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Goiânia, 08 de junho de 2017

Publicado: Quinta, 08 de Junho de 2017, 13h07 | Última atualização em Quinta, 08 de Junho de 2017, 13h13

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Jovem de Brasília se destaca como embaixador de evento internacional

Programas voltados à diversidade recebem aporte de R$ 3,21 milhões

MEC destina R$ 18,5 milhões para pagamento de bolsas

Inep apresenta vídeos tutoriais sobre preenchimento do censo

Prêmio de educação em direitos humanos tem inscrições abertas

Sai a lista de aprovados no Sisu para o segundo semestre

UOL EDUCAÇÃO

Estudantes surdos que participaram do Enem 2013 poderão fazer nova prova

Teremos professores no futuro?

CORREIO BRAZILIENSE

Ensino e linguística abrem sessões da UnB.Futuro

Senadora critica intervenção do MEC no Fórum Nacional de Educação

GLOBO.COM

Câmara aprova desconto de 20% em livros para professores

'Como deixei a Cracolândia e entrei na faculdade de direito'

Profissionais com baixa escolaridade ganham mais se morarem no Sul e Sudeste, diz Unicamp

FOLHA.COM

Para cumprir lei, Alckmin inclui até aposentadoria em gasto de educação

Escola no Brasil reproduz loucamente a desigualdade, declara pesquisador

Historiador atravessa o MT de Kombi para distribuir livros há quase 12 anos

 

N O T Í C I A S      D  A      E D U C A Ç Ã O

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Quinta-feira, 08/06/2017

 

EDUCAÇÃO

Jovem de Brasília se destaca como embaixador de evento internacional

O programa Educação no Ar desta semana, exibido pela TV MEC, traz como entrevistado Eduardo Castro, embaixador da Brazil Conference. O evento, organizado anualmente por estudantes brasileiros da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Boston, Estados Unidos, foi realizado em abril. Este ano, lideranças e especialistas de diversas áreas, como educação, saúde e desenvolvimento sustentável, estiveram reunidos para debater desafios e apontar soluções ao Brasil.

Eduardo Castro é formado em engenharia de software pela Universidade de Brasília (UnB). Ele está entre os cinco estudantes universitários escolhidos como embaixadores em 2016, durante um processo seletivo que envolveu 8 mil candidatos de todo o país, incluindo representantes de cada região. A função deles é atuar como protagonistas e multiplicadores das ideias apresentadas e defendidas durante a Brazil Conference.

“Somos jovens lideranças identificadas pela capacidade de expandir as decisões do encontro, um momento raro com tantos influenciadores e tomadores de decisão, juntos, pelo objetivo único de discutir o Brasil”, resumiu Castro. “Isso me fez retornar à minha terra com a esperança de um futuro incrível. Temos muitas pessoas boas trabalhando para que isso se torne possível”.

Experiências – Eduardo Castro destaca que cada um dos embaixadores escolhidos tem uma história interessante a contar. É o caso de Lorenna Vilas Boas, da Bahia, que representa uma liderança feminina negra e atualmente está envolvida em um projeto para jovens em situação de risco, usando a robótica (área de sua formação).

Outro exemplo é o do paulista Bruno Ikeuti, que entrou na Universidade de São Paulo (USP) depois de frequentar um cursinho social formado por professores voluntários. “Ikeuti se orgulha de ter sido o primeiro motoboy em Harvard”, relata o colega. “Hoje, ele toca um programa preparatório, com alunos da USP, para que estudantes de baixa renda tenham chance de passar em uma universidade pública.”

Castro disse que pretende retornar aos Estados Unidos para cursar o mestrado em políticas públicas e ter mais subsídios para atuação na área social, especialmente. No Governo do Distrito Federal (GDF), em 2011, teve a oportunidade de trabalhar em um abrigo para vítimas de violência doméstica. “Ali eu descobri o que era ser um servidor público: assistir às pessoas e fazer da vida delas algo melhor.”

Sobre a educação no Brasil, ele disse ver com bons olhos as reformas, como o novo ensino médio e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “É importante irmos por um caminho que dê mais liberdade ao aluno de escolha do que pretende aprender”, enfatiza. “Eu senti falta do ensino técnico na minha época. Muitos dos meus colegas que passaram por um instituto federal ou por escolas técnicas tiveram um desenvolvimento absurdamente maior do que o meu na universidade.”

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RECURSOS

Programas voltados à diversidade recebem aporte de R$ 3,21 milhões

O Ministério da Educação liberou nesta qUarta-feira, 7, R$ 3,21 milhões para o pagamento de bolsas relativas a programas da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). Os recursos foram enviados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao MEC que realiza o repasse aos beneficiários.

Do total de recursos liberados, R$ 1,8 milhão foi repassado para o programa Saberes Indígenas na Escola, beneficiando cerca de 5,3 mil pessoas. A ação busca promover a formação continuada de professores da educação escolar indígena, especialmente daqueles que atuam nos anos iniciais da educação básica.

O restante do valor, R$ 1,41 milhão, foi destinado ao pagamento de bolsas e materiais didáticos dos programas Escola da Terra e Rede Nacional de Formação de Profissionais da Educação (Renafor), além de despesas relativas a iniciativas de valorização da diversidade, de promoção dos direitos humanos e inclusão e de apoio ao desenvolvimento da educação básica nas comunidades.

Assessoria de Comunicação Social

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EDUCAÇÃO SUPERIOR

MEC destina R$ 18,5 milhões para pagamento de bolsas

Na terça-feira, 6, o Ministério da Educação destinou R$ 18,5 milhões para diversos programas da educação superior. A maior parte do repasse, R$ 10,05 milhões, foi enviada a 18,3 mil participantes do Programa Bolsa Permanência. A bolsa é um auxílio financeiro de cunho social e tem como objetivo viabilizar a permanência dos universitários em situação de vulnerabilidade socioeconômica nas instituições federais.

Também foram garantidos R$ 3,01 milhões para pagamento de 7,5 mil bolsistas do Programa Universidade para Todos (ProUni). Recebem o benefício os estudantes com bolsa integral em utilização que estejam matriculados em cursos presenciais com, no mínimo, seis semestres de duração, cuja carga horária média de aulas seja igual ou superior a seis horas diárias.

