Goiânia, 05 de julho de 2019
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Inscrições para o exame se encerram nesta sexta, 5 de julho
MEC anula acordo irregular para contratação de consultores firmado desde 2008
Em João Pessoa, audiência pública debaterá plano de educação indígena
Ministro recebe parlamentares de três estados na sede da Pasta
CORREIO BRAZILIENSE
UnB está entre as melhores universidades do mundo
Estudantes têm até 31 de agosto para renovar contrato do Fies
Brasilienses se preparam para olimpíada de educação profissionalizante
GLOBO.COM
Enem vai ser 100% digital até 2026, diz Inep
As crianças que desafiam a segregação étnica no prédio dividido em duas escolas na Bósnia
Com investimento do governo francês, USP inaugura laboratório para pesquisar epidemias
FOLHA.COM
ProUni tem menor oferta de bolsas integrais e para cursos presenciais
Presença de negros avança pouco em cursos de ponta das universidades
N O T Í C I A S DA E D U C A Ç Ã O
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ENCCEJA EXTERIOR
Inscrições para o exame se encerram nesta sexta, 5 de julho
Os brasileiros que residem em outros países e têm interesse em realizar o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) podem se inscrever até as 23h59 desta sexta-feira, 5 de julho. As provas serão aplicadas no dia 15 de setembro em 18 cidades, de 12 países.
O Encceja é destinado a jovens e adultos que buscam certificação do ensino fundamental ou médio por não terem tido a oportunidade de concluir os estudos na idade adequada. Quem busca o certificado do ensino fundamental deve possuir, pelo menos, 15 anos de idade completos na data da prova. Já para o certificado do ensino médio, a idade mínima exigida é 18 anos.
Aqueles que precisam solicitar atendimento especializado também têm até esta sexta-feira para fazê-lo. Entram nesse caso pessoas com baixa visão, visão monocular, deficiência intelectual (mental), deficiência auditiva, surdez, autismo, déficit de atenção, discalculia, dislexia e/ou deficiência física.
Os detalhes da inscrição e das provas estão no edital do Encceja Exterior 2019, publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no Diário Oficial da União (DOU) de 12 de junho.
Países e cidades – Neste ano, o exame será aplicado na Bélgica (Bruxelas); Espanha (Barcelona e Madri); Estados Unidos (Boston, Houston, Nova Iorque e Miami); França (Paris); Guiana Francesa (Caiena); Holanda (Amsterdã); Itália (Roma); Japão (Nagoia, Hamamatsu e Tóquio); Portugal (Lisboa); Reino Unido (Londres), Suíça (Genebra) e Suriname (Paramaribo).
Prova – O Encceja é composto por quatro provas objetivas, cada uma com 30 questões de múltipla escolha, além de uma redação. Para a certificação do ensino fundamental, o participante é avaliado em Ciências Naturais, Matemática, Língua Portuguesa, Língua Estrangeira Moderna, Artes, Educação Física e Redação, e História e Geografia.
Para o ensino médio, as áreas avaliadas são Ciências da Natureza e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias, Linguagens e Códigos e suas Tecnologias e Redação, e Ciências Humanas e suas Tecnologias.
Certificação ou Declaração de Proficiência – A nota mínima exigida é de 100 pontos em cada prova objetiva, sendo a nota máxima de 200 pontos em cada área, e de 5 pontos na redação.
Os resultados do Encceja podem ser usados de duas formas. O participante que conseguir a nota mínima exigida nas quatro provas objetivas e pontuação mínima na redação tem direito à Certificação de Conclusão de Ensino Fundamental ou do Ensino Médio. Já o participante que conseguir a nota mínima exigida em uma das quatro provas, ou em mais de uma, mas não em todas, tem direito à Declaração Parcial de Proficiência.
Encceja Exterior PPL – O edital também apresenta as regras e o cronograma do exame para jovens e adultos reclusos em penitenciárias, o chamado Encceja Exterior PPL (Penas Privativas de Liberdade). Nesse caso, a aplicação será apenas em unidades prisionais de Tóquio, no Japão, de 16 a 27 de setembro.
A inscrição termina nesta sexta-feira e deverá ser feita pelos responsáveis pelo consulado-geral de Tóquio, exclusivamente pelo Sistema Encceja Exterior PPL.
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TRANSPARÊNCIA
MEC anula acordo irregular para contratação de consultores firmado desde 2008
O Ministério da Educação (MEC) anulou um acordo de assistência técnica firmado com a Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI) para a contratação de consultores. Desde 2008, primeiro ano do termo, o MEC repassou R$ 178 milhões.
A medida foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 10 de junho. Com a nulidade, o MEC dispensou 89 consultores que trabalhavam como se fossem servidores da pasta. Nesta quinta-feira, 4 de julho, o MEC oficializou a comunicação aos órgãos de controle: Controladoria Geral da União (CGU), Ministério Público Federal (MPF) e Tribunal de Contas da União (TCU).
