Ir direto para menu de acessibilidade.

GTranslate - Tradução do site

ptenfrdeitesth

Opções de acessibilidade

Você está aqui: Página inicial
Início do conteúdo da página

Goiânia, 12 de abril de 2019

Publicado: Sexta, 12 de Abril de 2019, 12h46 | Última atualização em Sexta, 12 de Abril de 2019, 13h00

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Projeto de estudantes do ensino médio do IFRS testa a qualidade das areias de praias gaúchas

Bolsonaro assina projeto que regulamenta educação domiciliar

Prêmio Professores do Brasil tem inscrições abertas em 15 de abril

Resultado dos pedidos de isenção da taxa de inscrição sairá dia 17

CORREIO BRAZILIENSE

Pedidos de isenção de taxa no Enem2019 passam de 3 milhões

Bolsonaro vai encaminhar projeto de lei que institui educação domiciliar

MEC não apresentou avanços durante novo governo, avalia Todos pela Educação

GLOBO.COM

Estudantes querem indenizar descendentes de negros vendidos como escravos por universidade dos EUA

Liberdade para algumas famílias pode prejudicar crianças vulneráveis, dizem especialistas

MEC prioriza método fônico e alfabetização aos 6 anos, mas aceita que ciclo só termine aos 8

 

N O T Í C I A S DA E D U C A Ç Ã O

==================================================================

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

TRILHAS DA EDUCAÇÃO

Projeto de estudantes do ensino médio do IFRS testa a qualidade das areias de praias gaúchas

Quem já andou pela praia em dia quente de sol e se deparou com um mar impróprio para banho sabe o quanto isso pode ser frustrante. Mas além das condições da água, não seria o caso de pensar na qualidade da areia? Esse foi o foco de um projeto de duas alunas do Campus Osório do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS). As jovens falam sobre as análises e os resultados nesta edição do Trilhas da Educação, programa que vai ao ar nesta sexta-feira, 12, com transmissão da Rádio MEC.

Vanessa da Rosa e Júlia Oscar cursam o ensino médio no Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Como moradoras de Osório, no litoral gaúcho, frequentam as praias da região. No ano passado, depois de acompanhar um dos alertas feitos por órgãos governamentais sobre a qualidade da água do mar, a dupla passou a questionar também a qualidade das areias das praias gaúchas. Mesmo porque os banhistas também podem se contaminar apenas permanecendo à beira d’água.

Para Vanessa da Rosa, as praias de todo o país merecem uma análise mais ampla. “Quando atestamos qualidade ambiental de uma praia a partir das análises da água, que são realizadas em todo o Brasil, e as análises da areia, temos uma noção concreta se aquele ambiente é impróprio ou não para contato humano, ou seja, se há risco para a saúde”, ressalta a estudante. “Quando solucionamos esse problema ambiental, solucionamos paralelamente vários outros problemas de saúde.”

Para determinar se uma areia é própria ou imprópria para contato humano são coletadas amostras e analisada a quantidade de coliformes termotolerantes e totais contidos nela. A análise pode ser realizada por laboratórios ou criada uma instituição pública, como as que analisam a água. Júlia conta que duas praias foram escolhidas para a parte prática do projeto que elas desenvolveram, com o objetivo de analisar a qualidade da areia.

“Nós fizemos as nossas análises em duas áreas de amostragem, uma em Cidreira e uma em Atlântida Sul. Nós escolhemos três pontos de coleta distintos e alinhados: o ponto um é próximo às dunas, o ponto dois, intermediário, e o três, bem próximo à água”, conta Júlia.

O trabalho de campo também analisou o descarte incorreto do lixo, por exemplo, que apareceu como um dos pontos mais sensíveis. “O lixo, além de trazer um aspecto visual negativo para a praia, acaba por atrair inúmeros animais, como os pombos, que acabam por contaminar as areias”, destaca Vanessa.

Mudança – Vanessa e Júlia resolveram levar o projeto orientado pelos professores até algumas prefeituras da região. Com apoio do gestor de Cidreira, município que inicialmente acatou a proposta, medidas emergenciais foram tomadas já no veraneio de 2019. Era a chance de envolver a comunidade num cenário positivo de mudança, não só na alta temporada, mas no ano todo.

“Tivemos a elaboração de um decreto, a elaboração de um plano de ação. Eles proibiram uso de canudo no município, reduzindo a emissão de lixo na beira-mar”, lembra Vanessa. “O segundo passo foi uma modificação na lei que proíbe cães na beira da praia. Antes, era proibido apenas na alta temporada, agora o ano inteiro. Isso é importante porque o cão é um agente contaminante da praia.”

Os resultados ainda estão sendo apurados, com o andamento da pesquisa. Júlia conta que apenas o Rio de Janeiro tem um projeto semelhante. As demais experiências seriam todas internacionais. “Estamos estudando mais medidas para continuar a melhorar a qualidade das nossas praias e pensamos também em fazer palestras para conscientização, que seria de extrema relevância, já que muitas pessoas não acreditam que as areias possam ter um risco a saúde. Elas se preocupam mais com a água do que com a areia.”

A ideia das duas estudantes pode render ainda mais frutos e refletir na vida de outras pessoas pelo mundo. Isso porque o projeto Qualidade Ambiental das Areias de Praia do Litoral Norte Gaúcho foi apresentado na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e premiado pela Marinha do Brasil, além de credenciado para participar de feiras internacionais de ciências nos Estados Unidos e Peru. “É muito importante que nós, como alunos, tenhamos esse retorno. A gente pensa que está fazendo uma coisa pequena, apenas para a nossa comunidade e que, às vezes, ninguém vai se inteirar sobre o assunto”, aponta Júlia. “No entanto, é muito legal saber que tem gente que se importa e quer incentivar isso. Pesquisa no ensino médio é sensacional. Se eu não tivesse conhecido a pesquisa, não seria quem eu sou hoje.”

Assessoria de Comunicação Social

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

EDUCAÇÃO

Bolsonaro assina projeto que regulamenta educação domiciliar

O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta quinta-feira, 11, o projeto de lei que regulamenta a educação domiciliar no Brasil. A proposta, que estava entre as prioridades dos primeiros 100 dias de governo, visa criar regras para quem prefere educar os filhos em casa. Agora, o projeto precisa tramitar no Congresso Nacional antes de se transformar em lei.

