“Ciência e religião se referem à mesma realidade, mas sob perspectivas diferentes”
A afirmação partiu dos estudos da palestrante Bianca Scherer da Silva, que realiza pesquisa sobre descobertas científicas e o contexto religioso
Um tema bastante polêmico, causador de grandes embates, deu origem à palestra Física e Religião ao longo da História”, realizada na manhã de hoje, 7 de dezembro, na Semana de Educação, Ciência e Tecnologia do Instituto Federal de Goiás (IFG). A atividade foi coordenada pelo professor Daniel Ordine Vieira e ministrada pela estudante da segunda série do curso Técnico Integrado ao Ensino Médio em Saneamento, Bianca Scherer da Silva, por meio do Google Meet, para cerca de 60 pessoas.
Segundo o professor Daniel, a ideia de falar sobre física e religião em uma atividade da Secitec foi inspirada no projeto de pesquisa “Descobertas científicas e seu contexto religioso”, que está em andamento pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic-EM), por Ordine; pelo co-orientador, professor Geraldo Witeze Júnior (Câmpus Anápolis); e por Bianca. A aluna é bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), contemplada pelo Edital nº 17/2021, da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG) do IFG. “O que ela está fazendo é um trabalho de nível de graduação”, enfatizou Daniel.
Palestra
Explicando quem foi Galileu Galilei - cientista, físico, matemático, astrônomo e filósofo dos séculos XV e XVI – , suas descobertas e as perseguições pelas quais ele passou por ter defendido o Heliocentrismo, e ainda citando documentos e fatos históricos pertinentes, Bianca Scherer afirmou que o caso “não se enquadra no conflito entre ciência e religião, mas no conflito ciência versus ciência”. Desta forma, a palestrante concluiu que o mito criado sobre o caso de Galileu “contribui mais ainda para alimentar o ódio que é disseminado contra as religiões em geral”.
Em seguida, tratou do caso Einstein, que também apresenta controvérsias quanto a crenças religiosas do pesquisador. Albert Einstein, o físico alemão que viveu entre o final do século XIX e meados do século XX, criador da Teoria da Relatividade, acreditava em um Deus que se apresenta na harmonia regida pelas leis do mundo, e não em um Deus que cuida da sua criação, com características humanas. Para ele, este último foi inventado para suprir a necessidade das pessoas de se agarrarem a algo. “O cientista acreditava em um Deus, mas não no Deus do senso comum”, declarou Bianca.
Ao citar os dois casos, a palestrante afirmou que “os âmbitos da ciência e da religião são claramente separados um do outro, mas existe entre os dois fortes relações recíprocas e dependentes”. Ela justificou que Einstein “acreditava que, se a religião tinha o objetivo de libertar a humanidade da servidão dos anseios, desejos e temores egocêntricos, o raciocínio científico ajudaria a religião a concretizar isso”.
Após a análise das biografias de Galileu e Einstein, a palestrante apresentou modelos utilizados pela sociedade para representar ciência e religião, como o modelo do conflito, que fortalece as visões intolerantes, já que uma vai de encontro à outra; o modelo da independência, baseado na distinção dos dois campos; do diálogo, que contribui para relações construtivas, pois ambas tentam explicar o mesmo universo; e da complementaridade, que afirma que tanto a ciência quanto a religião explicam a mesma realidade, mas de formas diferentes, integrando-se.
Debate
A apresentação do tema gerou manifestações diversas. Entre os participantes, o assunto tratado foi a liberdade religiosa e de pensamento. Para Gabriel Vieira, “conhecer a pluralidade de pensamentos é fundamental para ter uma instrução digna, mais concreta, com outros pensamentos”. A estudante Hiara Joice Soares lembrou a importância da religião para a humanidade: “A religião é importante, ela segura muito as pessoas. Muita gente não tem medo tanto da justiça do homem, mas da justiça de Deus”.
A abertura de espaços para este tipo de debate também foi citada. “Seria muito importante que outras escolas ou universidades também tivessem este tipo de discussão, porque essa discussão não é apontar o dedo, é trazer opiniões diferentes, para a gente conseguir falar de forma respeitosa sobre todas as coisas, e não só apontar, ou xingar, ou ser grosseiro”, lembrou a professora Marina Moreira, do Câmpus Formosa. “Assunto polêmico é bom, contanto que as pessoas saibam debater, porque quando elas não sabem debater, se torna uma coisa muito cansativa”, opinou Hiara.
O coordenador da atividade se mostrou satisfeito pelo desempenho de Bianca na realização da palestra: “Fiquei surpreso de como ela conduziu bem o minicurso”. “Eu entendo que uma das maneiras mais eficazes de a gente dominar algum conteúdo é explicando para os outros”, justificou Daniel sobre o convite feito à aluna para ministrar a atividade na Secitec.
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Setor de Comunicação Social/Câmpus Formosa
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