"Quando a gente identificou começamos a tomar as devidas providências administrativas, inclusive perdendo uma parte da equipe que trabalha aqui", disse o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira, 4 de julho. "Esse não é um ministério para investigar. Identificadas as irregularidades, nós encaminhamos para o Ministério Público Federal, para o TCU e para a CGU", afirmou.
Os repasses, só no ano passado, chegaram a R$ 37,4 milhões. Os salários dos consultores — que não tinham vínculo empregatício com o MEC — variavam de R$ 6 mil a R$ 12 mil. A cada ano o acordo era renovado, o que não ocorreu em 2019.
"Cinquenta [consultores] eram em TI [Tecnologia da Informação]. O restante era em todas as secretarias, desenvolvendo outras atividades, como acompanhamento de projetos, acompanhamento de programas e notas técnicas", afirmou a secretária-executiva substituta do MEC, Maria Fernanda Bittencourt.
O MEC tomou essa atitude para aplicar a devida fundamentação legal. A consultoria jurídica do ministério encontrou irregularidades no termo. Entre eles:
O MEC não elaborou um projeto básico da proposta. Foi a OEI que apresentou um programa de assistência técnica;
não houve prévia aprovação pela Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores;
ausência de envio dos autos e das minutas de acordo para análise pela consultoria jurídica do MEC;
falta de publicação do termo de acordo no Diário Oficial da União.
"O ministro determinou um pente-fino. Na renovação, com a irregularidade detectada, tudo ficou suspenso, e agora está sob análise da consultoria jurídica", afirmou o consultor jurídico do MEC, Rodrigo Pirajá.
Legislação – As regras para a celebração de atos de assistência técnica em acordos firmados pelo governo e organismos internacionais são estabelecidas pelo Decreto nº 5.151, de 2004.
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EDUCAÇÃO
Em João Pessoa, audiência pública debaterá plano de educação indígena
A terceira audiência pública para debater a proposta do 1º Plano Nacional de Educação Escolar Indígena (PNEEI) será em 11 de julho, das 9h às 18h, em João Pessoa (PB). Os encontros servem para o Ministério da Educação (MEC) ouvir representantes indígenas e desenvolver, em conjunto com eles, um plano de educação específico — algo inédito no Brasil.
O aviso de audiência pública publicado na edição de quarta-feira, 3 de julho, no Diário Oficial da União (DOU
Os interessados em participar desta edição podem se inscrever por meio do endereço eletrônico Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. até terça-feira, 9 de julho. Pelo mesmo e-mail, pode ser solicitada a proposta do PNEEI. O credenciamento dos inscritos ocorrerá no mesmo local de realização da audiência pública, das 8h às 9h.
Objetivo - A proposta das audiências públicas é permitir a ampla participação na elaboração do documento. O PNEEI pretende garantir um maior acesso à educação de qualidade a todas as comunidades indígenas do país.
A primeira audiência pública ocorreu em Manaus, no dia 23 de maio, e a segunda em Belo Horizonte, no dia 27 de junho. Estão previstos também outros encontros em Belém (PA), Campo Grande (MS), Chapecó (SC) e Salvador (BA).
Serviço
Assunto: 3ª Audiência pública PNEEI
Data: 11 de julho, quinta-feira
Horário: das 9h às 18h
Local: Centro de Formação de Educadores, na Rua Coronel Benevenuto Gonçalves da Costa, S/N - Mangabeira VI – João Pessoa (PB)
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EDUCAÇÃO SUPERIOR
Ministro recebe parlamentares de três estados na sede da Pasta
Parlamentares de três estados — Goiás, Mato Grosso e Piauí —, prefeitos e representantes de universidades estiveram no Ministério da Educação (MEC) nesta quarta-feira, 3 de julho, em mais uma recepção do ministro Abraham Weintraub para discutir a educação superior.
Durante o encontro, realizado na sala de atos da Pasta, o ministro reiterou a necessidade de haver responsabilidade fiscal. Citou o momento econômico vivido pelo País e disse ter limitações no orçamento. Por isso, existe a necessidade de cada liberação de recurso ser discutida.
Assim tem sido em cada reunião: desde abril, mais de 60 reitores estiveram no MEC, aproximando-os tanto do governo quanto do Congresso.
Ao lado do ministro, estava o secretário de Educação Superior, Arnaldo Lima. Ele citou a importância de aumentar a liberdade financeira das universidades e dos institutos federais, para que possam buscar parceiros na iniciativa privada e depender menos do orçamento próprio.
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CORREIO BRAZILIENSE
EDUCAÇÃO SUPERIOR
UnB está entre as melhores universidades do mundo
Universidade de Brasília (UnB) está entre as 500 melhores do mundo em 10 áreas de concentração. É o que diz o Global Ranking of Academic Subjects (Gras), divulgado no último dia 26 pela Shanghai Jiao Tong University. O Gras 2019, um dos braços do ranking geral Academic Ranking of World Universities (Arwu), avaliou mais de 4 mil instituições de ensino em 54 áreas de concentração, divididas em ciências naturais, engenharias, ciências da vida, ciências médicas e ciências sociais.