A educação domiciliar é uma modalidade de ensino em que pais ou tutores responsáveis assumem o papel de professores dos filhos. Assim, o processo de aprendizagem dessas crianças é feito fora de uma escola. O projeto de lei assinado nesta quinta-feira altera a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

A medida pretende trazer os requisitos mínimos que os pais ou responsáveis legais deverão cumprir para exercer esta opção, como explica Pedro Hollanda, secretário adjunto da Secretaria Nacional da Família, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. “O fenômeno homeschooling, ou seja, o da educação domiciliar, é realidade no Brasil. Há famílias que optam por educar seus filhos em casa; no entanto, não há lei que estabeleça quais são as diretrizes básicas para que esse direito seja exercido”, destaca. “A principal motivação do projeto de lei é estabelecer um marco legal para a educação domiciliar, regular o exercício desse direito, visando assegurar a educação da criança e do adolescente. É mais uma possibilidade de ensino, tendo como premissa a pluralidade pedagógica.”

Ainda segundo Hollanda, dois mecanismos do texto merecem ser destacados, os que versam sobre o cadastro das crianças no Ministério da Educação e o processo de avaliação. “As famílias terão de fazer um cadastro via plataforma, na internet, na qual elas vão inserir uma série de informações relativas à criança, como idade, vínculo com a criança, certidão criminal, plano pedagógico individual, caderneta de vacinação atualizada, enfim, documentos que já estão previstos no texto da lei e que visam dar mais segurança para a sociedade como um todo”, pontua o secretário. “Em relação às avaliações, elas vão ocorrer anualmente com possibilidade de recuperação, já a partir de 2020. É uma avaliação que ocorre como no ambiente escolar, ou seja, desde o segundo ano do ensino fundamental até o último ano do ensino médio. É o princípio da isonomia entre o estudante da escola e aquele que aprende com a educação domiciliar.”

Para Pedro Hollanda, o projeto de lei também visa dar segurança jurídica às famílias que optam pela educação domiciliar. “Hoje, muitos pais que optam por esse tipo de aprendizado são denunciados e o Conselho Tutelar e o Ministério Público atuam juntos nessa questão. Essas famílias, inclusive, são condenadas judicialmente a matricular seus filhos na escola. O termo é justamente esse, pois as famílias são ‘condenadas a matricular os filhos em até tantos dias’, caso contrário, elas correm o risco de, por exemplo, perder a guarda da criança”, ressalta.

Assessoria de Comunicação Social

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

EDUCAÇÃO BÁSICA

Prêmio Professores do Brasil tem inscrições abertas em 15 de abril

As inscrições para a 12ª edição do Prêmio Professores do Brasil (PPB) estarão abertas a partir de segunda-feira (15), pela página do programa na internet. O lançamento oficial do Prêmio ocorrerá no mesmo dia, às 15h, em solenidade no Ministério da Educação. O período de inscrição fica aberto até 31 de maio e espera-se superar o número de inscritos da edição anterior que foi de 4.040.

Poderão participar todos os professores de escolas públicas da educação básica que se inscreverem enviando um relato de prática pedagógica desenvolvida com seus alunos, que será avaliado e poderá ser selecionado para uma premiação estadual, regional e nacional.

O Prêmio Professores do Brasil, que possui seis categorias, é uma iniciativa do Ministério da Educação, juntamente com instituições parceiras, que busca reconhecer, divulgar e premiar o trabalho de professores de escolas públicas que contribuem para a melhoria dos processos de ensino e aprendizagem desenvolvidos nas salas de aula. Em suas 11 edições, foram contemplados 388 professores e distribuídos mais de R$ 2,8 milhões em premiação.

O resultado final dos ganhadores deste ano será divulgado no dia 28 de novembro, em Cuiabá (MT), e serão distribuídos R$ 278 mil em prêmios aos educadores, além de uma viagem para os seis vencedores nacionais e seus respectivos coordenadores pedagógicos, totalizando 12 viajantes.

Para o MEC, registrar uma experiência, um processo vivido ou mesmo uma conversa entre alunos e professores é uma forma de sistematizar o conhecimento do professor. Assim, além de participar do processo de premiação, os professores desenvolvem um exercício de reflexão sobre a própria prática, o que garante o aprimoramento dos processos de ensino e aprendizagem. Sendo assim, independentemente do processo de seleção, a participação dos professores é um caminho para a busca da qualidade na educação, compromisso de todos os educadores.

Neste ano, o prêmio conta com cinco temáticas especiais: Esporte como estratégia de aprendizagem; Uso de tecnologias de informação e comunicação (TICs) no processo de inovação educacional; Educação empreendedora; Criação e produção de linguagens de mídia por professores e estudantes no ensino fundamental e médio; e Aprendizagem criativa.

Etapas – O prêmio contempla três etapas de avaliação. Na estadual, são 486 premiados, dos quais 162 seguem para a próxima etapa, a regional. Na etapa regional, há um vencedor por categoria, por região, totalizando 30 vencedores. A etapa final, nacional, contempla seis vencedores, sendo um de cada categoria. Os professores vencedores da etapa regional participarão do evento final, com todas as despesas de viagem custeadas pelo MEC, além de ter suas experiências publicadas na página do PPB.

Em 2018, foi distribuída a premiação em dinheiro, além de uma viagem organizada e promovida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ao Canadá, com o objetivo de que os 30 professores finalistas conheçam e vivenciem outras experiências e compartilhem seus conhecimentos com professores no exterior.

Uma das 30 finalistas do ano passado, a professora Maria de Lourdes Severino Cosmo, da escola CEF Cerâmicas Reunidas Dom Bosco, que fica na área rural de Planaltina (DF), acredita que o Prêmio Professores do Brasil é um grande incentivo e reconhecimento para a categoria. "Eu já poderia estar até aposentada porque eu já tenho os pré-requisitos para aposentar. E muito pelo contrário, me deu uma energia e um gás novo. Não penso em me aposentar tão cedo agora."

