação sobre os diversos métodos de alfabetização.)

Consultado pelo G1, o professor e filósofo Renato Janine Ribeiro, que foi ministro da Educação entre abril e setembro de 2015, afirmou que a Constituição Federal impede o MEC de impor um método único de ensino às redes estaduais, municipais e às escolas particulares. Segundo ele, o papel da União é fornecer diretrizes, articular especialistas e apoiar financeiramente os sistemas regionais e locais. “Ao mesmo tempo, a União não pode entrar no detalhe, não pode dizer que a metodologia é essa, que vai ser construtivista, fônica. Entrar nesses detalhes é violar a autonomia constitucional dos estados e municípios”, disse ele.

Já Fred Amâncio, vice-presidente do Conselho Nacional de Dirigentes de Educação (Consed), afirmou que os gestores não defendem um ou outro método, mas que são contra “a destruição de métodos”, ou seja, a imposição de apenas uma forma de ensinar. “Existem casos de sucesso e de fracasso com todos os métodos”, resumiu ele.

'Erradicar o analfabetismo absoluto'

O primeiro objetivo indicado no rascunho é “erradicar o analfabetismo absoluto" (quem não sabe ler e escrever) e erradicar "o analfabetismo funcional” (dificuldade de compreender e interpretar textos).

Especialistas afirmam que, embora o objetivo seja nobre, ele esbarra em contradições dentro da própria política. Um dos problemas é o fato de que não é o MEC que executa as ações de ensino, mas sim os estados e municípios.

Além disso, segundo a pesquisadora e professora Maria Carmen Silveira Barbosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a ideia de “analfabetismo absoluto” já está ultrapassada, pois as pesquisas consideram que em sociedades como a nossa, onde os números e letras estão em toda parte, até mesmo a convivência diária com elas acabam gerando algum entendimento, ainda que mínimo, sobre o tema.

O conceito de “erradicação” também é cada vez menos usado, porque dá a entender que não ser alfabetizado é uma doença. “Há pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar num país tão desigual como o nosso e não podem ser vistas como aquém da cidadania”, disse.

'Erradicar o analfabetismo funcional'

O rascunho também cita como público-alvo da política os jovens e adultos que nunca chegaram a ser plenamente alfabetizados, tanto os que estão matriculados no ensino de jovens e adultos (EJA) quanto os que estão “fora do ensino formal”, e estabelece como objetivo erradicar o analfabetismo funcional.

Porém, especialistas ressaltam que nenhuma diretriz incluída aborda especificamente o problema dos adultos analfabetos, que exigem uma abordagem de ensino muito diferente. Além disso, segundo o Indicador de Analfabetismo Funcional (Inaf) de 2018, três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos eram considerados analfabetos funcionais.

Letramento x literacia

Presente na BNCC, a palavra “letramento” não aparece no rascunho feito pelo MEC. O termo diz respeito ao ensino das funções sociais da linguagem e da escrita. Essa mudança contempla um dos argumentos que o secretário de Alfabetização do MEC Carlos Nadalim já tornou públicos em suas redes sociais. Em um vídeo publicado em 2018, batizado de “Letramento, o vilão da alfabetização no Brasil”, ele diz que considera o letramento “uma reinvenção construtivista da alfabetização”, que “sobrevaloriza o papel das funções sociais da linguagem”.

Ele argumenta, no vídeo, que os problemas enfrentados pelas turmas de alfabetização hoje indicam que as crianças “precisam de um ensino explícito da decodificação”.

Um termo que não está na BNCC e foi incluído no rascunho é a “literacia”. Apesar de ser considerada por alguns dicionários como sinônimo de “letramento”, a literacia é definida na proposta de decreto como o “conjunto das habilidades de leitura e de escrita que englobam a identificação e o reconhecimento de palavras escritas, o conhecimento da ortografia das palavras e a aplicação aos textos dos processos linguísticos e cognitivos de compreensão, bem como a prática produtiva da leitura e da escrita, que envolve atividades de aquisição, transmissão e produção de conhecimento”.

Na entrevista publicada pelo próprio MEC, Sargiani cita duas modalidades de literacia, a familiar, que, segundo ele, seria o que os pais fazem em casa para estimular o desenvolvimento da linguagem oral dos filhos, e a literacia emergente, que são habilidades desenvolvidas na pré-escola que ajudam no ensino de alfabetização no fundamental.