Só o fato de ser citado nas listas já é um grande feito, já que trata-se de reconhecimento mundial. Dentro de cada área de concentração, foram apresentadas, em ordem de classificação, 50 universidades. A partir da 51ª posição, elas foram agrupadas em faixas (51-75 e 76-100, por exemplo) e listadas em ordem alfabética.
A UnB chega a aparecer nos rankings de matemática, ciências da terra e ecologia (ciências da natureza); ciências da agricultura e ciências veterinárias (ciências da vida); medicina clínica, saúde pública, dentística e ciências bucais (ciências médicas) e economia e ciência política (ciências sociais).
O ranking de Shanghai analisa os dados bibliométricos das bases de dados Web of Science e InCites, levando em consideração cinco indicadores: número de artigos publicados, impacto dos artigos indexados no Science Citation Index, extensão da colaboração internacional, número de artigos publicados em revistas de impacto e número de docentes premiados internacionalmente.
Avaliação de professores
“É crucial que a UnB apareça dessa maneira. É importantíssimo porque, internacionalmente, atrai redes e parcerias”, pontua a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Cláudia Naves David Amorim, diretora de Pesquisa do Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI) da UnB. “Aparecer em rankings internacionais atrai investimentos e dá valor às pesquisas, levando a mais parceiros, além de consolidar, internamente, o trabalho que está sendo feito”, continua a professora. “Se estamos bem em determinado assunto, vamos mantê-lo como está.”
Para o docente Laudimar Alves de Oliveira, diretor da Faculdade de Ciências da Saúde (FS/UnB), destaques em rankings internacionais são positivos para a visibilidade das universidades, tanto internacionalmente quanto dentro da sociedade brasileira. “Ultimamente, discussões vêm sendo feitas em relação à viabilidade da universidade pública, da pesquisa e do investimento feito. A sociedade, muitas vezes, quer avaliar a relevância da instituição de maneira imediata”, observa o professor. “Os resultados para o país são permanentes. O conhecimento é o que há de mais nobre.”
A divulgação do Gras 2019 veio de encontro ao o que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, vem declarando sobre instituições federais desde o fim de abril, quando anunciou a redução de verbas da UnB, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Federal da Bahia (UFBA) por conta de baixo desempenho e “balbúrdia”.
O ministro ainda afirmou que as universidades deveriam melhorar o desempenho acadêmico e “estar bem no ranking”. Mais tarde, o corte foi estendido a todas unidades federais, inicialmente anunciado como 30% da verba total e, depois, 30% dos gastos não obrigatórios, o equivalente a mais de R$ 1,5 bilhão. O contingenciamento se estendeu também a outros institutos federais de educação, à concessão de bolsas e a programas ligados à educação básica. Tanto a UFF como a UFBA também conquistaram citações no GRAS 2019: foram 5 e 3 participações, respectivamente.
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FIES
Estudantes têm até 31 de agosto para renovar contrato do Fies
Está aberto o prazo para renovação de contratos do Novo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os estudantes interessados têm até 31 de agosto para fazerem o aditamento, no site. A renovação vale para contratos assinados a partir de janeiro de 2018. Ao todo, 128 mil estudantes devem fazer o procedimento.
Uma das condições para fazer o aditamento, de acordo com a Caixa Econômica Federal (CEF), é estar com pagamentos em dia. A não renovação por três semestres consecutivos pode ocasionar o cancelamento do contrato. Para realizar alterações, como alterar o fiador, o interessado deve comparecer a uma agência da Caixa Econômica.
Os estudantes que desejam suspender ou encerrar o semestre podem fazer a solicitação pelo mesmo sistema. A partir de segunda-feira (8), será possível também solicitar a transferência da instituição de ensino.
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OLIMPÍADA
Brasilienses se preparam para olimpíada de educação profissionalizante
O que seria só um curso para facilitar o ingresso no mercado de trabalho virou a paixão de brasilienses que estarão na Rússia em agosto. O WorldSkills 2019, maior competição de educação profissional do mundo, receberá cerca de 1,5 mil estudantes de 70 países para a disputa de medalhas em 53 modalidades. O evento serve para premiar os melhores profissionais de técnicas da indústria — como soldagem e movelaria — e do setor de serviço — como panificadores e cabeleireiros. Mas a disputa é só uma parte da história dos competidores.
Um dos 59 brasileiros aptos para ir à Rússia é Luan Silva Braga, 20 anos, morador da Candangolândia. “Fiz o curso técnico de edificações no Senai e fiquei trabalhando por seis meses em um escritório de arquitetura. Já me interessava pela área devido ao meu avô, uma inspiração para mim. Ele era pedreiro e sempre se esforçou muito em tudo o que fez, mas acabou falecendo dois dias depois do meu aniversário de 15 anos. Achei na minha área uma maneira de honrá-lo”, conta. Filho mais velho, ele mora com a mãe e os dois irmãos e viu que, com seus serviços, poderia dar uma condição de vida melhor à família.
Após concluir o primeiro curso, Luan decidiu entrar em uma turma de drywall e passou a tomar gosto pelas aulas de construção em placas de gesso. Apaixonado por criar, passou a colocar em prática o interesse pela arquitetura e a buscar a excelência, tanto que foi chamado pelos professores do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de Taguatinga para competir regionalmente em eventos profissionais, construindo painéis. “Comecei a treinar das 8h30 às 21h, de segunda a sábado, e fui me qualificando. Depois de estar entre os melhores do país, mirei ir para a Rússia”, diz.
