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ENSINO REMOTO

Pesquisa revela amplitude da desigualdade social no IFG, UEG e UFG

Publicado: Terça, 14 de Dezembro de 2021, 18h32 | Última atualização em Terça, 14 de Dezembro de 2021, 18h33

Para 41% dos alunos, ensino remoto prejudicou muito ou inviabilizou o aprendizado

Percepção geral dos alunos sobre o ensino remoto
Percepção geral dos alunos sobre o ensino remoto

Uma pesquisa com 7.602 estudantes das instituições públicas de ensino superior do Estado de Goiás (IFG, UFG e UEG) mostrou que os alunos sentiram negativamente o impacto do ensino remoto emergencial (ERE). E a vulnerabilidade socioeconômica dos estudantes é fator determinante para a perda da qualidade do aprendizado.

Para 41% dos alunos, o ERE prejudicou muito ou inviabilizou o aprendizado. Esta avaliação está diretamente associada às condições gerais para o acompanhamento das aulas. Os que mais sentiram o impacto negativo foram os que estão estudando remotamente em condições precárias, sem equipamentos e locais de estudo adequados e enfrentado ainda o impacto econômico da pandemia.

Os principais dados da pesquisa “Ensino remoto emergencial e vulnerabilidade discente” foram apresentados na tarde desta terça-feira, 14, em evento público e on-line, transmitido pelo canal IFG oficial do YouTube. O evento foi organizado pelos realizadores: o Observatório do Mundo do Trabalho do IFG e o Observatório do Estado Social Brasileiro UFG/UEG.

A apresentação geral foi feita pelo assessor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional do IFG, Weber Tavares da Silva Junior, complementada pelos pesquisadores Tatiana Rodrigues (UEG), John Mazzini (aluno UFG) e Tadeu Arrais (UFG).

Perfil

O levantamento, realizado por meio da aplicação de questionário on-line no mês de agosto, buscou traçar o perfil dos estudantes das instituições e identificar os impactos do ERE na qualidade do ensino. “A gente teve um grande prejuízo e temos de pensar em como vamos retomar as atividades presenciais, quando as condições sanitárias permitirem”, resumiu Weber Tavares.

Os dados, que durante a apresentação ele chamou de “achados”, são elucidativos. Os alunos são homens (44%) e mulheres (56%), majoritariamente pretos e pardos (62%), solteiros, sem filhos, moradores de áreas urbanas, em casas próprias ou dos pais, e são trabalhadores (65% dos graduandos trabalham).

Entre os que trabalham, a maioria continuou em trabalho presencial durante a pandemia e 6% relatou casos de óbitos decorrentes da Covid-19 em casa. A maioria (64%) não tem plano de saúde e teve a renda familiar por pessoa reduzida durante a pandemia (67%). Segundo Weber, alunos que já viviam em condições de vulnerabilidade social tiveram essa vulnerabilidade agravada.

Aulas

As condições de moradia (maioria mora com mais pessoa) e a falta de equipamentos adequados para o acompanhamento das aulas e para as demais atividades remotas foram determinantes para que grande parte dos alunos tivesse dificuldades. E quem teve dificuldades considerou que as aulas sincrônas foram insuficientes e, inversamente, que as atividades assincrônas foram excessivas.

Os dados apontam que 70% têm condições gerais para o ERE parcialmente adequadas ou insuficientes. 34% disseram acompanhar as aulas pelo celular e 50% relataram queda frequente da internet, além de outros tipos de interrupção. 71% afirmaram que assistem as aulas no quarto, o que parece positivo, mas Weber alertou que, para a maioria, o quarto também é compartilhado.

Ele também apresentou um recorte de gênero dos dados, que revela que as mulheres são ainda mais vulneráveis que os homens. Mais mulheres relataram não contar com condições adequadas para o ensino remoto e mais interrupção durante as atividades. O cuidado com os filhos, por exemplo, é majoritariamente feminino. Entre as mulheres que declaram ter filhos, 60% informaram que são elas que cuidam; entre os homens, esse porcentual cai para 28%.

Tatiana Rodrigues apresentou um recorte dos dados da UEG, destacando capilaridade física da universidade estadual e as diferenças entre as suas unidades. Segundo ela, a pesquisa revelou que a vulnerabilidade dos estudantes é mais sensível nas unidades situadas nas regiões Norte e Nordeste do Estado.

John Mazzini apresentou dados sobre a renda dos alunos da UFG, que foi prejudicada com a pandemia. Tadeu Arrais destacou a importância do trabalho interinstitucional e as possibilidades de recortes da pesquisa, aspecto também enfatizado por Weber Tavares.

Abertura

Antes da apresentação dos dados da pesquisa, uma mesa de abertura reuniu os reitores das instituições públicas de ensino superior no Estado. Participaram a reitora do IFG, professora Oneida Irigon, o reitor da UEG, professor Antônio Cruvinel, o reitor do IFGoiano, professor Elias Monteiro, e a pró-reitora de Graduação do UFG, Jaqueline Araújo, que representou o reitor Edward Madureira. A mesa foi coordenada pela coordenadora do Observatório do Mundo do Trabalho do IFG, Ivanillian Ferreira Pais Landim.

Todos destacaram a importância da pesquisa para as ações futuras de cada uma das instituições e do trabalho interinstitucional. A professora Oneida afirmou que os dados vão ajudar cada instituição a definir por onde caminhar, o que fazer para melhorar o ensino remoto e como se preparar para o retorno.

Segundo ela, o ensino remoto desnudou a desigualdade social dentro das instituições, que muitos teimavam em não ver. “Os dados mostram a relação entre a vulnerabilidade social e as dificuldades enfrentadas. Isso nos impõe o desafio de reocupar nossas instituições, porque não podemos começar de onde paramos”, afirmou.

 

O evento de apresentação da pesquisa está disponível no canal do YouTube do IFG: https://www.youtube.com/ifgoficial

A pesquisa será disponibilizada na página do Observatório do Mundo do Trabalho do IFG e do Observatório do Estado Social Brasileiro UFG/UEG.


Diretoria de Comunicação Social/Reitoria.

 

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