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IV Encontro Culturas Negras

Reflexões sobre educação, estética, literatura e música afro-brasileira marcam o encerramento do IV Encontro de Culturas Negras

Publicado: Segunda, 23 de Novembro de 2020, 09h54 | Última atualização em Segunda, 14 de Dezembro de 2020, 12h32

Oficinas e apresentação artística foram realizadas na manhã deste sábado, 21

Apresentação do Projeto Sankofa, desenvolvido pelo professor do Câmpus Inhumas, Kemuel Kesley Ferreira dos Santos
Apresentação do Projeto Sankofa, desenvolvido pelo professor do Câmpus Inhumas, Kemuel Kesley Ferreira dos Santos

Com reflexões sobre educação, comunicação, estética e literatura e apresentação musical do Projeto Sankofa, foi encerrada, neste sábado, 21 de novembro, a 4ª edição do Encontro de Culturas Negras e a 6ª edição do Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais do Instituto Federal de Goiás (IFG).

Ao longo de três dias, em rodas de conversas, palestras e oficinas, foram debatidos diversos assuntos, sempre tendo como foco temáticas relacionadas às questões étnico-raciais. Na manhã deste sábado, a comunidade acadêmica pôde acompanhar três oficinas e uma apresentação artística do Projeto Sankofa, desenvolvido pelo professor do Câmpus Inhumas, Kemuel dos Santos.

Nesta edição, o Encontro de Culturas Negras, que usualmente acontece no Câmpus Uruaçu, foi realizado virtualmente devido à pandemia da covid-19 e foi transmitido pelo YouTube e também via Google Meet. Algumas das palestras e mesas-redondas e a apresentação que marcou o encerramento do evento podem ser conferidas no Canal IFG Comunidade.

 

Cabelo e beleza afro: reconhecimento

Conduzida pelas docentes do Câmpus Uruaçu, Andreia Alves do Prado, que é também diretora-geral da unidade, e Jéssica Azevedo Coelho, a oficina “Cabelos e beleza afro” foi responsável por engendrar uma conversa e uma reflexão sobre estética, identidade, padrões de beleza, liberdade e reconhecimento. Durante a atividade, os participantes tiveram a chance de dialogar sobre os padrões de beleza impostos pela sociedade, os quais, muitas vezes, são acatados e naturalizados sem a devida criticidade, como pontuaram os participantes da Oficina. Como destacou Jessica Azevedo Coelho, professora do Câmpus Uruaçu, “exige-se muito tempo da gente para manter um padrão de beleza que a gente nem sabe se quer. E esse tempo a gente poderia destinar para tantas outras coisas.”

Carla Cordeiro, uma das participantes da oficina, destacando o papel dos padrões de beleza aos quais a sociedade se submete, chamou atenção para a necessidade crítica de observar as representações que são impostas às pessoas: “é preciso observar essas representações e modelos aos quais nos submetemos. É preciso falar e pensar sobre isso. Falar de cabelo é falar também de uma luta de representação, uma luta que envolve o corpo também”.

Jéssica Ferreira dos Santos Melo, procurando falar e refletir sobre o seu cabelo, contou que está passando por um processo de transição capilar: “estou no processo de transição, e não é fácil, quase desisti várias vezes...”. A estudante que está grávida contou que, desde que descobriu que ia ter uma menina, ficou firme no propósito de manter a transição: “quero que minha filha reconheça que ela é linda sendo negra com o cabelo enroladinho, cheio de cachos, quero que ela entenda que Deus fez ela assim, perfeita e que não passe por tudo que passei com químicas e progressivas”.

 

Educocomunicação e relações étnico-raciais

Em outra oficina ocorrida neste sábado, o jornalista do Câmpus Jataí, Evaldo Gonçalves Silva, fez uma apresentação problematizando o tema “Educomunicação para as relações étnicos-raciais: a comunicação na encruzilhada entre a educação antirracista e as culturas amefricanas”. Em sua fala, Evaldo destacou a importância de implementar a Lei 10.639/2003, que trata da obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileiras na educação básica.

Ressaltando que é essencial discutir um projeto de Educomunicação que problematize a questão das relações étnico-raciais e da história e cultura afro-brasileiras nas escolas de fato, o pesquisador falou sobre a importância de fazer com que esse processo não seja pontual: “é preciso que as ações se enraízem e façam parte da rotina nos espaços em que estamos; é preciso que elas tenham continuidade”.

 

Escrevivência e Educação literária

A partir do tema “Escrevivência de Educação literária: nas linhas da memória eu me refaço”, a aluna do curso de Licenciatura em Letras/Português, Amanda Cristina Teixeira de Oliveira, e a docente do Câmpus Goiânia, Luciene Araújo de Almeida, falaram sobre literatura, apresentando autoras que não são muito conhecidas do público.

Falando da escritora Carolina de Jesus e da obra Quarto de despejo: diário de uma favelada, a estudante Amanda Oliveira fez da sua fala um convite para que outras pessoas conheçam mais sobre a escritora e sua obra, e não só ela, mas outras escritoras também, como Conceição Evaristo, por exemplo, que é a responsável por cunhar o termo “escrevivência”.

Refletindo sobre memória e diário no contexto literário, a professora Luciene de Almeida falou um pouco sobre algumas autoras negras e destacou a importância de dar atenção a essa literatura, evitando, assim, o silenciamento dessas vozes que são muitas vezes desconhecidas. A docente, que desenvolve projetos e pesquisas sobre narrativas de mulheres negras a partir da problematização do lugar que é concedido às mulheres negras na literatura de Brasil, também falou sobre o processo de “redescoberta” do Diário de Carolina de Jesus e, assim como sua aluna, convidou os participantes a conhecerem mais autores negros.

Projeto Sankofa

Originário de um provérbio tradicional da África Ocidental, o conceito de Sankofa ensina, entre outras coisas, a possibilidade de voltar atrás, de voltar às raízes, para poder realizar nosso potencial e avançar. E foi voltando às raízes africanas e brasileiras, por meio do resgate da musicalidade afro-brasileira, que foi encerrado o IV Encontro de Culturas Negras.

A apresentação do Projeto Sankofa, desenvolvido pelo professor do Câmpus Inhumas, Kemuel Kesley Ferreira dos Santos, foi transmitida no YouTube, pelo Canal IFG Comunidade e pode ser conferida aqui. O Projeto foi contemplado pelo edital InspirArte do IFG e tem como objetivo promover a criação de videoaulas sobre ritmos de matriz africana, no Câmpus Inhumas.  

Ao longo da transmissão da apresentação, Kemuel destacou, que com ela, ele espera ter conseguido trazer um pouquinho da riqueza musical que a cultura afro-brasileira possui. E pela demonstração da empolgação do público que acompanhou a transmissão no YouTube, deu para ver que o professor conseguiu, afinado com o conceito de Sankofa, resgatar a musicalidade afro-brasileira e realizar seu potencial. Diante das respostas dos muitos estudantes e servidores prestigiando, parabenizando a apresentação e pedindo mais, o professor agradeceu os alunos, professores, músicos e a organização do evento.

 

Confira alguns vídeos do que aconteceu ao longo do Encontro de Culturas.

 

Diretoria de Comunicação Social/Reitoria.

 

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