Preparação
O evento internacional ocorre uma vez a cada dois anos e vai para a 45ª edição em 2019. Nele, os estudantes passam por provas extensas, individuais ou coletivas, que servem como desafio para avaliar as diferentes capacidades em cada área. As atividades podem durar até cerca de 10 horas. Nas duas últimas competições, o Brasil subiu ao pódio: conquistou o 1º lugar na WorldSkills 2015, ocorrida em solo nacional, e em 2º em 2017, na edição de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Enquanto o evento aguardado não chega, uma simulação ocorre em Brasília.
A capital foi escolhida como palco de atividades semelhantes às que vão ocorrer em agosto, na Rússia. É aqui, nos Centros de Treinamentos Integrados do Setor de Indústrias Gráficas (SIG), do Guará e de Taguatinga, que competidores de todo o mundo estão se preparando para as horas de programações, construções e engenharias. “Brasília é uma ótima opção para essa simulação, porque está no centro do país, tem aeroporto próximo e o trânsito não é tão complicado. A logística ajuda muito”, explicou Jeferson Mateucci, delegado técnico assistente do Senai.
Estudo que transforma
Luan está hospedado em um hotel para participar dessas simulações, que começaram em 2 de julho e vão até sexta-feira. “Na minha categoria, são três dias de prova. Cada dia é uma luta, um suor, um cansaço. Mas, no fim, vale a pena. É isso que vai me levar ao meu sonho de cursar uma faculdade de arquitetura. Meu trabalho é uma oportunidade para abrir essas portas. Isso é uma motivação”, explica. O aluno estará acompanhado da professora Flávia Louise Arnold, 39, durante o campeonato.
Ela vê o evento como uma das metas de quem quer mudar de vida pelo estudo. “Luan vem de uma criação muito difícil. Ele vê a oportunidade de se desenvolver como profissional e ser humano com o curso”, conta. João Victor dos Anjos, 19, também se encaixa nesse contexto. Morador de Águas Lindas (GO), ele se classificou para o mundial e deixou a casa em festa. “Minha família fica muito orgulhosa com esse meu desempenho. Foi isso que me levou a viajar para fora, coisa que nenhum de nós tinha feito ainda”, lembra. A irmã, inclusive, também entrou em um curso profissionalizante, de panificação, inspirada nele.
Mas a rotina para ganhar uma medalha é dura. “Nessa semana de simulação, acordo 5h40, troco de roupa e vou fazer exercício físico. Quando termina, tomo café e já vou para o treinamento. Dou uma pausa para o almoço e depois volto. Só acabo às 19h”, detalha. O rapaz treina produzindo móveis especiais. Futuro competidor de movelaria, busca um emprego fora do Brasil. “Se Deus quiser, vou ganhar a medalha e poder ser visado por pessoas de outros países. Eles valorizam muito os medalhistas.”
treinador dele, Marcelo Erct, 30, apoia e lembra: “Os alunos daqui atingem um nível de profissionalismo tão grande que, às vezes, viram nossos professores no Senai e ensinam com qualidade para mais outros estudantes. Isso gera um ciclo muito importante”.
Simulação
O simulado, realizado no Centro de Treinamento Integrado do Senai é uma das atividades mais importantes pré-competição, pois representa a última oportunidade de os candidatos testarem as habilidades de acordo com as exigências da prova. Por isso, 14 integrantes vindos da Suíça, Coreia do Sul, Marrocos, Japão, Rússia, Malásia e Colômbia estão em Brasília, até sexta-feira, participando das atividades de simulação no DF.
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GLOBO.COM
ENEM
Enem vai ser 100% digital até 2026, diz Inep
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) vai deixar de aplicar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em papel a partir de 2026.
A transição do papel para o computador vai começar em 2020 com um projeto-piloto para 50 mil candidatos de 15 capitais, explicou Alexandre Lopes, o novo presidente do Inep, em entrevista coletiva a jornalistas em Brasília, na manhã desta quarta-feira (3).
Principais pontos das mudanças anunciadas:
Em 2020, o Enem terá as duas aplicações anuais, além de uma aplicação em formato digital em dois dias de outubro;
A aplicação em 2020 será em 15 capitais brasileiras: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Paulo (SP);
A adesão dos candidatos será opcional no ato de inscrição, até um total de 50 mil participantes, o equivalente a 1% do total de participantes;
O valor da inscrição será o mesmo para todos os participantes;
O Inep estima investir cerca de R$ 20 milhões no projeto-piloto de 2020, e não pretende comprar novos computadores, mas sim usar equipamentos de instituições de ensino localizadas nas cidades participantes;
Entre 2021 e 2025, o Inep ampliará o número de aplicações do Enem digital, ainda em formato piloto e participação opcional;
A partir de 2026, o Enem será 100% digital;
Tanto as provas objetivas quanto a prova de redação serão feitas em formato digital no piloto;
O Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) só passará ao formato digital a partir de 2026.
