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Extensão

Gratidão é a palavra que marca o encerramento do III Encontro de Culturas Negras

Publicado: Segunda, 04 de Dezembro de 2017, 09h34 | Última atualização em Segunda, 04 de Dezembro de 2017, 11h42

Comunidades tradicionais e gestores do IFG participaram do encerramento no Câmpus Uruaçu do IFG

Encontro de Culturas Negras termina no Câmpus Uruaçu

O encerramento do III Encontro de Culturas Negras e do IV Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais, promovido pelo Instituto Federal de Goiás, foi marcado por um diálogo entre membros das comunidades quilombolas da região de Uruaçu e do Norte Goiano, e o sentimento que traduz a conversa ocorrida no final do Encontro é a gratidão. Além da conversa entre membros das comunidades tradicionais, houve apresentações culturais das comunidades locais e o lançamento do livro Tradições da Terra, fruto de um projeto realizado pelo IFG, por meio de sua Pró-Reitoria de Extensão.

Além da diretora-geral do Câmpus Uruaçu, Andreia Alves do Prado; do diretor de Ações Sociais da Pró-Reitoria de Extensão, Constantino Isidoro Filho; e da professora do Câmpus Cidade de Goiás e coordenadora-geral de Extensão, Jaqueline Vilas Boas Talga, participaram dessa conversa os seguintes membros das comunidades tradicionais: senhor Geraldo Afonso dos Santos, do grupo do Memorial da Serra da Mesa; Dona Maria Aparecida, Dona Albina Borges da Costa e Senhor Alquino Rodrigues da Costa, da Comunidade do Pombal; Dona Maria Santina Barbosa da Silva, Dona Domingas Gouveia Carvalho “Quilombola”, da Comunidade João Borges Vieira; Gislene Luis da Silva e Dona Cândida, da Comunidade do Rio do Peixe; e Dona Maria Helena, da Comunidade Kalunga.

 Senhor Geraldo Afonso dos Santos, do grupo do Memorial da Serra da Mesa, foi um dos participantes do encerramento do Encontro

Diálogo e agradecimento

Durante o encerramento da terceira edição do Encontro de Culturas Negras, foi falado a respeito do projeto de extensão Comunidades Tradicionais em Rede, que teve o envolvimento de membros de várias comunidades do norte goiano. Agradecida pela participação das comunidades no projeto da Instituição e tendo a chance de agradecer a presença das comunidades dentro do IFG, a professora Jaqueline Talga chamou atenção para a oportunidade que surgiu com o projeto, o qual, segundo a docente, "permitiu o contato mais próximo com as comunidades tradicionais e fomentou um trabalho de conhecimento da história, da oralidade e da cultura”.

Segundo a diretora-geral do Câmpus Uruaçu, Andreia Prado, “trata-se de um resgate da memória, dos aspectos culturais e do conhecimento dessas comunidades. E o fato de elas permitirem que o IFG pudesse desenvolver o projeto é algo que precisa ser agradecido, é algo digno de gratidão”, ressaltou a diretora.

 

Livro e projeto

Trazendo o registro da oralidade e das imagens das comunidades, o livro Tradições da Terra, cujo lançamento ocorreu durante o encerramento do evento, se constitui das falas e dos silêncios de comunidades tradicionais do norte goiano, que carregam vivas nas práticas e nos corações suas tradições. O percurso apresentado é parte do Projeto Comunidades tradicionais em rede: criação, circulação e produção visual no cerrado goiano, resultado de uma parceria entre o IFG e o Ministério da Cultura.

Segundo a Pró-Reitoria de Extensão, o projeto, a partir da atuação de um grupo interdisciplinar, integrado por representantes de diversas áreas de formação e de conhecimento da Instituição, por meio de várias atividades propôs estabelecer uma rede de ação e circulação entre as comunidades tradicionais do norte goiano. Essa ação deveria, fundamentalmente, contribuir para a valorização de seus modos de vida, bem como para relação de sustentabilidade em seus territórios. E segundo alguns membros das comunidades tradicionais locais presentes no lançamento do livro e no encerramento do Encontro, isso aconteceu.

