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Meio Ambiente

Mesa de abertura traz influências de mananciais hídricos nas cidades

Publicado: Terça, 07 de Junho de 2022, 21h05 | Última atualização em Sexta, 10 de Junho de 2022, 19h51

Palestrantes da II Semana Nacional do Meio Ambiente do IFG defendem, em diversas esferas, proteção ambiental na urbanização das cidades: "A correta gestão das águas urbanas é parte da solução do problema que a gente tem hoje nas cidades", afirmou a arquiteta e urbanista Maria Ester de Souza

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A mesa de abertura "Os mananciais hídricos e as cidades", realizada online na noite de ontem e transmitida pelo canal do YouTube Eventos - IFG Câmpus Formosa, deu início oficialmente à II Semana Nacional do Meio Ambiente do IFG, que tem como tema "Alternativas socioambientais e tecnológicas na defesa das águas urbanas". O evento online é promovido pelos câmpus Águas Lindas, Formosa, Jataí, Luziânia e Senador Canedo, e com colaboração do Instituto de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Goiás (IESA/UFG).

Três importantes participantes, o geógrafo da IESA/UFG, doutor Elizon Dias Nunes; a arquiteta e urbanista do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) e PUC-GO, doutora Maria Ester de Souza; e a engenheira ambiental Wanessa Silva Rocha, expuseram informações e perspectivas, na mesa de abertura, mediada pela professora doutora da UFG, Juliana Ramalho Barros, da IESA.

Elizon Dias Nunes abordou fluxos espaço-temporais de matéria e energia sob uma visão sistêmica da geografia física. Maria Ester tratou sobre as águas urbanas, o que ocorre com as cidades e sua dependência em relação às águas. "A primeira coisa que se busca para fazer uma cidade nova é a presença da água", definiu Maria Ester. A professora explicitou projetos de canalização de água e disse que rios e córregos foram invisibilizados até o século XX. Após a metade do século, "a percepção da água no meio urbano foi encapsulada nas canalizações e propostas de modelo de edifícios 'racionais'". "O planejamento precisa dar uma resposta que não seja a intenção de agradar terreneiros", concluiu. Wanessa Rocha falou sobre o uso do solo e alterações hidrológicas, fazendo um estudo de caso da sub-bacia do Córrego Botafogo, em Goiânia.

"A questão das águas urbanas passa pelo fato de ainda estarmos fazendo obras como há cem anos, ou seja, canalizando os córregos, escondendo os mananciais e levando a água da chuva por dutos subterrâneos", justificou Maria Ester de Souza


Sábado
As atividades vêm sendo realizadas desde sábado, 4 de junho. No Câmpus Formosa, o sábado contou com minicurso no Laboratório de Química do IFG e com uma atividade no Parque Ecológico Mata da Bica, em Formosa, conduzida pelo professor Marcos Schliewe, em uma trilha que passa ao lado das nascentes do córrego Joséfa Gomes, que dão origem à Lagoa Feia e contribuem para a formação de bacias hidrográficas brasileiras. O parque é um centro de referência biológico da cidade. Participaram da trilha, estudantes do ensino médio e superior do Câmpus Formosa do IFG.

O professor Schliewe abordou os problemas do esgotamento da cidade de Formosa na Mata da Bica e a importância da fauna e da flora na cidade. "Fizemos uma sensibilização quanto à importância das matas e proteção das nascentes", justificou o professor. Para o aluno do 2º ano do curso Técnico Integrado em Saneamento, João Marcos de Sousa Pieniz, "fazer trilha na Mata da Bica foi muito bom, porque eu nunca tinha entrado de fato lá e é bom conhecer os lugares turísticos da nossa cidade. Também é interessante saber que a Mata da Bica possui várias nascentes que contribuem para diversos rios que percorrem toda a Formosa, todo o Goiás".