Custo estimado em R$ 20 milhões
"As primeiras aplicações digitais serão opcionais", informou o Ministério da Educação em uma nota distribuída aos jornalistas, explicando que a estimativa de custo do projeto-piloto é de R$ 20 milhões.
"Os participantes poderão escolher, no ato de inscrição, pela aplicação piloto no modelo digital ou pela tradicional prova em papel", diz o comunicado, enfatizando que, "em caso de problemas logísticos na aplicação digital, o participante poderá participar da reaplicação".
Na primeira aplicação do piloto, as 50 mil vagas serão preenchidas por ordem de chegada dos inscritos que optarem por participar dela no ato de inscrição.
"A gente acha que vai ter fila de espera para fazer o primeiro piloto. O nosso objetivo é fazer com 1% no primeiro piloto", afirmou o ministro da Educação, Abraham Weintraub.
O processo de inscrição será o mesmo para todos os candidatos, assim como o valor da taxa.
Aumento gradual de aplicações
Segundo Lopes, na edição de 2020, o Enem terá três aplicações, ao contrário das duas que ocorrem todo ano – uma regular e uma reaplicação para candidatos de locais de provas que enfrentaram problemas logísticos, na mesma data do Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL).
"Ano que vem, 2020, teremos três aplicações do Enem, a regular em papel, a reaplicação e mais uma data de prova, o Enem digital, para 50 mil pessoas", explicou Alexandre Lopes, presidente do Inep.
"Em 2021 [o Enem digital] continua sendo opcional, com duas provas digitais, além da aplicação regular. De 2022 a 2025 a gente vai aumentando a quantidade de provas ao longo do ano, atingindo quatro provas por ano", disse Lopes sobre o escalonamento do Enem digital no período de transição. Em 2026, não haverá mais Enem aplicado em papel.
Datas do Enem 2020 definidas
O Enem digital em formato piloto em 2020 acontecerá nos dias 11 e 18 de outubro do ano que vem. Já o Enem regular acontecerá em 1º e 8 de novembro de 2020.
A reaplicação para os dois modelos acontecerá em dezembro.
Segurança
O ministro da Educação afirmou que a segurança do processo digital será garantida pelo Inep, e explicou que, atualmente, o processo de execução do Enem já é quase todo feito digitalmente. "A parte da aplicação é analógica, todo o resto é passado no computador", disse Weintraub.
"O bandido, principalmente um bandido sofisticado, ele é um agente racional. Se é um louco, não tem capacidade de fazer uma fraude dessa. E um agente racional considera a relação risco-retorno", afirmou ele.
O ministro ressaltou que tentativas de fraude seriam hipoteticamente mais fáceis na hora de atribuir a nota final de um candidato, com mudanças feitas diretamente no sistema, e não durante a aplicação do exame.
Bolsonaro não viu a prova do Enem 2019
Questionado durante a entrevista coletiva, Weintraub afirmou que o presidente Jair Bolsonaro não teve acesso à prova do Enem 2019 – segundo o Inep, a mídia digital contendo o conteúdo desta edição foi entregue à gráfica na última sexta-feira (28), e a impressão será feita neste mês.
"Eu não li a prova, o presidente não leu, e o Camilo [Mussi] não leu", disse o ministro da Educação, confirmando, em seguida, que Alexandre Lopes, recém-empossado presidente do Inep, tampouco teve acesso às questões que serão aplicadas nos dias 3 e 10 de novembro.
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MUNDO
As crianças que desafiam a segregação étnica no prédio dividido em duas escolas na Bósnia
"Fico separada da minha amiga Amra, só podemos nos divertir juntas nos finais de semana", lamenta Asja Besirevic, de 11 anos.
Você pode até pensar que a amiga de Asja se mudou para o outro lado do país, só que na verdade as duas estudam no mesmo prédio, na cidade de Jajce, na Bósnia.
Mas elas não estudam na mesma escola.
Trata-se de um exemplo emblemático de uma política conhecida como "duas escolas sob o mesmo teto", que divide alunos com base em sua etnia.
Em Jajce, estudantes bósnio-muçulmanos como Asja entram pela porta da "Escola Primária Berta Kucera"; já os de etnia croata se dirigem à parte assinalada como "Escola 13 de setembro".
Não é que os dois lados nunca se encontrem. As crianças até podem se cruzar no átrio, que contém quadros de avisos para as duas escolas e serve como local de reunião e apresentação para os alunos de Berta Kucera.
Os adultos se cruzam também. Uma freira católica passa por uma mulher muçulmana com um lenço de cabeça ao se dirigir ao prédio da 13 de setembro.
Isso dá uma breve impressão de multiculturalismo, mas não é nesta atmosfera que Asja se sente.
"Gostaria que todos estivéssemos juntos e misturados. Para mim, é errado estarem nos dividindo. Fico muito triste com isso".
Por que as escolas da Bósnia foram divididas
No final de fevereiro de 1992, os muçulmanos (chamados bosníacos) e croatas da Bósnia votaram pela independência em relação à Iugoslávia em um referendo boicotado pelos sérvios. Um mês depois, a União Europeia reconheceu a independência da Bósnia.
