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Goiânia, 22 de fevereiro de 2019

Publicado: Sexta, 22 de Fevereiro de 2019, 12h07 | Última atualização em Sexta, 22 de Fevereiro de 2019, 12h26

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

Parceria com instituto de Portugal garante dupla titulação a estudantes de Santa Catarina

MEC realiza cursos de formação para professores da zona rural

Novo presidente quer tornar FNDE referência em gestão financeira da educação brasileira

Gabaritos definitivos e padrões de resposta são divulgados 

CORREIO BRAZILIENSE

Projetos voltados à formação cidadã são saídas para transformar a educação

Instituto Ayrton Senna e Fundação BB firmam parceria pela alfabetização

Aula com sucata leva professora de SP a ser finalista do Global Teacher Prize

GLOBO.COM

MEC diz que vai analisar proposta de mudança na formação de professores feita na gestão Temer

USP volta atrás e aceitará alunos de colégios militares aprovados pelo Sisu

FOLHA.COM

MEC interrompe discussões em Conselho Nacional sobre formação de professores

Escola deve ensinar aluno a arriscar e a pensar sozinho, diz especialista de Harvard

 

N O T Í C I A S DA E D U C A Ç Ã O

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

TRILHAS DA EDUCAÇÃO

Parceria com instituto de Portugal garante dupla titulação a estudantes de Santa Catarina

Estudantes graduados em engenharia elétrica no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) obtiveram dupla titulação ao apresentar seus projetos de conclusão de curso no Instituto Politécnico do Porto, em Portugal, após cumprir as exigências do edital. A conquista foi possível graças a uma parceria firmada entre o IFSC e o Instituto Superior de Engenharia do Porto, ao qual o Instituto Politécnico é vinculado.

Allon Soares e Rodrigo Joench, que obtiveram o título europeu ao lado de outros dois colegas do IFSC, falam da experiência com grande entusiasmo. Allon a considera como algo importante não só para a sua vida pessoal, como também um passo fundamental dado pelo instituto. “Certamente, uma experiência no exterior dessa magnitude que o programa de dupla titulação proporciona é muito importante para o desenvolvimento acadêmico, profissional e também social dos estudantes”, afirma. Ele conta que um dos seus maiores objetivos é retribuir à sociedade o investimento que foi designado a sua formação.

Além dessa oportunidade, o jovem lembra o estágio que realizou há três anos na Finlândia. Essa chance também foi possível graças ao vinculo de estudo que ele teve com o instituto catarinense. “O IFSC, como um todo, investe pesado na parte de ensino, pesquisa e extensão, com muita qualidade”, observa. Allon também é muito grato às oportunidades dadas pela instituição. “Os próximos passos serão muito importantes na minha vida e a instituição me proporcionou as oportunidades necessárias”, finaliza.

Outro estudante selecionado pelo edital foi Rodrigo Joench. O jovem retornou de Portugal em 10 de fevereiro entusiasmado com tudo que viveu. “Acho que é uma oportunidade única de conhecer diferentes metodologias de ensino e novas culturas. Uma grande responsabilidade de trazer os conhecimentos obtidos lá na Europa para aplicar da forma mais adequada aqui no Brasil”, diz ele.

Para finalizar, Rodrigo também lembra que se sente orgulhoso por poder levar o nome do Brasil, assim como o do instituto, para outros países.

“Fico orgulhoso com a oportunidade e satisfeito com o trabalho feito pelo instituto. Ele está sempre tentando fazer o melhor trabalho possível para que outros países vejam que no Brasil há alunos de extrema qualidade.” O garoto também disse que torce para que outras pessoas possam ter a mesma experiência que ele teve.

Programa – O programa de dupla titulação para os alunos do curso de engenharia elétrica do Instituto Federal de Santa Catarina segue em andamento. Além desse grupo que embarcou para Portugal neste mês, outros três alunos estão no Porto desde setembro de 2018. Para este ano, o objetivo da instituição é ampliar o programa também para outros cursos.

Assessoria de Comunicação Social

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EDUCAÇÃO

MEC realiza cursos de formação para professores da zona rural

Cerca de 1.800 professores de escolas do campo e de comunidades quilombolas das redes estaduais e municipais de educação básica vão concluir, no primeiro semestre deste ano, cursos de formação continuada pelo programa Escola da Terra, do Ministério da Educação. O objetivo é promover o aperfeiçoamento do ensino, com foco na realidade local, nas zonas rurais do país. Ceará, Alagoas, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Rio Grande do Sul serão os próximos estados contemplados com a iniciativa até julho de 2019.

