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Live Projeto IRAS

É preciso higienizar a saboneteira? Sim! Pesquisadoras explicam a resistência das bactérias

Publicado: Segunda, 24 de Agosto de 2020, 10h51 | Última atualização em Quarta, 09 de Setembro de 2020, 16h30

Próxima edição ao vivo será dia 27, quinta, às 19 horas, e vai falar sobre ética em pesquisa com seres humanos 

Cerca de 75 pessoas acompanharam a última live do Projeto IRAS
Cerca de 75 pessoas acompanharam a última live do Projeto IRAS

Um bate-papo com temas que impactam diretamente na qualidade da saúde pública brasileira, na prevenção e nos ambientes propícios à proliferação de bactérias. A edição da última live do Projeto IRAS contou com a participação de estudantes, profissionais da saúde, servidores de Institutos Federais e interessados no tema. As pesquisadoras convidadas falaram sobre resistência microbiana (bactérias resistentes a antibióticos), esclareceram pontos úteis para o dia a dia das pessoas, como locais inesperados em que as bactérias podem estar presentes.

Mas, onde estão as bactérias resistentes? Só em ambientes hospitalares? A professora do IFG – Câmpus Goiânia Oeste e pesquisadora, Silvana Barbosa, afirma que essas bactérias estão presentes não apenas em hospitais, mas, principalmente, no meio ambiente. Entre os principais locais disseminadores, ela destaca a água, por meio do esgoto doméstico, das estações de tratamento, de locais próximos a rios, mares ou lagos. Bactérias bastante resistentes (multirresistentes), segundo Silvana, são as que crescem em ambientes como frascos de água parada há muito tempo, dispenser de sabão e detergentes – que acumulam água ou restos desse sabão. Isso significa que é necessário higienizar sempre esse tipo de recipiente, assim como lavar as mãos. “Então, o hospital em si está sendo o ambiente onde menos se está vendo essa diversidade de bactérias resistentes”, diz.

Professora do Instituto Federal de Goiás (IFG) – Câmpus Goiânia Oeste, Hellen da Silva foi uma das convidadas e destacou conceitos como o de bactérias resistentes e persistentes. “Quando eu falo de resistência, quer dizer que essa bactéria será sim resistente a antibióticos”. Já a “bactéria persistente não vai ser suscetível a ação do antibiótico, que não vai matá-la, pois ela não está se reproduzindo, mas isso não significa que ela seja, necessariamente, resistente. O detalhe importante é que essa célula bacteriana pode carregar uma sequência circular de material genético, que pode conter material de resistência”, destaca. Por isso, Hellen afirma que a bactéria pode, então, não sofrer ação do antibiótico, mas, no futuro, transferir esse gene de resistência para outra bactéria, que pode se tornar resistente ao medicamento.

Sobre a questão: “todas as bactérias são resistentes?”. A pesquisadora afirma que não. Então, “Como bactérias adquirem resistência?”, indaga. Por meio do próprio mecanismo de ação molecular dessa bactéria, ela explica. Ou seja, “a membrana que reveste a bactéria sofre danos e, assim, inibe a atuação de enzimas e proteínas provenientes desses medicamentos, como os antibióticos”. Por meio do entendimento desse mecanismo, a pesquisadora destaca que é possível pensar em estratégias de prevenção e controle à resistência microbiana, desenvolver pesquisa para criar formas de coibir essa resistência.

Outro tema que norteia a resistência das bactérias a antibióticos remete aos custos de pacientes internados ou que possuem infecções recorrentes. Um dos problemas que pode agravar a situação é o hábito do brasileiro de utilizar excessivamente esses medicamentos, segundo a pesquisadora e professora do IFG – Câmpus Goiânia Oeste Carla de Aleluia. Segundo ela, há pesquisas que mostram que o consumo de dose diária de antibiótico pelos brasileiros chega a ser 20 vezes maior que na Europa. “Quando pensamos isso, vamos sobrecarregar o sistema de saúde mais cedo ou mais tarde. Isso tudo somado, a organização por trás desse evento, mais o tempo de leito, insumos, hora dos profissionais por paciente, tudo isso acaba piorando muito esse processo”, afirma.  Soma-se a isso a automedicação, um problema também presente no Brasil. Tudo isso impacta diretamente no gasto em saúde pública, afirma a pesquisadora.

Ela conta que “o custo diário de um paciente internado chega a R$ 8 mil dólares, nos Estados Unidos, para um paciente que tenha infecção comum por micro-organismo”, comenta. Segundo a pesquisadora, no Brasil, um custo que seria de cerca de R$ 1,2 mil por um paciente internado por três dias, em internação comum, chega de R$ 9 mil a R$ 12 mil dependendo do tipo de infecção associada se essa internação se estender em uma UTI, por exemplo.

Pandemia

Sobre a prescrição de antibióticos para tratamento da Covid-19, a pesquisa Hellen afirma que não há evidência clínica de eficácia desses medicamentos no tratamento da Covid-19. “O uso para essa finalidade é profilático”, afirma. Ou seja, seria para prevenir uma infecção secundária por bactérias. Mas o alerta é para o uso indiscriminado dessa chamada “antibioticoterapia”, comenta a professora Silvana. Algumas indagações são feitas ainda pelas professoras: a higienização está sendo realizada corretamente nos hospitais e laboratórios, tendo em vista a superlotação? A prescrição de antibióticos por meio de teleconsultas está sendo feita corretamente, com o medicamente correto para cada caso?  

Saiba mais sobre o projeto IRAS, desenvolvido pelo Instituto Federal de Goiás, com recursos do Ministério da Saúde.

 

Assista a esta live completa no canal do Youtube do Projeto IRAS:                                 

https://youtu.be/1ItS72y6vpg

 

Assessoria de Comunicação do Projeto IRAS IFG/Ministério da Saúde

 

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