Foram destinados ainda R$ 5,44 milhões para 10,4 mil bolsistas do Programa de Educação Tutorial (PET), incluindo estudantes e tutores. Por meio do programa, são desenvolvidas atividades acadêmicas em grupos de aprendizagem tutorial, de forma coletiva e interdisciplinar. Entre os objetivos da ação estão a elevação da qualidade da formação acadêmica dos alunos de graduação, bem como a formulação de novas estratégias de desenvolvimento e modernização desta etapa da educação no país.

Os recursos foram enviados ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão vinculado ao MEC que realiza os pagamentos aos beneficiários dos programas.

 

Assessoria de Comunicação Social

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DADOS

Inep apresenta vídeos tutoriais sobre preenchimento do censo

Responsáveis pelo preenchimento dos dados do Censo Escolar 2017 já podem contar com um passo a passo de algumas funcionalidades. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) oferece, tanto em seu portal quanto em seu perfil no YouTube, vídeos tutorias com explicações práticas. O objetivo é ajudar os diretores ou responsáveis pelas escolas, além das secretarias municipais e estaduais de educação, a repassarem os dados para o sistema Educacenso.

Para a matrícula inicial, etapa iniciada na última quarta-feira, 31 de maio, e que fica aberta até 31 de julho, há tutoriais sobre o cadastro de usuário no Educacenso, declaração dos dados do gestor escolar, autenticação no sistema, informação de tempo integral e atualização de dados cadastrais.

Na página do Censo Escolar no portal do Inep, na seção Matrícula Inicial, é possível conferir informações detalhadas da coleta do censo, com acesso aos documentos orientadores de preenchimento, às perguntas frequentes, à navegação guiada, aos documentos da migração e aos próprios vídeos tutoriais.

Veja mais detalhes na página do Censo Escolar.

O tutorial pode ser visto no YouTube.

Assessoria de Comunicação Social, com informações do Inep

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DIVERSIDADE

Prêmio de educação em direitos humanos tem inscrições abertas

Instituições públicas e privadas autoras de projetos que promovam a cultura da paz, do bem-estar social e do respeito à diversidade têm até o dia 26 de junho para se inscrever no Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos. De abrangência nacional, a premiação é coordenada pelo Ministério da Educação, em parceria com a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI).

A premiação este ano será uma etapa anterior ao Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos Óscar Arnulfo Romero, que, em sua quinta edição, vai ofertar US$ 5 mil ao vencedor. “Como o prêmio teve muito sucesso, revelando várias iniciativas e experiências relacionadas à mediação de conflito, valorização e empoderamento das mulheres e outras iniciativas tão interessantes trazidas por edições passadas, se tornou um paradigma e passa a ser etapa anterior ao Ibero-americano”, explicou a coordenadora-geral de Direitos Humanos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi), Patrícia Mollo.

A coordenadora ressaltou, ainda, a preocupação do MEC em promover o debate. “O Prêmio de Educação em Direitos Humanos valoriza um conceito que é muito caro ao MEC, porque responde a uma situação vivenciada no mundo todo, que é o bullying e violência, a falta de valorização e de respeito à diversidade”, acrescentou.

Serão premiados trabalhos que ajudem na incorporação da educação em direitos humanos nos projetos político-pedagógicos das escolas, bem como ações pedagógicas na área, protagonizadas pela comunidade escolar e universitária; experiências realizadas por profissionais ou voluntários da sociedade civil e estratégias variadas para a inclusão da temática nos currículos da educação básica, e em documentos normativos (como planos estaduais e municipais de educação, orientações e resoluções); e a menção das Diretrizes Nacionais de Educação em Direitos Humanos.

Categorias – O Prêmio Nacional de Educação em Direitos Humanos está dividido em três categorias: A (educação formal), B (organizações da sociedade civil e de educação não formal) e C (secretarias de educação e secretarias de direitos humanos ou homólogas). Podem concorrer instituições de educação básica e superior, secretarias de educação e de direitos humanos estaduais, municipais e do Distrito Federal, organizações não-governamentais, movimentos e organizações sociais, sindicatos, instituições religiosas, agremiações, grêmios, associações e demais entidades civis, desde que vinculados aos setores de educação e cultura, além de empresas públicas e privadas. No ato da inscrição, o candidato deve ficar atento para que a categoria escolhida esteja de acordo com a descrição e exigências presentes no edital.

Os vencedores de todas as categorias receberão diploma e troféu, além de uma viagem para participar do Seminário Internacional de Educação em Direitos Humanos, nos dias 23 e 24 de novembro de 2017, em Bogotá, na Colômbia. Já as indicações para o Prêmio Ibero-americano de Educação em Direitos Humanos Óscar Arnulfo Romero serão restritas ao vencedores das categorias A e B.

Também poderá ser outorgada menção honrosa dentro da categoria A, para trabalhos que abranjam estratégias variadas para a inclusão da educação em direitos humanos nos currículos. As experiências ganhadoras serão conhecidas durante o seminário em Bogotá.

Os interessados em participar devem acessar a página eletrônica da iniciativa.

Assessoria de Comunicação Social

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EDUCAÇÃO SUPERIOR

Sai a lista de aprovados no Sisu para o segundo semestre

Os candidatos às quase 52 mil vagas oferecidas por universidades públicas e institutos federais para a segunda edição de 2017 do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), gerenciado pelo MEC, já podem consultar o resultado da chamada regular na internet. Quem for selecionado deve procurar a instituição para fazer a matrícula, entre os dias 9 e 13 próximos.

No total, 935.550 pessoas entraram com o pedido junto ao Sisu em todo o país – 64.192 a mais que o registrado no mesmo período em 2016. Em relação às inscrições, foram 1.797.386 (contra 1.684.029 do segundo semestre do ano passado). É quase o dobro dos interessados, já que puderam escolher até dois cursos de graduação entre os 1.462 disponibilizados, em diversas áreas de conhecimento, pelas 63 instituições de ensino superior – 59 federais e quatro estaduais – participantes do processo.

O estado do Rio de Janeiro responde pelo maior número de vagas (12.363) ofertadas por unidades da federação. No entanto, a quantidade mais expressiva de inscritos está em Minas Gerais (116.964). O curso de administração encabeça a lista de ofertas (1,7 mil), seguido de pedagogia (1,6 mil), matemática (1,5 mil), ciências biológicas (1,4 mil), direito (1,4 mil), engenharia elétrica (1,3 mil) e medicina (1,3 mil).

