Ir direto para menu de acessibilidade.

GTranslate - Tradução do site

ptenfrdeitesth

Opções de acessibilidade

Você está aqui: Página inicial > Conteudo do Menu Superior > IFG > Câmpus > Cidade de Goiás > Notícias do Câmpus Cidade de Goiás > “Todo assédio moral-sexual é organizacional”, afirma palestrante
Início do conteúdo da página
workshop

“Todo assédio moral-sexual é organizacional”, afirma palestrante

Publicado: Quinta, 18 de Novembro de 2021, 10h55 | Última atualização em Quinta, 18 de Novembro de 2021, 10h55

O assédio sexual, inserido no contexto das violências laborais, foi o tema do 6º Workshop de Moralidade e Conduta

Em palestra, assistente social Karla Valle disse que a responsabilidade pelo assédio é institucional
Em palestra, assistente social Karla Valle disse que a responsabilidade pelo assédio é institucional

 

As mais diversas violências, entre elas os assédios moral e sexual, estão impregnadas no funcionamento das instituições. O assédio não é um problema entre o assediador e a vítima e é preciso quebrar lógicas estabelecidas historicamente nas relações e condições de trabalho, que perpetuam machismo, racismo e outros preconceitos para discutir essa violência e buscar medidas para combatê-la. E o melhor caminho para o combate é a definição de uma política institucional, que garanta à vítima local de escuta e acolhimento.

A partir dessas premissas, a assistente social Karla Fernanda Valle traçou um amplo quadro sobre o assédio moral-sexual no trabalho, durante a sexta edição do Workshop de Moralidade e Conduta Ética, realizado na tarde desta quarta-feira, que teve como tema “Assédio sexual no ambiente escolar”. Karla é doutora em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e assistente social na Coordenadoria de Saúde do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro, local definido para o acolhimento das vítimas no âmbito do Tribunal. O evento foi organizado pela Comissão de Ética do IFG, que, a partir de visitas aos câmpus e à Reitoria, identificou que para os servidores da Instituição o tema é prioritário.

Karla iniciou sua palestra abordando as complexidades das atuais condições de trabalho. Disse que estamos perpetuando lógicas estabelecidas de uma cultura gerencialesca/produtivista que, mais recentemente e por conta da tecnologia, provocou hiperconectividade, que gerou mais tarefas, como o gerenciamento da comunicação, e consequentemente mais estresse e outros problemas de saúde. Lembrou que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) atualizou recentemente sua análise sobre violência laboral e que essa atualização deu visibilidade para uma série de demandas que não estão dentro dos assédios, mas que se constituem como violências.

Entre essas violências, Karla destacou o machismo, afirmando que ele provoca uma dominação real e simbólica das mulheres e que, muitas vezes, é naturalizado. Afirmou que muitos aspectos do machismo e suas consequências estão presentes nas instituições e perguntou: como uma instituição machista acolhe uma denúncia de assédio?

A assistente social lembrou que a sociedade em geral trata as vítimas do assédio moral-sexual (ele quase sempre ocorre em associação) no trabalho da mesma forma que trata as vítimas do estupro: há uma culpabilização da vítima. Ela citou a pergunta ‘que roupa ela estava vestindo?’ como uma expressão bastante comum dessa culpabilização e completou dizendo que a assédio afeta mais as mulheres por questões de fundo, que vêm do patriarcalismo.

Relação de poder

Segundo disse, os assédios moral e sexual são sempre expressões das relações de poder. Assedia-se para enquadrar ou excluir alguém, por isso as vítimas geralmente são pessoas de destaque, pela dedicação, competência, rigor ético ou até pela beleza. Mas os alvos preferenciais são as mulheres jovens ou divorciadas ou negras ou com contratos de trabalho precários ou do grupo LGBTQIA+.

Justamente por se caracterizarem como relações de poder dentro das relações de trabalho, Karla é categórica ao afirmar que os assédios são institucionais e que há uma responsabilidade organizacional nas ocorrências e na sua perpetuação. “A chave para pensarmos em políticas de combate ao assédio moral-sexual é entender que basta a omissão para reforçar”, disse.

Por isso, ela defendeu que as instituições criem políticas de combate ao assédio de forma a fortalecer os indivíduos para o enfrentamento e também incentivar a rejeição à conduta violenta. Dentro da política, ressaltou, o primeiro passo é criar um local de escuta e acolhimento. É nesse local que a vítima vai se sentir amparada institucionalmente e vai receber orientações para seu comportamento e para a produção de provas do assédio. A denúncia, disse, é o passo seguinte, depois de a vítima se sentir acolhida e fortalecida.

Papel individual

A assistente social também destacou a importância da ação de cada indivíduo dentro das instituições para o combate ao assédio moral-sexual. Segundo ela, o expectador de uma violência deve se dirigir à vítima, reservadamente, e perguntar se ela precisa de ajuda; deve estimular a busca de atendimento médico e psicológico; deve se disponibilizar como testemunha. Em casos de presenciar violência considerada leve, como piadas ou alguma fala de constrangimento, deve buscar tirar a vítima do local, convidando-a a fazer uma tarefa e também deve dizer que achou a fala inapropriada.

Karla chamou a atenção para a tendência de termos empatia com os agressores, muitas vezes buscando justificar a violência, e de sermos tão críticos com as vítimas, muitas vezes culpabilizando-a. Segundo ela, uma das atitudes que todos devem ter para combater o assédio moral-sexual é não tentar ser “equilibrado”, apoiando o assediador.

Para as vítimas, ela apontou várias ações e vários comportamentos a serem adotados, entre eles: buscar auxílio médico e psicológico, evitar ficar sozinho com o agressor, elaborar um diário funcional (anotando as atividades e os acontecimentos ocorridos), filtrar as ordens do agressor e cobrar devolutivas claras sobre o trabalho realizado, não revidar, não assinar documentos/avaliações com as quais não concorde, não se isolar e buscar apoio familiar e/ou de vínculos afetivos.

Abertura

 6º Workshop de Moralidade e Conduta Ética foi aberto pelo presidente da Comissão de Ética do IFG, professor Ewerton Gassi, com a participação dos demais integrantes. O evento foi prestigiado pela reitora do IFG, professora Oneida Irigon, e pelo diretor-executivo, professor José Carlos Barros Silva, assim como por outros dirigentes da Instituição.

Veja a palestra: https://www.youtube.com/watch?v=uPaDElq14NA

 

Diretoria de Comunicação Social/Reitoria.

Fim do conteúdo da página