Projeto de extensão promove rodas de capoeira para mulheres negras
Mulheres negras podem participar das rodas de capoeira no projeto Nossa Diáspora Negra. Também serão realizadas rodas de saberes abertas à comunidade
Nas terças e quintas-feiras à noite, a partir das 19 horas, a comunidade do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) está convidada a participar de rodas de capoeira angola focalizadas no atendimento às mulheres negras, no miniginásio. A atividade é uma das realizações do projeto de extensão Nossa Diáspora Negra, que propõe a realização de rodas de capoeira e de saberes da comunidade negra a serem desenvolvidas no Câmpus Goiânia, entre os meses de agosto e dezembro deste ano.
As rodas de capoeira para mulheres negras ocorrem nas terças e quintas-feiras, às 19 horas, no miniginásio do Câmpus Goiânia. No projeto Nossa Diáspora Negra, também serão realizadas rodas de saberes abertas a toda comunidade.
As atividades das rodas de capoeira iniciaram no último dia 15 de agosto, com a presença de servidoras, alunas e mulheres da comunidade externa, que conferiram movimentos iniciais, ritmos e cantos da capoeira, com o professor do grupo Calunga de Capoeira Angola, Carlos Alberto, conhecido como mestre Guaraná.
A participação na roda é gratuita, aberta às mulheres interessadas e a faixa etária é livre. Para participar das rodas, basta comparecer à atividade. O projeto conta com a coordenação das professoras do Câmpus Goiânia, Janira Sodré Miranda e Luciene de Almeida.
De acordo com a professora do Câmpus Goiânia e coordenadora do projeto de extensão, Janira Sodré Miranda, foi necessário realizar um recorte étnico-racial e de gênero, privilegiando a participação feminina nas rodas de capoeira. “Na verdade, a capoeira é uma prática masculina tradicionalmente. Então, se a gente não fizer esse recorte, as mulheres terão dificuldade para participarem. Existe esse recorte de gênero com a ideia de que as mulheres negras possam se apoderar dessa tradição e trazê-la para seus corpos, fomentando a cultura negra nos espaços onde essas mulheres trabalham e estudam".
A professora explica que as rodas de capoeira concretizam um tipo de aprendizagem circular, ou seja, um modelo pedagógico mais democratizado na Instituição, pois aliam o atendimento comunitário e a participação do grupo Calunga de Capoeira Angola, com mais de 30 anos, inter-relacionado as comunidades interna e externa ao IFG.
Rodas de Saberes
Além da promoção da capoeira entre mulheres da comunidade negra, serão realizadas também rodas de saberes na programação do projeto Nossa Diáspora Negra. As rodas de saberes serão promovidas quinzenalmente, a partir do mês de outubro até novembro deste ano, sempre nas quartas-feiras, no Câmpus Goiânia, às 19 horas, com participação aberta a toda comunidade. No encontro, mestres de tradições negras, lideranças comunitárias, coletivos negros e grupos de pesquisadores na temática étnico-racial falarão aos participantes.
“A gente quer trazer para cá pessoas que possam nos dizer a história do movimento negro, as trajetórias das pessoas negras que são mestres de tradição na congada, no candomblé, na capoeira. A intenção é trazer esses outros saberes e essas vozes, que são autorizadas nas suas comunidades, para conversarem com nossos estudantes”, destaca a professora Janira Sodré. Os encontros das rodas de saberes ocorrerão em outubro, após as férias acadêmicas no mês de setembro no Câmpus Goiânia.
O projeto de extensão Nossa Diáspora Negra é resultado de intervenções realizadas pelo Coletivo de Negros e Negras, desde 2008, no Câmpus Goiânia. O coletivo foi semeando ações de políticas afirmativas étnico-raciais na unidade, as quais foram institucionalizadas mediante o estabelecimento, em fevereiro deste ano, dos membros da Comissão Permanente de Políticas da Igualdade Étnico-Racial no IFG. O projeto Nossa Diáspora Negra é umas das ações de extensão do Câmpus Goiânia selecionadas no processo seletivo lançado pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex) do IFG, para receber apoio financeiro institucional, conforme resultado final da seleção divulgado no último dia 18 de agosto pela Proex.
Sobre o nome escolhido para o projeto de extensão Nossa Diáspora Negra, a professora Janira Sodré explica que o título é uma metáfora baseada na palavra diáspora, que remete a sementes que são espalhadas. Segundo a professora, existe um debate sobre a diáspora da comunidade negra. “Do jeito que os africanos fomos trazidos não é bem uma semente espalhada, talvez mais uma raiz arrancada. Mas a gente tem a experiência também de ser semente de uma civilização, que nasce desse conjunto de culturas. Daí, que vem a ideia de uma semente africana que se espalha no continente americano e no Brasil”.
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia.
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