Ir direto para menu de acessibilidade.

GTranslate - Tradução do site

ptenfrdeitesth

Opções de acessibilidade

Você está aqui: Página inicial > Conteudo do Menu Superior > IFG > Câmpus > Águas Lindas > Notícias do Câmpus Águas Lindas > “Quem é a mulher negra? Nós somos e ainda seremos a viga mestra da sociedade brasileira”
Início do conteúdo da página
IV SIMPEEX/SECITEC

“Quem é a mulher negra? Nós somos e ainda seremos a viga mestra da sociedade brasileira”

Publicado: Terça, 02 de Fevereiro de 2021, 09h08 | Última atualização em Sexta, 05 de Fevereiro de 2021, 17h26

Reflexão é da professora Anna Maria Canavarro Benite, conferencista da abertura do IV Simpeex/Secitec

Anna Maria Canavarro Benite foi a conferencista da abertura do IV Simpeex/Secitec
Anna Maria Canavarro Benite foi a conferencista da abertura do IV Simpeex/Secitec

Ao abordar a questão da perspectiva de gênero e raça na ciência, durante a conferência de abertura do IV Simpeex/Secitec, a professora Anna Maria Canavarro Benite chamou a atenção sobre alguns fatos, sendo um deles, a ausência de uma mulher negra no 1º Painel “Pioneiras da Ciência no Brasil”, elaborado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A conferência teve como tema “Diálogos e Conhecimentos que Transformam” e foi realizada nesta segunda-feira, 1º de fevereiro, com transmissão pelo canal do YouTube IFG Comunidade.

“Mas quem é essa mulher que ficou de fora do painel do CNPq? Essa mulher é a marcada pela interseccionalidade. Quem é a mulher negra? Nós somos e ainda seremos a viga mestra da sociedade brasileira. São as mulheres negras que dão cor à base da pirâmide. São as mulheres negras que estão à frente do sustento de famílias na linha de miséria no nosso país, sem companheiros ou companheiras. São as mulheres negras que choram a morte da juventude negra, mas são as mulheres negras também que dão cor à periferia e aos empregos subalternos. Por isso, essas mulheres são marcadas pelas intersecções que as atravessam. São as mulheres negras que não foram devidamente protegidas pela Lei Maria da Penha”, ressalta Anna Maria.

Para a professora, que é um dos nomes de referência em Goiás quando o assunto é promoção da igualdade racial e direitos humanos, há que se ter cuidado ao abordar a ciência moderna, que segundo ela, é sinônimo de colonização e racismo também. 

 

Anna Maria defendeu a perspectiva de gênero como “uma questão de direitos humanos e justiça social. Todos os indivíduos devem ter igualdade de oportunidades para uma educação científica e uma carreira científica”. E por quais razões devemos pensar a respeito da ciência por uma perspectiva de gênero? Por diversas razões, que incluem as econômicas e sociais.

De acordo com a conferencista, as razões econômicas trazem a seguinte reflexão: “se as mulheres não tiverem as mesmas oportunidades para tornarem-se cientistas e engenheiras, o país estará negando a si próprio a totalidade das mentes científicas e criativas”. No caso das razões sociais, “as mulheres realizam diferentes atividades e papéis, tanto dentro como fora de casa, daqueles realizados pelos homens. É importante que tanto homens quanto mulheres possam usufruir dos resultados de uma boa educação científica e técnica na realização dessas atividades e papéis”.

Anna Maria também apresentou, no início da conferência, uma contextualização histórica, recuperando situações e imagens. Apresentou uma foto da 5ª Conferência de Solvay, de 1927, que é um congresso que acontece desde 1911 a cada espaço de tempo e que reúne os principais nomes da física e química para debater avanços e discutir questões que precisam de uma solução nos referidos campos. Na imagem apresentada pela professora Anna Maria havia vários homens brancos e apenas uma mulher, também branca. Em seguida, apresentou uma outra fotografia dessa mesma conferência, do ano de 2011, onde é possível ver um aumento vertiginoso de mulheres, mas todas brancas.

Nesse momento, defendeu que “é preciso dar visibilidade às mulheres na ciência para que a gente possa dar respostas mais robustas”. Para ela, o movimento é revisional e há um crescimento da participação das mulheres nos diferentes países do mundo. “Isso significa a produção de respostas mais robustas na ciência e tecnologia. Por isso os marcadores interseccionais de gênero e raça são importantes”, enfatiza Anna Maria Canavarro Benite.