Com foco no incentivo à leitura dos alunos, o projeto Plantando histórias, colhendo frutos foi um dos vencedores da etapa regional. "Eu queria desenvolver neles o gosto pela leitura, o gosto pela escrita. O projeto foi uma forma de eu trazer para eles momentos de leitura e de oralidade para que eles pudessem tomar gosto pela coisa. E isso realmente aconteceu. Com o uso de um palanquinho, numa rotina da turma, eu apresentava um texto novo para a turma e eles faziam uma leitura silenciosa, depois eles faziam uma ilustração do texto e, na sequência, a gente partilhava e começava a leitura. Era o dia inteiro dedicado à leitura", explicou a professora.

Para a professora Vandete Pereira Lima, da Escola Classe 08, do Cruzeiro (DF), que também foi uma das vencedoras do ano passado, o Prêmio Professores do Brasil representa, além da valorização do trabalho da categoria, uma forma de compartilhar experiências. "A gente tinha que estar falando das nossas experiências para as outras pessoas em muitas oportunidades. Seria importante a gente contar para o outros. As nossas experiências em sala de aula têm que ser compartilhadas. Acho que a gente tinha que aproveitar esse momento para conversar com nossos pares sobre essa realização bem-sucedida, premiada, e ter as oportunidades criadas pelo MEC para essa troca de ideias", afirmou ela.

Assessoria de Comunicação Social

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

ENEM 2019

Resultado dos pedidos de isenção da taxa de inscrição sairá dia 17

Os candidatos que pediram a isenção da taxa de inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019 devem ficar atentos: o resultado será divulgado no dia 17 de abril. A relação com os nomes daqueles que tiveram a solicitação aprovada será disponibilizada na página do Enem na internet. Os estudantes que não forem contemplados poderão apresentar recurso entre os dias 22 e 26 de abril.O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) recebeu 3.687.527 pedidos de isenção da taxa de inscrição do Enem 2019.

O Inep, responsável pela aplicação do exame, reitera que mesmo os candidatos que tiverem a gratuidade aprovada deverão realizar a inscrição normalmente, dentro do prazo, que acontece de 6 a 17 de maio. A isenção da taxa de inscrição não é automática para nenhum grupo de participantes e o pedido não poderá ser feito durante o período de inscrições.

O cronograma completo do Enem 2019 está disponível na página do exame na internet.

Assessoria de Comunicação Social

==================================================================

CORREIO BRAZILIENSE

EDUCAÇÃO

Pedidos de isenção de taxa no Enem2019 passam de 3 milhões

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) recebeu 3.687.527 pedidos de isenção da taxa de inscrição ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2019. Os candidatos poderão consultar os resultados na próxima quarta, 17 de abril, na Página do Participante. Será preciso fornecer CPF e a senha criada durante o período de solicitações.

Aqueles que tiveram o pedido de isenção do Enem 2019 ou a justificativa de ausência nos dois dias de prova do ano passado negado poderão entrar com recurso entre 22 e 26 de abril. Nesse período, o interessado que teve gratuidade de inscrição negada terá a oportunidade de apresentar documentos que comprovem sua situação de isenção da taxa ou novos documentos comprobatórios da justificativa de ausência.

Os resultados dos recursos serão divulgados em 2 de maio. A abertura do período de inscrições ao Enem 2019, acontecem entre 6 e17 de maio. Os participantes isentos irão efetuar a inscrição sem necessidade de gerar guia de cobrança. Os participantes que não conseguirem a isenção e demais pagantes deverão informar os dados solicitados no Sistema de Inscrição, gerar a Guia de Recolhimento da União (GRU) e efetuar o pagamento da taxa de inscrição de R$85 para ter sua inscrição confirmada. As provas serão aplicadas em 3 e 10 de novembro.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

EDUCAÇÃO

Bolsonaro vai encaminhar projeto de lei que institui educação domiciliar

Nesta quinta-feira, (11), o presidente Jair Bolsonaro assinou o projeto de lei que visa regulamentar a educação domiciliar no Brasil. A medida estava prevista como prioridade para os primeiros 100 dias de governo e deve ser encaminhada ao Congresso. A educação domiciliar é uma forma de ensino na qual os tutores lideram o processo de aprendizagem das crianças, sendo feito pelos próprio pais ou professores particulares. Até então, não havia regras para a prática.

O projeto de lei estabelece que devem ser feitos registros das atividades pedagógicas junto ao Ministério da Educação (MEC), e exige alguns documentos como a certidão de antecedentes criminais dos responsáveis. Os pais também devem declarar a opção pela educação domiciliar, nos termos da lei. Bolsonaro também assinou decreto que institui a Política Nacional de Alfabetização, que prioriza erradicar o analfabetismo no país. Ele também assinou a lei do Bolsa Atleta.

Entenda o projeto

Se a criança tiver um resultado considerado insatisfatório na avaliação prevista no art. 6, terá a opção de fazer uma prova de recuperação. As datas relativas às avaliações serão definidas pelo MEC, em calendário ainda não divulgado. No artigo 205, a Constituição prevê que a educação é um “direito de todos e dever do Estado e da família”. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que as crianças tenham "acesso à escola pública e gratuita próxima de sua residência". Sendo assim, deixar de fazer a matrícula dos menores em instituições de ensino poderia ser interpretado como abandono intelectual.

Avaliações sobre a proposta

Em setembro de 2018, o Supremo Tribunal Federal havia vetado este tipo de ensino. Na época, a maioria dos ministros decidiu que os pais não podiam deixar de levar os filhos à escola para ensiná-los em casa. Para a coordenadora do Comitê DF da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Catarina de Almeida Santos, a educação não deve ser tarefa exclusiva da família. “A criança não é propriedade dos pais”, afirmou. Ela ressaltou a importância da relação dos estudantes com os colegas de classe e com os professores na formação acadêmica.

A presidente do conselho administrativo do Instituto Centro de Ensino Tecnológico (CENTEC), Anna Helena Altenfelder, também defende que a educação é dever da escola junto à família. Para ela, novo projeto de lei é “preocupante”. Ainda de acordo com Altenfelder, em um cenário de 100 dias de inoperância do Ministério da Educação (MEC), a discussão sobre a educação domiciliar não deve ser uma prioridade no país.

