“Não dá para colocar a culpa no outro porque a responsabilidade é de cada um”
Doutora em Filosofia Ética e Política, a professora Lígia Pavan Baptista, da UnB, falou sobre ética na administração pública e ética na pesquisa em eventos distintos do IFG
A ética é um instrumento de prevenção. Existem muitos conflitos éticos na administração pública e a forma de se evitar desvios de conduta são os processos educativos. Esta é a posição da professora Lígia Pavan Baptista, que participou do 2º Workshop Moralidade e Conduta Ética – Gestão da Ética na Instituição de Educação e do 4º Seminário de Iniciação Científica do Câmpus Aparecida de Goiânia, hoje, 27.
A professora é taxativa ao afirmar que, na administração pública, a ética não é somente um dever moral, mas também uma obrigação legal. “Existe uma distinção entre Ética e Direito, mas há áreas que se sombreiam. Como a Constituição brasileira estabelece o princípio da moralidade para a administração pública, a ética no serviço público é também lei”, explica.
Lígia Pavan também é firme ao afirmar que o compromisso com a ética depende de cada um. “Estamos sempre tentando colocar a culpa no outro. A corrupção é culpa dos políticos. Os brasileiros em geral dizem que os culpados estão em Brasília; quem mora em Brasília coloca a culpa no Congresso Nacional. Mas não dá para fugir ou jogar a responsabilidade para os outros. A culpa é nossa”, critica.
Segundo ela, a crise política brasileira cresceu porque a sociedade não reagiu à altura. Lembrando que a Constituição brasileira buscou em Rousseau o princípio de que todo poder emana do povo, Lígia chama a população brasileira a se empoderar para exigir a moralidade na política. “O poder é nosso e nos esquecemos disso”, diz.
Plágio
A professora que é também secretária regional no Distrito Federal da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), falou sobre ética aplicada à pesquisa aos professores e estudantes participantes do 4º Seminário de Iniciação Científica do Câmpus Aparecida de Goiânia. Segundo disse, os estudantes, inclusive de cursos superiores, precisam de informações para desenvolver pesquisas científicas de qualidade.
Lígia apresentou aos presentes um material produzido pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBCT), que trata desde a escolha das fontes de pesquisas até a citação dos créditos. “A internet, por exemplo, pode ser uma excelente fonte de pesquisa, mas é preciso saber usá-la de forma qualitativa e ética”, afirmou.
Ela alertou para um dos graves problemas éticos na pesquisa que a internet aumentou: o plágio. “A busca da fonte de qualidade já é um primeiro problema, mas o plágio é um escândalo. As pessoas estão simplesmente copiando o que outros autores escreveram, sem dar o devido crédito aos autores”, criticou.
A essas questões básicas da ética na pesquisa científica, Lígia Pavan acrescenta outras, mais complexas e polêmicas. Segundo ela, a bioética (ética aplicada à ciência) tem discutido questões, como utilização de células tronco embrionárias, que inclusive esbarram na religião. “O debate é importante e necessário”, resume.
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