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América Latina

IFG é parceiro na realização do “Seminário Internacional América Latina e suas Narrativas Insurgentes”

Publicado: Quinta, 14 de Novembro de 2019, 11h51 | Última atualização em Quinta, 26 de Dezembro de 2019, 08h17

Foram dois dias de programação no IFG com a participação de convidados externos e comunidade

Momento de pergunta aos integrantes da mesa
Momento de pergunta aos integrantes da mesa

Foi realizado no IFG-câmpus Cidade de Goiás dois momentos importantes que integram a programação do “Seminário Internacional América Latina e suas Narrativas Insurgentes”. Ontem, dia 13, foi realizada uma conferência sobre “comunicação comunitária e produção audiovisual” com Iriana Pupo e Waldo Ramirez que contaram sobre sua experiência da TV Serrana de Cuba desde sua fundação aos tempos atuais. Hoje, dia 14, foi dia de uma roda de conversa sobre “comunicação popular e movimento negro” com a participação de Elenízia da Mata (CEAM), Frei Paulo Cantanhêde (UEG) e Sinara Carvalho de Sá (UEG), com a mediação da jornalista Gabriela Marques (Magnífica Mundi/ UAB/UFG).

Iriana Pupo e Waldo Ramirez são uns dos fundadores da TV Serrana constituída em 1993 como televisão comunitária em povoado de Sierra Maestra, região montanhosa em zona rural de Cuba com o objetivo de produzir conteúdos que abordassem a cultura e história cubana contada por seu próprio povo. Eles narraram principalmente como foi construída a relação com os camponeses dos povoados ao longo do tempo até que se formassem equipes produtoras de conteúdo audiovisual nessas comunidades. “A capacidade deles de contar suas próprias histórias ajudou a transformar suas vidas, pois nesse processo foram resgatados saberes tradicionais, fortalecidos os laços comunitários e valorizada a dimensão cultural desse povo”.

Waldo Ramirez explicou que o método desenvolvido pela equipe da TV Serrana se baseou em três principais pontos: identificação e contato com as lideranças comunitárias que representavam os camponeses; reconhecimento de que os povos têm voz e podem falar por si mesmos, que podem contar suas próprias histórias, e construção de um vínculo de confiança a partir do compartilhamento e discussão com a comunidade sobre os conteúdos produzidos. “O processo de aproximação dos camponeses com as tecnologias de difusão de conteúdo audiovisual tornaram-os, com o passar do tempo, realizadores de conteúdos que são distribuídos nacionalmente. É esse reconhecimento e valorização de suas culturas que é a base de toda a resistência, pois se o povo sabe de onde veio, saberá melhor para onde quer ir”.

Ao final da elucidação dos fundadores da TV Serrana foi aberta uma roda de diálogo para que os estudantes fizessem perguntas. Foram esclarecidas dúvidas sobre a metodologia aplicada, sobre os formatos dos produtos audiovisuais, o processo de distribuição e o impacto da chegada da internet à ilha. À noite, os estudantes tiveram oportunidade de conhecer algumas das produções da TV Serrana com uma exibição no auditório da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Movimento Negro e América Latina

A mediadora da roda de conversa sobre comunicação popular e movimento negro, Gabriela Marques integrante do coletivo Magnífica Mundi (UFG), lembrou que as narrativas insurgentes do povo negro são fundamentais para as discussões sobre a América Latina. Assim, ela pediu que cada integrante falasse sobre a importância da comunicação como possibilitadora de visibilidade e, ao mesmo tempo, geradora de silenciamentos.

“As narrativas não nos contam, ainda hoje vivemos os efeitos da escravidão. Combater esse silenciamento e se emancipar é uma busca diária, em casa encontro, em cada espaço que conquistamos, pois o direito à palavra nem sempre nos está colocado”, ressaltou Elenízia da Mata, integrante do Centro Especializado de Atendimento à Mulher (CEAM) da cidade de Goiás.

“Para mim, evocar minha ancestralidade, me colocar como pertencente a uma religião de matriz africana, como moradora da rua do capim, pertencente àquela comunidade e família é uma maneira de reconhecer meu corpo como memória viva”, enfatizou Sinara Carvalho de Sá, professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG).

Frei Paulo Cantanhêde, ex diretor do câmpus Cora Coralina da Universidade Estadual de Goiás (UEG) lembrou da capoeira como instrumento ancestral do povo negro e como o corpo negro já é uma expressão poderosa de comunicação. “É importante perceber que a narrativa começa no nosso próprio corpo, na nossa presença, assumir essa negritude no meu cabelo e no jeito já é uma forma de comunicar, não podemos esperar que os órgãos oficiais façam essa narrativa pois não vão fazer”.

A atividade de hoje também integra a programação do Novembro Negro que dá visibilidade às discussões sobre o povo negro. Estão sendo realizadas durante todo no IFG-câmpus Cidade de Goiás atividades que lembram o tema, organizadas pelo Núcleo de Estudos Agro-brasileiro, indígena, de gêneros e sexualidades (NEABI).

 

Comunicação Social/câmpus Cidade de Goiás

 

 

 

 

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