A visão do Ministério Público do DF

Em agosto do ano passado, a Promotoria de Justiça da Defesa da Educação (Proeduc) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), publicou nota técnica com entendimento favorável sobre a educação domiciliar. “A nossa nota técnica se deu nesse momento em especial porque o Supremo (Tribunal Federal) estava julgando um mandado de segurança”, conta Márcia Pereira da Rocha, promotora de Justiça da Proeduc. “A gente estava lidando com casos de famílias que praticavam o ensino doméstico e que chegavam por meio do conselho tutelar, que entendia que isso era irregular. Algumas, inclusive, se mudaram do DF e do Brasil”, diz.

A partir de reuniões e o acompanhamento desses casos, a Promotoria chegou ao entendimento de que a prática é viável, mas apenas poucas famílias do país teriam condições de aplicá-la. Além disso, é necessário estabelecer normas e parâmetros. O STF não autorizou o ensino doméstico justamente por falta de regulamentação específica. “O posicionamento do Supremo leva em conta muitas coisas que falamos na nossa técnica, que reconhece a constitucionalidade e os direitos dessas famílias”, observa. No entendimento da promotora, não seria necessário, agora, que as regras da prática fossem definidas por meio de nova legislação. “O Brasil tem leis demais. Toda a base do julgamento do Supremo é com base em lei, não em achismo. Sobre a minha percepção, o que precisamos é de regulamentação do ponto de vista da administração”, defende.

Assim, Márcia acredita que a regulamentação deveria partir do Ministério da Educação (MEC), por meio de corpo técnico especializado. O órgão também deve ser responsável por acompanhar e fiscalizar a prática. “Esses parâmetros cabem ao Poder Executivo”, reforça. “Você não tem de ir ao Legislativo. Você trava o governo se, toda vez que precisar de algo, tiver de ir ao Legislativo”, ressalta. “A gente precisa enfrentar com coragem o fato de que existem soluções que são bem aplicadas em outros países que a gente rejeita no Brasil. É como se, a priori, a gente nem quisesse ouvir falar do assunto”, afirma. “E, do ponto de vista educacional, as experiências mostram que vale a pena investir no homeschooling. Não é uma solução para a política de educação no Brasil, pois são muito poucas as famílias que têm condições de fazer isso como é feito em outros países, do primeiro mundo e da América Latina, que são muito bem-sucedidos”, destaca.

Essas experiências a gente não pode simplesmente negar. Mas também a educação familiar não é a panaceia para todos os males”, afirma. “Então, as famílias podem ter esse direito, mas com baliza, com regras, que tem de vir da Educação.” Na visão de promotora, parâmetros técnicos bem executados em outros países poderiam ser usados para basear uma regulamentação nacional. E há motivos, ela argumenta, para apostar no modelo. “Na prática, há crianças e jovens educados em casa que se submeteram a provas nacionais, como o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e a Prova Brasil, e foram muito bem-sucedidos”, aponta. “As questões que levaram as famílias a escolherem essa opção são muito variadas. O fato é que é constitucional a possibilidade de as famílias fazerem essa escolha”, conclui.

Associação de Pais e Alunos do DF é favorável ao projeto

Confira, na íntegra, posicionamento de Luis Claudio Megiorin, diretor-presidente da Associação de Pais e Alunos do Distrito Federal (Aspa-DF), sobre a proposta:

"Soubemos hoje, dia 11/4/2019, que o presidente Bolsonaro acaba de assinar Medida Provisória (MP) e encaminhou Projeto de Lei regulamentando o ensino domiciliar. Não vislumbramos desgastes com o Congresso, uma vez que houve uma considerável renovação no parlamento. Além disso, houve, nesse caso, grande desinteresse do Congresso passado, pois a matéria tramita há anos no CN, deixando milhares de famílias inseguras. Por sua vez, faltou coragem e firmeza do governo do Presidente Temer para enfrentar a matéria. Em 2018, em julgamento feito pelo STF, a questão foi deixada com o Congresso Nacional. A Corte preferiu não intervir, o que piorou a segurança jurídica das famílias. Agora, com a edição da MP (que tem força de lei) e presentes os pressupostos de urgência e relevância, há, até que o CN vote a matéria, uma legislação que ampara os pais de alunos atendidos em casa. Nesse caso, não há afronta à decisão do STF, pois o que o Tribunal alegou para não decretar a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da prática da modalidade de ensino, a inexistência de lei específica, já está provisoriamente satisfeito. O Estado brasileiro, com o pífio sistema educacional, não tem moral para impedir que as crianças e adolescentes sejam educadas em casa, no melhor interesse delas e de suas famílias."

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

EDUCAÇÃO

MEC não apresentou avanços durante novo governo, avalia Todos pela Educação

Nesta quarta-feira (10), o governo Bolsonaro completou 100 dias, e o Todos pela Educação divulgou um relatório que avalia os avanços — ou não — da nova gestão na área educacional. O balanço foi feito por meio da análise de textos públicos e revelou um diagnóstico de "paralisação" do Ministério da Educação (MEC).

"Nos primeiros 100 dias de governo, não houve praticamente nenhum avanço relevante por parte do MEC”, afirma Olavo Nogueira Filho, diretor de Políticas Educacionais do Todos pela Educação. Ele aponta um estado de inoperância e uma disputa de poder no Ministério como alguns dos problemas que marcaram a pasta este ano.

O Todos pela Educação analisou as “sete prioridades para a qualidade da educação dar um salto”, definidas por um grupo de especialistas em políticas educacionais em 2018. De acordo com o balanço, apenas uma delas teve avanços concretos — a política de implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A nova proposta do ensino médio contou com avanço parcial.

Novo Ministro da Educação

Olavo elenca como algumas das missões essenciais do novo chefe do Ministério da Educação, Abraham Weintraub, que tomou posse na terça (8), conseguir estruturar uma equipe que tenha conhecimento sobre os principais desafios do setor e, de fato, implementar uma agenda de maneira consistente e rápida.

"O Governo colocou à frente alguém sem experiência prévia — isso não é fator determinante para o sucesso ou não. No entanto, a escolha surpreendeu", diz. O porta-voz do Todos pela Educação não sabe se o campo do ensino melhorará no país com o novo nome à frente do Ministério da Educação. "Para isso, é necessário abrir diálogo com os principais atores do cenário educacional. Nesse sentido, foi positiva a manifestação do novo ministro na posse, pois propôs abertura ao diálogo, que não existia antes", compara.

