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Cinema

Filme produzido por professores do IFG entra em cartaz no circuito comercial

Publicado: Quarta, 10 de Maio de 2017, 11h35 | Última atualização em Segunda, 05 de Junho de 2017, 07h15

Taego Ãwa, dirigido pela professora Marcela Borela com participação de outros docentes, foi produzido com o apoio do Núcleo de Produção Digital (NPD)

Amanhã, dia 11 de maio, Taego Ãwa estreia em circuito comercial pela Sessão Vitrine Petrobrás que alcança vinte cidades brasileiras, incluindo Goiânia (Cine Cultura). O filme é o primeiro longa-metragem goiano, em duas décadas, a receber um convite curatorial de uma distribuidora, por sua relevância temática e estética. A equipe do filme é composta por três docentes do Bacharelado em Cinema do IFG, Marcela Borela, que junto com seu irmão Henrique, dirige a produção; Carlos Cipriano na câmera adicional; e Guilherme Martins na montagem. O Núcleo de Produção Digital (NPD) forneceu apoio técnico para a realização do filme.

 

Sobre o filme

Foi através de cinco fitas VHS com registros dos índios Ãwa, mais conhecidos como Avá-Canoeiros do Araguaia, achadas numa faculdade, que Marcela e Henrique deram início ao projeto do filme. A partir daí, encontraram outros materiais e foram em busca daquele povo, investigando a fundo a origem e a trajetória dos Ãwa até aqui, inclusive o passado de enfrentamento com os brancos, o histórico de reclusão, a luta por demarcação de território e pela restituição das terras.

 

Marcela Borela conta que apesar de terem feito o filme ao longo de 12 anos em busca de imagens de arquivo, a motivação das filmagens só poderia surgir em parceria com os Ãwa. “Nossa primeira intuição foi a de não filmá-los, mas sim mostrar à eles o conjunto de informações e conteúdos que vínhamos juntando sobre suas histórias. Queríamos que o filme partisse do gesto de devolver aos Ãwa aquelas imagens de arquivo que narravam 40 anos de seu desterro e cativeiro, em busca de justiça. Aquelas pessoas tinham sido filmadas demais e fotografadas demais, numa redoma de um discurso de extinção, invisibilidade e animalidade que nos chocava. De certa maneira, carregávamos uma revolta. Descobrimos que eles estavam reivindicando Taego Ãwa, a terra tradicional, depois de 40 anos de silêncio. Foi nessa primeira visita à Ilha em 2011. Ali propusemos o filme, mas eles estavam desconfiados. Estavam sofrendo retaliações por estarem encorajados em voltar à terra.”

 

O irmão, Henrique Borela, completa: “Seis meses depois da nossa primeira visita, os Ãwa entraram em contato conosco e disseram que eles queriam que o filme fosse feito. Aí nós fomos novamente à Canoanã, na Ilha do Bananal, em 2012, quando tratamos do filme e de como ele seria. Decidimos ali que seria sobre a terra, que se chamaria Taego.”

 

E por fim, Marcela retoma: “No Taego Ãwa a gente filma junto, nós e nossa equipe com a família Ãwa do Araguaia (Tutawa, seus filhos, netos, bisnetos). Somos dois irmãos, uma família, filmando outra família. Acho que esses laços ficam potencializados nesse trabalho. Decidimos coisas entre nós, como diretores e roteiristas, decidimos coisas com nossa equipe, mas sempre vibrando mais relação com a família Ãwa, bastante liderados pelos netos de Tutawa, jovens da nossa idade.”

 

Taego Ãwa” é uma produção da Barroca e F64 filmes em parceria com a Associação do Povo Ãwa – APÃWA, da Cinemateca Brasileira, do NPD-GO – Núcleo de Produção Digital de Goiás, do Instituto Federal de Goiás – Câmpus Cidade de Goiás, da Ideia Produções e da Balaio Produções, tendo como produtora associada Luana Otto. O filme foi viabilizado através do Edital Longa.doc 2013, Edital de Fomento ao Documentário Brasileiro, da SAv/Minc e recebeu também patrocínio da SPcine – linha 3, para sua distribuição.

 

Contexto político nacional

No longa-metragem, o grupo Avá-Canoeiro do Araguaia narra sua trajetória de desterro, cativeiro e luta pela reconquista de sua terra tradicional, também chamada Taego Ãwa - que leva o nome da primeira mulher de Tutawa, Taego, que é mãe de Kaukama - ela que por sua vez é mãe,avó e bisavó de todos os Avá-Canoeiro do Araguaia que nasceram após o contato de 1973. No contato, realizado pela FUNAI, os Ãwa foram retirados à força da Mata Azul e depois foram enjaulados e expostos para visitação pública. Boa parte do grupo morreu de doenças alheias. Os remanescentes acabaram entregues aos Javaé –ocupantes de uma terra vizinha ao território Avá-Canoeiro. Tutawa, capturado ainda jovem pela frente de atração da Fundação Nacional do Índio (Funai), morreu em 2015 sem ao menos ter o direito de ser enterrado no último refúgio de seu povo antes do trágico contato: o Capão de Areia.