Por modalidade como primeira opção de curso, foram 506.693 candidatos na ampla concorrência, 27.514 em ações afirmativas e 401.343 pela lei de cotas. Para esse processo seletivo, a novidade foi a inclusão de reservas às pessoas com deficiência, segundo a Lei nº 13.409, em vigor desde dezembro do ano passado. “É importante lembrar que os não selecionados no processo regular poderão colocar o nome na lista de espera, até o dia 19 deste mês”, informou Vicente de Paula Almeida Júnior, diretor de Políticas e Programas de Educação Superior do MEC.

Assessoria de Comunicação Social

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UOL EDUCAÇÃO

Quinta-feira, 08/06/2017

 

OPINIÃO

Estudantes surdos que participaram do Enem 2013 poderão fazer nova prova

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) determinou, no fim de maio, que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) aplique uma nova prova para participantes surdos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2013.

Entenda o caso

A Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) recebeu reclamações de vários participantes do Enem 2013 sobre a dificuldade em fazer as provas. Os estudantes relataram que os auxiliares contratados para serem intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) não traduziram de forma integral os textos do exame, o que dificultou a compreensão das questões.

A Feneis considerou que os estudantes foram prejudicados na aplicação das provas do Enem 2013 por conta do despreparo dos auxiliares contratados e, com isso, entraram com uma ação contra o Inep e a União na Justiça do Paraná.

O pedido da Feneis foi julgado procedente pela Justiça do Paraná, mas o Inep e a União recorreram junto ao TRF4, com a alegação de que uma nova aplicação apenas para os surdos estaria ferindo o direito à isonomia (igualdade das provas). No entanto, o recurso foi negado pelo desembargador federal, Ricardo Teixeira do Valle Pereira, tendo como justificativa a necessidade do uso do vídeo libras para a total compreensão.

Aplicação da Prova

O Ministério Público Federal (MPF) recomenda que as provas do Enem sejam aplicadas aos candidatos prejudicados por meio de recursos visuais (vídeo ou outra ferramenta semelhante), além de disponilizar um intérprete que seja habilitado. A sugestão foi acatada e confirmada pelo TRF4.

O Inep e a União ainda podem recorrer da decisão do TRF4. O Brasil Escola tentou contato com o Instituto, mas até a publicação desta notícia não obteve resposta.

Libras no Enem 2017

O Enem 2017 será a primeira edição que contará com a prova traduzida em Libras por meio de vídeo. A aplicação neste modelo está em sua forma experimental. A opção pelo uso deste recurso foi marcado durante a realização da inscrição.

Leia mais: Enem 2017 contará com tradutores especializados em Libras para auxílio aos estudantes surdos

A versão em vídeo libras pode ser testada pelos estudantes desde maio. A prova conta com 60 questões de edições anteriores do Enem, em diferentes níveis de complexidade. O simulado pode ser acessado gratuitamente na página da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que já adota o método nas provas de seus Vestibulares.

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EDUCAÇÃO

Teremos professores no futuro?

Quando eu era criança, tínhamos aquela ideia de que os anos 2000 viriam acompanhados de carros voadores, teletransporte e todas aquelas parafernálias domésticas que víamos no desenho dos Jetsons. Essa ideia de um futuro repleto de robôs fez – e ainda faz! – parte do imaginário de muita gente. Quem nunca ouviu dizer que as máquinas substituiriam os professores em sala de aula e que logo, logo, não precisaríamos de seres humanos ensinando?

Enfim, estamos em 2017, e, mesmo com o rápido avanço da educação à distância, essas imagens tecnológicas de uma escola quase artificial não se tornaram realidade. Por duas razões: primeiro porque não há tecnologia que substitua um bom professor e porque nosso problema não é o fato de as máquinas substituírem gente, mas sim a falta de seres humanos na docência. A primeira razão vai merecer outro texto aqui neste espaço. Quero falar aqui da segunda.

A crônica falta de atratividade da carreira de professor está fazendo com que cada vez menos jovens invistam nela como futuro profissional, comprometendo, consequentemente, o futuro da educação brasileira e do próprio país.

A questão é complexa. Uma pesquisa do professor José Marcelino de Rezende Pinto, da Universidade de São Paulo (USP), divulgada há três anos, mostra que o número de pessoas que ingressam nos cursos de formação docente do Ensino Superior no país seria suficiente para suprir a demanda de professores na Educação Básica – porém, o que falta é interesse em lecionar.Temos profissionais suficientes para ocupar vagas em todas as disciplinas (com exceção de física) nas escolas de todo o Brasil, porém as condições da profissão repelem grande parte dos potenciais docentes. Ou seja: mesmo com o diploma em mãos, o professor escolhe outro caminho profissional em detrimento de estar em sala de aula.

Vale destacar que o problema, no entanto, não é só nosso. Na semana passada, na Inglaterra, pude conversar com vários especialistas justamente sobre esse tema. As pesquisas internacionais mostram que os ingleses estão diante de uma crise de recrutamento de professores que se agravou nos últimos quatro anos, de acordo com um relatório do Câmara dos Comuns do Parlamento (equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil) .

Outro relatório do governo indica que 29% das 1.055 vagas para formação em física não foram preenchidas entre 2015 e 2016.

Uma das consequências é a superlotação das classes inglesas, realidade que conhecemos muito bem aqui no Brasil, especialmente nas grandes cidades. Um estudo divulgado em março pela Association of School and College Leaders sobre a crise de financiamento na área mostra que a média de alunos por turma vem subindo com a queda de número de docentes.

Os efeitos disso nós estamos quase cansados de saber: alunos sem professor em algumas disciplinas ou assistindo às aulas de um docente não formado na matéria que leciona.

Hoje, no Brasil, 46,3% dos professores do ensino médio lecionam conteúdos de uma área na qual não se formaram. É praticamente metade dos 494 mil docentes que atuam na etapa em escolas públicas e privadas. Os dados do Censo Escolar 2015 tabulados pelo movimento Todos Pela Educação (disponíveis no Observatório do PNE) também mostram que um terço (32,3%) só dá aulas justamente de matérias nas quais não é diplomado. O pior é que o quadro não muda há anos. Desde 2012, estamos estagnados.

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CORREIO BRAZILIENSE

Quinta-feira, 08/06/2017   

 

UNB

Ensino e linguística abrem sessões da UnB.Futuro

Nesta terça-feira (6), o auditório da Faculdade de Comunicação (FAC) recebeu a primeira sessão do ano da Comissão UnB.Futuro. Com o tema Língua, linguagem e educação: um olhar para o futuro, o evento teve como palestrante a professora do Instituto de Neurociências e Cognição da PUC-Rio Cilene Rodrigues.

