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dança

Aluno de Dança apresenta espetáculo construído em residência feita na Alemanha e França

Publicado: Quinta, 14 de Dezembro de 2017, 19h06 | Última atualização em Quarta, 27 de Dezembro de 2017, 16h20

Percursos dançantes - o trabalho artístico de um dos alunos de Licenciatura em Dança do IFG Aparecida de Goiânia. 

imagem sem descrição.

 

Na última semana, dia 06/12, o aluno do 5º período do curso de Licenciatura em Dança do IFG Aparecida de Goiânia, Milton Aires, encantou seus colegas de curso e o público do Teatro Centro Cultural UFG com um trabalho artístico, criado a partir de residências internacionais. A criação é exatamente uma mostra do que o intérprete-criador trouxe de suas andanças pela Europa, neste ano de 2017.

Milton chamou o recorte de sua dança de Percurso - Demonstração. Isto é, o espetáculo apresentado ao público foi como uma edição de cenas, daquilo que Milton dançou ao lado do mestre Tadashi Endo, no Butoh Centrum MAMU, na Alemanha, e das coreógrafas Maya M. Carroll e Nina Dipla, na França, nos três meses em que imergiu em uma residência criativa, patrocinada pela Fundação Nacional de Artes, a Funarte, por meio da Bolsa Funarte para Formação em Artes Cênicas 2016.

Segundo o aluno Milton Aires, o trabalho sintetiza todo o percurso vivenciado, desde a ideia de se fazer a viagem, de ir fazer a residência, até o momento em que isso vem ao público. Sobre o que foi demonstrado, Milton explica: “O que eu apresento é um recorte muito subjetivo e pessoal das vivências que eu tive lá. E aí, esse recorte, como eu apresento, eu forjo uma situação espetacular, uma criação de uma performance. Pra não ser uma simples comunicação, onde eu falo e demonstro as situações que eu vivenciei. Então eu criei uma estrutura de apresentação que eu chamo Percurso-Demonstração, onde eu faço um ensaio de todo esse percurso dançado e teatralizado, dependendo do ponto de vista de quem está assistindo também.”

Segundo Milton, seu trabalho de pesquisa e criação, sobre a dança e o teatro, agora parte pra um outro momento: “A partir de agora eu começo um outro momento, que é: como que eu pego essas matérias e isso que reverberou nas pessoas, o que elas viram disso, o que é que me interessa manter, o que me interessa tirar, pra construção de um espetáculo mesmo. A partir de agora eu pego esse aprendizado, essa formação, e pego o que mais me move nesse lugar que não é tão visível, enquanto movimento de dança, não é tão claro enquanto relação teatral, mas que é o lugar que está ali, numa simbiose, num lugar de coexistência. Um teatro que dança, uma dança que é teatro. Então a partir daí eu começo, a partir de agora, a construção de um processo solo, investigar uma dramaturgia, novos processos de indução cênica, e tem aí mais uns 6 meses aí pra se concluir essa nova etapa.”.

O trabalho Percurso - Demonstração Integrou a programação do projeto 4ª Tem Dança,  e do FUGA - Festival Universitário de Goiás.  A exibição do espetáculo é uma parte do projeto de Milton, chamada de "Amostra-Cena In/Visível”, que é quando acontece o compartilhamento de experiências e vivências em dança e teatro, a partir de processos de formação em residências e intercâmbios artísticos realizados por ele na Alemanha e na França no ano de 2017. As atividades têm como objetivo dar continuidade a residência artística no Brasil, com o intuito de expandir e difundir as experiências, por meio da formação e comunicação, promovendo momento de troca e de diálogos. Amostra já foi realizada no mês de outubro em Belém do Pará, em novembro em Itumbiara(GO), e agora em dezembro, em Goiânia. Além da apresentação, Milton também ministrou a oficina “O Invisível no Corpo Dança Teatro”, de forma gratuita, no IFG Aparecida de Goiânia. O espetáculo teve entrada gratuita e os alunos da Licenciatura em Dança foram convidados para assistir à apresentação como uma atividade da disciplina da professora Giovana Consorte. 

 

Sobre o que foi visto

Sobre a obra demonstrada por Milton, o público pôde se manifestar ao final, quando o bailarino se sentou com seus pares para conversar a respeito do que foi colocado em cena. Em uma breve descrição, podemos citar o fato de que o trabalho foi divido em partes, que separam as forças de cada criador com quem Milton conviveu ao longo de 3 meses. Nessa colagem, que mobilizou movimentos marcados e improvisados, mas também as emoções do intérprete, vimos sob luz intensa e difusa os náufragos de um mar, cuja dor e sofrimento pudemos sentir nas contorções corporais e nas cores que faziam sombrear e sumir um corpo que se multiplicava em incontáveis uns, do intérprete que trazia à tona de sua pele, as camadas, como ele mesmo chamou, de sua própria existência física e emocional. Em seguida, um corpo coberto de pouco tecido e muita crueza se encolhia e se estendia em saltos e contrações quase abortivas, de um estado de insanidade provocada, novamente, pela dor do abandono e da miséria. Então, uma virada. A troca de figurino é de frente ao público. Uma roupa quase social traduz um outro ser humano, agora malicioso e destemido. Era a voz e luz das mulheres coreógrafas, que redimensionaram parte da estada de Milton no velho continente. E pra encerrar, como em uma provocação do que vem a seguir, um exercício de deixar o corpo percorrer o caminho desejado e não o traçado. Assim foi parte da experiência, descrita como intensa por boa parte dos presentes, de poder encontrar uma dança que naturaliza sotaques e idiomas intercontinentais em um corpo-terreno bastante fértil, que é a produção de Milton Aires. Intenso, hipnótico e visceral, pode ser um resumo do que foi visto por uma plateia ávida por uma dança tão inteira e consistente.

(Por Ana Paula Mota, produtora cultural do IFG Aparecida de Goiânia e espectadora do espetáculo)

 

Ficha técnica:

Artista performer e residente: Milton Aires

Assistente de pesquisa e criação: Patrick Mendes

Artistas colaboradores/formadores: Tadashi Endo (Japão), Maya M. Carroll (Israel) e Nina Dipla (Grecia)

 

 

SOBRE MILTON AIRES

 

Milton Aires, ator, bailarino e produtor cultural, paraense, radicado em Goiás desde 2014. Graduando de Licenciatura em Dança pelo IFG – campus Aparecida de Goiânia. Co-fundador da empresa Jambo & Jambú Produções (2013) e integrante dos grupos Coletivo Miasombra (PA) (2011) e Grupo Teatro que Roda(GO) (2015). Artista de Teatro desde 1999 e de dança desde 2008, em Belém trabalhou com os grupos: Cia de Investigação Cênica, Estúdio Reator, In Bust Teatro com Bonecos, Usina Contemporânea de Teatro. De 2011 a 2013, fez residência artística em São Paulo onde participou do núcleo de formação de atores da Casa Laboratório com direção de Cacá Carvalho e Integrou o núcleo artístico da Companhia do Miolo; intercâmbios artísticos com Lume Teatro – Campinas (SP) (2003,2006,2009,2011); Núcleo Artérias, Adriana Grechi (2011,2013) e Tadashi Endo (2011, 2017).

 

Veja as fotos do evento e da performance

 

 

Coordenação de Comunicação Social e Eventos / Câmpus Aparecida de Goiânia

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