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CULTURAS NEGRAS

“Universidade não deve se fechar no silenciamento”

Publicado: Domingo, 29 de Novembro de -0001, 21h00 | Última atualização em Segunda, 10 de Maio de 2021, 15h29

Professora Luena Nascimento, da UFRRJ, defendeu que momento é de aprofundar a crítica à universidade como espaço de colonização

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   O reitor do IFG, professor Jerônimo, abriu oficialmente o evento 

Na conferência de abertura da segunda parte do IV Encontro de Culturas Negras e VII Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais, a professora Luena Nascimento Nunes Pereira, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), trouxe para o debate as mudanças que estão ocorrendo no ensino superior brasileiro, a partir da presença de indígenas e negros nas universidades.

Com o tema “Notas sobre a emergência negra e indígena na universidade: insurgências epistemológicas e novas políticas acadêmicas”, Luena Nascimento apontou os avanços ocorridos de 1989, com a Constituição brasileira, até 2012, com a Lei de Cotas. Mas, apesar dos avanços, ela mostrou como as relações étnico-raciais ainda são desiguais também nos espaços de produção e reprodução do conhecimento, como as universidades.

Segundo afirmou, a Lei de Cotas permitiu, de fato, o acesso de indígenas e negros às instituições de ensino superior e que essa presença ainda hoje causa mal-estar, mas também está provocando a insurgência, com novas epistemologias. O mal-estar, esclareceu, é causado pelos currículos, que condizem com uma epistemologia eurocentrada e pelas bibliografias (sem autores negros). Mas Luena ressaltou que a universidade é também lugar das insurgências, com questionamentos às concepções excludentes da universidade.

Ela afirmou que a epistemologia negra tem avançado e apontado os limites do conhecimento limitado, inclusive por sua pela perspectiva de que há um sujeito do conhecimento. Disse também que a epistemologia negra tem dialogado com indígena e trazido ao debate o “sujeito coletivo”. “Precisamos pensar a produção do conhecimento como processo coletivo, pensar na radicalização das autorias coletivas”, provocou.

E defendeu que, na atual conjuntura, quando a universidade está sendo alvo de ataques e de silenciamento, é preciso aprofundar a crítica às instituições de ensino superior como espaço de colonização. “Nesse momento em que a universidade se vê acossada e perseguida pelo estado, é preciso não se fechar no silenciamento, ou seja, pensar que vamos agora nos unir porque o inimigo está do outro lado; é um momento de a universidade aprofundar a crítica, para não prosseguir com os seus próprios silenciamentos”, afirmou

Abertura

A conferência foi precedida da solenidade de abertura oficial do encontro, que começou às às 19 horas, com a presença do reitor do IFG, professor Jerônimo Rodrigues da Silva, do professor Neville Julio de Vilasboas e Santos, coordenador da Comissão Permanente de Políticas de Promoção da Igualdade Étnico-Racial (CPPIR) e representante da Comissão Organizadora Executiva do Encontro de Culturas Negras do IFG, e também da vereadora de Uruaçu, Domingas Gouveia de Carvalho, integrante da CPPIR do Câmpus Uruaçu e da Associação Quilombola João Borges Vieira.

O reitor do IFG destacou a importância do encontro de culturas negras e agradeceu aos organizadores pela segunda parte da quarta edição. O professor Neville lembrou o papel da educação antirracista e da cultura (negra), para o enfrentamento do contexto atual, que é de aguçamento das desigualdades, empobrecimento e mortes (pela pandemia da Covid-19). Domingas falou de sua emoção e da importância do evento, mesmo sendo realizado virtualmente. “Não deixamos de levar nossa, porque enfrentamos o racismo a todo momento”, afirmou.

A noite de abertura terminou com as apresentações artísticas do Projeto Mojubá e a cantora Thayná Janaína e, também, com Padê e a cantora Juçara Marçal.

 

Diretoria de Comunicação Social/ Reitoria.

 

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