Egressa da graduação em Letras e do mestrado em Linguística da UnB, a docente falou aos participantes a respeito de pesquisas sobre diversidade e universalidade da língua. Um dos pontos abordados pela palestrante foi o ensino tardio de um segundo idioma para o jovem brasileiro.

“Em países denominados desenvolvidos, a experiência com uma segunda língua começa aos três anos, quando a criança tem uma fácil absorção daquilo que falam para ela”, afirmou. No Brasil, o contato com idiomas estrangeiros inicia-se, nas redes públicas de ensino, no sexto ano, quando a criança tem entre 11 e 12 anos.

Cilene explicou também que as linguagens empregadas em atividades avaliativas podem ser determinantes para o êxito da criança. "Resultados de pesquisas mostram que a forma como se escreve o enunciado da questão de uma prova pode dar entendimento ou trazer mais confusão para a criança que está lendo", disse.

A palestrante destacou ainda a utilização de novas metodologias de ensino como ferramentas para aperfeiçoar o ensino e a aprendizagem, tanto no ensino básico como na graduação.

FUTUROS

Com a ambição de deixar um arquivo de pesquisas e debates guardados tanto na memória das pessoas como em meios físicos de armazenagem, o Núcleo de Estudos do Futuro (n-Futuros), vinculado ao Centro Avançado de Estudos Multidisciplinares (CEAM), foi criado em 2012, pelos professores Isaac Roitman e Tadao Takahashi, com o objetivo de reunir e desenvolver ações em inovação que integrem o conhecimento acadêmico à sociedade.

Em parceria com o Núcleo, o Decanato de Pesquisa e Inovação (DPI) organiza as ações da Comissão UnB.Futuro – um espaço de reflexão e proposição de ideias e ações para construir um modelo de universidade compatível com a realidade e as demandas da sociedade contemporânea.

Ao longo do ano são promovidas reuniões para debater temas ligados a educação, cultura e ciência e tecnologia. A partir do assunto escolhido, faz-se o convite para que um especialista da área ministre uma conferência introdutória à comunidade acadêmica, seguida de debate.

Na edição desta terça-feira, o vice-reitor Enrique Huelva ressaltou a importância da Comissão. Ele destacou a "disposição de professores, alunos e convidados em aprofundar temas, em uma sociedade tão superficial". A decana de Pesquisa e Inovação, Maria Emília Walter, considerou fundamental a continuidade dos trabalhos da UnB.Futuro para a construção de um amanhã com pessoas "mais pensantes e críticas".

ATENÇÃO – As informações, as fotos e os textos podem ser usados e reproduzidos, integral ou parcialmente, desde que a fonte seja devidamente citada e que não haja alteração de sentido em seus conteúdos. Crédito para textos: nome do repórter/Secom UnB ou Secom UnB. Crédito para fotos: nome do fotógrafo/Secom UnB.

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FNE

Senadora critica intervenção do MEC no Fórum Nacional de Educação

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) criticou a decisão do Ministério da Educação (MEC) de intervir nos critérios de composição do Fórum Nacional de Educação. Explicou que as mudanças vieram por meio de uma Portaria em abril último.

Para a parlamentar, o que o ministro Mendonça Filho pretendeu com a medida foi afastar do fórum entidades de oposição a Michel Temer e às políticas do MEC.

Fátima Bezerra informou que o Ministério Público pediu a revogação da medida, sob o risco de apresentação de denúncia. Além disso, mais de vinte organizações que compunham o Fórum Nacional de Educação decidiram deixar de participar.

— Eles colocam claramente que estão deixando o Fórum Nacional de Educação porque não reconhecem de maneira nenhuma a legitimidade de uma Conferência Nacional de Educação, realizada sob a tutela e a intervenção do MEC. O Fórum Nacional de Educação é um espaço de diálogo entre a sociedade civil e o Estado.

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GLOBO.COM

Quinta-feira, 08/06/2017   

 

EDUCAÇÃO

Câmara aprova desconto de 20% em livros para professores

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou na manhã desta quarta-feira (7) a redação final de um projeto que concede desconto de 20% na compra de livros por professores e outros profissionais da educação.

Por ter caráter conclusivo, o texto não precisará passar pelo plenário principal da Casa e seguirá direto para a análise do Senado. O projeto foi aprovado pelos membros do colegiado em votação simbólica.

Pela proposta, será concedido 20% de desconto em livros, periódicos e materiais didáticos vinculados à área de atuação do profissional. Para isso, será necessária a apresentação de carteira de trabalho ou de carteira funcional emitida por órgão público. A regra valerá para profissionais do ensino público e privado.

O texto não estabelece nenhum tipo de compensação ao lojista ou à editora pelo desconto concedido. Desse modo, o vendedor do livro será obrigado a conceder o desconto, sem nenhuma contrapartida.

“A ideia é essa. Forçar uma baixa no valor do material para estudo, com a finalidade de que os professores possam se qualificar”, explicou o autor da proposta, Marcos Abrão (PPS-GO).

Questionado sobre a possibilidade de que o valor médio dos livros seja elevado para compensar o desconto dado aos professores, o deputado disse que “não tem essa relação”. Para ele, também será preciso manter fiscalização para que não haja desconto artificial.

“O que a gente pode fazer é fiscalizar. Tem como saber se o preço foi aumentado para depois dar desconto e cumprir a lei”, afirmou.

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OPINIÃO

'Como deixei a Cracolândia e entrei na faculdade de direito'

Acharam que eu estava derrotado, quem achou estava errado, eu voltei, tô aqui, se liga só, escuta aí."

É na forma de rap que Tiago Ideal Nogueira, de 35 anos, conta a história de sua sobrevivência a quatro anos na cracolândia, na região central de São Paulo.

O ex-"noia" - forma como os usuários de crack costumam ser chamados na cidade - atualmente é missionário, ajudando dependentes a deixarem a droga, produziu o seu primeiro CD de rap e, em 2016, foi o melhor aluno do curso na faculdade de Direito privada que frequenta na zona leste de São Paulo.

Ele lembra exatamente o momento em que decidiu mudar de vida.

"Entrei pela porta da Cristolândia (ONG que auxilia usuários do crack a deixarem a droga) no dia 8 de maio de 2012, às 15h30, após quatro anos vivendo no fluxo", diz Nogueira à BBC Brasil na praça Princesa Isabel, onde ele foi conversar com usuários da nova cracolândia que se formou no centro paulistano após a mais recente ação policial no local anterior, perto dali.

