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Inclusão

Importância do trabalho de intérpretes de Libras é destacado por alunas de Pedagogia Bilíngue

Publicado: Terça, 15 de Janeiro de 2019, 12h31 | Última atualização em Quarta, 27 de Fevereiro de 2019, 18h36

As formandas Silvia Neves e Creunice Pereira fizeram, respectivamente, relato pessoal e monografia abordando o assunto

Silvia Rodrigues Vicente Neves (centro) com as intérpretes Cátia Dias Marques e Marly Rodrigues Silva de Souza, do Instituto Federal de Goiás - Câmpus Aparecida de Goiânia. Silvia é surda e escreveu um depoimento sobre a importância do apoio dos profissionais tradutores para sua formação em Pedagogia Bilíngue.
Silvia Rodrigues Vicente Neves (centro) com as intérpretes Cátia Dias Marques e Marly Rodrigues Silva de Souza, do Instituto Federal de Goiás - Câmpus Aparecida de Goiânia. Silvia é surda e escreveu um depoimento sobre a importância do apoio dos profissionais tradutores para sua formação em Pedagogia Bilíngue.

O trabalho do tradutor e intérprete de Libras foi destacado por alunas do curso de Pedagogia Bilíngue Libras-Português do Instituto Federal de Goiás (IFG) em um relato e também em um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), ressaltando sua importância para a qualidade da educação bilíngue. O relato foi feito por Silvia Rodrigues Vicente Neves e integra o TCC de Creunice Hipólita da Silva Pereira, ambas alunas da primeira turma do curso de Pedagogia Bilíngue do IFG, ministrado no Câmpus Aparecida de Goiânia e que tem a primeira colação de grau marcada para o mês de abril de 2019.

“O intérprete, é como nosso ‘anjo’”, afirma Silvia Neves, ao relatar o apoio recebido dos intérpretes do IFG no decorrer do curso de Pedagogia Bilíngue. Ela destaca o suporte recebido da intérprete Marly Rodrigues Silva de Souza, primeira intérprete do curso e que desempenhou atitude fundamental para a segurança e permanência de Silvia nas aulas, desde o primeiro dia no Câmpus Aparecida de Goiânia.

Silvia Rodrigues Vicente Neves é surda, mas sua história de vida apresenta uma situação diferenciada dos demais surdos e ouvintes do curso. A perda auditiva de Silvia começou quando ela tinha 18 anos e foi se agravando ao longo do tempo. Quando ingressou no curso de Pedagogia Bilíngue, tendo mais de 40 anos de idade, a estudante já havia concluído uma graduação, em Ciências Sociais, e tinha surdez acentuada. Ela lia e interpretava bem os textos em Português, mas não conhecia Libras, o que lhe impunha obstáculos na comunicação tanto com ouvintes como com os surdos e demandou da intérprete Marly Rodrigues uma atuação diferente de tudo o que ela já havia experienciado.

 

Interação fundamental

“Eu enchia bloquinhos e mais bloquinhos de todas as disciplinas. Ai no final da aula eu destacava daquela a folha e entregava pra ela”, afirma Marly. A intérprete conta, no Trabalho de Conclusão de Curso de Creunice Pereira, que também fazia tradução por replicação, para que Silvia pudesse compreender por meio de leitura labial e, diariamente, também ensinava novos sinais em Libras à aluna, hoje pedagoga bilíngue em Libras e Português. Os desafios enfrentados por Silvia Neves e sua conquista pessoal são apresentados por ela em relato que fez ao trabalho da colega Creunice.

Creunice Hipólita da Silva Pereira faz uma reflexão, em seu TCC, sobre as atribuições dos Tradutores e Intérpretes de Língua de Sinais e Português (TILSP), valendo-se, para isso, de documentos oficiais, do histórico da educação de surdos e de relatos da primeira aluna surda, da primeira intérprete e da primeira coordenadora do curso de Pedagogia Bilíngue do IFG, respectivamente, Silvia, Marly e a professora Waléria Batista da Silva Vaz Mendes, que foi orientadora de Creunice no Trabalho de Conclusão do Curso.

