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Pesquisa

“Ciência tem que ser acessível para funcionar”, afirma aluna egressa para equipe do Tem Ciência no IFG!

Primeira entrevista foi lançada hoje, com a técnica em Biotecnologia, Giovanna Faleiro, que tratou de diabetes, pesquisa e ciência

  • Publicado: Sexta, 26 de Maio de 2023, 08h00
  • Última atualização em Quarta, 14 de Junho de 2023, 14h49
Giovanna Faleiro é a primeira entrevistada do projeto Tem Ciência no IFG!
Giovanna Faleiro é a primeira entrevistada do projeto Tem Ciência no IFG!

A vida do pesquisador não é simples. São incontáveis leituras de artigos científicos, observações, coletas de dados, comparações e análises para se chegar à resolução do problema levantado – quando é possível - sobre o objeto da pesquisa. Ainda assim, a jornada científica é “muito gratificante”, como afirma a egressa do curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Biotecnologia do Câmpus Formosa do Instituto Federal de Goiás (IFG), Giovanna Gelape Faleiro. Ela estudou no Câmpus entre 2020 e 2022, quando participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (Pibic-EM).

Hoje, Giovanna é estudante do curso de graduação em Medicina Veterinária, na Universidade Federal de Goiás (UFG). A graduanda seguiu os passos do pai na pesquisa. Fabio Gelape Faleiro é pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa em Agropecuária (Embrapa) há 21 anos, atuando em genética e biotecnologia. Atualmente é chefe adjunto de Transferência de Tecnologia na empresa. “Ele [meu pai] sempre foi um exemplo para mim, e seguir a carreira dele é muito especial”.

Giovanna e professora Thaís Amaral, durante o 9º SICT Local

Giovanna e professora Thaís Amaral, durante o 9º SICT Local, em 2019

A egressa fez pesquisa no IF e deixou sua marca. O seu trabalho, intitulado “MicroRNAs e Diabetes: uma revisão com ênfase na sinalização molecular da resistência à insulina” , que contou com a orientação da professora de Biologia do IFG, Thaís Amaral e Sousa, foi premiado no 9º Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica Local (SICT) do Câmpus Formosa e, recentemente, foi uma das três pesquisas indicadas pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (ProPPG) para concorrer pelo IFG ao 20º Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Toda essa visibilidade não é obra do acaso.  O trabalho realizado pode facilitar (e muito!) a vida dos pesquisadores brasileiros no que se refere ao diabetes. A escassez do material em língua portuguesa e a fragmentação de informações sobre a relação dos microRNAs (miRNAs) com os processos bioquímicos do diabetes atrapalha a pesquisa sobre a doença e seus possíveis resultados. “A gente percebeu que a diabetes é uma doença que acomete muita gente, então quisemos tornar este assunto acessível. Percebemos que este assunto é muito isolado; a maioria das informações está em língua estrangeira e queríamos que o assunto fosse compreensível para pessoas como eu, no ensino médio, porque a ciência tem que ser acessível para funcionar”, declarou a pesquisadora.

“A gente precisa de público para consumir a ciência”, declarou a egressa de Biotecnologia, Giovana Gelape Faleiro.

 

Doença silenciosa

Mais de 10% dos adultos no mundo sofrem com o Diabetes Mellitus. No Brasil, são cerca de 14,3 milhões de pessoas. Metade destas pessoas não sabe que tem a doença e a outra metade não cuida corretamente da saúde. Os dados datados de 2021 vêm da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e justificam a importância de pesquisas na área. “Eu não tenho diabetes, mas conheço pessoas que têm e acho que é uma doença muito enigmática, é uma doença que a gente pode buscar meios de convertê-la, combatê-la”, enfatizou Giovanna.

De acordo com a pesquisadora, é recente a descoberta de que os miRNAs têm relação com a resistência à insulina, mas ainda não se sabe ao certo o mecanismo molecular responsável pela instalação do diabetes. Os miRNAs são pequenas moléculas de ácido ribonucleico (RNA) que se desenvolvem a partir de um tecido do organismo. “Eles são alvos terapêuticos e que podem contribuir para o estabelecimento do diabetes no organismo; podem regular a produção e a secreção de insulina ou inibir a expressão de enzimas que estão envolvidas na via molecular da resposta da célula à insulina. Eles podem melhorar complicações geradas pela doença, como complicações cardiovasculares e também tornar o organismo menos suscetível ao diabetes”, explicou.

 

Experiência

O trabalho foi desenvolvido durante o período pandêmico de Covid-19, com orientações a distância, realizadas por intermédio do Google Meet. O objetivo era fazer uma revisão bibliográfica, analisando o avanço do conhecimento científico sobre a relação dos microRNAs com o diabetes mellitus do tipo 2, com foco no envolvimento deles com a resistência à insulina. “A ideia foi da minha orientadora. Ela surgiu com a proposta e eu aceitei, porque a parte do microRNA eu ainda não tinha conhecimento, mas a parte do diabetes eu tinha”, contou.

 

Giovanna Faleiro cursa, atualmente, Bacharelado em Medicina Veterinária, na UFG

Conforme a ex-participante do Pibic-EM, a experiência foi muito válida e ela diz que se sente “muito mais preparada para entrar numa universidade”.  “Além disso, pude descobrir que gosto de pesquisa com 16 anos de idade. Uma coisa que eu demoraria às vezes para descobrir ou nunca descobriria, eu descobri com 16 anos. Acho que é uma oportunidade única”, ressaltou. Apesar de o aluno do Ensino Médio muitas vezes se sentir inseguro para participar de um projeto de pesquisa, Giovanna tem certeza de que o secundarista é capaz. “Ele é capaz de desenvolver pesquisas promissoras. Vemos exemplo de estudante que criou materiais descartáveis, ajudando com a redução de poluição. Sob uma boa orientação, o estudante consegue desenvolver pesquisa. Tem muita gente com potencial que precisa ser descoberto”.

A compilação dos dados da revisão bibliográfica em um material que poderá ser acessado por estudiosos e os destaques obtidos com a pesquisa tornam a experiência ainda mais satisfatória para a técnica em Biotecnologia. “Comecei esta pesquisa de forma despretensiosa e ela rendeu muitos frutos que eu nem imaginava. Fazer ciência é muito gratificante e saber que aquelas horas de trabalho que você dedicou podem gerar coisas extraordinárias é muito legal”.

 

 “Quem tem oportunidade tem que fazer pesquisa e todo mundo deveria ter essa oportunidade”, enfatiza Giovanna.

Ciência

Tem ciência no IFG. Só no Câmpus Formosa são 29 projetos de pesquisa em andamento, no momento, em diversas áreas e níveis. Entretanto, a falta de recursos para a pesquisa no país preocupa Giovanna. “O Brasil não tem tanto investimento e a pessoa vai para o exterior. A gente perde as joias que a gente tem neste país para outros lugares. Tem que investir, sim. Ciência é um caminho de melhorar a vida de todo mundo”, afirmou. “Ela leva melhorias para a sociedade, é o que faz o mundo continuar”, concluiu.

 

Tem Ciência no IFG!

Giovanna Gelappe Faleiro é a primeira estudante pesquisadora participante do projeto Tem Ciência no IFG!, desenvolvido pela Coordenação de Comunicação Social e Gerência de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão (Gepex) do Câmpus Formosa. Durante o período de inscrição dos editais de iniciação científica, a série contará com mais seis matérias para o site e vídeos para serem publicados nas redes sociais sobre pesquisas realizadas no Câmpus Formosa.

 

 Assista à entrevista completa no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=cU76ZvZ_0BE

 

Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Formosa

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