==================================================================

GLOBO.COM

EDUCAÇÃO

Estudantes querem indenizar descendentes de negros vendidos como escravos por universidade dos EUA

Os estudantes da Universidade de Georgetown, nos EUA, estão votando se devem ou não pagar indenização aos descendentes dos negros escravizados vendidos pela instituição no passado.

Em 1838, a universidade jesuíta, que contava com o apoio financeiro de fazendeiros ricos e muitas vezes recebia negros escravizados como parte de doações, passou por momentos difíceis.

E decidiu levantar fundos com a venda de 272 negros escravizados para serem usados em plantações na Louisiana, em um negócio equivalente a US$ 3,3 milhões.

Agora, os estudantes da renomada universidade estão votando para o que pode ser a primeira reparação paga diretamente a descendentes de negros escravizados nos EUA.

Os defensores da proposta argumentam que os Estados Unidos construíram sua riqueza às custas do povo escravizado e, nos séculos que se seguiram à emancipação, promulgaram políticas para excluir os negros da divisão da riqueza do país.

Os rendimentos mais baixos, as piores condições de saúde e os elevados índices de detenção apresentados atualmente pela comunidade negra são destacados como vestígios deste passado.

'Pagar nossas dívidas'

A proposta prevê que todos os estudantes de graduação da universidade paguem uma taxa semestral de US$ 27, a ser "destinada para fins de caridade que beneficiam os descendentes", que vivem principalmente nos estados americanos de Louisiana e Maryland.

"Como estudantes de uma instituição de elite, reconhecemos o grande privilégio que temos e desejamos ao menos pagar parcialmente nossas dívidas àquelas famílias cujos sacrifícios involuntários tornaram esse privilégio possível", diz trecho da proposta.

"Como indivíduos com imaginação moral, escolhemos fazer mais do que simplesmente reconhecer o passado - resolvemos mudar nosso futuro."

Melisande Short-Colomb é descendente de uma das 272 pessoas vendidas pela Universidade de Georgetown e se tornou aluna da instituição aos 63 anos.

"Havia trabalho escravo, posse de seres humanos e escravidão", diz Short-Colomb, apontando para os grandes prédios do campus, que a venda de seus ancestrais ajudou a financiar.

Ela faz parte do grupo que defende a proposta e está esperançosa de que "isso vai abrir um debate em todo o país" sobre a questão das reparações.

"As reparações e indenizações são importantes para toda a América porque somos uma sociedade em pedaços", diz ela.

"Pontes estão caindo - fisicamente, emocionalmente, mentalmente - ao nosso redor, e temos que reparar a nós mesmos".

Hannah Michael, aluna do segundo ano, acredita que todos os estudantes da Universidade de Georgetown são "beneficiários diretos" do passado escravista da organização, independentemente da sua história pessoal.

"Eu sou filha de dois refugiados etíopes", diz Michael.

"Meus pais vieram para este país há cerca de 25 anos e não têm relação com o comércio de negros escravizados naos Estados Unidos."

No entanto, ela argumenta que sua educação é "possível apenas por causa da escravidão e venda de afro-americanos".

"Nossas aulas, as camas em que dormimos, a comida que comemos, as fundações da escola foram criadas e mantidas pelo lucro obtido com a venda de 1838."

Michael tem plena consciência de como a votação na Universidade de Georgetown reflete um debate nacional mais amplo, e espera que isso inspire mais atitudes em relação ao tema.

"[A votação] nos diz que há coisas que podemos fazer agora para beneficiar as pessoas afetadas pela história da escravidão."

"Espero que as pessoas fora da universidade vejam que é possível lidar com a difícil história da América."

'Totalmente simbólico'

No entanto, nem todos os alunos concordam com a proposta.

Hunter Estes, que estuda política internacional, diz acreditar que a taxa é um "valor arbitrário" e "uma tentativa de agregar uma obrigação moral a todo o corpo estudantil".

Ele sugere que qualquer reparação deve ser "opcional" para evitar "impor uma estrutura moral" que ele diz "esmagar um aspecto da liberdade".

"É movido por boas intenções", diz Estes. "Mas boas intenções não podem ser o que define a política."

Ele sugere que a universidade deve se concentrar em oferecer educação aos descendentes das 272 pessoas vendidas, em vez de "atacar o problema com dinheiro".

E acrescenta que é "difícil dizer" se ele foi beneficiado pessoalmente pelo histórico de venda de escravos da instituição.

"Tenho receio de aplicar um padrão de moralidade de 2019 em uma avaliação da história."

"Se ficarmos constantemente nos desculpando em relação às questões do passado, sempre encontraremos algo para nos desculpar".

Já Sam Dubke, aluno de economia internacional, está preocupado com alguns aspectos práticos da proposta.

"O valor de US$ 27,20 é totalmente simbólico", diz ele. "Não há análise ou investigação sistemática desta quantia."

Ele também questiona como os cerca de US$ 400 mil que se espera arrecadar no primeiro ano serão gastos, sugerindo que "não é algo que pode ser feito por um capricho".

Além disso, Dubke sugere que a ação estudantil deve ser dirigida ao Grupo de Trabalho sobre Escravidão, Memória e Reconciliação criado pela universidade em 2015 para se envolver com o passado da universidade.

"Devemos pressionar a administração da universidade a agir, em vez de contar com os estudantes para pagarem do próprio bolso".

"Os atuais alunos não são culpados pelos pecados passados ​​da instituição, e uma contribuição financeira não pode reconciliar essa dívida passada em nome da universidade", escreveu ele no jornal estudantil.

Matt Hill, porta-voz da Universidade de Georgetown, disse à BBC que "os referendos estudantis ajudam a expressar as perspectivas dos estudantes, mas não criam políticas universitárias e não são vinculantes para a instituição".

"Após um pedido formal de desculpas aos descendentes, renomeando dois prédios e oferecendo aos descendentes a mesma consideração nas admissões que dá aos membros da comunidade de Georgetown, continuamos a aprofundar o engajamento do nosso campus para desenvolver educação e programas que permitam a todos os alunos se envolver com a história da escravidão de Georgetown ", afirmou em comunicado.

Por que agora?

As reparações a descendentes de negros escravizados se tornaram uma questão importante nos Estados Unidos recentemente, uma vez que vários candidatos democratas à presidência colocaram a proposta como parte de suas candidaturas para a eleição de 2020.