A Terra Indígena Taego Ãwa, que aguardava demarcação do Ministério da Justiça desde 2012, teve portaria declaratória publicada e homologada Dilma Rousseff, pouco antes dela ser afastada de suas atividades, no dia 12 de abril de 2016. Na ocasião da demarcação da TI Taego Ãwa, ocorria o 13º Acampamento Terra Livre (ATL), em Brasília (DF), organizado pela Articulação Nacional dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que se repete em 2017, como o maior encontro pelos direitos constitucionais dos povos indígenas no Brasil.


Sinopse do filme

Cinco fitas VHS encontradas no armário de uma faculdade disparam o desejo desse filme. Anos depois, munidos de mais registros, vamos ao encontro dos Ãwa na Ilha do Bananal. Levamos conosco a memória do desterro ao qual foi exposto o povo Tupi que mais resistiu à colonização no Brasil Central. As imagens foram vistas, sentidas e mais imagens surgiram desse encontro em meio à luta por Taego Ãwa.

 

Prêmio e Festivais

19ª FICA - FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA AMBIENTAL - Melhor Filme pelo Júri Popular e Melhor Produção Goiana

VII CACHOEIRA.DOC, MOSTRA COMPETITIVA DE LONGAS E MÉDIAS METRAGENS - Melhor Filme de Longa-metragem pelo Júri Oficial

19ª MOSTRA DE CINEMA DE TIRADENTES - Seleção Oficial Mostra Aurora
38º CINÉMA DU RÉEL- FESTIVAL DU FILM DOCUMENTAIRE - First Film Competition
FINCAR - FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE REALIZADORAS
2º PIRENÓPOLIS.DOC, FESTIVAL DO DOCUMENTÁRIO BRASILEIRO - Filme de Arbertura
49º FESTIVAL DE BRASÍLIA DO CINEMA BRASILEIRO – Mostra A Política no Mundo e o Mundo na Política
12º BRÉSIL EN MOUVEMENTS, SÉANCE ACCES A LA TERRE
20º JIHLAVA INTERNATIONAL DOCUMENTARY FILM FESTIVAL
32º BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE DE SÃO PAULO
FORUMDOC.BH 20 ANOS – FESTIVAL DO FILME DOCUMENTÁRIO E ETNOGRÁFICO
8a SEMANA DOS REALIZADORES
XII PANORAMA INTERNACIONAL COISA DE CINEMA DA BAHIA

MOSTRA CORPOS DA TERRA – IMAGENS DOS POVOS INDÍGENAS NO CINEMA BRASILEIRO – Filme de Abertura


Ficha Técnica

Direção e roteiro: Henrique Borela e Marcela Borela

Produção Executiva: Marcela Borela e Belém de Oliveira
Fotografia: Vinícius Berger

Câmera Adicional: Carlos Cipriano
Montagem: Guile Martins
Direção de Produção: Camilla Margarida
Produção: Carlos Cipriano
Edição de Som e Mixagem: Belém de Oliveira
Pós-Produção: Sierra Filmes

 

Sobre os diretores

Henrique Borela e Marcela Borela são irmãos. Ele tem 27 anos e nasceu em Goiânia e ela tem 33 e veio pequena pra cidade com a família, que saiu de Araguari-MG. Formado em ciências sociais pela UFG, Henrique vive e trabalha em Goiânia, é realizador cinematográfico, pesquisador, curador e produtor cultural. Desde 2006, trabalha com cinema, exercendo diversas funções dentro da cadeia produtiva. Assinou a direção e roteiro de cinco curtas-metragens, entre os quais se destacam: Ainda que se movam os trens, de 2013, e Sob Nossos Pés, 2015, realizados em codireção com Marcela Borela e Vinicius Berger - e Porfírio, também de 2015. Marcela é realizadora audiovisual, pesquisadora, professora, curadora e gestora de projetos cinematográficos. Vive e trabalha na Cidade de Goiás. Antes de formar-se em comunicação social, escolheu o cinema quando participou de um set como figurinista. Desde 2004, reúne experiências em diferentes áreas do audiovisual e realizou cinco curtas como diretora e roteirista, além de um média, Mudernage, exibido na rede pública brasileira de TV, em países da América Latina e na China. Marcela tem especialização em história cultural pela UFG e mestrado em história pela mesma universidade. Foi diretora e curadora do Cine Cultura - Sala Eduardo Benfica, em Goiânia, entre 2011 e 2013, e hoje é professora no IFG – Instututo Federal de Eduação, Ciência e Tecnologia de Goiás – Câmpus Cidade de Goiás. Henrique e Marcela são diretores do Fronteira - Festival Internacional do Filme Documentário e Experimental que vai para sua 4a edição em 2018, juntamente com Camilla Margarida e Rafael Parrode - o festival realizado pela Barroca, empresa brasileira de produção independente.

 

Sobre a sessão vitrine Petrobrás

Projeto de distribuição coletiva criado pela Vitrine Filmes, com o intuito de levar ao público um cinema de qualidade, original, que retrata a cultura do país e que se destaca nos principais festivais brasileiros e internacionais. Em 2017, a SESSÃO VITRINE PETROBRAS fica em cartaz permanentemente, com ingressos reduzidos de até R$ 12, um lançamento a cada duas semanas e horários fixos em cinemas de mais de 20 cidades, com sessões diárias ou semanais, dependendo da demanda de cada praça, tornando-se uma agenda cultural para o espectador, fortalecendo o circuito alternativo e investindo na formação de novas plateias.

 

Comunicação Social/câmpus Cidade de Goiás com informações da assessoria de imprensa do filme

 

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