Agora, após dois anos de tratamento nas fazendas da ONG e um ano como missionário - ouvindo, ajudando no banho, servindo comida e convencendo usuários a aceitarem o tratamento -, ele quer trabalhar no setor público, mas com foco justamente em viciados.

"Meu sonho é ser defensor público", afirma.

Bolsista na faculdade graças a um acordo com a ONG, Nogueira tem notas altas em quase todas as disciplinas. "A matéria que mais gosto de estudar é Direito Civil, e tirei nove notas 10. Estou no segundo ano e luto para manter esse ritmo."

A coordenadora do curso, Eliana Berta Fernandes Corral, afirma que Tiago é destaque em meio aos 600 alunos de seu corpo discente.

"As notas dele são realmente acima da média, e ele sempre participa das aulas e das nossas atividades. Temos orgulho dele na faculdade.

Nascido na zona norte de São Paulo, Nogueira perdeu a mãe aos 12 anos e o irmão mais velho aos 15 - ambos tinham HIV. Sua avó morreu de câncer quando ele tinha 20 anos.

Ele vivia com o tio e diz que nunca lhe faltou nada em termos materiais. "Eu morava bem, trabalhava com meu tio e andava com carrão, bem vestido e perfumado", lembra.

Entretanto, o que mais faltava era diálogo, conta. "Não tive pai, nunca soube quem ele era, e sentia falta de uma orientação, de alguém com quem conversar. Meu tio me dava tudo, menos isso."

Nogueira começou a usar drogas na adolescência, quando saía à noite. "Comecei a usar cocaína na balada, (junto com) bebida. Para um adolescente, estava tudo legal", conta. Até que provou o crack.

"Ele (o crack) seguia sempre comigo. Eu trabalhava e ia para as baladas com ele junto, até o momento em que ele pede exclusividade. E, em 2009, eu fui morar nas ruas por causa disso."

Nessa mesma época começou a se envolver com a pichação, o que envolvia escalar prédios altos - "subi e pichei diversos prédios famosos de São Paulo".

Em 2010, caiu e quebrou vários ossos quando grafitava um edifício da avenida Brigadeiro Luís Antonio, na região central da cidade. Quase morreu. Apesar disso, não abandonou o gosto pela atividade - mas hoje faz grafites pedindo autorização dos donos dos muros.

Foi um sonho com a avó que mudou sua vida.

"Um dia sonhei que tomava um refrigerante com a minha vó e conversei muito com ela. Acredito que ela me mandou uma mensagem. Na época, andava de muleta. Acordei me olhei no espelho e percebi que tinha me tornado um farrapo humano. Estava muito magro, 'noia' e de muleta, tinha passado quatro dias fumando crack direto", lembra.

Foi nesse momento que decidiu buscar ajuda na Cristolândia.

Nogueira diz que o período mais difícil foram os primeiros seis meses.

"O corpo pede a droga e você tem que lutar para se manter na abstinência. Tinha muito desejo de fumar, muita fome, e dormir era complicado."

Ainda assim, conta que não teve nenhuma recaída.

Já o rap surgiu dentro das atividades de música durante o tratamento, e hoje ele o utiliza para transmitir apoio aos usuários de crack. Nogueira compõe e canta em igrejas e nos cultos da ONG e gravou um CD que se chama Divinamente Rap.

Também quer desenvolver, com ajuda de um amigo, um aplicativo para agilizar a busca de vagas para tratamento de dependentes químicos, organização da internação e sistemas de logística da ONG que o resgatou.

Abordagens

Nogueira vê com ceticismo a operação policial realizada pelo governo na cracolândia.

"Sabemos que há interesse imobiliário em revitalizar a área, mas é preciso cuidar das pessoas. Só agir com autoritarismo não resolve. Assim, a cracolândia nunca vai deixar de existir", opina.

Ele se queixa de ter sido abordado "a vida inteira" por policiais e ter sido tratado como "negão e bandido".

Em uma viagem recente à praia, foi parado por um policial e retrucou: "Olha o constrangimento que o senhor está me fazendo eu passar. Eu sou missionário, eu dou banho em noia, eu faço aquilo que o senhor não faz".

Sobre a vida na cracolândia, recorda que cada dia era "uma guerra".

"Você levanta de manhã, começa a batalha. Onde você vai comer, e como vai conseguir dinheiro. É impossível não entrar no esquema, você é obrigado a aprender as táticas - sempre ter um cigarro ou uma cachaça na mão para vender."

Do ponto de vista das estatísticas, Nogueira é um sobrevivente: segundo pesquisa da Unifesp, 30% dos usuários de crack morrem antes de cinco anos de consumo da droga.

Ele credita sua sobrevivência ao medo "de levar facada", que o fazia evitar dormir na rua - pagava por uma cama nos albergues baratos da região.

Hoje, diz que sua maior luta é contra si mesmo.

"Nunca posso achar que estou bem, sempre estou em progresso. Ajudar as pessoas me faz bem, porque todos os dias me deparo com a realidade que vivi."

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EDUCAÇÃO

Profissionais com baixa escolaridade ganham mais se morarem no Sul e Sudeste, diz Unicamp

Qual é a conta que justifica o valor de um salário? Se engana quem pensa que esse cálculo se resume a uma análise de nível de escolaridade, qualidades pessoais e um cargo dentro de uma empresa. Um estudo do Instituto de Economia da Unicamp, em Campinas (SP), aponta que a diferença salarial sofre influência da região do Brasil em que vive o profissional, e afeta, principalmente, as pessoas com menos escolaridade.

Quanto mais alto o nível de estudos, no entanto, menor a discrepância salarial, considerando trabalhadores com as mesmas condições sociais e de formação profissional.

A pesquisa foi defendida durante o mestrado do economista Christian Duarte Caldeira, que ressalta a importância de destacar como as regiões do país se desenvolveram de forma diferente para justificar salários até 50% menores, por exemplo, no Nordeste, se comparado ao Sudeste, para "clones" profissionais.

"O desenvolvimento da região é mais ligado com o desenvolvimento da estrutura produtiva [...] A região Sudeste teve mais desenvolvimento da indústria e assalariados. É a região mais desenvolvida do país. Tem uma remuneração, em média, maior do que a região Nordeste, onde houve um desenvolvimento maior de relações de trabalho não assalariado, agricultura de baixa produtividade, poucas indústrias. São pistas históricas que a gente tem", afirma o pesquisador.

