Projeto do IFG vai implantar ferramenta em hospitais do SUS, buscando eficiência no uso dos leitos
Dez hospitais em São Paulo e dez em Goiás participam do projeto-piloto, que poderá ser estendido a todos integrantes do SUS
Redução dos custos hospitalares, diminuição do índice de mortalidade e eficiência no uso do leito hospitalar. Estes são alguns dos objetivos da equipe do Instituto Federal de Goiás (IFG) que integra o projeto: “Estudo multicêntrico de avaliação epidemiológica das infecções bacterianas relacionadas à assistência em saúde, em usuários da saúde diagnosticados ou não com Covid-19, pelo monitoramento digital no âmbito das comissões de controle de infecções hospitalares”.
A pesquisa é coordenada pelo professor do Câmpus Valparaíso, Geraldo Andrade, da área de Engenharia. Além do Câmpus Valparaíso, profissionais dos câmpus Águas Lindas e Goiânia Oeste, do IFG, da Universidade Federal de Goiás (UFG), do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) e da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) integram o grupo. A equipe do projeto é multidisciplinar, contando com profissionais da área de saúde, engenharia e tecnologia da informação.
Sobre a ferramenta a ser disponibilizada nos hospitais participantes da pesquisa, Geraldo destaca: “É um apoio à decisão médica, mitigando as margens de erro”, pela possibilidade de cruzamento de dados em tempo real entre exames de laboratório, prontuário, medicação a ser aplicada e protocolos de atuação médica.
O foco do trabalho está no melhor uso de antibióticos, evitando o surgimento de superbactéria. Por isso, a equipe vai trabalhar junto as Comissões de Controle de Infecção em Ambiente Hospitalar (CCIH). É nelas que se aprova e monitora o uso de antibióticos nos pacientes. O projeto visa implantar uma ferramenta de cruzamento de dados nas CCIHs.
A ferramenta é um software que será integrado com informações do laboratório e com os aplicativos já existentes de gestão hospitalar, fazendo com que as equipes das CCIHs possam receber informações dos resultados dos pacientes em tempo real, possibilitando o uso correto de antibióticos, de acordo com a bactéria detectada. O tratamento ganha celeridade e mais eficiência.
Além disso, a ferramenta analisa se a medicação prescrita pelo médico está de acordo com os protocolos para a situação enfrentada. Com isto, pode emitir alertas para as Comissões e para os médicos sobre as decisões tomadas na prática e as recomendadas. O professor Geraldo ressalta ainda que o equipamento “aponta que há uma oportunidade de decisão melhor”, o que acentua a eficiência do atendimento e da gestão hospitalar como um todo.
Tecnologia
O software a ser utilizado pelas CCIHs serão implantados, inicialmente, em cerca de 20 hospitais, que serão o piloto do projeto. Até a segunda semana de maio, o aparato já estará disponível nos dez primeiros hospitais. Até 20 de junho, todos os hospitais participantes da pesquisa (cerca de dez em São Paulo e dez em Goiás) estarão com o sistema instalado.
Mas o coordenador do projeto afirma que “a ideia é que esta metodologia possa ser expandida por todo o SUS”.
O software, que será fornecido por uma empresa terceirizada, é uma ferramenta que já é utilizada em uma unidade de referência do Sistema Único de Saúde (SUS), o Hospital Santa Marcelina, em Itaquera, São Paulo. Os profissionais do IFG vão customizar esta ferramenta a depender da necessidade de cada hospital avaliado e, também, vão treinar as equipes das CCIHs para a utilização.
Ainda dentro das metas do projeto, os pesquisadores vão analisar os dados e verificar a eficiência da ferramenta implantada. A empresa detentora da tecnologia vai implementá-la localmente (nos hospitais), e a equipe do projeto vai acompanhar os dados gerados, para verificar se está havendo correções em tempo real (medicação x protocolo) e os resultados de eficiência devido o uso da ferramenta.
Covid-19
O coordenador do projeto explica ainda que como o uso da ferramenta torna o uso dos antibióticos mais eficientes, diminui o tempo de uso de leito hospitalar por paciente. E como o Coronavírus (COVID-19) em sua evolução pode causar infecção por bactéria, o sistema implantado ajudaria na melhor tomada de decisões quanto ao uso de antibióticos e, também, possibilitaria maior eficiência no uso dos leitos hospitalares com a diminuição do tempo de internação do paciente.
Na última semana, a equipe do IFG realizou uma visita ao Hospital Santa Marcelina. Os pesquisadores se reuniram com a gestão do hospital para entender métodos utilizados no local que hoje é referência em eficiência e em baixos índices de mortalidade no Brasil. Eles vão customizar o software (que já é utilizado neste hospital de referência) para as unidades hospitalares participativas da ação e estas terão acesso a este produto de maneira permanente.
O projeto é financiado pelo Ministério da Saúde e conta com a Fundação de Apoio a Pesquisa (Funape) na gestão dos recursos.
Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Valparaíso.
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