Seaf x SEB

O rascunho foi elaborado por um grupo de trabalho (GT) da Secretaria de Alfabetização (Sealf), pasta criada em janeiro para dar ênfase à nova política. Segundo o MEC, o GT ouviu entidades de gestores estaduais e municipais. Em fevereiro, a secretaria realizou uma reunião para ouvir considerações de especialistas em diversas abordagens interdisciplinares. Seis deles foram chamados e tiveram cerca de meia hora para expor seus comentários e apresentar estudos a respeito do tema.

O G1 ouviu mais de uma pessoa presente na reunião. Segundo elas, o encontro durou cerca de três horas, nas quais os membros do ministério afirmaram que tinham o objetivo de publicar um decreto com a nova política de alfabetização dentro dos 100 primeiros dias do governo, mas não deram informações sobre o conteúdo do documento nem fizeram perguntas específicas.

O encontro contou com a participação de membros da Sealf e da Secretaria-Executiva, mas foi feito sem a presença do ministro da Educação Ricardo Vélez Rodríguez e de representantes da Secretaria de Educação Básica (SEB), responsável pelas políticas de ensino infantil, fundamental e médio, o que inclui as séries envolvidas no processo de ensino da leitura e da escrita.

Fontes ouvidas pela reportagem afirmaram que a elaboração do rascunho também ficou restrita à Sealf e à chefia de gabinete do ministério, e não passou por análise da SEB antes de ser encaminhada à Casa Civil.

Esse não é o primeiro registro da falta de articulação entre a Sealf e as demais áreas do MEC. No mês passado, uma portaria publicada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) levou ao pedido de demissão da então secretária da SEB, Tania Leme de Almeida. A portaria adiava a aplicação da avaliação de alfabetização, o que não havia sido discutido dentro da SEB. No dia seguinte, o presidente do Inep, Marcus Vinicius Rodrigues foi demitido por, segundo o ministro, “puxar o tapete”. Por sua vez, Rodrigues disse que fez a mudança a pedido de Nadalim. O secretário de Alfabetização, porém, se manteve no cargo.

Métodos de alfabetização

Segundo especialistas na área consultados pelo G1, os métodos de alfabetização dividem-se em dois grandes grupos:

a) sintéticos: O caminho do processo de aprendizagem começa das menores partes constitutivas da língua para, daí, caminhar para partes maiores. O professor pode optar por apresentar primeiramente as letras do alfabeto (método alfabético), os sons que cada letra representa (método fônico) ou as sílabas formadas (silábico). Só depois partirá para palavras, frases e textos.

b) analíticos: Nesse caso, o caminho é inverso. Os docentes começam com um texto (contos, histórias) ou com uma frase. A partir disso, apresentam as palavras, sílabas, sons e letras. Nesta categoria, entra o método global.

Abaixo, veja resumidamente mais informações sobre cada método:

MÉTODO ALFABÉTICO

Abordagem: Ele centra a atenção do aluno em unidades menores da língua: as letras do alfabeto. O professor propõe que as crianças aprendam os nomes das letras, reconheçam cada uma fora da ordem e soletrem os nomes dos colegas. Depois, incentivam que a turma encontre as vogais e consoantes em palavras ou textos.

Críticas: O método é apontado como descontextualizado, já que inicia o ensino com letras – que, sozinhas, não têm significado próprio. Especialistas também afirmam que há o incentivo à memorização do alfabeto, em vez de estimular o uso social da língua.

MÉTODO SILÁBICO:

Abordagem: Primeiramente, são ensinadas as famílias silábicas (ba, be, bi, bo, bu, por exemplo). Depois, as palavras. O aluno consegue, portanto, formar palavras e frases simples no início: “O bebê babou”. Depois, com mais sílabas apresentadas, as sentenças ficam mais complexas.

Críticas: O fato de apenas poder formar frases com as sílabas que já foram aprendidas pode tornar o processo de alfabetização mecânico e descontextualizado.