Diferença em números

Para mensurar a diferença, Caldeira usou uma técnica de estatística que permite isolar o espaço, para analisar as regiões. O economista usou como base os dados reais da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada entre os anos de 2012 e 2015, e levou dois anos para concluir a dissertação.

"Fiz um exercício a partir dos dados e peguei dois indivíduos aparentemente iguais e comparei eles em blocos de regiões, que chamei de atrasadas e dinâmicas. As regiões atrasadas são o Centro Oeste, Norte, e Nordeste. As dinâmicas, Sudeste e Sul", explica.

Entre os exemplos, o pesquisador considerou o perfil de um homem, de 38 anos, que não reside em região metropolitana e não é chefe de família, tem emprego com carteira assinada e não tem instrução. Em uma região atrasada, ele recebe R$ 800. Numa região dinâmica, o salário é de R$ 1.191. A diferença entre as remunerações é de 48,8%.

A análise mostra um resultado ainda mais curioso ao agregar a formação em ensino fundamental ao perfil do homem da região atrasada. O salário dele passa de R$ 800 para R$ 1.041, ou seja, ainda é menor do que a remuneração paga na região dinâmica do país para um profissional sem instrução.

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FOLHA.COM

Quinta-feira, 08/06/2017   

 

SÃO PAULO

Para cumprir lei, Alckmin inclui até aposentadoria em gasto de educação

O Estado de São Paulo, atualmente sob o comando do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e há 21 anos nas mãos dos tucanos, calcula como gasto mínimo constitucional em educação valores que, na prática, não chegam às atividades educacionais.

Em uma manobra alvo de questionamentos, o governo tem colocado nessa conta o pagamento de aposentados. Essa operação representou, só nos últimos três anos, cerca de R$ 13 bilhões –perto de metade do orçamento anual da Secretaria de Educação.

Só no ano passado, R$ 5,1 bilhões declarados como investimentos em educação são, na prática, repasses para aposentadorias.

A manobra entrou na mira do Ministério Público de Contas, órgão ligado ao TCE (Tribunal de Contas do Estado). O próprio TCE deve apontar correções na análise de contas do governador de 2016 por causa desse procedimento.

Em outra frente, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ingressou na segunda-feira (5) com ação no STF (Supremo Tribunal Federal) contra uma lei paulista, de 2007, que permite a inclusão de inativos no cálculo de gasto mínimo com educação.

A Constituição paulista exige que 30% das receitas sejam investidos na manutenção e desenvolvimento do ensino. Só levando em conta as aposentadorias, porém, é que o governo alcança o índice.

O governo Alckmin diz que gastou 31% das receitas com educação em 2016. O percentual cai para 25% ao descontar o gasto com aposentados.

GASTO DIRETO

Ações de assistência estudantil e até merenda, por exemplo, não entram na conta porque não têm relação direta com o ensino. O governo pode incluir os recursos do ensino superior, mas a etapa definida como prioridade do Estado é o ensino médio.

Ao excluir o orçamento das universidades estaduais, a educação básica recebe 19% da receita total: R$ 21 bilhões.

A Constituição federal fala em reservar 25% das receitas para a educação. Para a procuradora Elida Graziane, do MP de Contas, Alckmin deve atender ao texto paulista –que prevê meta de 30%.

"Com as dificuldades na educação básica, o Estado não poderia se dar ao luxo de não aplicar o que se exige."

O Estado registra 223 mil jovens de 15 a 17 anos fora da escola (12% do total dessa faixa etária). Os indicadores de qualidade, tanto Ideb (federal) quanto Idesp (estadual), têm resultados nos anos finais do fundamental e no ensino médio estagnados em níveis baixos. Só nos anos iniciais há ritmo de melhora.

A rede de SP tem só 6% dos alunos de ensino médio em tempo integral. O Plano Nacional de Educação estipula 25% até 2024. Os docentes da rede não recebem reajuste do piso salarial desde 2014.

RAIO-X DA EDUCAÇÃO ESTADUAL (2016) - Alunos, em milhões

Membro do Conselho Nacional de Educação, Cesar Callegari presidiu CPI na Assembleia entre 1999 e 2000 cujo relatório já apontava a distorção. "Mas o governo sempre manteve a manobra, com o respaldo do TCE."

Priscila Cruz, do Todos pela Educação, diz que, pelo potencial econômico de São Paulo, os resultados deveriam ser melhores. "O fato de um Estado fazer isso há tantos anos mostra seu real compromisso com a educação."

Os R$ 5,1 bilhões declarados em educação em 2016, mas não investidos na área, seriam suficientes para viabilizar 27 mil turmas. Financiaria ainda o transporte escolar na rede por cinco anos.

Em defesa da medida, o governo diz que suas contas têm sido aprovadas pelo TCE. O conselheiro Roque Citadini, relator das contas de 2016, adiantou que o tribunal não deve permitir mais isso.

"Os gastos com inativos não devem ser computados como educação, o Estado deve retira-lo da conta", diz Citadini. O relatório do TCE vai sugerir uma ressalva nas contas, indicando correção no próximo orçamento, de 2018.

O conselheiro exigirá o atendimento ao piso federal, de 25%. Segundo ele, a baixa transparência nas contas dificulta concluir se ao menos os 25% têm sido respeitados.

"LEGAL E TRANSPARENTE"

Para o governo Geraldo Alckmin (PSDB), considerar gastos com inativos no cálculo do investimento mínimo em educação é uma medida "legal e transparente".

A gestão defende que se respalda em lei de 2007 e que "sempre teve o aval do Tribunal de Contas do Estado".

Em 2007, o governo incluiu na lei que criou a SPPREV, entidade gestora da previdência dos servidores, um artigo que autoriza a manobra.

Segundo o governo, os repasses da Secretaria de Estado de Educação para a SPPREV têm "o objetivo de honrar o pagamento da aposentadoria aos inativos".

A proporção dos gastos de educação transferidos para pensionistas tem aumentado. Representava 3,7% do total de receitas em 2014. No ano passado, esse percentual foi de 4,6%. São Paulo registra 183 mil inativos da educação.

O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, questionou o dispositivo da lei paulista de 2007 em ação no STF (Supremo Tribunal Federal) nesta semana. Na avaliação da procuradoria, esse trecho da lei é inconstitucional.

A Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo diz não ter tido acesso formal à ação e, por isso, não a comentaria.

A pasta de Planejamento argumenta que os gastos totais com a "função" Educação chegaram a R$ 41,3 bilhões em 2016. Esses valores envolvem outros gastos não identificados apenas como "manutenção e desenvolvimento" do ensino e que também não fazem necessariamente parte do orçamento da secretaria de Educação.