 

Segunda-feira

"Nosso grande objetivo é que a gente garanta água de qualidade e quantidade para a geração atual e para as gerações futuras", Murilo Teles Domingues, professor do Câmpus Formosa.

 

Ontem, o Câmpus apresentou duas atividades. Na primeira, "Desafios na proteção dos recursos hídricos: da gestão de parques à provisão de saneamento", participaram Tarcísio Tadeu Nunes Junior, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), e a doutora Isadora Araújo Cruxên, da Queen Mary University of London. Isadora iniciou a mesa-redonda, apresentando números e o panorama de saneamento no Brasil. De acordo com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2020, 45% da população brasileira não tinha acesso a esgotamento sanitário adequado e 15% da população não tinha água encanada disponível.

Para a doutora, é clara a relação entre a poluição ambiental e o surgimento de doenças. "Uma das principais causas da poluição dos rios é a falta de tratamento de esgoto adequado, o que gera problemas como aumento de doenças infecciosas e dificuldades com a própria gestão dos recursos hídricos", declarou. "A gestão de recursos hídricos no Brasil tem sido pensada de forma separada da política de saneamento básico, quando uma visão mais integrada seria importante para que o saneamento possa também exercer sua função de proteção de recursos hídricos", afirmou Cruxên. "A gente não tem clareza de como o processo legislativo da Lei das Águas vai avançar e em que medida a introdução desse princípio de mercado, de fato, podem contribuir para a gestão dos recursos hídricos", completou.

"A gente está vendo em vários países, em várias cidades, um processo de reversão [de canalização das águas urbanas], com a busca de reintegração das águas urbanas e planejamento de ampliação do acesso às margens dos rios", relatou Isadora Cruxên, sobre a canalização dos rios urbanos

Tarcísio Tadeu Nunes Junior abordou o Parque Nacional da Serra do Gandarela, segundo maior manche de Mata Atlântica de Minas Gerais, mas que também tem áreas de Cerrado. Ele explicou as funções do CMBio e tratou de unidades de conservação. "O que pode dentro de um parque nacional é justamente a preservação destes ecossistemas naturais e também a possibilidade da realização de pesquisas, de atividades de educação ambiental e o turismo ecológico", explicou Tarcísio. Nunes Junior citou os benefícios levados à população pelos ecossistemas, exemplificando com o Parque Nacional da Serra do Gandarela, fornecedor de água para a região metropolitana de Belo Horizonte, Minas Gerais. "A gente está protegendo uma área que exerce um papel de um serviço ecossistêmico de provisão de água, principalmente para a região metropolitana", disse.

"Basicamente você protege, pesquisa, educa e também realiza turismo nesta área [do parque ecológico]", declarou Tarcísio Tadeu Nunes, pesquisador do ICMBio

No evento presencial realizado à noite, no Teatro Guaiá, "Unindo preservação ambiental à tecnologia: barragem subterrânea, uma alternativa tecnológica viável", o palestrante da Universidade Federal de Goiás (UFG), professor Danilo Duarte Costa e Silva, explicou aos presentes a estrutura e especificidades da construção de barragens subterrâneas. Além disso, sorteou cinco exemplares de livros dos quais ele é um dos autores para participantes da palestra. O estudante do terceiro ano do curso Técnico Integrado em Biotecnologia, Arthur Wentz e Silva, recitou poema sobre o cerrado, da saudosa autora formosense Iêda Vilas-Boas.

Amanhã, 8 de junho, às 19h, no Teatro Guaiá, as atividades se encerram, com a mesa-redonda "Audiência Pública das Instituições de Ensino, Pesquisa e Extensão: Canalização do Córrego Josefa Gomes em Formosa-GO". Participarão da atividade os professores doutores Elton Souza Oliveira, Marcos Augusto Schliewe e Wilson Lopes Mendonça Neto, e também o promotor da 2ª Promotoria de Justiça de Formosa, dr. Ramiro C. M. Neto. A atividade será aberta à comunidade externa.

 

Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Formosa

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