MÉTODO FÔNICO

Abordagem: Ele parte do ensino dos sons das letras. “O princípio do método é que uma das aprendizagens que a criança precisa ter para se alfabetizar é entender a escrita como um código”, afirma Alessandra Seabra, professora da pós graduação de distúrbios de desenvolvimento na Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP).

Os sons das letras são apresentados, por exemplo, junto a outros elementos. Em uma aula sobre “m”, o professor mostra imagens do “mmmacaco”, do “mmmartelo”, “do mmmenino”. “São desenvolvidos trabalhos de percepção de fonema”, afirma Seabra.

Dessa forma, o aluno aprende que aquele som “mmm” é representado por uma letra chamada M. Quando for escrever “morango”, vai pensar nos sons que compõem a palavra. “Que letra tem o som mmmo? O M”.

Críticas: A principal crítica ao método fônico é sobre focar em unidades muito abstratas da língua: os fonemas. O método tornaria a alfabetização um ato mecânico. Seabra rebate, dizendo que é possível apresentar os sons das palavras de forma lúdica, com leitura de contos, cantigas, nomes dos amigos da turma.

MÉTODO GLOBAL

Abordagem: O método global parte do todo (texto, frase) para as partes (palavras, sílabas, letras, sons). Somente após um contato intenso com um conto, por exemplo, ele seria “decomposto” e a criança analisaria os detalhes. O foco, nesse caso, é a compreensão e a atribuição de sentido ao que é apresentado à sala. A ideia é ser um método que priorize a compreensão. É importante reforçar que, embora seja frequente a associação com o construtivismo, não há essa relação imediata ou obrigatória com a filosofia.

Crítica: Apesar de o foco, em tese, ser a atribuição de sentido à alfabetização, alguns professores usam textos fora do universo infantil para apresentar a escrita e a leitura.

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EDUCAÇÃO

MEC estabelece referenciais para formulação dos itinerários formativos do ensino médio

O Ministério da Educação (MEC) estabeleceu os referenciais para a elaboração dos itinerários formativos do ensino médio, que são um conjunto de atividades e de conhecimentos que vão compor o conteúdo dado aos estudantes nesta etapa da educação. O documento deverá nortear os currículos escolares que serão elaborados pelos estados.

A portaria com a regulamentação foi publicada no “Diário Oficial da União” desta sexta-feira (5).

Os itinerários foram elaborados para substituir a distribuição do conteúdo das 13 disciplinas tradicionais ensinadas ao longo dos três anos do ciclo.

Após a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais do ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio, os itinerários formativos ficaram divididos em cinco áreas de conhecimento: linguagens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; ciências da natureza e suas tecnologias; ciências humanas e sociais aplicadas e formação técnica e profissional.

Cada um destes itinerários formativos deve se organizar a partir de quatro eixos estruturantes: Investigação Científica, Processos Criativos, Mediação e Intervenção Sociocultural e Empreendedorismo.

Antes da BNCC, o Brasil não tinha um currículo nacional obrigatório e as únicas disciplinas listadas por lei nos três anos do ensino médio eram português, matemática, artes, educação física, filosofia e sociologia. Agora, só português e matemática são obrigatórias e os demais conteúdos vão ser ensinados dentro dos itinerários formativos. Os currículos deverão ser definidos pelos estados.

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TECNOLOGIA

Como a inteligência artificial é usada para combater o bullying e monitorar pensamentos suicidas

É difícil terminar com o primeiro amor, mas, aos 18 anos, essa foi uma experiência particularmente traumática para Nikki Mattocks. Em vez de ter um tempo para autorreflexão, ela se viu sendo bombardeada com mensagens de ódio nas mídias sociais dos amigos de seu ex-namorado. Um deles até a incentivou a se matar.

"Me isolei muito. As mensagens me deixaram tão deprimida e me levaram a tomar uma overdose de remédios", diz.

Mattocks é uma das milhões de pessoas em todo o mundo que são vítimas de bullying. Essa prática é muitas vezes considerada um rito de passagem, mas afeta entre 1/5 e 1/3 das crianças que frequentam a escola. Os adultos sofrem taxas semelhantes no trabalho.

Mas pesquisas mostraram que o assédio moral pode deixar uma cicatriz duradoura na vida das pessoas, causando danos em longo prazo para sua saúde futura, patrimônio e relacionamentos. E a quantidade crescente de tempo que passamos on-line nos expõe a formas de bullying que, embora anônimas, podem ser igualmente devastadoras.

