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ENSINO

Licenciatura em Letras prepara futuros professores a trabalharem temáticas afro-brasileiras e indígenas

Publicado: Quarta, 03 de Outubro de 2018, 15h58 | Última atualização em Sexta, 05 de Outubro de 2018, 11h52

Curso segue as determinações das Leis Federais 10.639/2003 e 11.654/2008 que procuram reforçar o ensino das histórias de culturas negra e indígena nas escolas brasileiras

Curso promove atividades para capacitar futuros docentes a trabalhar a temática indígena e negra em sala de aula
Curso promove atividades para capacitar futuros docentes a trabalhar a temática indígena e negra em sala de aula

Cumprindo o que estabelecem as Leis Federais 10.639/2003 e 11.645/2008, que tornam obrigatório o ensino das histórias e das culturas afro-brasileira e indígena no currículo das escolas públicas e privadas, o curso de Licenciatura em Letras – Língua Portuguesa do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) procura oferecer aos seus alunos capacitação necessária para atuarem em sala de aula, como futuros professores que possam transmitir esse conhecimento multicultural.

Para isso, em seu projeto pedagógico, a Licenciatura em Letras disponibiliza disciplinas, promove eventos e incentiva a participação dos futuros docentes em iniciativas que dão visão às culturas afro-brasileiras e indígenas. Um exemplo é uma das Práticas como Componente Curricular (PCC) do curso, que tem o objetivo de promover a discussão sobre diversidade e ensino de Língua Portuguesa e Literaturas.

“Por meio dessa PCC, foram realizadas visitas pedagógicas e diálogos no curso de Educação Intercultural - Formação Superior Indígena, da UFG, fomos também à Associação Espaço Cultural Vila Esperança, na Cidade de Goiás, lemos obras de Maria Carolina de Jesus, de Conceição Evaristo, debruçamo-nos sobre as Leis citadas anteriormente, em um movimento de teoria e prática, em que os alunos puderam propor aulas, construir materiais didáticos, entrar em contato com as culturas africanas e indígenas de diversas maneiras”, explica a professora Micheline Lage, que ministra as disciplinas de Literatura Infantil e Juvenil e de Teoria Literária.

Para Micheline, a legislação permite que se reveja a própria identidade brasileira, que é formada por uma miscigenação, principalmente de influências que vêm dos negros e índios. “Houve um apagamento histórico de nossas raízes, valorizando-se apenas a cultura europeia, branca, sobrepondo-se às demais culturas. Durante muitos anos, disciplinas como História do Brasil ou Língua Portuguesa raramente concederam espaço nas aulas para as perspectivas dos vencidos ou às formas linguísticas e artísticas de menor prestígio dentro da hierarquia social vigente”.

Práticas curriculares

Com o objetivo de estimular e propagar o conhecimento sobre as culturas afro-brasileiras e indígenas entre os estudantes da Licenciatura, foi ministrada, no dia 28 de setembro, a atividade Na teia de Ananse, com a professora Sonaly Torres Gabriel. Ela, que é doutoranda do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Performances Culturais da Universidade Federal de Goiás, veio mostrar um pouco do seu trabalho enquanto contadora de histórias e autora do livro Faz de contos: as crianças, os cantos e o contar. O livro fala sobre a importância de contar histórias às crianças desde muito cedo até a idade adulta. É uma obra voltada a adultos e que traz contos africanos, indígenas e europeus.

Sonaly conduziu oficina de contação de histórias afro-brasileira e indígena aos alunos da Licenciatura em Letras do IFG - Câmpus Goiânia
Sonaly conduziu oficina de contação de histórias afro-brasileira e indígena aos alunos da Licenciatura em Letras do IFG - Câmpus Goiânia

 

“A gente pode olhar o contexto escolar brasileiro, ou até mesmo pessoal, se a gente for lembrar das histórias que a gente gosta, todas são de origem europeia. Então a gente não conhece, na verdade, as histórias dessas outras etnias e povos que compõem aquilo que nós somos. É muito importante vir e contar histórias de povos africanos e indígenas por que isso também é resgatar as nossas próprias raízes. É nesse sentido que a gente vem trabalhando, honrando esses povos e honrando o que há em nós de herança ancestral desses povos”, ressalta Sonaly.

A atividade foi dividida em dois momentos: um em que a professora executou uma performance de contação de histórias e um outro momento em que os estudantes da Licenciatura em Letras puderam experimentar as técnicas trazidas por Sonaly.

Além de pesquisadora, a professora também é atriz. Para Micheline, o evento foi de grande valia aos estudantes. “Por essa formação, (ela) pode proporcionar às turmas vários jogos teatrais, técnicas corporais, a arte de ouvir, para depois introduzir os licenciandos no universo mágico dos mitos africanos e indígenas. Os discentes tiveram uma experiência diferenciada de aprendizagem, associando corpo e voz.”

Além de oficinas como essa ministrada por Sonaly, os estudantes da Licenciatura em Letras do IFG – Câmpus Goiânia são estimulados a participarem de atividades como o projeto de ensino Literatura e Cinema, coordenado pelas professoras Luciene Araújo de Almeida e Cleide Araújo Machado, em que questões sociais (incluindo o racismo) são tratadas por meio de filmes; dos eventos promovidos pelo próprio curso de Letras, como a Semana de Letras e a Epígrafe; de seminários e congressos, como o Encontro de Culturas Negras, realizado pelo IFG.

“A temática é transversal e atravessa outras disciplinas do curso, por meio da seleção criteriosa de textos que tocam nesses assuntos, a fim de se formar o professor da área de Letras apto a lecionar Língua Portuguesa numa perspectiva multicultural”, finaliza Micheline.

 


Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia.

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