O orçamento executado pela secretaria de Educação em 2016 foi de R$ 28,7 bilhões. Representa um recuo de 3% com relação a 2015 (considerando valores atualizados pela inflação). Houve recuo de 6,5% da receita total do Estado de São Paulo no período.

A pasta afirma que os resultados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) avançaram em 2015 -na prática, com exceção dos anos iniciais, o comportamento é de estagnação nos anos finais do fundamental e no ensino médio. Ressaltou que alfabetiza 98,7% das crianças até o 2º ano.

De acordo com a secretaria, a pasta "trabalha diariamente para cumprir o que prevê o Plano Nacional e Estadual de Educação".

A ampliação das escolas de tempo integral é constante, afirma a pasta, atingindo 544 escolas. A rede estadual tem 5,3 mil unidades.

Sobre os jovens de 15 a 17 anos fora da escola, ela afirma que tem 600 mil vagas no sistema que podem ser ocupadas. "São Paulo mantém as menores taxas de abandono escolar do país", diz a secretaria.

OUTROS ESTADOS

A inclusão de aposentados no gasto mínimo com educação já foi questionada em outros Estados do país, como Minas Gerais, Paraíba, Espírito Santo e Rio Grande do Norte -seja por tribunais de contas ou pelo Ministério Público.

Interpretações da legislação dão margem à manobra. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), de 1996, descreve o que é "manutenção e desenvolvimento" da educação. Não inclui os aposentados, embora seja omissa em citar a exclusão.

Manuais de prestação de contas do MEC são claros em excluir inativos. Atos do Conselho Estadual de São Paulo vão na mesma linha.

"Existem divergências e interpretações possíveis. Só o STF tem competência para dar a orientação definitiva", diz Carlos Ari Sunfeld, professor de Direito Constitucional da FGV-SP.

João Batista de Oliveira, do Instituto Alfa e Beto, afirma que o debate sobre financiamento precisa se intensificar. "Tudo que amarra recurso tende a ser ineficiente. O Brasil tem de discutir vinculações e levar em conta outras variáveis, como a demografia [quantidade de crianças vem diminuindo]", defende.

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OPINIÃO

Escola no Brasil reproduz loucamente a desigualdade, declara pesquisador

As escolas no Brasil não oferecem aos alunos de baixa renda oportunidades de ascensão social. Ao contrário, elas reforçam as diferenças educacionais herdadas do ambiente familiar.

"A escola brasileira é loucamente reprodutora de desigualdade", diz o pesquisador Ricardo Paes de Barros.

PB, como é conhecido, se tornou referência no estudo de temas como pobreza, desigualdade de renda, mercado de trabalho e educação.

Depois de quatro anos como subsecretário de Ações Estratégicas no governo de Dilma Rousseff, assumiu o posto de economista-chefe do Instituto Ayrton Senna (IAS) e passou a lecionar no Insper.

Desde então, tem se dedicado a buscar e testar evidências de que a introdução de habilidades socioemocionais nos currículos tem impacto educacional positivo.

Para ele, se a escola brasileira sair na frente com um ensino que estimule características como curiosidade, criatividade e persistência, talvez elimine uma década de atraso na educação:

"É importante que a escola estimule a curiosidade, a flexibilidade para buscar diferentes caminhos. Se a escola faz o contrário e destrói a autoconfiança do aluno, ela matou o aluno pobre."

RICARDO PAES DE BARROS, 62

Folha - O que te atraiu na pesquisa sobre habilidades socioemocionais?

Ricardo Paes de Barros - Foi a Viviane [Senna, presidente do IAS] que mandou [risos]. Eu acredito nas preocupações dela.

O ensino dessas habilidades tem impacto positivo?

Cientificamente, a gente sabe que isso é a questão? Não. Mas tem um monte de evidência que aponta que talvez seja, sim. Os problemas humanos hoje são muito menos do tipo ter uma doença que não sabemos de onde vem, e muito mais o fato de que as pessoas não conseguem se entender.

Falta capacidade para resolver conflitos, ter compaixão e lidar com a diversidade. Numa economia que é mais globalizada, se você não tem essas características, vai gerar mais conflito e confusão do que não saber trigonometria ou geometria espacial.

Por que esse tema está em evidência? Há quem cite mudanças no mercado de trabalho.

Eu tenho dúvida. Acho que as pessoas estavam muito preocupadas com letramentos básicos, saber ler, escrever, fazer contas. Depois que você supera isso, o cara fala "bom, espera aí, será que educação é só isso?" É a mesma coisa que qualidade de vida. A gente começa perguntando se você passa fome, se sua casa tem luz, saneamento. Mas, quando você faz pesquisa sobre qualidade de vida na Suécia, tem que usar uma dimensão mais sofisticada.

Faz sentido focar esse tipo de ensino Brasil, onde ainda não atingimos o domínio de letramentos básicos?

É uma boa questão. Não acho que você tenha uma demonstração definitiva disso. Mas o Brasil está tão atrasado que, se continuar andando na velocidade de todo mundo, nunca vai chegar lá.

Investir nisso pode te permitir andar mais rápido do que os outros. A noção de escola e o que a escola faz está mudando. A Coreia e a Finlândia estão desesperadas tentando descobrir para onde vão suas escolas. O Brasil tem que dar um salto para, em vez de seguir todo o caminho dos outros caras, dar um balão e encontrar o cara.

Nesses países, a preocupação é que, se você estimular a criatividade, o pensamento crítico, a curiosidade, pode dar um salto, porque o cara com essas características quase aprende sozinho.

Mas, para isso acontecer, ele tem que saber aprender, tem que ter meta, ser criativo, curioso. Se você criar uma geração de crianças que já tenham isso, pode ser então que você dê um salto.

Os estudos que vocês têm feito mostram que isso é possível?

A evidência não prova que isso é verdade, mas é consistente com que seja. Se você fala "deixa a Finlândia fazer isso" você pode estar naturalizando décadas de atraso.

A escola no Brasil contribui para reduzir a desigualdade?

A escola brasileira é loucamente reprodutora de desigualdade. O Brasil é um dos países onde o ambiente familiar mais influencia o resultado educacional. Não só temos pouca escolaridade, mas a escolaridade que temos é completamente dependente do ambiente familiar, o que é um absurdo.