Na monografia, a agora também pedagoga bilíngue Creunice Pereira constata que a interação entre o intérprete e o estudante surdo é fundamental para o sucesso no processo de ensino e de aprendizagem. Ela destaca o valor e a complexidade do trabalho do intérprete, que é enriquecido quando este é sensível à realidade do estudante surdo. A professora Waléria Vaz Mendes explica, conforme apresentado na monografia, que um ano antes do primeiro processo seletivo para o curso de Pedagogia Bilíngue, já foi pensado, organizado e realizado o concurso para Tradutores Intérpretes de Língua de Sinais. Atualmente, o Câmpus Aparecida de Goiânia do IFG conta com nove intérpretes de Libras.

 

Depoimento de Silvia Rodrigues Vicente Neves

Monografia de Creunice Hipólita da Silva Pereira  - "Educação Inclusiva & Educação Bilíngue: Atribuições dos Tradutores e Intérpretes de Língua Brasileira de Sinais e Português no Ensino Superior"

 

História de protagonismo

O curso de Pedagogia Bilíngue Libras-Português foi iniciado no Câmpus Aparecida de Goiânia do IFG em março de 2015. Destinado à formação de professores para a alfabetização e inclusão de ouvintes e surdos nas séries iniciais do Ensino Fundamental, o curso de Pedagogia Bilíngue nasce com uma importante marca: o primeiro do País a oferecer o curso na modalidade presencial. “A inclusão deve ser feita na base. Nós estamos abrindo as condições para isso e essa é uma das razões pelas quais esse curso me encanta”, destacou a diretora-geral do Câmpus Aparecida de Goiânia, professora Ana Lucia Siqueira, na aula inaugural realizada no dia 10 de março daquele ano.

A efetivação da política de inclusão no curso de Pedagogia Bilíngue do IFG deu um salto no ano seguinte, quando o número de alunos surdos elevou-se de um para sete e houve ainda o ingresso de um professor surdo, Diego Leonardo Pereira Vaz. A professora Waléria Batista da Silva Vaz Mendes, então coordenadora, comentou à época que a elevação do número de estudantes surdos e a presença do professor Diego representavam um momento de vitória dos surdos, por constatar que podem chegar à faculdade como alunos e também serem professores.

Muitas ações significativas pela inclusão da pessoa surda já foram e são realizadas pelo curso de Pedagogia Bilíngue do IFG. Exemplo de destaque é a parceria firmada em 2016 com o Instituto Politécnico do Porto (Portugal) para desenvolvimento do programa Virtual Sign, para tradução virtual da língua de sinais. Palestras, debates e outras ações que promovem a reflexão sobre a educação de surdos também são atividades frequentes tanto no IFG, como organizadas pelo curso ou com participação de seu corpo docente em outras unidades escolares e em eventos de abrangência que vão do local ao internacional.

A experiência do IFG já foi levada, por exemplo, ao Encontro Internacional pela Unidade dos Educadores, em 2017, pelos professores Waléria Batista da Silva Vaz Mendes, Thiago Cardoso Aguiar e Aleir Ferraz Tenório, atual coordenadora do curso de Pedagogia Bilíngue. O evento, realizado em Cuba, contou com a participação de educadores de diversos países, visando à troca de experiências e união de esforços pelo acesso universal à educação de qualidade.

Atualmente, além de oferecer o curso presencial de Pedagogia Bilíngue Libras-Português, com reserva de vagas para surdos, o Câmpus Aparecida de Goiânia do IFG é polo do Instituto Nacional de Surdos (INES) na oferta do curso de Pedagogia EaD. O IFG é um dos 12 polos do País e o único de Goiás a oferecer o curso em cooperação com o INES.

 

Coordenação de Comunicação Social e Eventos / Câmpus Aparecida de Goiânia

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