Os jovens submetidos ao cyberbullying sofrem mais com a depressão do que aqueles que não são vítimas e têm pelo menos duas vezes mais chances de se automutilar e tentar o suicídio, segundo pesquisadores. Ao menos 59% dos adolescentes americanos dizem ter sido vítimas de bullying online.

Mattocks, que superou o cyberbullying com a ajuda de novos amigos na universidade, agora como ativista de saúde mental, ajudando outras pessoas que enfrentam bullying. Ela defende um esforço maior da sociedade para conter a prática.

Monitoramento inteligente de bullying

A tecnologia tanto pode aumentar o potencial para o bullying quanto ser usada para acabar com ele. Computadores alimentados por inteligência artificial estão sendo usados para detectar e lidar com casos de assédio.

"É quase impossível para os moderadores humanos ler todos os posts e determinar se há algum problema", diz Gilles Jacobs, pesquisador de idiomas da Universidade de Ghent, na Bélgica. "Por isso, a IA é fundamental para automatizar a detecção e moderação de bullying e trolling."

A equipe de Jacbos criou um algoritmo de aprendizado de máquina para identificar palavras e frases associadas ao bullying no site de mídia social AskFM, que permite aos usuários fazer e responder perguntas. O sistema conseguiu detectar e bloquear quase 2/3 dos insultos em quase 114 mil postagens em inglês. Também foi mais preciso do que uma simples pesquisa de palavras-chave. Ainda assim, teve dificuldades com comentários sarcásticos.

O discurso abusivo é notoriamente difícil de detectar porque as pessoas usam linguagem ofensiva por várias razões, e alguns dos comentários mais desagradáveis não usam palavras hostis. Pesquisadores da Universidade McGill, em Montreal, no Canadá, estão treinando algoritmos para detectar o discurso de ódio, ensinando a eles como comunidades específicas no Reddit têm como alvo mulheres, negros e pessoas com excesso de peso usando palavras específicas.

"Minhas descobertas sugerem que precisamos de filtros separados de fala de ódio para alvos distintos do discurso de ódio", diz Haji Saleem, um dos responsáveis pela pesquisa.

Surpreendentemente, a ferramenta foi mais precisa do que a treinada para identificar palavras-chave. Também foi capaz de identificar abusos menos óbvios - palavras como "animais", por exemplo - que podem ter um efeito desumanizador.

Abusos em redes sociais

Detectar bullying online está longe de ser uma tarefa meramente acadêmica. Tome como exemplos gigantes da mídia social como o Instagram. Uma pesquisa realizada em 2017 descobriu que 42% dos adolescentes sofreram bullying no Instagram, a taxa mais alta de todos os sites de mídia social avaliados no estudo. Em alguns casos extremos, alguns usuários cometeram suicídio.

E os alvos não são apenas os adolescentes - o guitarrista do Queen Brian May está entre aqueles que foram atacados na plataforma.

"O que sofri me fez ver com outros olhos aquelas histórias de crianças sendo intimidadas a ponto de se suicidarem por mensagens de seus 'amigos' nas redes sociais", disse May na época. "Agora, sei em primeira mão como é sentir que você está em um lugar seguro, relaxado, aberto e sem supervisão, e então, em uma palavra, ser subitamente invadido."

O Instagram agora está usando a inteligência artificial para detectar bullying em comentários, fotos e vídeos. Embora a empresa esteja usando um "filtro de bullying" para ocultar comentários nocivos desde 2017, foi apenas recentemente que começou a usar o aprendizado de máquina para rastrear ataques verbais a usuários, em fotografias de tela dividida, por exemplo. Também rastreia ameaças contra indivíduos em comentários e fotos.

A rede social diz que identificar e remover ativamente esse material é uma medida crucial, já que muitas vítimas de bullying não prestam queixa. O aprendizado de máquina também permite que ações sejam tomadas contra aqueles que postarem repetidamente conteúdo ofensivo.

Mesmo com essas medidas, no entanto, os agressores continuam a criar "páginas de ódio" anônimas para atacar suas vítimas e enviar mensagens diretas nocivas.

