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Dia do Surdo

Homenagens e variada programação artística e cultural marcam o Dia do Surdo no IFG Aparecida

Publicado: Sexta, 27 de Setembro de 2024, 15h34 | Última atualização em Quinta, 10 de Outubro de 2024, 17h59

A celebração da data, nesta quinta-feira, 26 de setembro, teve início no período matutino, com homenagem à estudante Vitória, e prosseguiu à noite com o CinEdu, que teve variada programação. O câmpus se fez presente também com representação do curso de Pedagogia Bilíngue em evento da Associação dos Surdos de Goiânia.

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Homenagens, depoimentos emocionados, apresentações de poesia, teatro e filme com debate marcaram o Dia do Surdo no Câmpus Aparecida de Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG), nesta quinta-feira, 26 de setembro. A celebração da data teve início no período matutino, quando estudantes e servidores fizeram uma festa surpresa para a aluna Vitória Barbosa, do primeiro ano do curso Técnico Integrado em Edificações, que é surda. À noite, organizada pelo curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue, mais homenagens foram feitas aos estudantes surdos do curso, aos intérpretes e professores da área, durante a realização do CinEdu, uma atividade com programação variada e a exibição do premiado filme CODA. O IFG Aparecida se fez presente também em evento da Associação dos Surdos de Goiânia, representada pela coordenadora do curso de Pedagogia Bilíngue, professora Waléria Batista da Silva Vaz Mendes, e do aluno Jocenildo Silva dos Santos.

O diretor-geral do Câmpus Aparecida de Goiânia, professor Eduardo de Carvalho Rezende, falou da importância das atividades para celebrar a data, que representa um marco na luta do povo surdo por direitos. “O Dia do Surdo é um momento de fazermos uma homenagem ao nosso professor e aos estudantes surdos do IFG e é uma oportunidade de também celebrarmos o trabalho que realizamos todos os dias e que faz do IFG, em especial no Câmpus Aparecida de Goiânia, uma Instituição que tem a marca da inclusão, da acessibilidade e do respeito ao ser humano”, afirmou. O diretor-geral destacou o valor dos intérpretes de Libras para tornar possível a atuação do IFG por uma sociedade mais igualitária. “Eu parabenizo também os intérpretes por terem escolhido uma profissão tão nobre para suas vidas”, disse.

 

Eu me senti especial

A homenagem feita à estudante Vitória Barbosa, cheia de alegria e de relatos emocionados, mostrou o quanto ela é querida por colegas, professores e pelos técnicos administrativos que trabalham diretamente com os estudantes. Vitória é a primeira aluna surda em um curso de ensino médio técnico no Câmpus Aparecida de Goiânia. A homenagem feita a ela pelo Dia do Surdo foi organizada pela Coordenação do Curso Técnico em Edificações, pela Coordenação de Apoio Pedagógico ao Discente (CAPD) e pelo Núcleo de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE), em parceria com os estudantes da turma do 1º ano do curso de Edificações. O aluno Jocenildo Silva dos Santos, do 5º período do curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue, foi convidado para falar aos adolescentes sobre a importância que a data tem para a comunidade surda. Ele incentivou os estudantes ouvintes a aprender Libras, para uma comunicação mais efetiva com a colega Vitória.

Vitória conta que ficou surpresa com a homenagem e que achou o momento importante por reunir e incluir pessoas. “Foi uma ação de união. Eu me senti especial”, declarou para a produção desta matéria, com apoio das intérpretes Thalita Lima e Thaís Regina. A estudante conta que nasceu surda e que começou a estudar em uma escola particular que não tinha intérprete e onde somente o professor tinha um conhecimento básico de Libras. Ainda criança, ela foi transferida pela família para uma escola pública, onde tinha apoio de intérprete e sentiu a diferença. “Aqui também é diferente. É legal estudar no IFG”, afirmou.

A coordenadora do curso Técnico em Edificações, professora Rosinete Bandeira, foi quem abriu o momento festivo. Ela parabenizou Vitória por suas conquistas e os colegas estudantes pelo empenho, mobilização e carinho na organização da homenagem. Estavam também presentes os professores Ronan Santana e Nathália Cordeiro, que colaboraram com a organização, e ainda Raul Vítor, Thamy Gioia e Thiago Zimmer e as técnicas administrativas Maria Etevalda Batista da Silva, Kamilla Assis e Taísa Fidélis. As alunas Layslla e Mariana falaram em nome da turma sobre o privilégio de conviver com Vitória e sobre o quanto aprendem com ela todos os dias. Mariana agradeceu Vitória “pela oportunidade que ela está oferecendo a nós, porque ninguém sabia falar nada [em Libras], nem terminamos o ensino médio e todos já ganharam sinal. E não é só sobre a questão de Libras e conhecer sinais novos, é sobre fazer amizade com ela, que é uma pessoa muito incrível”. Outros estudantes também fizeram relatos emocionados sobre a convivência e o empenho em tentar se comunicar com ela.