Os sérvios então deram início à guerra. Sob liderança do presidente Radovan Karadzic, o Exército de 180 mil homens comandado por Ratko Mladic, que ficaria conhecido como "carniceiro da Bósnia", cercou Sarajevo e ocupou 70% do país. Com o intuito de estabelecer uma República Sérvia, perseguiram e mataram croatas e muçulmanos.
Mladic e Karadzic conduziram uma campanha de limpeza étnica. Em Sarajevo, mais de 10 mil civis foram mortos.
Jajce e grande parte de seu entorno tornaram-se um campo de batalha durante o conflito.
As escolas foram sugadas para a luta enquanto os líderes étnicos tentavam impor suas ideologias na sala de aula.
O Acordo de Paz de Dayton pôs fim aos combates em 1995, mas manteve as divisões étnicas.
De um lado, ficou a República Sérvia e, de outro, a Federação da Bósnia e Herzegovina.
A Federação embarcou ostensivamente na política das "duas escolas" para incentivar as famílias deslocadas a voltarem para casa.
O conceito oferecia a garantia de que as crianças não enfrentariam doutrinação ou discriminação nas mãos de pessoas que haviam sido recentemente inimigas. Mais de 50 escolas foram divididas dessa maneira.
Mas logo ficou claro que o sistema arriscava reforçar as divisões.
Diplomatas ocidentais pressionam a Federação a fundir escolas, mas as autoridades se recusaram.
"Você não pode misturar maçãs e peras", disse em uma ocasião um funcionário experiente na área da educação.
De fato, em vez de educar as crianças juntas, houve até mesmo esforços para aumentar a segregação, embora isso tenha encontrado uma resistência feroz por parte dos próprios alunos.
Como os alunos desafiaram a segregação
Subindo uma ladeira acima de Berta Kucera e 13 de setembro, a escola do ensino médio de Jajce é misturada, como resultado de uma campanha liderada por estudantes para evitar a segregação.
"Muitas vezes, os alunos são ensinados por seus pais, em casa, a odiar - porque os adultos passaram pela guerra. Se forem ensinados a odiar os outros em casa e depois nas escolas segregadas, os estudantes não saberão nada além do ódio", diz Ivica Jukanovic, uma das lideranças da campanha.
De volta às escolas primárias, as crianças brincam nos pátios separados, aparentemente despreocupadas. Mas seus diretores têm visões surpreendentemente diferentes sobre como elas devem ser educadas no futuro.
"O sistema que temos hoje é como um câncer, se você me perguntar", diz o diretor de Berta Kucera, Fikret Cancar.
"Estou esperando o dia em que todo o sistema será reconstruído e unido. Não vejo isso em um futuro próximo - mas digo a todos que vêm para cá: Estou esperando este dia".
Mas sua colega croata da 13 de setembro, Iva Ladan, está muito menos entusiasmada com a perspectiva de uma fusão.
"Há espaço para melhorias, mas a decisão precisa ser feita em alto nível", diz ela.
As chances de tal decisão entre governantes parecem escassas.
Os líderes das diferentes etnias da Bósnia vêm atuando sob a linha da divisão por mais de duas décadas, o que, portanto, vai muito além dos pátios das escolas de lugares como Jajce.
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EDUCAÇÃO
Com investimento do governo francês, USP inaugura laboratório para pesquisar epidemias
A Universidade de São Paulo (USP) inaugura nesta quinta-feira (4) um conjunto de laboratórios de alta tecnologia para pesquisar doenças contagiosas e prevenir epidemias de doenças como zika, dengue, febre amarela e gripe.
Localizada dentro do Centro de Pesquisa e Inovação Inova USP, na Cidade Universitária, Zona Oeste de São Paulo, a Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês) será composta por 17 laboratórios em uma área de 1.700 m². O investimento previsto é de cerca de R$ 40 milhões.
Parcialmente financiado pelo governo francês, o projeto é fruto de uma parceria firmada em 2015 entre a universidade paulista, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), instituição de pesquisa do Rio de Janeiro, e o Instituto Pasteur, fundação francesa com 23 mil pesquisadores associados e vencedora de 10 Prêmios Nobel.
O foco inicial da unidade é desenvolver métodos de prevenção para epidemias de vírus que podem provocar danos no sistema nervoso central, como zika, dengue, febre amarela e gripe. Também serão objeto de pesquisa do laboratório protozoários como os tripanosomas que causam a Doença do Sono. No total, espera-se que a plataforma abrigue de 80 a 100 pesquisadores, entre técnicos, estudantes e funcionários.
Instalações de alta tecnologia
Segundo os pesquisadores que comandam o projeto, as instalações da nova unidade serão únicas em todo o país e podem ajudar no desenvolvimento de pesquisas internacionais.
Paola Minoprio, diretora de pesquisa do Instituto Pasteur, sediado em Paris, voltou ao Brasil depois de mais de 30 anos morando no exterior para coordenar o projeto ao lado de Luís Carlos Ferreira, diretor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP.