Para finalizar, a conferencista explica que são muitos os desafios e que é muito importante “que a gente considere a perspectiva de gênero e raça quando formos falar de ciência. Estamos avançando e eu convoco todas as pessoas que ficaram aqui conosco, que nos deram a audiência, que conheçam, se integrem nesse diálogo que transforma. Esse diálogo só vai transformar de fato quando as vozes, na sua totalidade, forem ouvidas”.

A atividade foi mediada pelo professor Eduardo Carli que, além de apresentar a conferencista no início, ao final leu alguns comentários da audiência e fez, à professora Anna Maria, perguntas apresentadas no “chat” da transmissão ao vivo. Antes da conferência foi realizada uma apresentação cultural na forma do vídeo-dança “Respiração”, que faz parte de projeto selecionado pelo Edital InspirArte do IFG.

 

Abertura

A solenidade de abertura do IV Simpeex/Secitec antecedeu a conferência. A mesa virtual da solenidade contou com as presenças do reitor do IFG, professor Jerônimo Rodrigues da Silva, e dos pró-reitores de Ensino, Oneida Irigon; de Extensão, Daniel Barbosa; e de Pesquisa e Pós-Graduação, Paulo Francinete, além do representante da Comissão Organizadora do evento, José Renato Masson e do secretário de Estado da Secretaria de Desenvolvimento e Inovação, Márcio César Pereira, que representou o governador Ronaldo Caiado. Outras autoridades municipais e estaduais prestigiaram a solenidade de abertura, além de servidores e estudantes das unidades do IFG. O evento teve participação dos intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais): Ezequiel Nunes Souza e Thyago Santos. O Simpeex/Secitec segue até o dia 6 de fevereiro, com programação com mais de 200 atividades sendo realizadas pela Reitoria e pelos câmpus do IFG.

 

Você confere abaixo algumas das falas dos integrantes da mesa virtual de abertura:

Mesa de Abertura Virtual foi presidida pelo Reitor do IFG, Jerônimo Rodrigues
Mesa de Abertura Virtual foi presidida pelo Reitor do IFG, Jerônimo Rodrigues

 

Jerônimo Rodrigues da Silva, reitor do IFG - “Nós estamos aptos a enfrentar os desafios e a mostrar realmente o que nós temos condições, por meio do nosso corpo de professores, de alunos, servidores técnico-administrativos, de desempenhar. E agora nós estamos nessa fase de prestação de contas, mostrando a nossa produção científica, tecnológica, de ensino (...) Coincidiu com a abertura desse evento, a publicação da Portaria nº 50, do Ministério da Educação, de funcionamento do nosso Polo Embrapii. Para nós é um prazer estar à frente dessa Instituição e nós temos apenas a comemorar essa vitória, mas nós não podemos deixar de nos solidarizar com as vítimas da Covid-19”.

Daniel Barbosa, pró-reitor de Extensão do IFG – “É um momento que dialoga com esse que vivemos em nossa sociedade, momento em que infelizmente 220 mil pessoas morreram de Covid no Brasil. É nesse momento que a sociedade precisa das instituições, das instituições públicas, da educação e da ciência. Nesse momento nós precisamos reafirmar a importância do conhecimento e a importância do diálogo”.

Paulo Francinete, pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação do IFG – “Nós temos vivido, nos últimos anos, uma desconstrução da ciência, um negacionismo da ciência, da tecnologia e da pesquisa, e a Instituição, ao realizar esse evento com mais de 200 atividades, mostra a sua força, a força da pesquisa, do ensino e da extensão”.

Oneida Irigon, pró-reitora de Ensino do IFG – “Precisamos debater a educação. Precisamos debater a ciência. Em palestras que a gente teve a oportunidade de assistir ao longo dessa nossa trajetória, em uma palestra especial do professor Miguel Arroyo, ele afirmava que a sociedade brasileira precisa de sujeitos que possam garantir o direito à educação. Que nós, que aqui estamos, somos esses sujeitos, esses agentes dessa busca pelo direito à educação e à ciência nesse nosso país. Mesmo neste cenário complexo para todos nós, nós temos continuado ou, pelo menos, nós estamos aqui tentando dar continuidade ao que há de mais caro para nós, que é a vida”.

José Renato Masson, representante da comissão organizadora – “Nós escolhemos fazer um desafio e no começo a gente estava muito assustado com esse desafio que era juntar 14 câmpus, juntar uma Reitoria e falar assim: a gente dá conta de fazer um evento desse porte. Se vocês olharem a programação, é uma programação que eu considero desafiadora, muito bonita e ímpar”.

 

Diretoria de Comunicação Social/Reitoria.

Fim do conteúdo da página