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Entrevista com Gabriella Valente: embaixadora da Brazil Conference 2020

Egressa do Câmpus Uruaçu conta sobre sua participação na Brazil Conference e em projetos sociais no Brasil

  • Publicado: Quinta, 07 de Maio de 2020, 12h37
  • Última atualização em Terça, 26 de Maio de 2020, 16h57

 

Egressa do Câmpus Uruaçu do Instituto Federal de Goiás (IFG) e atual estudante de Direito, na Universidade Federal de Goiás (UFG), Gabriella Aguiar Valente conquistou sua posição de embaixadora da Brazil Conference (BC) este ano, graças a seu comprometimento com as causas sociais e de gênero do país.

Na última sexta-feira, 1, a embaixadora foi entrevistada por Pedro Bial, sobre seu trabalho no Fórum de Políticas Públicas para Mulheres e no Coletivo Feminista, em live divulgada no YouTube. As ações presenciais da BC, que normalmente acontecem na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos, foram canceladas esse ano, devido à pandemia, mas estão sendo realizados painéis, entrevistas e debates online.

O que é a Brazil Conference?

Gabriella Valente  O evento foi criado em 2014 pela comunidade brasileira de estudantes em Boston, para promover o encontro com líderes do país. A BC se converteu em uma importante plataforma de debates e proposições de soluções para os principais problemas do Brasil. Já passaram pela conferência ex-presidentes, ministros, ex-Procuradores da República, empresários e deputados.

Como você foi selecionada para a BC?

Gabriella Valente  Minha participação se deu em razão do Programa de Embaixadores da Brazil Conference. Dentre 1.000 inscritos, somente 10 estudantes foram selecionados para representar as cinco regiões do Brasil. Todos os embaixadores possuem algum projeto de impacto social e a ideia é que nós sejamos multiplicadores de debates e mudanças nas nossas respectivas regiões.

Por quais projetos você foi selecionada?

Gabriella Valente  Fui selecionada em razão das ações para igualdade de gênero promovidas pelo Fórum de Políticas Públicas para Mulheres (onde atualmente sou coordenadora) e pelo Coletivo Feminista GSEX (Grupo de Ensino, Pesquisa, Extensão e Cultura em gênero, sexualidade e Direitos Humanos). O programa tem o papel de incentivar jovens estudantes de universidades brasileiras a desenvolverem um papel ativo e transformador na sociedade.

"Nos últimos três anos, seis políticas públicas (leis) de igualdade de gênero foram aprovadas em conjunto com a única vereadora mulher da cidade, com destaque para o ensino obrigatório da Lei Maria da Penha nas escolas, definição de cota mínima de assentos para mulheres nos Conselhos Municipais e criação de medidas de proteção à gestante contra a violência obstétrica."

- Gabriella Valente

Qual o objetivo do Fórum de Políticas Públicas para Mulheres?

Gabriella Valente  O Fórum de Políticas Públicas para Mulheres é um órgão da sociedade civil criado por lei em 2017, na Cidade de Goiás-GO. A iniciativa tem o objetivo de promover o debate com a sociedade sobre as questões de gênero e propor programas e políticas públicas governamentais destinadas à garantia e proteção dos direitos das mulheres. 

Nos últimos três anos, seis políticas públicas (leis) de igualdade de gênero foram aprovadas em conjunto com a única vereadora mulher da cidade, com destaque para o ensino obrigatório da Lei Maria da Penha nas escolas, definição de cota mínima de assentos para mulheres nos Conselhos Municipais e criação de medidas de proteção à gestante contra a violência obstétrica.

O Fórum promove outros tipos de ações junto à comunidade?

Gabriella Valente  Sim. Como o foco do Fórum é a atuação em rede para promover a transformação social, também há ações voltadas para a educação. A iniciativa promove cursos de capacitação sobre gênero e sexualidade para profissionais que trabalham com grupos vulneráveis, além de palestras e campanhas de conscientização na comunidade.

Tendo em vista seu caráter universal, o projeto se aplica à toda população (22.916 pessoas) e atualmente possui cerca de 7 parceiros (Coletivo Feminista GSEX, UFG, IFG Campus Cidade de Goiás, Centro Especializado de Atendimento à Mulher - CEAM, Câmara dos Vereadores, Patrulha Mª da Penha e Mulheres Coralinas).

E sua passagem pelo IFG, entre 2013 e 2015, contribuiu para essa trajetória?

Gabriella Valente  Minha passagem pelo IFG foi muito importante para a construção da minha consciência de cidadania e senso de justiça social. Tais características, hoje muito marcantes na minha personalidade, foram desenvolvidas com a contribuição dos professores da instituição. As disciplinas de Sociologia, História, Filosofia, Biologia, Geografia e Língua Portuguesa influenciaram para a formação do meu senso crítico, bem como na minha escolha do curso de Direito. Dessa forma, acabei não seguindo a área do curso técnico porque descobri no IF a afinidade pelas ciências sociais e optei por fazer uma escolha diferente, o que entendo que é completamente normal.

Quais foram suas experiências com a educação no IFG?

Gabriella Valente  A primeira contribuição do IFG foi subjetiva: a experiência em si favoreceu o meu processo de amadurecimento, em especial porque a lógica da instituição valoriza a independência e autonomia dos estudantes. Do ponto de vista acadêmico, tive meu primeiro contato com o tripé Ensino, Pesquisa e Extensão. Junto com outros colegas, participei do programa de iniciação científica do CNPq com orientação Prof. John. Na SEMINT (Semana de Integração Acadêmica) ganhei a primeira medalha de 1º lugar por um projeto científico. Além disso, no âmbito social, fui representante do Colegiado, do curso e da turma. Essas experiências são alguns exemplos de oportunidades de engajamento estudantil e valorização da ciência desde muito cedo dentro do campus.

Você se formou técnica em edificações pelo Câmpus Uruaçu. Isso contribuiu de alguma maneira?

Gabriella Valente  A formação humana e profissional propiciada pelo Instituto também teve reflexos significativos durante a graduação na Universidade Federal de Goiás, pois meu processo de adaptação foi muito mais fluido. Ao invés de “começar do zero”, eu já tinha uma bagagem do IF que me preparou para debates, apresentações em público, resolução de problemas, rotina de estudos e principalmente participação em projetos – seja de Pesquisa, Ensino ou Extensão.

Sem dúvidas, isso me fez ter um papel mais ativo como estudante e cidadã, e exatamente por ter vivido a função transformadora da educação pública é que defendo a relevância dos IFs, em especial para os jovens de menor condição financeira.

 

Gabriella Valente no Instagram: @gabinajornada

Brazil Conference: https://www.brazilconference.org

 

Comunicação Social/Câmpus Uruaçu.

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