Por isso, é importante que a escola estimule a curiosidade, estimule a ter flexibilidade para buscar diferentes caminhos. Se a escola faz o contrário e destrói a autoconfiança do aluno, ela matou o aluno pobre. Porque se ela afeta a autoconfiança do aluno rico, a mãe e o pai chegam lá e a reconstroem, eles falam "esquece esse professor, ele é maluco". Agora, se o professor destrói a autoconfiança do aluno pobre, a mãe vai e destrói junto. Ela acredita que, se a escola disse que o aluno é burro, é porque ele é burro mesmo. Se a escola ensina para o aluno que o mundo é diverso e flexível e que ele precisa ter autoconfiança e persistir, ela elimina o impacto do

ambiente familiar.

Colocar o ensino de habilidades socioemocionais na base [nacional comum curricular] é uma aposta de que isso poderá nos fazer ganhar uma década.

Como avançar da base para a prática em um país tão grande e diverso como o Brasil?

O fato de o país ser diverso não me assusta. Você precisa fazer com que o aluno seja curioso, criativo, tenha senso crítico. O básico é o mesmo para todo mundo. Mas estamos longe de especificar o básico. O que está escrito na base é muito amplo.

Como deveria ser?

A base australiana ou as bases das províncias do Canadá são muito mais específicas sobre o que significa cada coisa que você tem que ensinar e dão muito mais dicas ao professor sobre como ensinar. Os Estados e os professores em sala de aula vão ser obrigados a fazer isso aqui.

Qual é o impacto da crise atual para a educação?

Claro que é péssimo, tira um monte de dinheiro da educação porque a arrecadação cai, atrapalha a pobreza.

Mas mostra o quanto o socioemocional é importante, porque estamos falando de valores, ética. Você tem uma crise em que as pessoas perderam a noção do que é certo e errado, de ética, do que pode e não pode fazer. No Japão, metade das pessoas já teria se suicidado se tivesse se envolvido numa coisa dessa magnitude. Ou seja, a noção do certo ou errado é mais sólida.O cara falsifica carne e perde mercado. Não tem nada de produtivo nisso, é um problema de um querendo levar vantagem no outro, escondendo, mentindo. Não estamos sabendo resolver certos conflitos, se fazer greve é bom ou ruim. Daqui a pouco, as pessoas vão começar a se questionar se pagam imposto ou não. Isso é um problema socioemocional, de valor, atitude, ética, de tomar decisões coletivas.

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EDUCAÇÃO

Historiador atravessa o MT de Kombi para distribuir livros há quase 12 anos

A bordo de sua camionete Rural ou de sua Kombi "transformada" em livraria, o historiador Clóvis Matos, 62, tem uma missão todos os meses: distribuir livros em cidades isoladas e do pantanal.

A ideia do projeto surgiu há 15 anos, em Cuiabá, quando era diretor de marketing de uma livraria e criou um espaço de leitura para que o público tivesse acesso a trechos das obras. Matos observou que muitos leitores iam várias vezes ao local. "As pessoas concluíam a leitura na própria livraria, porque as obras eram caras. Então pensei que deveria fazer algo para facilitar o acesso aos livros para quem não tinha condições financeiras", afirmou.

A paixão pela literatura surgiu ainda na infância, quando hóspedes do hotel de sua família lhe apresentavam livros. Ele morava em Iporá, em Goiás, onde não tinha acesso às obras, e aquele primeiro contato foi o despertar do gosto pelo tema. A leitura o levou a formar-se em história e o ajudou a passar em um concurso de técnico administrativo da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso).

Em 2005, três anos após ter a ideia, surgiu o Inclusão Literária. Com recursos próprios, o historiador comprou a camionete Rural Willys verde, intitulada Furiosa, e uma Kombi. Ele reuniu diversos livros e passou a levar a iniciativa a municípios de Mato Grosso, entre eles os mais afastados, como Juína (735 quilômetros da capital).

Nos quase 12 anos de projeto, Matos percorreu mais de 80 mil quilômetros e distribuiu cerca de 50 mil livros para pessoas de todas as idades. Ele aproveita a aparência de "bom velhinho" para ser Papai Noel em shoppings de Cuiabá no fim de ano e diz usar esse ganho extra para contribuir na difusão da literatura. Nos finais de ano, também distribui brinquedos nas comunidades visitadas.

"O principal objetivo é facilitar o acesso à leitura e levar as obras para quem vive em regiões distantes."

O projeto teve auxílios pontuais do poder público. Os valores utilizados por Matos para manter a iniciativa partem de seu próprio bolso ou da ajuda de parceiros. "Em Cuiabá é mais difícil conseguir apoio a projetos assim, porque somos considerados periferia. Se fosse no Rio de Janeiro ou em São Paulo, conseguiria recursos mais facilmente."

Para o historiador, os maiores incentivadores são as pessoas que doam os livros. "Eu mesmo vou buscar a maioria das obras nas residências, mas há também aqueles que trazem na minha casa."

FOGO

Em 2015, um acidente quase interrompeu o projeto. Um incêndio, ocasionado por um curto-circuito, atingiu a casa que abrigava os livros doados para o programa de Matos.

Ninguém ficou ferido, mas cerca de 10 mil obras foram atingidas pelas chamas.

"Fiquei assustado e decepcionado. Todo o trabalho de anos foi jogado no lixo. Foi triste, chorei muito, imaginando quantas pessoas poderiam se beneficiar do conteúdo destruído", disse.

Cinco dias após o incidente, o historiador retornou à estrada para levar o projeto para a zona rural. Há cerca de um mês, ele usa somente a Kombi para chegar aos municípios, porque o motor da Furiosa fundiu. "A camionete está parada e não há previsão para consertar, porque o reparo custa R$ 5.000."

Mesmo com as dificuldades, ele disse que pretende continuar com o projeto enquanto viver e tiver forças para conduzi-lo. Entre as motivações para levar a proposta adiante estão as palavras que ouviu anos atrás de uma idosa que mora na comunidade de Porto de Fora, no Pantanal.

"Eu estava entregando os presentes de Natal quando ela me disse 'o que sei hoje é graças aos livros, que agora tenho oportunidade de ler, porque alguém viu a gente de outra forma e em vez de falar bobagens, trouxe conhecimento'", afirmou.

Além de livros, o audiovisual também integra o projeto. O historiador e alguns voluntários, que o acompanham sazonalmente, orientam os jovens a criarem produções que incluam som e imagem a partir das obras literárias.

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Clipping da educação, encaminhado pela Diretoria de comunicação social do IFG, todas as quintas.

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