No Rio Grande do Norte, 188 professores finalizaram, nesta sexta-feira, 22, o curso de formação continuada, em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e com a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (SEEC/RN). Para Josélia Cardoso, professora do município de Santa Cruz há 31 anos, o programa a ajudou no aprimoramento, bem como inovação da prática pedagógica, pois trabalha mais a realidade do aluno na região.

O que mais me chamou a atenção foi o aprendizado sobre agroecologia. Isso será muito importante para nossa comunidade. Espero que outras edições aconteçam e que sejamos contemplados”, afirmou a professora. A iniciativa está em sua terceira edição no Rio Grande do Norte e já contemplou 638 professores de escolas do campo no estado.

À frente do programa, o secretário de Modalidades Especializadas de Educação, Bernardo Goytacazes de Araújo, destaca que o intuito do projeto é que os conhecimentos adquiridos possam ser aplicados em benefícios à comunidade local, na geração de emprego e renda, na manutenção das pessoas no campo e na melhora da qualidade de vida nessas regiões.

Goytacazes afirma também que já há uma parceria em andamento com a UFRN e a secretaria estadual para estender o curso de formação aos professores do ensino médio, além da construção de uma Escola da Terra com ensino técnico no estado.

Buscamos identificar as necessidades de ensino nessas regiões, como quais cursos técnicos são mais adequados à demanda da comunidade rural. Focamos no fortalecimento de conhecimentos em empreendedorismo e tecnologias aplicadas para garantir o melhor aproveitamento das disciplinas e conhecimentos ministrados”, explica o secretário. O programa já contemplou 22 mil professores de escolas do campo e comunidades quilombolas de 23 estados do país.

Formação – A Escola da Terra é um programa do Ministério da Educação para a formação continuada de professores em serviço em escolas do campo. Todas as atividades formativas são realizadas por universidades públicas, mediante adesão. Em 2013, o MEC selecionou sete universidades federais para participar de um projeto-piloto da Escola da Terra, em quatro das cinco regiões do país, com 7,5 mil vagas: universidades federais do Amazonas (Ufam), da Bahia (UFBA), do Pará (UFPA), de Pernambuco (UFPE), do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Minas Gerais (UFMG) e do Maranhão (UFMA).

Entre os principais objetivos do programa estão a melhoria das condições de acesso, permanência e aprendizagem dos estudantes do campo e quilombolas em suas comunidades, por meio do apoio à formação de professores que atuam nas turmas dos anos iniciais do ensino fundamental. A intenção é fortalecer a escola, compostas por estudantes de variadas idades, como espaço de vivência social e cultural.

Assessoria de Comunicação Social

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TECNOLOGIA

Novo presidente quer tornar FNDE referência em gestão financeira da educação brasileira

Com mais de 40 anos de expertise na área de finanças, administração e educação, o novo presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), professor Carlos Alberto Decotelli, destaca que vai priorizar a atuação da autarquia como um gestor estratégico de recursos para a educação no Brasil. Na nova gestão, Decotelli também reitera a importância do respeito ao uso dos recursos públicos com processos mais transparentes à sociedade brasileira.

A posse do novo presidente foi realizada na manhã desta quinta-feira, 21, na sede do Ministério da Educação. Durante a solenidade, o ministro da Educação, professor Ricardo Vélez Rodríguez, destacou que o FNDE deve ter uma função pedagógica na gestão dos recursos e investimentos para a educação brasileira. “O Fundo não é somente um agente repassador, mas um instrumento cooperador estratégico para o financiamento e desenvolvimento da educação no país”, disse. “A gestão de Decotelli será uma gestão como professor, no sentido de ensinar a gerir melhor nossos recursos a serviço da sociedade.”

Vélez Rodríguez ressaltou, ainda, que a gestão do FNDE, bem como de todas as instituições governamentais, deve estar próxima às realidades locais de cada cidadão. “Devemos estar mais presentes onde o cidadão mora, nos municípios, para ensiná-los a saber pedir, gerir e acompanhar os recursos com total transparência”, concluiu.

