Pesquisadores do IFG e da UFG desenvolvem estudos para o tratamento de esgoto com uso de plantas
Pesquisas com os Wetlands Construídos visam despoluir a água a partir de um sistema sustentável
Hoje, 22 de março, celebra-se o Dia Mundial da Água, e esse recurso natural tão importante para o nosso ecossistema é foco também de pesquisas. Um desses estudos envolve professores e alunos do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) e da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal de Goiás (UFG) e visa tratar o esgoto sanitário com o uso de plantas e também melhorar a qualidade do efluente tratado para o reúso, utilizando o sistema de Wetlands Construídos. Essas pesquisas com esse tipo de sistema são desenvolvidas conjuntamente pelo professor do Câmpus Goiânia do IFG, Douglas Pitaluga, e pelos docentes da UFG, Rogério de Araújo Almeida e Ricardo Prado Abreu Reis.
As pesquisas que aplicam esse tipo de sistema chamado tecnicamente de Wetlands Construídos - vulgarmente conhecidos também como alagados construídos, zonas de raízes ou jardins filtrantes - consistem na implantação de ecossistemas artificiais para o tratamento de esgotos sanitários, utilizando plantas, substratos e micro-organismos como componentes atuantes para a despoluição do esgoto. Segundo o professor do curso de Engenharia Civil do Câmpus Goiânia do IFG, Douglas Pitaluga, os sistemas Wetlands Construídos utilizam os processos naturais de filtragem biológica da água que são realizados pelas plantas macrófitas, espécies que resistem a regiões com baixos níveis de oxigênio, para o tratamento do esgoto sanitário. Entre alguns exemplos dessas plantas, o docente cita as popularmente conhecidas Taboa e o Lírio do Brejo, mas também afirma que outras espécies podem ser usadas, como o Capim Vetiver.
O sistema funciona de modo que as plantas macrófitas retirem do esgoto sanitário os nutrientes necessários à sua sobrevivência e promovam a remoção de poluentes da água. Na sequência, o efluente tratado por meio das plantas pode passar ainda por um processo de filtragem, com o auxílio de areia, brita e a ação de micro-organismos, promovendo a despoluição da água. O efluente resultante desse tratamento pode ser reutilizado para fins de descargas, irrigação de jardins e outros usos que não envolvam o consumo de água potável, bem como pode retornar ao meio ambiente, para ser descartado em rios ou ribeirões, com mínimos impactos ambientais.
Sistema eficiente e sustentável
O professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da UFG, Rogério de Araújo Almeida, explica que os sistemas de Wetlands Construídos não são únicos, podendo ser constituídos de vários tipos, por exemplo, os mais comuns com uso de plantas aquáticas flutuantes e há também outros com plantas aquáticas submersas ou emergentes. Há também diferentes fluxos que incidem no método de tratamento do esgoto com plantas, sendo possível várias possibilidades de composição desse tipo de sistema.
Segundo o docente, os Wetlands , desde que bem projetados, implantados e manejados, podem ser muito eficientes. “Nós fizemos várias pesquisas e obtivemos, por exemplo, eficiência da ordem de 95%. Realmente é um sistema que permite ter eficiências bem elevadas. De outro lado, destaca-se que a aparência estética é agradável, porque você pode ter um jardim e, no sistema raticular desse jardim, ter esse tratamento ocorrendo. Isso é uma vantagem muito grande”, ressalta o professor Rogério Almeida.
Outra vantagem dos sistemas de Wetlands Construídos em relação ao modelo convencional de tratamento de esgoto, conforme destaca o professor Rogério Almeida, está na descentralização do sistema. “Nos sistemas convencionais, você coleta o esgoto da cidade inteira, que é levado para um único local, e isso tem um custo elevado também, porque nossas adutoras ficam muito distantes. Já nos sistemas Wetlands, pode-se ter isso de forma descentralizada. Por exemplo, a gente tem uma universidade e pode ter o tratamento de esgoto dessa universidade, ou ter o tratamento de esgoto de uma quadra, numa praça, sem comprometer o uso dessa praça”. Desse modo, o sistema caracteriza-se por ser uma alternativa de tratamento de esgoto que é sustentável, eficiente e economicamente viável.
O Wetland Construído pode ser aplicado tanto para esgoto sanitário doméstico quanto para esgoto industrial, sendo que é preciso também considerar, nas diferentes aplicabilidades do sistema, os tipos de espécies de plantas a serem empregadas, dependendo do tipo de esgoto a ser tratado, explica o professor Rogério Almeida.
Atualmente nos câmpus da UFG em Goiânia, estão implantadas duas estações de pesquisa e tratamento de esgoto com plantas, uma no câmpus Samambaia e outra situada na Escola de Engenharia Civil e Ambiental, no câmpus I da universidade. Essas estações são usadas para várias pesquisas de pós-graduações no âmbito da UFG e também para pesquisas desenvolvidas por professores do Câmpus Goiânia do IFG. Os estudos desenvolvidos por meio desse sistema resultaram também na publicação, em 2015, de um livro de título: Wetland Construído no tratamento de esgotos sanitários, de autoria dos professores da UFG, Rogério de Araújo Almeida e Ricardo Prado Abreu Reis, e do docente do Câmpus Goiânia do IFG, Douglas Pitaluga. O livro é disponibilizado nas bibliotecas do IFG e da UFG.
Mais qualidade para o efluente tratado
Os estudos com os sistemas Wetlands Construídos terão continuidade, neste ano, numa pesquisa que visa implantar mais uma unidade de tratamento, conhecida como filtro lento, para fazer o polimento do efluente, na estação de pesquisa e tratamento de esgoto com plantas, localizada no câmpus I da UFG. Conforme explica o professor do IFG, Douglas Pitaluga, a intenção, com essa pesquisa, é melhorar a qualidade do efluente a fim de proporcionar o seu reúso em atividades que utilizam água de fim não potável.
“Com esse novo arranjo, será possível avaliar o potencial de reúso do efluente tratado naquela estação experimental. De posse dos resultados do potencial de reúso, pretende-se destinar esse efluente para ser reutilizado nas atividades que cabem o seu reúso, tendo em vista que será alcançada a qualidade da água”, explica o professor Douglas Pitaluga. Para essa pesquisa, há a participação de uma equipe de pesquisadores, com a atuação de professores do Câmpus Goiânia do IFG e também da Escola de Engenharia Civil e Ambiental da UFG e mais discentes das duas instituições.
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia
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