Mas o bullying não está restrito ao espaço virtual. Revelações de casos de assédio sexual dentro das principais empresas de tecnologia no Vale do Silício vêm lançando luz sobre como o bullying e a discriminação podem afetar as pessoas no local de trabalho. Quase metade das mulheres experimentou alguma forma de discriminação enquanto trabalhava na indústria de tecnologia na Europa.

De que modo a tecnologia poderia trazer benefícios?

O chatbot inteligente Spot visa ajudar as vítimas a relatar suas experiências de assédio no local de trabalho com precisão e segurança. O sistema gera um 'interrogatório' com registro de data e hora que o usuário pode manter arquivado ou enviar ao seu empregador, anonimamente, se necessário. A ideia é "transformar uma lembrança em evidência", diz Julia Shaw, psicóloga da University College London e co-criadora da Spot.

Em outras palavras, um registro com data e hora de um incidente em torno de quando o abuso ocorreu poderia tornar mais difícil lançar dúvidas sobre as evidências posteriormente extraídas da memória, como os críticos de Christine Blasey Ford tentaram fazer depois que ela acusou Brett Kavanaugh, nomeado pelo presidente americano Donald Trump para a Surprema Corte americana, de agressão sexual quando ambos ainda estavam na faculdade.

Outra ferramenta chamada Botler AI vai um passo além, fornecendo conselhos a pessoas que foram assediadas sexualmente. Usando informações de mais de 300 mil processos judiciais nos Estados Unidos e no Canadá, o sistema usa o processamento de linguagem natural para avaliar se um usuário foi vítima de assédio sexual aos olhos da lei e gera um relatório do incidente, que pode ser entregue ao departamento de RH da empresa ou à polícia. A primeira versão ficou no ar por seis meses e alcançou 89% de precisão.

"Uma de nossas usuárias sofreu agressão sexual de um político e disse que a ferramenta lhe deu a confiança de que precisava e a capacitou para agir", diz Amir Moravej, fundador da Botler AI. "Ela abriu um processo judicial e o caso está em andamento."

A AI não só poderia ajudar a acabar com o bullying, mas também salvar vidas. Cerca de 3.000 pessoas em todo o mundo cometem suicídio todos os dias. Ou seja, uma morte a cada 40 segundos. Mas prever se alguém está mais suscetível ao suicídio é notoriamente difícil.

Embora fatores como o histórico do indivíduo possa oferecer algumas pistas, não há um fator de risco único que seja um forte indicador de suicídio. O que torna ainda mais difícil a previsão é que os profissionais de saúde mental muitas vezes precisam examinar evidências e avaliar o risco em um telefonema de cinco minutos.

Mas as máquinas inteligentes podem ajudar.

"A IA pode coletar muitas informações e montar o quebra-cabeça rapidamente, o que pode ser útil para analisar vários fatores de risco", diz Martina Di Simplicio, professora de psiquiatria da Universidade Imperial College London, no Reino Unido.

Análise estatística sobre automutilação

Cientistas do Centro Médico da Universidade de Vanderbilt e da Universidade Estadual da Flórida treinaram algoritmos de aprendizado de máquina para examinar os registros de saúde de pacientes que cometeram automutilação. Os algoritmos foram capazes de prever se um paciente tentaria ceifar sua vida na semana seguinte a uma ocorrência de automutilação com uma precisão de 92% .

"Podemos desenvolver algoritmos que dependem apenas de dados já coletados rotineiramente no centro médico para prever o risco de pensamentos e comportamentos suicidas", diz Colin Walsh, professor-assistente de informática biomédica no Centro Médico da Universidade de Vanderbilt em Nashville, no Estado americano do Tennessee, que liderou o estudo.

Apesar de a pesquisa oferecer a esperança de que os especialistas em saúde mental tenham outra ferramenta para ajudá-los a proteger os pacientes que estão em risco no futuro, há muito trabalho ainda a ser feito.

"Os algoritmos desenvolvidos neste estudo podem abordar com bastante precisão quem tentará suicídio, mas não quando alguém vai morrer", dizem os pesquisadores. "Embora o conhecimento preciso de quem pode se suicidar ainda seja criticamente importante para informar as decisões clínicas sobre o risco, não é suficiente para determinar o risco iminente".