O professor Carlos Alberto Decotelli detalhou o que pretende fazer à frente do FNDE. “A proposta é que o FNDE mude a sua atuação de agente repassador para cooperador na formulação estratégica da gestão dos recursos públicos destinados à educação, maximizando potencialidades, adequações e responsabilidades na implementação dos programas já identificados pela sociedade brasileira como vitais ao crescimento humano, desenvolvimento intelectual e mobilidade entre escola e residência dos brasileiros.”

Para Decotelli, sua principal contribuição será na melhoria das políticas públicas em finanças com a aplicabilidade de tecnologias atualizadas. Segundo ele, a intenção é dar suporte financeiro à educação brasileira, no intuito de tornar o Brasil uma nação desenvolvida e cientificamente preparada.

Sobre as estratégias que pretende implementar na gestão financeira da educação do Brasil, o novo presidente ressalta a criação de três núcleos fundamentais para o primeiro ano. O primeiro deles vai validar os resultados alcançados pela instituição, por meio de metas quantitativas e qualitativas.

A segunda ação será investir na criação de um escritório de gestão de projetos, em que os programas do FNDE serão transformados em projetos educacionais para finanças, com escopo de riscos e custos definidos. “Seguiremos a trilha do que há de mais moderno internacionalmente, na estrutura operacional, para dar consequência e integridade a tudo que fizermos no FNDE”, destaca Decotelli.

Outro ponto primordial são os acordos de cooperação técnica. Segundo o novo presidente, a ideia é trazer ao FNDE uma identidade de referência e excelência aliada às práticas internacionais. “Não faremos nada sem que haja fidelização e validação de instituições como o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e a Escola Nacional de Ciências Estatísticas (Ence), vinculada ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).”Decotelli pretende criar, ainda, uma certificação para todos os profissionais e colaboradores do FNDE. “Essa certificação vai balizar os conhecimentos dentro da instituição, como entender melhor o que fazem, para o que fazem, e como funciona. Isso auxilia numa melhor entrega dos resultados à educação do país e à sociedade”, explica o novo presidente.

Transparência – A redução do passivo de prestação de contas pendentes do Fundo, bem como a implementação de um sistema on-line para acompanhamento do uso dos recursos públicos, é uma das primeiras metas a serem seguidas pela nova gestão. Decotelli explica que a ação é primordial para o bom andamento das contas públicas, além de resgatar e fortalecer a relação de confiança e integridade com a sociedade brasileira no trabalho prestado pela instituição. “Temos como principal foco reduzir drasticamente os atrasos e acúmulos nas contas. A meta é, daqui até um ano, que tudo isso esteja em uma plataforma on-line para a sociedade brasileira ter acesso às contas em dia do FNDE”, complementa.

Em consonância com recente acordo firmado entre o Ministério da Educação e o Ministério da Justiça para apurar indícios de corrupção no âmbito do MEC e de suas autarquias nas gestões anteriores, o novo presidente ressalta que o FNDE dará todo o suporte necessário para uma parceria contínua durante as investigações. Decotelli também destaca que o Fundo vai melhorar o diálogo com o Tribunal de Contas da União (TCU), com total segurança no cuidado com os recursos públicos.

Experiência – Financista, professor e coautor dos livros Administração Bancária, Gestão de Finanças Internacionais, Gestão de Riscos e Derivativos, e Matemática Financeira, Decotelli realizou pós-doutorado na Bergische Universitãt Wuppertal, na Alemanha; é doutor em administração financeira pela Universidade Nacional de Rosário, na Argentina; mestre em administração pela Fundação Getúlio Vargas – FGV/EBAPE; MBA em administração pela FGV/EBAPE/EPGE e bacharel em ciências econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ. Com domínio sobre os temas relacionados a finanças, administração e educação, o novo presidente do FNDE também foi criador do curso Gestão Financeira Corporativa no New York Institute of Finance e coordenador de Finanças Corporativas Internacionais na FGV.

Ao longo de sua carreira acadêmica, Decotelli acompanhou de perto os desafios da educação, acumulando vasta experiência na área. Foi professor de Pós-Graduação em Finanças na Fundação Dom Cabral e na FGV; professor e membro da equipe de criação do curso de Pós-Graduação em Finanças na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), juntamente com os professores Sergio Moro, Edgar Abreu e equipe nacionalmente reconhecida. Foi pioneiro no Brasil na criação dos cursos MBA Finanças no Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), juntamente com os professores Paulo Guedes, Roberto Castello Branco e Antônio de Araujo Freitas Junior. Também lecionou a disciplina métodos quantitativos aplicados ao design na Universidade Federal do Paraná.