Embora o grau de apoio às indenizações varie entre os candidatos, o fato de a questão ter migrado das margens para o centro da política reflete uma mudança mais ampla no discurso político dos EUA.

William Darity Jr é professor de política pública na Duke University, nos EUA, e um dos principais especialistas em reparações do país.

"E uma surpresa agradável que a conversa sobre reparações se tornou tão rica e abrangente na esfera pública recentemente", diz ele.

"Ver vários candidatos à presidência falando abertamente sobre o tema significa que a conversa que estamos tendo é diferente de qualquer outra que já tivemos sobre o assunto nos Estados Unidos."

O senador democrata Cory Booker apresentou recentemente um projeto de lei para estudar a possibilidade de reparações para descendentes de escravos como "uma maneira de abordar de frente a persistência do racismo, da supremacia branca e do preconceito racial implícito" nos EUA.

Darity diz que esse projeto de lei poderia oferecer uma maneira de analisar como as reparações funcionariam.

"Temos um sistema judicial em que quando alguém é prejudicado... encontramos uma maneira de atribuir valor a isso. Sempre fico surpreso quando as pessoas dizem que não poderíamos fazer algo semelhante para os descendentes de negros escravizados."

O parlamentar usa o exemplo dos "40 acres" (equivalentes a 16,7 hectares ou uma área equivalente a cerca de 16 campos de futebol) prometidos, mas nunca concedidos, aos negros que foram escravizados.

"Eu fiz uma análise computacional do valor dos 16 hectares de terra que foram prometidos aos negros escravizados. Isso significaria algo em torno de US$ 80 mil para cada americano elegível."

Darity diz ainda que "admira" os estudantes da Universidade de Georgetown, mas tem "fortes reservas" sobre "reparações fragmentadas" e espera que iniciativas locais como esta não desviem a atenção da necessidade de ações nacionais.

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

EDUCAÇÃO DOMICILIAR

Liberdade para algumas famílias pode prejudicar crianças vulneráveis, dizem especialistas

O projeto de lei do governo federal para regulamentar a educação domiciliar, anunciado nesta quinta-feira (11) pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), representa um novo capítulo de um embate que já dura anos.

A proposta envolve, de um lado, um número fora das estatísticas oficiais de pais que querem a liberdade de educar seus filhos em casa e, de outro, regras estabelecidas há décadas pelo sistema educacional e defendidas pela maioria dos especialistas na área.

O texto do Executivo, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso Nacional para sair do papel, é criticado e apoiado com base em alguns pontos centrais:

Importância da escola como espaço de socialização;

Qualidade do ensino domiciliar;

Criação de mercado de material didático, videoaulas e tutores privados;

Respeito à liberdade das famílias;

Proteção das crianças vulneráveis.

Para discutir o assunto, o G1 ouviu cinco especialistas:

Carlos Vinícius Reis, diretor-executivo da Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned)

Roberto Catelli Junior, coordenador adjunto da ONG Ação Educativa

Anna Helena Altenfelder, presidente do Conselho de Administração do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec)

Cesar Callegari, consultor educacional, ex-integrante do Conselho Nacional, ex-secretário de Educação Básica do MEC e de Educação do município de São Paulo

Telma Pileggi Vinha, professora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)

Os argumentos de quem é contra a aprovação do projeto variam desde a crítica por privar as crianças do espaço de socialização nas escolas até a abertura para empresários do ramo lucrarem com a contratação de tutores privados ou a venda materiais didáticos e videoaulas.

A polêmica também passa pelos demais serviços prestados pelas escolas, que incluem a proteção das crianças e a articulação do atendimento com as áreas de saúde e assistência social.

Quem defende a modalidade de ensino afirma que o projeto representa um avanço porque, pela primeira vez, um governo federal reconhece a liberdade das famílias que não querem os filhos nas escolas.

No entanto, segundo defensores da proposta, o texto apresentado nesta quinta-feira ainda precisa passar por ajustes ao longo da tramitação na Câmara e no Senado. Entre os pontos apontados pela Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned) está a discussão sobre uma possível desburocratização das regras criadas pelo MMFDH.

Qual é o público-alvo do projeto?

Os atuais defensores da educação domiciliar representam uma minoria da comunidade escolar, que ao todo soma mais de 48 milhões de matrículas, segundo os dados do Censo Escolar 2018, divulgado em janeiro pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Segundo Carlos Vinícius Reis, da Aned, a estimativa é que atualmente 7,5 mil famílias brasileiras pratiquem a modalidade, atingindo cerca de 15 mil estudantes. Ele enfatiza, porém, que os números não são exatos porque não existe um cadastro nacional. "A gente não tem um rol de todas as famílias, porque muitas têm medo de se identificar por conta dessas restrições", afirmou ele ao G1.

As restrições, de acordo com Reis, vão desde o preconceito sofrido pelas famílias até a ameaça de processo por descumprimento da legislação.

Já entre as questões práticas na vida dos alunos, o diretor-executivo da Aned aponta que essas crianças e adolescentes ficam impedidos de participar de olimpíadas do conhecimento e só têm acesso a exames de certificação no último ano do ensino fundamental e do médio.

O Brasil já tem crianças fora da escola hoje?

Atualmente, é obrigatório que todas as crianças e os adolescentes de 4 a 17 anos estejam matriculados no ensino formal no Brasil. Na realidade, porém, a regra não é cumprida, e estima-se que o número de pessoas nessa faixa etária fora da escola chegue a cerca de 2 milhões.

O motivo, no entanto, não é a educação domiciliar, segundo Anna Helena Altenfelder, do Cenpec. "Não é porque os pais optaram por homeschooling [termo em inglês usado para designar a educação domiciliar], mas porque essas crianças estão em situação de vulnerabilidade, têm alguma deficiência, condição de trabalho infantil, sofrem algum tipo de violência doméstica, estão em situação em extrema pobreza", explicou ela.

Por isso, Anna Helena ressalta que atender às demandas dessas famílias que desejam que os filhos tenham o ensino formal em casa pode afetar a busca ativa pelas crianças atualmente excluídas de qualquer sistema educacional. Para ela, o tema não deveria ser a prioridade do governo federal, que precisa lidar com a evasão, a repetência, a alfabetização e a garantia de aprendizagem.

