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Estudo de alunos do Câmpus Goiânia constata que mais de 80% da área do Setor Bueno é impermeável

Pesquisa foi realizada por estudantes do curso técnico em Agrimensura que utilizaram ferramentas de Geoprocessamento

  • Publicado: Terça, 30 de Janeiro de 2024, 14h15
  • Última atualização em Sexta, 08 de Março de 2024, 13h54
Cruzamento da Avenida T-4 com T-12 - Setor Bueno - Fonte: Google Maps
Cruzamento da Avenida T-4 com T-12 - Setor Bueno - Fonte: Google Maps

Pesquisa desenvolvida como produto final da disciplina de Geoprocessamento do curso técnico subsequente em Agrimensura do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) revelou que apenas 12% da área total do Setor Bueno, na Capital, possui permeabilidade. Enquanto isso, 88% do território do bairro é coberto – seja por asfalto, calçada, telhados, entre outros – totalizando 3,69 km² de impermeabilidade. A pesquisa foi orientada pela professora substituta do Câmpus Goiânia, Estéfane da Silva Lopes, em parceria com os estudantes Gabriela Nogueira, Isabela Caroline, Josael Neves Mariano, Lilian Alves e do coordenador do curso técnico em Agrimensura, o professor Halan Faria Lima.

A escolha pelo Setor Bueno, segundo Estéfane Lopes, se deu por ser o segundo maior bairro da região sul de Goiânia, uma parte considerada de maior desenvolvimento econômico e maior densidade populacional. “O bairro que chamou maior atenção durante o período de pesquisa foi o bairro Setor Bueno, por ser o segundo maior em área, população, densidade demográfica, lançamentos imobiliários e edifícios verticais construídos até 2024”, completa.

Para a análise, os pesquisadores utilizaram o programa Sistema de Informação Geográfica (QGIS) com código aberto e com licença pública. Essa ferramenta pode ser utilizada em diversos sistemas operacionais, como Linux, Windows etc, e permite trabalhar com dados vetoriais, formatos matriciais, apresentando diversas funcionalidades que permitem a construção de um banco de dados geográfico, ou seja, um mapa. Com essa ferramenta em mãos, os estudantes utilizaram imagens do Satélite Google Earth para classificar lotes e ruas como áreas impermeáveis, enquanto árvores, parques e gramíneas foram categorizadas como áreas permeáveis. “As camadas shapefile do bairro foram criadas pelos próprios alunos dentro do programa QGIS onde foram inseridas sobre as imagens de satélite, obtidas pela base do complemento Quickmapservice para vetorização da área”, explica a professora.

 


Estudantes durante a elaboração dos mapas, resultado da pesquisa sobre permeabilidade do solo no Setor Bueno

 A pesquisa analisa o conceito de superfície impermeável como indicador de impacto ambiental, uma vez que a urbanização em áreas adensadas é acompanhada também por menores quantidades de vegetação e maior quantidade de superfícies artificiais diversas. As consequências, conforme aponta o estudo, são perda da vegetação, aumento do armazenamento de calor na camada de solo, levando à elevação das temperaturas no local. De acordo com os pesquisadores, áreas sem arborização apresentam temperaturas maiores, com diferença média de 2,8°C em relação às áreas verdes, além da baixa na umidade relativa do ar.

O estudo conclui que isso ocorre no Setor Bueno, pois a perda da vegetação e a consequente impermeabilização do solo dificultam as infiltrações no lençol freático, provocando assim fatores que influenciam na problemática urbana ambiental, como alagamentos, enchentes, aumento de ondas de calor e ilhas de calor urbanas.

 


Nos mapas feitos pelo estudo: áreas de impermeabilidade são representadas na figura à esquerda, enquanto as de permeabilidade estão no mapa à direita

Estéfane Lopes afirma que as técnicas e ferramentas disponibilizadas pelo Geoprocessamento podem facilitar o trabalho de gestores públicos e também de incorporadoras, no sentido de analisar de forma consciente a área em questão para amenizar os impactos negativos do crescimento urbano desenfreado. “A utilização desta ferramenta permite uma análise rápida, confiável e menos onerosa por meio de técnicas especializadas. Além do mais, as informações sobre as áreas impermeáveis no Setor Bueno podem subsidiar o planejamento da forma e da ocupação do solo, de modo a minimizar impactos ambientais que possam vir a ocorrer. A metodologia abordada pelo geoprocessamento mostra-se uma alternativa ideal para esse estudo, oferecendo um detalhamento necessário acerca de investigações”, conclui.

A pesquisa foi publicada na Revista Terceiro Incluído – Transdisciplinaridade e Temas Contemporâneos, volume 13 de 2023, da Universidade Federal de Goiás (UFG)

 


Área do Setor Bueno em relação à Goiânia, Goiás e ao Brasil

 


Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia

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