Após se graduar Oficial da Reserva da Marinha, o novo presidente do FNDE também atuou como professor e coordenador do Jogo de OMPS na Escola de Guerra Naval (EGN), no Centro de Jogos de Guerra, com apoio do Almirante Almir Garnier.

FNDE – Com orçamento previsto para 2019 de cerca de R$ 55 bilhões, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia federal vinculada ao Ministério da Educação, é responsável pela maioria das ações e programas da educação básica do país, além de atuar também na educação profissional, tecnológica e no ensino superior. Suas competências vão desde projetos de melhoria da infraestrutura das escolas à execução de políticas públicas.

Entre os principais programas estão: Alimentação Escolar (Pnae), Proinfância, Caminho da Escola, Dinheiro Direto na Escola (PDDE), Programa Nacional do Livro e Material Didático (PNLD), Programa Banda Larga nas Escolas e Plano de Ações Articuladas (PAR). Além dos programas, o Fundo também é responsável por repassar o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e Salário Educação a estados e municípios.

Assessoria de Comunicação Social

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ENADE2018

Gabaritos definitivos e padrões de resposta são divulgados

Estão disponíveis para consulta e download os gabaritos definitivos do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2018 e os padrões de resposta das questões discursivas. Os arquivos foram divulgados nesta terça-feira, 19, no Portal do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os participantes também podem baixar os cadernos de questões das 27 áreas de graduação avaliadas no ano passado.

O Enade 2018 foi aplicado em 25 de novembro do ano passado para mais de 550 mil estudantes inscritos. Foram avaliados estudantes concluintes dos cursos de bacharel nas áreas de: administração pública, ciências contábeis, ciências econômicas, design, comunicação social - jornalismo, psicologia, comunicação social - publicidade e propaganda, relações internacionais, secretariado executivo, serviço social, tecnologia em comércio exterior, tecnologia em design de interiores, tecnologia em design de moda, tecnologia em design gráfico, tecnologia em gastronomia, tecnologia em gestão comercial, tecnologia em gestão da qualidade, tecnologia em gestão financeira, tecnologia em gestão pública, tecnologia em logística, tecnologia em marketing, tecnologia em processos gerenciais, tecnologia em recursos humanos, teologia e turismo.

Os participantes tiveram quatro horas para responder uma prova de 40 questões, sendo 10 itens de formação geral, comum aos cursos de todas as áreas, e 30 questões de componente específico. A prova de formação geral teve duas questões discursivas e oito de múltipla escolha, enquanto a de componente específico teve três questões discursivas e 27 de múltipla escolha.

Enade – O Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes é componente curricular obrigatório dos cursos de graduação e é composto por uma prova para avaliação de desempenho dos estudantes e um questionário do estudante. De acordo com a legislação, devem ser inscritos no exame os estudantes ingressantes e concluintes dos cursos de graduação avaliados na edição. Apenas os concluintes precisam fazer a prova. No histórico escolar do estudante ficará registrada a situação de regularidade em relação ao Enade, requisito para colação de grau em cursos de graduação.

Recursos – Estudantes e coordenadores de curso têm prazo até 22 de fevereiro para apresentar interposição de recurso diante do indeferimento ou ausência de análise das solicitações de dispensa de prova do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2018. Conforme o Edital do Enade (item 20.2.11), para todas as solicitações de dispensa indeferidas cabe interposição de recurso ao Inep, por iniciativa do estudante ou do coordenador, exclusivamente pelo Sistema Enade.

O Inep está enviando mensagens eletrônicas para todos os estudantes que têm direito à interposição de recursos. Os coordenadores de curso também recebem comunicações personalizadas, solicitando que alertem os estudantes.

Há três situações distintas para interposição de recursos. São elas:

Solicitação de dispensa apresentada pelo estudante por motivos de ordem pessoal ou de compromissos profissionais, indeferida pela instituição. Para este caso, o estudante pode acessar o Sistema Enade, verificar a justificativa apresentada pelo coordenador do curso para indeferimento da solicitação e apresentar recurso com a inclusão de justificativas e documentações complementares, quando necessário.

Solicitação de dispensa por motivos de ordem pessoal ou de compromissos profissionais, não analisada pela instituição. O estudante pode acessar o Sistema Enade e apresentar recurso com a inclusão de justificativas e documentações complementares, quando necessário.