"O projeto diz que, enquanto não tiver a plataforma, os pais podem escolher se vão deixar as crianças ou não na escola", destaca ela.

O que diz a legislação vigente hoje?

Atualmente a educação domiciliar é considerada ilegal no Brasil. A busca feita por algumas famílias para que a modalidade ganhe uma regulamentação específica já dura anos. A medida tem como objetivo deixar explícito esse direito.

Carlos Vinícius, da Aned, diz que várias legislações, inclusive a Constituição Federal, já trazem trechos que podem ser considerados uma permissão para a prática. "A Constituição diz que a educação é 'dever do Estado e da família'. O próprio Código Civil fala no direcionamento de que os pais têm a primazia de escolher a forma de ensino dada aos filhos", explica.

Em 2018, o caso foi parar no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Em setembro, a maioria dos ministros decidiu que a educação domiciliar exigiria a aprovação de uma lei específica que regulamentasse a avaliação do aprendizado e tratasse da socialização das crianças.

É isso que o governo federal tenta fazer com o projeto anunciado nesta quinta. O texto altera as duas leis principais sobre crianças e adolescentes – a Lei de Diretrizes e Bases e o Estatuto da Criança e do Adolescente – para deixar claro que os pais têm a obrigação de matricular seus filhos na rede regular de ensino ou "declarar a opção pela educação domiciliar".

A socialização está contemplada no projeto?

O texto determina que "é dever dos pais ou dos responsáveis legais que optarem pela educação domiciliar assegurar a convivência familiar e comunitária", mas especialistas apontam que o projeto apresentado pelo governo não responde como vai garantir que a parte da socialização seja cumprida.

Segundo Cesar Callegari, "a não ser em casos excepcionais já previstos nas normas nacionais em vigor, a educação domiciliar é prejudicial à formação integral das crianças e jovens".

O consultor educacional diz, ainda, que a proposta "afronta um importante direito estabelecido pela recém-aprovada BNCC [a Base Nacional Comum Curricular]: 'exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação (...) com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e grupos sociais (...) sem preconceitos de qualquer natureza'".

Telma Vinha, professora da Unicamp, ressalta ainda que a socialização em espaços como clubes e outros ambientes em que não há convivência contínua das crianças, inclusive locais sem a presença de adultos, não é suficiente para o desenvolvimento pleno dos indivíduos.

"A convivência na família é estável", diz ela. "Se xingo meu irmão, ele vai continuar sendo meu irmão. Mas eu tenho que criar estratégias para manter o meu amigo, para resolver um conflito que vai continuar no dia seguinte. Se quero manter o colega, pertencer a tal grupo, não posso dizer qualquer coisa a qualquer hora."

Por que o projeto não saiu do MEC?

O projeto de lei foi escrito e apresentado no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, mas prevê que a maioria das ações do governo federal deverão ser realizadas pelo Ministério da Educação.

A ministra Damares Alves, do MMFDH, afirma que o assunto é uma questão de direitos humanos.

"Nós entendemos que é direito dos pais decidir sobre a educação dos seus filhos, é uma questão de direitos humanos. Então, a iniciativa sai deste ministério sob esta vertente. É uma questão de direitos humanos também", afirmou a ministra Damares em um comunicado divulgado pelo ministério.

"Claro, em parceria e anuência com o Ministério da Educação, mas a iniciativa deste ministério é legítima", continuou a ministra.

O que prevê o projeto apresentado pelo governo?

Existem diversas novas regras previstas no projeto de lei. A maioria delas diz respeito aos aspectos didáticos e pedagógicos da educação, além de questões burocráticas.

Veja quais são:

Cadastro das famílias: O projeto prevê a criação de uma plataforma nas quais os pais poderão optar formalmente pela educação domiciliar, apresentando uma lista de documentos. O cadastro será renovado anualmente;

Plano pedagógico: Todos os anos, os pais também deverão apresentar um plano pedagógico individual para cada filho, correspondente ao ano letivo em questão;

Registro de atividades: Os pais também deverão manter um "registro periódico das atividades pedagógicas do estudante", com normas a serem definidas pelo MEC e que farão parte da supervisão do ensino domiciliar;

Avaliação durante o ano: As escolas públicas ou privadas terão o direito de oferecer "avaliações formativas" ao longo do ano letivo aos estudantes. Nesse caso, os pais podem escolher se vão ou não submeter os filhos a essas provas. Mas o projeto prevê que os pais devem monitorar de forma permanente o desenvolvimento do estudante;

Avaliação oficial: Todos os anos, a partir do 2º ano do ensino fundamental, os estudantes dessa modalidade deverão obrigatoriamente realizar uma avaliação feita pelo MEC, com direito a uma prova de recuperação em caso de resultado insatisfatório. Se o aluno for reprovado em dois anos consecutivos, ou três anos não consecutivos, os pais perdem o direito à opção pela educação domiciliar;

Isonomia: Crianças e adolescentes que estudam em casa terão o direito assegurado de participar de concursos, competições e avaliações nacionais e internacionais, mesmo os que exigem "comprovação de matrícula na educação escolar como requisito para a participação".

O que dizem os especialistas sobre a proposta?

Liberdade educacional

Segundo Carlos Vinícius, da Aned, a proposta é vista com bons olhos, mas ainda deve ser discutida dentro do Congresso Nacional, com a participação das famílias interessadas na educação domiciliar.

"A gente entende que é um momento muito positivo no sentido de ter uma iniciativa do Executivo a esse respeito. A gente nunca teve isso no passado recente. O projeto de lei vai ser discutido junto ao Congresso. Esperamos que a discussão aumente a eficiência do texto, nada que atrapalhe a liberdade educacional", disse ele.

Família x Estado

Para Roberto Catelli Júnior, da Ação Educativa, o princípio por trás da proposta do governo é uma "supervalorização da família" em detrimento do papel do Estado na sociedade.

"Essa oposição é muito forte, entre a lógica de um Estado que tem a responsabilidade de formar o cidadão e uma visão de que a família está acima do Estado. (...) É um pouco nesta lógica extremamente neoliberal", explicou ele.

