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Encontro EJA

Defesa da Educação de Jovens e Adultos e do ensino integrado marcam abertura do I Encontro Nacional da EJA da Rede Federal

Publicado: Quinta, 24 de Maio de 2018, 09h26 | Última atualização em Quinta, 24 de Maio de 2018, 09h27

O evento está sendo realizado no Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) com participantes de todo o País

Auditório lotado na abertura do Encontro Nacional da EJA da Rede Federal
Auditório lotado na abertura do Encontro Nacional da EJA da Rede Federal

A defesa da Educação de Jovens e Adultos (EJA) e a necessidade de sua ampliação foi salientada na abertura do I Encontro Nacional da EJA na Rede Federal, realizada na noite desta segunda-feira, 21, no Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG). O evento, que segue até quarta-feira, está reunindo cerca de 400 pessoas, entre professores, pesquisadores e estudantes de vários estados, e contou com 42 pró-reitores de Ensino de institutos federais na cerimônia de abertura. Os participantes estão avaliando os 11 anos de implantação da Educação de Jovens e Adultos na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, por meio do decreto nº 5840, de 13 de julho de 2006.

Os professores Mad’Ana Desirée Ribeiro de Castro (IFG) e Dante Henrique Moura (IFRN), com reconhecida trajetória em estudos e pesquisas sobre a Educação de Jovens e Adultos, compuseram a mesa-redonda de abertura do Encontro. Abordando o tema “Os onze anos de Educação de Jovens e Adultos integrada à Educação Profissional da Rede Federal”, os palestrantes discorreram sobre o processo histórico que envolve o perfil de estudantes da EJA, a atual conjuntura política do País e aspectos normativos e sociais relacionados ao tema.

Dante Henrique Moura abriu a exposição falando de sua satisfação em participar do evento. Ele comentou que a Educação de Jovens e Adultos corresponde a apenas 2,7% das matrículas no País, apesar de metade da população jovem e adulta não possuir a escolaridade básica. Dante acrescentou que o congelamento do teto de gastos nas área de saúde e educação e as reformas que estão em curso no Brasil – trabalhista, previdenciária e do Ensino Médio - vêm agravar a situação para a classe trabalhadora. O palestrante discorreu sobre projetos societários que estão em disputa no Brasil e destacou que a centralidade deve estar na dimensão humana e não na econômica.

“A nossa vida é uma totalidade. Ela funciona a partir de todos os campos. Para se aprofundar no campo científico, é preciso relacionar os campos científicos, ao contrário do que propõe a Reforma do Ensino Médio”, afirmou Dante Moura, em defesa da educação integrada, sem exclusão de disciplinas e de carga horária, mas incorporando-as à educação técnica e profissional. O palestrante enfatizou a importância da formação integrada na Educação de Jovens e Adultos como política pública. Ele apontou com críticas concessões políticas e econômicas feitas pelo governo anterior, mas ressaltou que reformas tão prejudiciais aos direitos sociais não seriam feitas, o que teria motivado o “golpe”.

A professora Mad’Ana Desirée Ribeiro de Castro iniciou sua palestra com um enaltecimento às pessoas que fazem acontecer a Educação de Jovens e Adultos no País. Ela citou nomes de referência que atuam na área em vários estados, muitos deles manifestaram sua presença no Encontro. Ela apresentou estatísticas referentes à educação básica e à EJA e ressaltou a necessidade de ampliação dessa modalidade de ensino, de forma integrada. “É preciso dizer: ‘nenhum brasileiro a mais fora da escola’!”, enfatizou Mad’Ana.

Mad’Ana fez referências às preocupações conjunturais do País trazidas pelo professor Dante e relacionou-as à informação divulgada na semana passada pelo IBGE, dando conta de que 27 milhões de pessoas estão desempregadas no País, a maioria das classes C, D e E, com filhos. A palestrante abordou ainda a formação de docentes e, em alusão ao educador Paulo Freire, comentou que o professor não tem que se perguntar como deve ensinar, mas “como esse público aprende”. Ela comentou que a realidade desse estudante precisa ser considerada desde o processo seletivo, que muitas vezes são realizados de formas não acessíveis a todas as pessoas que dele precisam. O público presente à abertura participou com questionamentos aos dois palestrantes, que responderam e comentaram todas as intervenções.