Solicitação de dispensa por motivos de compromissos acadêmicos vinculados ao curso avaliado no Enade ou por ato de responsabilidade da instituição, indeferida pelo Inep. O coordenador do curso pode acessar o Sistema Enade, verificar a justificativa apresentada pelo Inep para indeferimento da solicitação e apresentar recurso, com a inclusão de justificativas e documentações complementares.

Dispensa – Os nomes dos estudantes em situação irregular estão disponíveis no Sistema Enade desde 2 de janeiro, quando também foi aberto o período para solicitação de dispensa. De 2 a 31 de janeiro, tanto por iniciativa do estudante quanto da instituição de educação superior, foi possível apresentar documentos que justificassem a ausência. A solicitação de dispensa de prova por iniciativa da instituição era um direito dos estudantes que tiveram compromissos acadêmicos vinculados ao curso avaliado pelo Enade (mobilidade acadêmica) e para estudantes que não compareceram ao local de prova em decorrência de ato de responsabilidade da instituição. Quando o motivo da ausência foi pessoal ou profissional, a solicitação de dispensa é responsabilidade do estudante. No mesmo período, os coordenadores de curso deveriam analisar e deliberar sobre as solicitações dos estudantes.

Regularização – Estudantes que permanecerem em situação irregular perante o Enade 2018 mesmo após o período de recursos, em decorrência do não cumprimento de um ou mais critérios para obtenção de regularidade, poderão ser regularizados por ato do Inep no segundo semestre de 2019, após o encerramento das inscrições da próxima edição do Enade. A regularidade no Enade é pré-requisito para colação de grau.

Assessoria de Comunicação Social

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CORREIO BRAZILIENSE

EDUCAÇÃO

Projetos voltados à formação cidadã são saídas para transformar a educação

Encontrar modelos de sucesso para resolver os problemas do ensino e da aprendizagem na rede pública é, há muitos anos, foco do trabalho de pesquisadores, educadores e do Poder Executivo. Enquanto diferentes governos adotam medidas uniformes na tentativa de melhorar o setor, integrantes da comunidade escolar levam à sala de aula iniciativas desenvolvidas com base na realidade dos alunos. Criar um ambiente de educação com foco na cidadania, na autonomia, no empoderamento e na coletividade está entre as principais propostas de quatro projetos implementados em colégios do Distrito Federal.

O Meninas.Comp é um deles. Criado em 2010, o programa surgiu para mostrar a estudantes do sexo feminino que o mundo da tecnologia também é para elas. Os trabalhos, coordenados por Aletéia Patrícia Favacho, doutora em ciências da computação e professora da Universidade de Brasília (UnB), ocorrem em cinco escolas públicas do DF e têm 350 participantes. O principal objetivo é despertar o interesse de alunas dos ensinos fundamental e médio por cursos superiores na área da computação.

Nos encontros semanais, as estudantes aprendem robótica, programação e a trabalhar com plataformas de prototipagem eletrônica. Aletéia conta que, no início do projeto, realizou uma pesquisa com cerca de 4 mil entrevistadas. O levantamento revelou que a falta de apoio da família e no meio social são os fatores que mais influenciam no baixo número de meninas nos cursos universitários tecnológicos. “Muitos parentes acham que é ‘coisa de menino’. E a sociedade também não investe, não apoia mulheres fazendo tecnologia. Apesar disso, cada vez mais, grandes empresas têm mudado esse cenário e colocado mulheres em destaque”, ressalta a professora.

Quem descobriu a vocação por meio do projeto extraclasse reconhece a importância dele. Aluna do quarto semestre de ciências da computação na UnB, Kailany Rocha, 19 anos, participou do Meninas.Comp em 2014. “Mudou a minha vida. Antes do projeto, eu não tinha quase nenhum contato com tecnologia. Quando tive, aquele novo mundo foi muito encantador para mim. Ali, surgiu a minha vontade de entrar para a área”, lembra. Hoje, Kailany é uma das colaboradoras da iniciativa. “Sempre ajudo no que posso, e queremos expandir a ideia para termos mais mulheres na área de T.I. (tecnologia da informação)”, completa.

Literatura

A igualdade de oportunidades para homens e mulheres, além de outras questões inerentes à vida em sociedade, são alguns dos temas discutidos em mais um projeto: o clube Calangos Leitores. Cerca de 120 estudantes de quatro escolas do DF participam da iniciativa, que os coloca em contato com trabalhos de nomes clássicos e modernos da literatura, como Emily Brontë, George Orwell, Johann Wolfgang von Goethe e Lygia Fagundes Telles.