A capacidade natural de Vitória para encantar as pessoas com quem está convivendo no IFG Aparecida foi comentada também pelo professor Ronan Santana. “Assim como vocês falaram, para mim também está sendo um crescimento grande profissional. E quem está falando isso pra vocês é uma pessoa com 30 anos já de carreira docente”, disse Ronan. O professor falou que Vitória é uma aluna dedicada e de muita generosidade, que “está mexendo, transformando e levando a turma por um caminho maduro”, afirmou. A homenagem a Vitória Barbosa pelo Dia do Surdo teve bolo temático, decoração do miniauditório com balões azuis e brancos e brincadeiras com tintas nas mesmas cores.

 

Marcos importantes

A programação noturna pelo Dia do Surdo foi bastante diversificada. A abertura foi marcada com uma exposição do professor Diego Leonardo Pereira Vaz, sobre o Setembro Azul, o mês da visibilidade surda, que abriga várias datas alusivas às lutas e conquistas do povo surdo, como o Dia da Libras (10), o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21), o Dia do Surdo (26) e o Dia do Intérprete de Libras (30). Diego Leonardo, que é surdo, é graduado em Letras Libras, mestre em Educação Profissional e Tecnológica e professor no curso de Pedagogia Bilíngue do IFG. Ele apresentou também uma poesia com tema voltado ao Dia do Surdo.

Arrancou muitas risadas do público, o ator surdo Sérgio Vaz, que interpretou um palhaço. Momento de destaque do evento, chamado CinEdu, foi a apresentação do filme CODA. A exibição do filme foi precedida por uma resenha descritiva feita pelo professor Thiago Cardoso Aguiar, que falou do contexto do filme, o que facilitou aos surdos que porventura tivessem mais dificuldade de acompanhar legendas. Após a exibição do filme, houve debate conduzido pela coordenadora do curso de Licenciatura Pedagogia Bilíngue do IFG, professora Waléria Batista da Silva Vaz Mendes. “O filme mostra tanto a realidade dos surdos e as dificuldades que eles têm no mundo ouvinte, quanto a realidade da família surda. Foi muito importante”, relata a professora. O termo CODA é originário do Inglês - Child of Deaf Adults -- e significa “filho/a de pais surdos”.

A professora Waléria afirma perceber um movimento “fantástico” no IFG Aparecida, com engajamento das pessoas na comunidade surda, pela luta e pelos direitos da pessoa surda. Ela conta que as próprias alunas do curso tiveram a iniciativa de preparar bolo temático para os participantes do CinEdu e lembrancinhas que foram distribuídas às pessoas surdas, aos intérpretes de Libras e aos professores da área de Libras.

A coordenadora do curso de Pedagogia Bilíngue comentou que todas as atividades realizadas pelo Dia do Surdo no IFG Aparecida, envolvendo tanto os alunos do ensino médio quanto os de curso superior “trazem ainda mais o caráter inclusivo que o câmpus Aparecida tem”. Ela declara que as homenagens e outras ações, incluindo sua visita ao Centro Educacional Bilíngue de Surdos, que é mantido ela Associação dos Surdos de Goiânia, “são marcos importantes até para o movimento surdo, entendendo que esse movimento não se dá apenas no Dia do Surdo, mas é um movimento do Setembro Azul, pra entender essa luta da comunidade surda por seus direitos, principalmente o direito linguístico”, disse. Waléria destaca que existe “uma história educacional dos surdos, que começou principalmente na década de 90 e que hoje a gente tem colhido frutos disso. Mas a luta não para, ela continua aí, pra frente”.

A visita da coordenadora do curso de Licenciatura em Pedagogia Bilíngue do IFG à Escola Bilíngue da Associação dos Surdos de Goiânia foi feita acompanhada do estudante surdo Jocenildo Silva dos Santos, a convite da instituição, para evento que foi realizado em comemoração ao Dia do Surdo. No Câmpus Aparecida de Goiânia, a programação das atividades em torno do CinEdu foi uma realização do curso de Pedagogia Bilíngue, com apoio do Núcleo de Estudos em Educação e Linguagem do IFG Aparecida.

 

  

Álbuns de fotos:

 

 

 

 

Coordenação de Comunicação Social e Eventos / Câmpus Aparecida de Goiânia (com apoio da CAPD e da Coordenação do curso de Pedagogia Bilíngue pelo registro de fotos e envio de informações)

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