 

Atrações culturais e pronunciamentos

Antecedendo a realização da mesa-redonda com os professores Mad’Ana Castro e Dante Moura, o I Encontro da Educação de Jovens e Adultos da Rede Federal teve uma abertura cultural e os pronunciamentos de autoridades da Rede e na área da EJA. A parte cultural foi rica em conteúdo e em sua variedade artística. A abertura foi feita pela aluna Zulêne de Cássia Macedo Amorim, do curso Técnico Integrado em Informática, oferecido na modalidade EJA no Câmpus Goiânia do IFG. Ela recitou um poema de Adão Pereira da Feitosa que integra o livro "Doce, forte e brilhante", organizado pela professora Hosamis Ramos de Pádua. Em seguida, os participantes presentes puderam apreciar música e dança. O professor Tião, que ministra a disciplina de História também no Câmpus Goiânia, cantou com um grupo de alunos, e o grupo de dança “Corpo Composto”, formado por estudantes de cursos técnicos integrados ao Ensino Médio do Câmpus Aparecida de Goiânia, encenaram trecho do espetáculo “AdoleSendo”.

A importância de unir esforços em prol do ingresso, permanência e êxito do público da Educação de Jovens e Adultos foi destacada pelos membros da mesa diretiva do evento. Os pronunciamentos foram abertos pelo coordenador do Encontro e coordenador da EJA no IFG, professor Ghesley Jorge Xavier. Ele parabenizou a Rede Federal pela realização do evento e da necessidade que 80 milhões de brasileiros jovens e adultos ainda têm de concluir o Ensino Médio. “Dentro do contexto atual em que vivemos, de cortes no orçamento, de desmontes e perdas de direitos, se torna um ato de coragem e afirmação de algo fundamental para a humanidade, o direito à educação”, afirmou.

Representando o reitor do IFG, professor Jerônimo Rodrigues da Silva, a pró-reitora de Ensino da Instituição, professora Oneida Cristina Gomes Barcelos Irigon, disse que é um orgulho para o IFG sediar um evento que busca mudar a realidade de pessoas excluídas, que um dia precisaram deixar a escola. Oneida reforçou a importância do currículo integrado e falou da clareza que a Rede Federal tem de não aceitar a Reforma do Ensino Médio. A representante do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal (CONIF) e reitora do Instituto Federal do Sertão Pernambucano, professora Maria Leopoldina Veras Canedo, destacou a importância de os colegas servidores assumirem a Rede. “Com certeza, vamos sair daqui com um outro olhar para esse aluno”, afirmou Maria Leopoldina.
Integraram também a mesa de autoridades, a diretora-geral do Câmpus Goiânia, professora Maria de Lourdes Magalhães, o coordenador do Fórum Goiano de EJA, Rones Paranhos de Deus, e os pró-reitores de Ensino Maria Lucilene Belmiro de Melo (IFAC), Adilson César de Araújo (IFDF), Carlos André de Oliveira Câmara (IFMT), Delmir da Costa Felipe (IFMS) e Virgílio Tavira Erthal (IF Goiano), que esteve representando o reitor do a Instituição, Vicente Pereira de Almeida.

 

Leia mais sobre o evento:

“Esse curso mudou a minha vida e é por isso que estou aqui hoje falando com vocês”, conta aluna indígena durante evento nacional

 

Fotografias

Acesse o álbum de fotos da noite de abertura.

Acesse o álbum de fotos do segundo dia.

Comissão Local de Organização do I Encontro da EJA na Rede Federal / Diretoria de Comunicação Social – Reitoria IFG

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