Uma vez por mês, alunos de 13 a 18 anos debatem as obras desses e de outros autores em encontros no turno contrário ao das aulas. Quem participa, ganha o livro da vez e, ao mesmo tempo, uma nova visão do mundo. “Eu não tinha o hábito de ler. Antes do clube, lia, no máximo, cinco livros por ano. No projeto, passei a ganhar novos e a ficar sempre na expectativa de conversar sobre eles nas reuniões”, conta Iasminy Fernandes, 18. Estudante do 3º ano do ensino médio no Centro Educacional do Lago Norte (Cedlan), ela participa do projeto desde o início, em 2016.

Colega de turma de Iasminy, Rebeca Carvalho Vieira, 17, também integra o grupo do Cedlan. No caso dela, a paixão pela leitura surgiu por volta dos 10 anos. “Minha mãe é empregada doméstica. Há alguns anos, a patroa dela me deu o livro Minha Vida Fora de Série, que tem 408 páginas. No início, eu não gostava de ler; então deixei a obra de lado por um ano. Quando decidi pegá-lo, terminei a leitura em dois dias”, relata, animada. “Alguns dias depois, compramos o segundo volume da série, que também terminei muito rápido. A paixão pelos livros surgiu aí”, acrescenta a estudante.

Coordenadora da iniciativa — que ficou entre as finalistas do Prêmio Jabuti na categoria Formação de Leitores —, a escritora e dramaturga Claudine Duarte acredita que a literatura possibilita a humanização. “O clube de leitura do qual participo sentiu a necessidade de levar nossa experiência de amadurecimento, como leitores e como pessoas, para adolescentes de escolas públicas. O prazer de ler é incrementado a cada mês, principalmente com a diversidade de gêneros que o projeto proporciona”, ressalta Claudine.

Interação

Modelo piloto no DF, a Comunidade de Aprendizagem do Paranoá (CAP) surgiu em maio. O diferencial da instituição de ensino se revela desde a estrutura física e se estende para a abordagem pedagógica adotada. Sem paredes para delimitar salas de aula e com estantes de livros, computadores e materiais coletivos ao alcance de todos, o espaço atende crianças do 2º período da educação infantil ao 4º ano do ensino fundamental. Os alunos desenvolvem-se incentivados pelo senso de coletividade e são divididos com base na fase de aprendizagem em que estão, individualmente.

Os professores deixam de ser o centro do processo educacional e instigam a autonomia das crianças. Em todos os encontros, elas têm espaço para sugerir o que gostariam de descobrir. Essas propostas são associadas ao conteúdo previsto na Base Nacional Curricular Comum (BNCC) e trabalhadas durante as aulas. O diferencial do colégio é observado pelas crianças. “Tudo aqui é na base da conversa. Eu, por exemplo, faço parte do grupo da organização. Ajudamos a arrumar a escola para não dar trabalho para a equipe da limpeza”, conta Ruth Caroline Sousa, 11 anos, aluna do 4º ano.

Cada estudante da turma dela recebeu uma responsabilidade associada à rotina escolar. Todas as oito foram estabelecidas em conjunto. Jociely Soares, 9, faz parte do grupo que cuida das atividades das aulas. Uma das missões dela é auxiliar a professora, Natália Oliveira, com o registro de quem recebeu e entregou as tarefas. “Levo para casa o que aprendi aqui. Uma das coisas que faço é levantar a mão quando preciso pedir atenção e silêncio, ou o dedo, quando quero pedir a palavra. Minha mãe já sabe”, diz Jociely, que está na CAP desde o ano passado.

O projeto nasceu do desejo de um coletivo de professores da Secretaria de Educação e conta com apoio do educador português José Pacheco, criador da Escola da Ponte, experiência de sucesso em Portugal há 40 anos. “Aqui, trabalhamos a expansão da prática para além dos muros do colégio. A ideia é desenvolvermos projetos que dialoguem para mudar a realidade da comunidade escolar”, afirma a diretora da CAP, Renata Resende. A expectativa dos idealizadores da proposta é de que o modelo seja levado para outras escolas do DF.

Sensação de pertencimento

Transformações coletivas e, consequentemente, individuais, também são possíveis por meio do projeto Re(vi)vendo Êxodos. Há 18 anos, a iniciativa visa despertar, entre outras capacidades, a sensação de pertencimento.

