Câmpus Goiânia auxilia moradores da Vila Romana no desenvolvimento de filtro sustentável para água de cisterna
Projeto envolve servidores técnico-administrativos, estudantes e egressos da unidade, além da Associação de Moradores da vila localizada em Aparecida de Goiânia
Servidores do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) desenvolvem projeto de extensão junto a moradores da Vila Romana, em Aparecida de Goiânia. O objetivo da ação é instruir os membros da comunidade a produzirem filtros, utilizando materiais acessíveis e sustentáveis, que vão auxiliar no tratamento de água de cisternas. As atividades do projeto são executadas desde de dezembro de 2018 e atendem cerca de 700 moradias, com média de quatro pessoas por família.
A ideia da extensão surgiu a partir do projeto para curso de Mestrado Profissional em Tecnologia de Processos Sustentáveis, ofertado pelo Câmpus Goiânia, realizado pelo servidor Marcus Vinícius Ramos, técnico do Laboratório de Química da Instituição. Ele explica que as casas da Vila Romana não contam com sistema de água tratada e sua captação ocorre, pela companhia de saneamento, por meio de poços profundos do aquífero Serra das Areias, que possui concentração natural de ferro e manganês em quantidades além das permitidas, incluindo muitos pontos de excesso de cálcio e magnésio. Para tanto, equipe responsável pelo projeto no IFG – Câmpus Goiânia entrou em contato com a Associação de Moradores da Vila Romana para articular as atividades na comunidade em Aparecida de Goiânia.
Além dos problemas com metais na água, as residências da vila passam por outra problemática: muitas de suas cisternas ou poços, oriundos de lençóis mais superficiais, sofrem contaminação microbiológica, isso porque estão próximos a fossas, já que a comunidade não conta com coleta de esgoto sanitário. De acordo com Marcus, essa condição leva os moradores a comprarem água para atender suas necessidades mais básicas que exigem potabilidade. “Diante dessas razões, propõe-se desenvolver um filtro para tratamento de água subterrânea que seja eficaz na remoção de metais, com filtro microbiológico, de modo a garantir os direitos básicos à saúde, saneamento, à água potável para a comunidade ser atendida com extensão da tecnologia como Tecnologia Social, a ser replicada para outras regiões”, acrescenta o proponente do projeto.
A proposta do projeto é ensinar os moradores a confeccionarem seus próprios filtros utilizando materiais simples como cascas de coco, PVC, lâmpada Ultravioleta (UV) e vermiculita – material encontrado em casas de construção. Conforme explica Marcus, o formato específico do filtro ainda está em etapa de dimensionamento, tendo como base as análises das amostras de água coletadas nas cisternas das residências da Vila Romana. Segundo ele, em cada caso há uma particularidade, devido à proximidade dos poços às fossas e outros fatores que podem contribuir com a contaminação da água no local.
Contudo, pelas pesquisas realizadas no projeto, percebe-se que três etapas de filtração são eficazes no tratamento da água dos moradores, são elas: preparo de carvão com ativação física; preparo com meios filtrantes; e preparo com UV microbiológico.
A primeira etapa diz respeito ao reaproveitamento de cascas de coco verde que podem se transformar em carvão ativado após passarem por processo de queima. “Pretende-se reaproveitar materiais de fácil acesso, como latas metálicas de 9 a 18 litros com tampa, provenientes de armazenamento de alimentos, para colocar as casas de coco secas, tampadas com pequena abertura e aquecer ao fogo até cessar totalmente a fumaça”, detalha Marcus. Após resfriar, retira-se o carvão (as cascas queimadas), tritura-o parcialmente e, em seguida, todo o material é peneirado para obter o carvão granulado, pronto para uso no filtro. Nesta fase é possível fazer a filtragem de partes orgânicas e de alguns metais.
Na segunda etapa, uma coluna será preparada com suporte com carvão e vermiculita ativada, seca e de faixa granulométrica de 1mm. Nesta fase, de acordo com Marcus, será possível filtrar metais mais pesados ou em excesso.
Já na terceira etapa, a proposta é reproduzir os filtros microbiológicos de luz UV-C germicida que, segundo Marcus, são cada vez mais usados para o tratamento de água potável por obter uma água livre de produtos químicos e mais eficiente na desinfecção de micro-organismos. Para isso, a proposta do filtro aplicado pelo projeto adaptará lâmpadas UV a um suporte de cano PVC interligado no final da filtração do carvão e da vermiculita, ou seja, no final dos demais estágios. Segundo o servidor, a vantagem desse filtro é a manutenção mínima e uma água livre de cloro residual.
Para a realização do projeto de extensão, Marcus conta com equipe formada pela química do IFG – Câmpus Goiânia, Emiret Otoni de Faria; e com os estudantes Mateus Rezende Moura, de Engenharia Ambiental e Sanitária; Julia Santana Costa, Raianny Silva Santos, Malu Melo Rodrigues da Silva e Marai Alice de Sá Costa, do técnico integrado em Mineração. Participam também as egressas do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária, Alanna Oliveira Santiago e Adivania Cardoso da Silva, além do presidente da Associação de Moradores da Vila Romana, William da Silva Pinto.
Além da coleta e análises das amostras das águas de cisternas e poços da comunidade em Aparecida de Goiânia, a equipe do projeto de extensão atua com moradores ofertando oficinas de capacitação. Nelas, eles abordam a técnica de elaboração do filtro, a importância do uso da água potável e a importância da preservação dos recursos naturais e seu uso sustentável e racional. Para tanto, a equipe elaborou cartilhas para auxiliar na instrução dos moradores no processo de implementação dos filtros. A ideia, segundo Marcus, é que essas instruções sejam compartilhadas junto à comunidade, propagando o conhecimento.
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia.
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