"O grande problema disso é que você está tirando da criança uma coisa fundamental, que é a transição entre o lugar da família e o lugar do cidadão, o lugar social, que extrapola o lugar da família. Esse projeto prega o inverso, uma espécie de submissão absoluta ao espaço da família, essa me parece a principal pobreza desse processo."

Lucro para empresas

Catelli e Cesar Callegari ressaltam ainda que o texto apresentado pelo governo federal apresenta brechas para que empresas privadas lucrem com um aumento de demanda por material didático, videoaulas ou inclusive a contratação de tutores particulares.

"Pode existir toda uma indústria criada de tutores que vai crescer com isso, mas vai servir para um seleto grupo de pessoas que possam pagar por esse serviço. É uma política supervalorizada, mas de um alcance bastante restrito", diz Catelli.

Formação de professores

Anna Helena Altenfelder, do Cenpec, diz que exigir dos pais, que em geral são pessoas leigas, a capacidade de elaborar um plano pedagógico, instrumento feito por especialistas, pode comprometer o desenvolvimento das crianças. Além disso, para ela, permitir que um aluno domiciliar reprove duas vezes de forma consecutiva, ou três vezes não consecutivas, até cassar o direito à educação domiciliar vai causar atraso de aprendizagem dele. "Aí ele vai chegar numa escola com o atraso e sem todo o conhecimento necessário de como funciona a escola. Dada as questões de socialização, é muito mais complicado."

Ela lembra que, depois de anos em que o Brasil tem exigido cada vez mais formação e capacitação dos professores, liberar o ensino formal aos pais vai na contramão dos avanços recentes.

Falta de proteção integral

Telma Vinha, da Unicamp, ressalta que o projeto de lei não esclarece como vai proteger as crianças de ambientes familiares abusivos, uma função que também é feita pelos professores, a partir do vínculo criado pela convivência diária.

"50% dos abusos sexuais ocorrem em família. Quem protege essas crianças se estão só em família?", questionou ela. "Tem que dar conta da proteção integral da criança. E não deram, isso sequer foi mencionado. A preocupação é toda curricular." -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

TECNOLOGIA

MEC prioriza método fônico e alfabetização aos 6 anos, mas aceita que ciclo só termine aos 8

Assinada pelo presidente Jair Bolsonaro na manhã desta quinta-feira (11), a nova Política Nacional de Alfabetização (PNA) só foi divulgada publicamente pouco antes das 22h de quinta, com a publicação do texto em uma edição extra do "Diário Oficial da União". No documento final, foi mantida a diretriz presente em um rascunho dela, divulgado pelo G1 na semana passada, pela qual a priorização da alfabetização deve acontecer no 1º ano do ensino fundamental, quando as crianças têm 6 anos.

No entanto, o MEC incluiu um objetivo novo no texto que saiu no DOU, que é cumprir a meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE). A meta, que entrou em vigor em 2014 e tem vigência até 2024, diz que todas as crianças devem ser alfabetizadas até no máximo o final do 3º ano do fundamental, ou seja, aos 8 anos de idade.

A política não é obrigatória às redes estaduais, municipais e privadas.

Qual é a idade certa para alfabetizar?

A questão está em debate no Brasil na última década. Veja os principais pontos:

A tendência de antecipar a alfabetização começou nas escolas particulares depois de 2010, quando o ensino fundamental passou de oito para nove anos de duração, e o antigo "pré" se tornou o 1º ano do fundamental;

Em 2013, o MEC lançou o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), uma iniciativa para estimular que as crianças estejam plenamente alfabetizadas aos 8 anos, no 3º do fundamental;

Mesmo assim, não é isso o que acontece na realidade: dados da Avaliação Nacional de Alfabetização (ANA) de 2014 mostram que um quinto dos alunos da rede pública chegou ao 4º ano do fundamental sem aprender a ler adequadamente;

Além disso, estudos indicam que o processo de alfabetização é longo e, para ser concluído aos sete anos, precisa começar com as crianças mais novas, que ainda não estão preparadas para isso;

Já os defensores das ciências cognitivas de leitura afirmam que é possível o "ensino explícito e organizado das relações entre os grafemas da linguagem escrita e os fonemas da linguagem falada", como diz nova política do MEC;

Secretários estaduais e municipais de Educação já afirmaram que não são contra o método fônico, mas sim contra a definição de um método em detrimento dos demais.

Método fônico

Essa é a definição que o ministério deu à expressão "instrução fônica sistemática", um dos "seis componentes essenciais para a alfabetização" presentes no documento. Veja quais são:

consciência fonêmica: conhecimento consciente das menores unidades fonológicas da fala e a habilidade de manipulá-las intencionalmente

instrução fônica sistemática: ensino explícito e organizado das relações entre os grafemas da linguagem escrita e os fonemas da linguagem falada

fluência em leitura oral: capacidade de ler com precisão, velocidade e prosódia

desenvolvimento de vocabulário;

compreensão de textos;

produção de escrita.

A lista apareceu no documento final apesar de, pouco antes da publicação do DOU, o Ministério da Educação ter soltado uma nota afirmando que "a PNA não determina nenhum método especificamente".

Os seis itens são, na realidade, ferramentas que privilegiam do método fônico.

O princípio do método é que uma das aprendizagens que a criança precisa ter para se alfabetizar é entender a escrita como um código”, afirmou ao G1 Alessandra Seabra, professora da pós graduação de distúrbios de desenvolvimento na Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP).

Os sons das letras são apresentados, por exemplo, junto a outros elementos. Em uma aula sobre “m”, o professor mostra imagens do “mmmacaco”, do “mmmartelo”, “do mmmenino”. “São desenvolvidos trabalhos de percepção de fonema”, afirma Seabra. Dessa forma, o aluno aprende que aquele som “mmm” é representado por uma letra chamada M. Quando for escrever “morango”, vai pensar nos sons que compõem a palavra. “Que letra tem o som mmmo? O M”.

A principal crítica ao método fônico diz que ele tem foco em unidades muito abstratas da língua: os fonemas. O método tornaria a alfabetização um ato mecânico. Seabra rebate, dizendo que é possível apresentar os sons das palavras de forma lúdica, com leitura de contos, cantigas, nomes dos amigos da turma.

==================================================================

Clipping da educação, encaminhado pela Diretoria de comunicação social do IFG, todas as sextas.

 


Fim do conteúdo da página