Os estudantes do 3º ano do Centro de Ensino Médio (CEM) Setor Leste desenvolvem, dentro e fora de sala, a relação com a própria identidade, o patrimônio e o meio ambiente. As atividades ocorrem ao longo de quatro bimestres e, em cada um deles, os grupos de alunos formados nas 14 turmas escolhem uma região administrativa do DF para estudar de forma mais aprofundada.

Identidade

Coordenador dos trabalhos desde 2002, o professor de história Luis Guilherme Baptista conta que a proposta é fazer com que os estudantes conheçam o ambiente que os cerca. “Os alunos se dividem em grupos e produzem os materiais, em forma de portfólio, com folders, vídeos, painéis, cartazes”, detalha. O educador acrescenta que os 70 grupos percorrem as cidades e analisam-nas pelos vieses do patrimônio, meio ambiente e da identidade. “O projeto é multidisciplinar. A avaliação ocorre em diversas matérias. Pedimos para que percebam o crescimento das cidades e como se inserem neste mundo. Os estudantes transformando-se em protagonistas da história”, pontua Luis Guilherme.

Cidades de Goiás e de Minas Gerais importantes para a história do DF entraram no roteiro das aulas e de pesquisas de campo. A iniciativa deu tão certo que ex-alunos, agora universitários, tornaram-se monitores do projeto. É o caso de Pedro Igor Mendes, 20, estudante de design gráfico. “Falamos de nossa experiência, dos ganhos que tivemos. Na escola pública, é importante mostrar que alunos da rede têm sucesso sem depender de outros meios de formação. Outros colégios não procuram trabalhar desta forma, nem têm um papel voltado para criar um cidadão ou tratar o aluno como um agente social”, destaca.

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EDUCAÇÃO

Instituto Ayrton Senna e Fundação BB firmam parceria pela alfabetização

Se pudesse indicar um caminho para mudar os rumos da educação no país, Viviane Senna, presidente do Instituto Ayrton Senna, apostaria na alfabetização. Afinal, trata-se da base do ensino, crucial para todas as outras etapas da vida de um aluno, e que requer melhorias urgentes: 55% das crianças não sabem ler nem contar adequadamente ao fim do 3º ano do ensino fundamental, de acordo com a Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA). Em segundo lugar, Viviane Senna, que é psicóloga, aconselha priorizar a formação de professores, já que a falta de capacitação de qualidade é um empecilho para que docentes consigam ensinar crianças a ler, escrever e contar. Em terceiro lugar, Viviane defende a melhoria da gestão, fundamental para acompanhar e verificar os processos de alfabetização. Os três pilares andam juntos, são codependentes e estão entre as diretrizes que ela recomendou para que a gestão Bolsonaro priorizasse.

Quando o presidente foi eleito, ele me ligou e me pediu um diagnóstico e uma proposição do que fazer, de como resolver o quadro atual, bastante desafiador em todos os aspectos”, conta. A quarta indicação de Viviane envolve a questão socioemocional, que também deve ser incluída na alfabetização: o aluno não deve ser preparado apenas para ler, escrever e realizar operações matemáticas, mas também para ter competências fundamentais no século 21, como trabalhar em equipe e operar computadores. Essas quatro colunas norteiam nova parceria entre o Instituto Ayrton Senna e a Fundação Banco do Brasil (BB) que, ao longo de um ano, deve beneficiar cerca de 1.800 escolas públicas, 2 mil docentes e 300 mil crianças. O convênio será assinado nesta sexta-feira (21), às 11h, na sede do Banco do Brasil, em Brasília. O objetivo do trabalho conjunto é capacitar educadores e gestores em cerca de 30 municípios de 10 estados, localizados em quatro regiões do país, a partir de março.

Diversos projetos educacionais do Instituto Ayrton Senna serão aplicados no âmbito de secretarias municipais de educação, com o objetivo de garantir que os estudantes aprendam a ler, escrever e contar adequadamente e desenvolvam competências socioemocionais, além de, com isso, reduzir a distorção idade-série (problema afetado pela falta de letramento satisfatório). “É uma parceria muito importante que mostra o reconhecimento de uma fundação do porte da do BB, uma entidade que resolveu agir para tentar resolver a questão, trabalhando com quem tem o know-how para fazer isso”, comenta Viviane Senna. O presidente da Fundação BB, Asclepius Soares, espera que os resultados do convênio se estendam por gerações. “Nós vamos atuar em dois grandes vetores: os professores e os gestores públicos. Esse é um investimento mais perene, pois o impacto se perpetua por todo o período enquanto essas pessoas estiverem trabalhando com educação”, diz.

