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Ensino, pesquisa e extensão

“Estamos vivendo a pior crise científica de todos os tempos”

Afirmação é da professora Augustina Echeverría, para quem os Institutos Federais devem ser lugar de resistência ativa e propositiva

  • Publicado: Terça, 07 de Dezembro de 2021, 10h12
  • Última atualização em Segunda, 03 de Janeiro de 2022, 16h53
A pró-reitora de Ensino, professora Maria Valeska, disse que integração ensino, pesquisa e extensão não se dá por decreto
A pró-reitora de Ensino, professora Maria Valeska, disse que integração ensino, pesquisa e extensão não se dá por decreto

A conferência “Educação, ciência e tecnologia no contexto de mudanças políticas, econômicas, socioambientais”, proferida pela professora Agustina Rosa Echeverría na noite desta segunda-feira, 6, marcou a abertura oficial do V Simpósio de Pesquisa, Ensino e Extensão (Simpeex), da Semana de Educação, Ciência e Tecnologia (Secitec) e eventos integrados. Ela fez uma análise da conjuntura brasileira, “de uma crise que parece não ter fim”, e suas implicações na educação e na ciência.

Antes da conferência, a pró-reitora de Ensino, professora Maria Valeska Lopes Viana, e o coordenador da Comissão Organizadora dos Eventos Integrados, professor Bruno Quirino Leal, deram as boas-vindas aos participantes dos cinco eventos integrados. Além do Simpeex e da Secitec, até o próximo dia 11, o IFG realiza também o 14º Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica (SICT), a I Mostra de Ensino e o I Encontro Anual de Pesquisa e Inovação do Centro de Referência em Pesquisa e Inovação (CiteLab).

A conferência da professora Agustina foi rica em dados da economia nacional e dos investimentos em ciência e tecnologia. Ela mostrou em números o decréscimo dos investimentos, afirmando que não se trata de falta de recursos (que vão para outras áreas), mas de um projeto político de reprimarização da economia brasileira, consequência da aplicação do neoliberalismo, que mantém a dependência das nações periféricas e amplia a exclusão social.

Agustina é licenciada, bacharel e mestre em Química pela Universidade da Amizade dos Povos de Moscou (Rússia). É doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas e professora titular da Universidade Federal de Goiás (UFG). Por 14 anos, ela foi professora do IFG, quando ainda era Escola Técnica Federal de Goiás, e não esconde o carinho que sente pela Instituição.

Resistência

Segundo disse, está em curso um projeto de desmonte da educação pública no Brasil, por meio da implantação da nova Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e da contrarreforma do Ensino Médio. “Esse movimento adquire mais importância nos Institutos Federais, que podem ser o local da ação de resistência ativa e propositiva ao desmonte”, afirmou.

Para a professora, a BNCC e a contrarreforma do Ensino Médio fazem parte do projeto de manutenção da dependência científica e tecnológica do Brasil. Por esse projeto em curso, reduz-se os investimentos em ciência e tecnologia e investe-se em formação de mão de obra. “O que está em disputa é a formação de milhões de estudantes vindos da classe trabalhadora”, alertou.

Chamou a atenção também para os aspectos ideológicos do neoliberalismo que difunde, por exemplo, o empreendedorismo e sua ilusão de prosperidade. Segundo disse, a ideia “nefasta” de individualismo, de que é possível sozinho prosperar está sendo incorporada pela sociedade brasileira. “Nada mais perverso para uma classe do que convencê-la de que não é classe”, afirmou.

Crise geral

Agustina citou o presidente da Academia Brasileira de Ciências, professor Luiz Davidovich, para reafirmar que o Brasil está vivendo a pior crise científica de todos os tempos. Ele fez essa afirmação em 2017 e Agustina afirmou que a crise permanece e parece não ter fim. De 2013 a 2020, informou, os investimentos em ciência e tecnologia recuaram 37%.

Para ilustrar a gravidade da situação, ela citou um dado do CNPq: a cota para importação de insumos caiu de US$ 300 milhões para US$ 93 milhões neste ano. Sem insumos, muitos laboratórios pararam de funcionar.

A professora é taxativa ao afirmar que a crise científica é parte da crise maior do país, que atinge vários setores sociais. Essa crise, observa, é resultado das decisões do governo, no qual existem disputas, mas todos os integrantes são representantes do grande capital. Ela citou várias ações de governo que comprovam o desmonte do Estado brasileiro, entre elas as privatizações da Eletrobrás e dos Correios, a regularização da grilagem de terras, a contrarreforma trabalhista, iniciada no governo Temer e ainda em curso, além da reforma tributária, que desonera o capital em vez de buscar justiça fiscal.

Dentro do contexto de crise, Agustina critica também a esquerda liberal que, segundo disse, trabalha no campo da institucionalidade, abdicando-se de quaisquer outras formas de ação. “Esse recuo, essa abdicação, é unilateral, porque as classes dominantes nunca abdicaram de nenhuma forma de ação para se manter no poder. A classe dominante atua dentro e fora da institucionalidade e até da legalidade”, afirmou, citando como exemplos o golpe de 2016, que tirou a presidente Dilma do poder e a “farsa jurídica” que afastou Luís Inácio Lula da Silva das eleições de 2018.

Além muros

Antes da conferência, a professora Maria Valeska enfatizou a importância dos eventos integrados, reafirmando a necessidade da integração ensino, pesquisa e extensão. Segundo ela, a indissociabilidade das três áreas pressupõe a instauração da dúvida e da reflexão sobre o que tem sido feito, os currículos, as certezas cristalizadas. “As ações de ensino, pesquisa e extensão não se integram por decreto”, ressaltou.

Também presente na mesa de abertura, o professor Bruno Quirino apresentou os números dos eventos: cerca de 4 mil pessoas inscritas, de 20 estados e do Distrito Federal, com mais de 25 mil registros nas diversas atividades. Segundo ele, um evento dessa magnitude somente foi possível graças ao trabalho de 40 servidores que integraram a Comissão Organizadora Central, 70 servidores que integram as Comissões Locais e aos coordenadores das atividades. “Fizemos um evento para além dos nossos muros e o desafio é garantir a participação que os eventos on-line proporcionam nas futuras edições, que queremos que voltem a ser presenciais”, afirmou.

Com o tema “A transversalidade da ciência, tecnologia e inovações para o planeta", os cinco eventos integrados seguem até o próximo sábado, 11. As inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo Sistema Unificado de Gestão de Ensino e Pesquisa (Sugep).

 

Confira a programação completa e os links de transmissão no site dos eventos: https://eventos.ifg.edu.br/simpeex-secitec/

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Diretoria de Comunicação Social/Reitoria.

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