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PODCAST

Leia Mais Mulheres IFG instiga leitura de obras feministas por meio de podcast

Publicado: Sexta, 22 de Maio de 2020, 14h19 | Última atualização em Sexta, 18 de Agosto de 2023, 08h08

Projeto vinculado ao Câmpus Goiânia é uma iniciativa de coletivo formado por servidoras, aluna e egressas do IFG

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“Quantas mulheres você já leu nesta quarentena? E nesse ano? E na sua vida toda?”. Essas perguntas aparecem logo no início do podcast de estreia do projeto Leia Mais Mulheres IFG e já causa um impacto no ouvinte. Afinal, com o baixo índice de leitura no país, se questionar sobre a leitura de obras escritas por mulheres é algo que deixa evidente que muitas autoras não são contempladas pelos leitores. Pensando nisso, o coletivo formado por servidoras, alunas e egressas do Instituto Federal de Goiás (IFG) formulou o Leia Mais Mulheres IFG, projeto com o intuito de estimular a leitura de obras de mulheres que dialoguem com o feminismo ou que trazem aspectos relevantes para uma abordagem feminista.

Para tanto, o coletivo disponibiliza quinzenalmente o podcast que tem o mesmo nome do projeto. Além de incentivar a leitura, a ação também visa levar alento às comunidades interna e externa ao IFG com os podcasts durante o período de isolamento social devido à covid-19. O conteúdo está disponível gratuitamente em várias plataformas de streaming, como SpotifyGoogle Podcasts e Anchor. O projeto também conta com página do Instagram, @leiamaismulheresifg.

O primeiro episódio traz a participação da professora do Câmpus Goiânia, Camila Leopoldina, que indicou o livro Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus. No podcast, a docente fala sobre a escolha da obra: “Indico este livro, porque é um dos livros que tenho revisitado ultimamente como forma de resgatar o pensamento de homens e mulheres negras e indígenas. Acredito que a leitura dessas autoras pode nos auxiliar a repensar nossa existência neste mundo diante da pandemia que a gente tem enfrentado”.

Outro ponto enfatizado por Camila durante o programa é a importância atual da obra de Carolina Maria de Jesus, mulher negra, periférica, que encontra na escrita uma forma de superar as mazelas sociais, dentre elas a fome. “Quarto de despejo foi um dos livros mais publicados pelo mundo afora. Ela (a autora) tem o seu lugar na literatura. Numa linguagem muito certeira, ela vai revelando a realidade da vida em uma favela e fazendo diversas denúncias sociais”, acrescenta a professora no podcast do projeto Leia Mais Mulheres IFG (ouça aqui).

Cada episódio contará com uma convidada que fará a indicação literária e responderá perguntas sobre temas transversais a partir da obra citada. Além do livro, os ouvintes também receberão indicação de um filme ou série relacionada à temática da obra sugerida.

A publicitária, mestra em Antropologia, Ana Luiza Oliveira, ouviu o episódio de estreia do projeto e parabenizou a iniciativa. “Muito bom ter espaço para que a gente indique e fale sobre obras feitas por mulheres na Literatura. A gente tem uma academia brasileira de letras muito machista e muito racista, tendo em vista que ela foi fundada por um homem negro que, ao longo da história, foi embranquecido, que é Machado de Assis. Na história da ABL nós tivemos pouquíssimos autores negros e acredito que agora não tenha nenhum negro e, se tem, são poucos comparados ao tanto de autores brancos que têm lá. A gente vai vendo que há uma discrepância entre os livros que são produzidos e as pessoas que representam a literatura no país”.

Ana Luiza também trabalha com podcast e é responsável pelo “Loka dos Áudios”, podcast que trata de várias temáticas, dentre elas feminismo negro e racismo. Conhecedora da obra de Carolina Maria de Jesus, Ana elogia a forma como a autora utiliza a escrita como ferramenta de resistência. “Acho a história da Carolina Maria de Jesus muito interessante. Justamente porque ela tem uma forma de escrever muito honesta e muito atemporal. Não só por causa dela, mas porque também vivemos em um país que tem uma lentidão imensa para reparar a dívida histórica que tem com a população negra. Então a gente pega Quarto de Despejo, a gente pode encontrar agora em 2020 coisas muito parecidas porque a reparação histórica acontece a passos muito lentos”, completa.

A egressa do curso Licenciatura em Letras/Português do Câmpus Goiânia, Amanda Cristina Teixeira de Oliveira, também achou positiva a ideia do  podcast  que tem a Literatura como tema. "Eu ouvi sim, os dois podcasts, achei maravilhoso, muito enriquecedor a fala das professoras e servidores e realmente nos dá vontade de ler e ou reler as obras. Acredito que seria interessante tornar essa leitura de mulheres algo ainda mais amplo, promovendo uma debate via webconferência, ou roda de conversa para dialogar após a leitura dos livros", sugere a egressa.

Nesta sexta-feira, 22 de maio, o Leia Mais Mulheres recebe como convidada a servidora técnico-administrativa da Universidade Federal de Goiás (UFG), Mariana de Oliveira Barbosa, que indica o livro Hibisco Roxo, de Chimamanda Ngozi Adichie. Para ouvir, basta acessar a página do Leia Mais Mulheres IFG no Instagram e escolher o player.

O projeto

O Leia Mais Mulheres IFG surgiu em meio às iniciativas do Câmpus Goiânia com intuito de levar conteúdo no momento de isolamento e distanciamento social, consequência da pandemia provocada pelo novo coronavírus. A idealização e execução do projeto fica por conta do coletivo formado por servidoras, alunas e egressas do IFG: Danielle Fernanda Morais Pavan, Fatianny Didier Sampaio Monteiro, Renata Rosa Franco, Ítala Carvalho e Cris Ricci Mancini.

Além de estimular a leitura de obras escritas por mulheres, o projeto também pretende aproximar o IFG do seus egressos; proporcionar o intercâmbio entre os câmpus do IFG e as demais instituições públicas de ensino por meio da interação entre suas comunidades acadêmicas a fim de destacar o papel social e democratizante dessas instituições.

Para ficar por dentro das produções do Leia Mais Mulheres IFG, basta seguir o perfil do projeto no Instagram ( @leiamaismulheresifg ) e ouvir os podcasts (acesse os players e escute).


Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia

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