"As linhas de pesquisa do Pasteur são muito semelhantes às do ICB e os dois institutos já desenvolvem projetos colaborativos”, explica Minoprio. As instituições têm em comum pesquisas nas áreas de Imunologia, Biologia Celular, Microbiologia e Parasitologia.
“Nos últimos 80 anos, não houve uma iniciativa como essa na USP. Estamos trabalhando a internacionalização da pesquisa, do ensino e da inovação”, comemora Ferreira.
A nova unidade vai abrigar os primeiros laboratórios de pesquisa brasileiros com nível de segurança equiparável aos mais elevados parâmetros internacionais. Quatro dos 17 laboratórios são de biossegurança nível 3 (NB3) e voltados para a análise de patógenos de alto risco, que transmitem e causam doenças potencialmente letais.
Essas salas de acesso controlado têm cerca de 200 m² cada e são equipadas com três câmaras pressurizadas para garantir a contenção dos patógenos ali analisados. Para atuar nas instalações de alto risco, os pesquisadores passarão por um treinamento de procedimentos de segurança.
Pesquisadores residentes
Oito pesquisadores de nível sênior já foram selecionados pelas entidades que administram a plataforma.
Além de Minoprio, do Pasteur, foram selecionados Paolo Zanotto, Edison Durigon e Jean Pierre Peron, do ICB, Patrícia Beltrão Braga, da USP Leste, Eduardo Massad, da Faculdade de Medicina da USP, Helder Nakaya, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e Pedro Teixeira, da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fiocruz.
A partir de 2020, serão selecionados anualmente grupos de jovens pesquisadores, do Brasil e do exterior, para integrar a equipe junto com os cientistas residentes.
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FOLHA.COM
EDUCAÇÃO
ProUni tem menor oferta de bolsas integrais e para cursos presenciais
A proporção de bolsas integrais do ProUni (Programa Universidade Para Todos) —direcionadas aos alunos mais pobres— vem caindo desde 2015, enquanto avança a oferta de subsídios para cursos de EAD (educação a distância), em geral de menor qualidade.
Além disso, as vagas EAD passaram a dominar a modalidade de bolsas integrais.
Alterações no perfil de bolsas têm ocorrido pelo menos desde 2016 e se intensificaram neste ano, sob o governo Jair Bolsonaro (PSL).
Na prática, estudantes de baixa renda têm tido menos opções. Para especialistas, o ProUni passa por um esvaziamento de qualidade que compromete o alcance da política.
Criado em 2005, o ProUni teve, até 2015, em média 69% das bolsas na modalidade integral. Esses benefícios são voltados para estudantes com renda per capita de até 1,5 salário mínimo.
O restante é parcial (o aluno precisa pagar metade das mensalidades) e o limite de renda por pessoa sobe para até 3,5 salários mínimos.
Em 2015, por exemplo, 62% das bolsas eram integrais. Neste ano, esse percentual caiu para 45% do total.
Dentro do universo dos subsídios integrais, 25% foram de EAD em 2015. Já neste ano, esse índice subiu para 45%. Se consideradas apenas as bolsas do segundo semestre, o percentual foi de 51%.
O EAD correspondia, no total, a 20% das vagas em 2015 e passou a representar 26% neste ano. O setor superior privado registrou 25% das matrículas no ensino a distância em 2017 (dado mais recente), o que segue a tendência geral das bolsas.
Mesmo com um volume maior de bolsas em 2019 do que em 2015 (413.114 e 329.117, respectivamente), há, agora, menos bolsas integrais e para cursos presenciais.
Os candidatos tinham 153.810 vagas com essa configuração em 2015. Neste ano, foram 101.643.
Moradora de Cariacica (ES), região metropolitana de Vitória, Andressa Prattis, 24, foi selecionada para uma bolsa em pedagogia, mas não conseguiu a desejada vaga presencial.
Ela vive com o marido, que está desempregado, e os dois filhos e se sustenta com a ajuda da família.
"Só tinha EAD por aqui, foi massacrante. Acho que o presencial é melhor, tem o contato com os professores, com os colegas", diz.
O ProUni prevê isenção tributária para as instituições de ensino superior como contrapartida das bolsas. A projeção da Receita Federal é que o programa custe R$ 2,2 bilhões aos cofres públicos em 2019.
Para participar, as instituições devem reservar uma vaga integral a cada dez alunos pagantes em cada curso.
Há abertura, no entanto, para que bolsas parciais componham o mínimo exigido pelo programa para garantir a isenção tributária.
A escolha de oferecer mais bolsas integrais em cursos na modalidade EAD é das instituições. Os cursos a distância são mais baratos e a inclusão de mais alunos praticamente não altera a planilha de custos das instituições. Em 2019, apenas 10% das bolsas parciais foram em EAD.
O diretor-executivo do Semesp (entidade que representa mantenedoras do ensino superior privado), Rodrigo Capelato, diz que a alta do EAD reflete a expansão da modalidade e a predominância de bolsas parciais tem sido uma estratégia para ocupar as vagas e manter o programa.