Outro estudo realizado por pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, no Estado americano da Pensilvânia, foi capaz de identificar indivíduos que tinham pensamentos suicidas com 91% de precisão. Os cientistas pediram a 34 participantes que pensassem em 30 conceitos específicos relacionados a aspectos positivos ou negativos da vida e da morte enquanto escaneavam seus cérebros usando uma máquina de ressonância magnética. Eles então usaram um algoritmo de aprendizado de máquina para identificar "assinaturas neurais" para esses conceitos.

Os pesquisadores descobriram diferenças na forma como pessoas saudáveis e suicidas pensavam sobre conceitos como "morte" e "despreocupação". O computador foi capaz de identificar com 94% de precisão nove pessoas que experimentaram pensamentos suicidas e que haviam tentado o suicídio e oito que não tentaram, observando essas diferenças.

"Pessoas com pensamento suicida costumam expressar um sentimento de vergonha, mas isso não aconteceu com os participantes saudáveis", diz Marcel Just, diretor do Centro de Imagem do Cérebro Cognitivo da Universidade Carnegie Mellon. Ele diz acreditar que um dia os terapeutas poderiam usar essa informação para criar um tratamento personalizado para alguém com pensamentos suicidas.

À primeira vista, esses tratamentos personalizados podem parecer futuristas. Mas gigantes de buscas e de mídias sociais estão tentando identificar usuários em crise. Por exemplo, quando alguém busca no Google algo relacionado à tentativa de suicídio, o buscador oferece o número do telefone de uma instituição que atua na prevenção, em vez do resultado da pesquisa.

No ano passado, o Facebook começou a usar a inteligência artificial para identificar posts de pessoas que possam estar em risco de cometer o suicídio. Outras redes sociais, como o Instagram, também começaram a explorar como a IA pode ajudar a evitar o compartilhamento de imagens de autoflagelação e posts relacionados ao suicídio.

O Facebook também treinou seus algoritmos para identificar padrões de palavras tanto no post principal quanto nos comentários para ajudar a confirmar casos de desejo suicida. Isso é combinado com outros detalhes, como se as mensagens são postadas nas primeiras horas da manhã. Todos esses dados são canalizados para outro algoritmo que é capaz de descobrir se a postagem de um usuário do Facebook deve ser revisada pela equipe de Operações Comunitárias do Facebook, que pode disparar o alarme se achar que alguém está em risco.

Em casos graves, o Facebook pode entrar em contato com autoridades locais. Além disso, a empresa já atuou em conjunto com socorristas para realizar mais de mil verificações sobre a saúde mental dos usuários até o momento.

"Não somos médicos e não estamos tentando fazer um diagnóstico de saúde mental", explica Dan Muriello, engenheiro da equipe que produziu as ferramentas. "Estamos tentando obter informações para as pessoas certas rapidamente".

O Facebook não é a única empresa que analisa texto e comportamento para prever se alguém pode estar passando por problemas de saúde mental. Maria Liakata, professora-associada da Universidade de Warwick, no Reino Unido, está trabalhando na detecção de mudanças de humor em posts de mídias sociais, mensagens de texto e dados de telefones celulares.

"A ideia é poder monitorar passivamente e prever, de forma confiável, mudanças de humor e pessoas em risco", afirma. Ela diz esperar que a tecnologia seja incorporada em um aplicativo capaz de ler mensagens no telefone de um usuário.

Embora essa iniciativa possa aumentar as preocupações com a privacidade, milhares de pessoas já estão compartilhando de bom grado seus pensamentos mais profundos com os aplicativos de IA em uma tentativa de combater a depressão, que é um indicador do suicídio.

Aplicativos como o Woebot e o Wysa permitem que os usuários conversem sobre seus problemas com um bot que responde seguindo padrões de tratamento certificados pelas autoridades de saúde, como a terapia cognitivo-comportamental.

As máquinas também podem ajudar a intervir e acabar com o bullying. Mas até que a IA aperfeiçoe uma maneira de detectar as táticas de intimidação mais sutis e astutas, essa responsabilidade caberá a nós

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Clipping da educação, encaminhado pela Diretoria de comunicação social do IFG, todas as sextas.

 


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