 

Saber, cultura e gratidão

Presidente da Comunidade João Borges Vieira, Dona Domingas Gouveia “Quilombola”, falando do projeto do IFG, chamou atenção para o fato de que a Instituição se tornou uma parceira das comunidades quilombolas da região, mas ressaltou que o processo foi difícil no começo. E isso aconteceu, segundo ela, pois todas as comunidades da região estavam cansadas de “servirem de material de pesquisa para doutores”. Até por essa razão houve muito agradecimento pela forma como o IFG fez a devolutiva dos resultados do projeto: “vocês, do IFG, desenterraram histórias que poderiam ter sido esquecidas e expuseram nossas narrativas em um livro, em um documentário; assim, nos ajudaram, nos deram conhecimento e conosco também aprenderam. Somos muito gratos por isso”, ressaltou.

Dona Maria Santina, da Comunidade João Borges Vieira, também chamou atenção para o fato de que, por não quererem ser mais material de pesquisa, muitos membros das comunidades, num primeiro momento, foram arredios com os servidores do IFG. “Por isso, em público, quero agradecer por tudo que o IFG tem feito para as comunidades da região”, ressaltou.

 

Só o começo

O projeto, que começou em 2014, terminou agora com a entrega dos materiais que resultaram das pesquisas e ações de extensão. Mas, segundo a professora Jaqueline, há a vontade de continuar o projeto. Nesse sentido, ela chamou atenção para todos os presentes no encerramento do Encontro que poderiam contribuir por meio da Instituição, com seus cursos, para melhorar a situação dos povos da região, no caso da continuidade do projeto. Do seu Câmpus (Cidade de Goiás), ela chamou atenção para as questões relacionadas à agroecologia, que podem ajudar os moradores das comunidades.

Andreia Alves do Prado, diretora-geral do Câmpus Uruaçu, chamou atenção para o fato de que o trabalho só começou: “a ideia do projeto era fazer um registro das comunidades e trabalhar a economia criativa, e vemos que o nosso trabalho só se iniciou. Precisamos fortalecer o projeto – ele só está começando e tem muito ainda a oferecer”.

Para Constantino Isidoro Filho, diretor de Ações Sociais da Proex, “o projeto não poderia criar uma falsa aproximação, e foi por isso que ele foi, desde seu início, tão verdadeiro”. Constantino também agradeceu pela parceria dos câmpus Uruaçu e Cidade de Goiás e, sobretudo, pela confiança das comunidades tradicionais. “Sem vocês, nada disso teria sido possível”, ressaltou. Durante o encerramento, o gestor da Proex chamou atenção também para o fato de que toda a Instituição aprendeu com o conhecimento dos povos tradicionais: “somos extremamente gratos por essa oportunidade de aprendizado”.

 

Consciência humana

Dona Maria Helena, da Comunidade Kalunga, ressaltou que o IFG propiciou o intercâmbio cultural entre as comunidades do norte goiano. E essa troca, segundo ela, não é apenas um trabalho de consciência negra: “com tudo isso que foi proporcionado, a gente conseguiu trabalhar a consciência humana; não foi só a consciência negra, tema desse Encontro. É uma troca de saberes que não tem preço, por isso temos uma gratidão enorme pelo IFG”.

Comunidades tradicionais se apresentam no encerramento do III Encontro de Culturas Negras

Para Maria Helena, o saber que foi fomentado pela atuação do IFG busca as origens na vivência, na tradição: “é um saber prático que trata da valorização do saber tradicional, da valorização dos mestres, mas não só do saber científico, e isso é essencial na nossa sociedade”. E foi com a apresentação e a valorização dos trabalhos e das culturas dos mestres da sabedoria tradicional dos povos do norte goiano que o III Encontro de Culturas Negras e IV Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais terminaram: imbuídos da necessidade do resgate e do diálogo com a cultura tradicional e da valorização da consciência humana.

 

 

Confira fotos do III Encontro de Culturas Negras em nossa página no Facebook.

Faça o download do livro Tradições da Terra aqui.

Acesse vídeos do projeto.

Saiba mais sobre o Projeto Comunidade Tradicionais em Rede.

 

 

Diretoria de Comunicação Social/ Reitoria.

 

 

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