"As instituições passaram a ter dificuldades para preencher todas as vagas porque, para bolsa integral, precisa ter baixa renda. E como há a exigência de nota mínima no Enem para participar [de 450 pontos], o universo potencial de alunos fica reduzido", diz. "Quando vai para um limite maior de renda [no caso das parciais], as escolas conseguem."
Caso não haja ocupação de vagas, a instituição perde a isenção proporcionalmente.
Capelato diz que o EAD na modalidade integral colabora com a permanência do aluno mais pobre. "Não é só a questão da gratuidade da mensalidade. Mas muitas vezes o aluno não consegue cursar porque não tem renda para deslocamento, alimentação."
O ensino a distância é a aposta das empresas para a expansão de matrículas, mas os indicadores de qualidade são piores.
Na última avaliação federal, o Enade de 2017, 6,1% dos cursos presenciais tiveram conceito máximo; no EAD, o percentual foi de 2,4%.
Apesar do avanço da modalidade no ProUni, o programa reduziu sua abrangência nacional. No 2º semestre de 2010, por exemplo, havia vagas em 982 municípios, contra 926 neste segundo semestre.
Para Wilson Mesquita, professor da UFABC e estudioso do setor privado, essas mudanças surpreendem por ocorrer justamente no cenário de crise econômica e redução do Fies [Financiamento Estudantil], que garantia recursos às instituições privadas. "E o problema é que o suporte do EAD [para aulas] ainda é alvo de reclamação frequente entre os alunos."
O ProUni foi uma das marcas dos governos do PT por possibilitar o ingresso de alunos de baixa renda no ensino superior. Para Luiz Cláudio Costa, ex-secretário-executivo do MEC no governo Dilma Rousseff (PT), é natural que o EAD avance, mas é importante que o governo reflita sobre o objetivo da política pública.
"É necessário que haja revisão para verificar como deve ficar a proporção de modalidades e se o estudante de baixa renda tem condição de escolha", diz. "Como as pessoas não podem pagar, é importante aumento da integralidade".
Em nota, o MEC informou que a lei determina a oferta de bolsas em cada curso efetivamente instalado na instituição, o que inclui EAD e presencial. "Os programas do MEC são sempre avaliados com vistas ao aprimoramento", diz a nota.
A equipe de Mendonça Filho, ministro da Educação no governo Temer (MDB), não quis comentar.
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LEVANTAMENTO
Presença de negros avança pouco em cursos de ponta das universidades
A presença de negros no ensino superior tem tido alguns avanços recentes, mas nos melhores cursos do país o retrato racial é de uma desigualdade mais acentuada.
Dados do Censo da Educação Superior, do Ministério da Educação, tabulados pela Folha mostram que o movimento de inclusão de alunos negros nos últimos anos não alcançou a parcela de cursos mais bem avaliada e de melhor reputação. O cenário inclui instituições públicas e particulares — ou seja: instituições com e sem cotas.
Em todos os cursos das 40 carreiras com mais alunos, 42% dos matriculados eram negros (autodeclarados pretos e pardos), de acordo com dados de 2016. Esse percentual era de 34% em 2011 —uma evolução de oito pontos percentuais.
O panorama é outro ao analisar apenas os dez melhores cursos de cada carreira. Nesse Top 10, apenas 27% dos alunos em 2016 eram negros. Em 2011, eram 26%.
A relação dos dez melhores cursos foi extraída da última edição do RUF (Ranking Universitário Folha), que cruza indicadores educacionais com pesquisas sobre ensino e o mercado de trabalho. O RUF também segrega a análise de cursos às 40 carreiras com mais alunos, o que foi seguido pela reportagem para formar um grupo mais homogêneo de análise.
A relação inclui as carreiras mais tradicionais, como administração, medicina e engenharia. No Top 10, estão instituições reconhecidas e desejadas por estudantes — e que têm mais sucesso em empregabilidade.
A Folha calculou os percentuais a partir do questionário dos alunos. Só foram considerados para o cálculo os estudantes que responderam ao item sobre raça/cor de pele.
A reportagem adotou os dados de 2016 por já terem passado por revisão do MEC. Podem ter ocorrido alterações no perfil de ingresso nesses cursos entre 2017 e 2019, mas tanto a diversidade de instituições que fazem parte do grupo Top 10 quanto o sistema de seleção de alunos indicam estabilidade do quadro geral.
Top 10
O levantamento analisou dados das 40 carreiras com mais alunos no ensino superior a partir do Censo da Educação Superior de 2016 (versão revisada) e de 2011. Para mensurar a inclusão nos melhores cursos, a reportagem separou apenas os dez mais bem colocados, dessas 40 carreiras, no RUF (Ranking Universitário Folha). A classificação de cursos do RUF leva em conta indicadores educacionais oficiais, como o Enade, além de pesquisas Datafolha sobre ensino e mercado de trabalho
Método
Foram levados em conta apenas os dados de estudantes que declararam raça/cor de pele no questionário do Censo
Fonte: Censo da Educação Superior/ Inep; RUF
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Clipping da educação, encaminhado pela Diretoria de comunicação social do IFG, todas as sextas.
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