A alfabetização é fundamental para o bom desenvolvimento das crianças no futuro, seja na série seguinte, seja lá na frente, num curso técnico ou universitário que venham a fazer”, afirma Asclepius Soares. A expectativa é que o trabalho conjunto gere efeitos parecidos com os que o Instituto Ayrton Senna já obteve em outras localidades: segundo levantamento da entidade de 2017, 77% dos alunos participantes dos projetos educacionais da organização recuperaram a defasagem escolar; 79% dos não alfabetizados terminaram o ano adequadamente alfabetizados; e 80% dos que apresentavam dificuldade de leitura e escrita finalizaram o ano com aprendizado adequado. “A gente escuta muito que educação é a base e a chave de tudo. Em vez de só falar, vamos agir para transformar vidas por meio disso”, observa Asclepius

Na avaliação de Viviane Senna, lutar para ter altos índices de qualidade na alfabetização plena (que inclui o lado socioemocional), na formação de professores e na gestão pode gerar mais resultados do que aporte financeiro. “Muitas vezes, as pessoas confundem investimento em educação com apenas colocar mais recursos. Na verdade, a gente, como país, já coloca muito recurso nessa área: quase 6% do PIB (Produto Interno Bruto), que está dentro da recomendação da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico)”, aponta. “O dobro do que investimos em saúde, que está na faixa dos 3%”, compara. No entanto, a dimensão dos desafios educacionais é muito grande. “A gente tem cerca de 50 milhões de alunos na educação básica, que é quase a população da Espanha. Dentro desse total de crianças e jovens, de cada 10 que entram no sistema, só cinco terminam o ensino médio”, alerta.

A gente tem uma perda de 50% entre a entrada e a saída. Se você pensasse num hospital, é como se, de cada 10 pacientes que entrassem lá, só cinco saíssem vivos”, relaciona. “Perguntei para vários médicos se existe alguma doença no mundo com essa taxa de mortalidade e me responderam que, no máximo, talvez a peste bubônica”, alerta. “Nosso índice de sobrevivência escolar, que é um termo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), é de 50%. Então, estamos fazendo com o principal ativo do país uma coisa muito surreal que é perder metade das crianças no meio do trajeto”, lamenta. “Temos um vírus letal que se chama má qualidade da educação, responsável por exterminar boa parte das crianças da educação básica, o que gera muitas consequências graves em produtividade, equidade social”, analisa. E a raiz de tudo isso está na ineficiência da alfabetização, causada pela falta de professores qualificados e de acompanhamento da gestão, na avaliação de Viviane.

Confira entrevista exclusiva com Viviane Senna:

Qual a importância da parceria entre o Instituto Ayrton Senna e a Fundação Banco do Brasil?

Essa parceria foca uma questão estratégica para o país que é a alfabetização. É um convênio muito importante que mostra o reconhecimento de uma fundação do porte da do BB, uma entidade que resolveu agir para tentar resolver a questão, trabalhando com quem tem o know-how para fazer isso (o Instituto Ayrton Senna). Com a Fundação BB, propomos esse trabalho de formação para alfabetização, no sentido clássico e para além dele: na língua materna, na matemática, mas também socioemocional, corporal, digital, ou seja, de fato, uma alfabetização integral. Você pode mudar o que precisa mudar na educação atacando a primeira alavanca de todas que é a alfabetização. A gente, como país, não fez a lição de casa que os países desenvolvidos fizeram no século 19 — no máximo, no 20. Nós estamos no século 21 e temos mais da metade das crianças analfabetas. Se a gente não prioriza e não faz acontecer, esquece. E, para isso, precisamos de uma boa formação para os professores. Mas não só. As pessoas acham que é um problema só pedagógico, mas envolve gestão também, de ter um plano determinando aonde se quer chegar e avaliando os passos para se chegar lá.

Por que elencar a alfabetização como prioridade na educação?

A alfabetização é tão central porque, se você não tem sequer isso, se não começa com isso, vai fracassar em todos os demais estágios da educação. A alfabetização é uma alavanca. Quando o Bolsonaro foi eleito, ele me ligou e me pediu um diagnóstico e uma proposição do que fazer, de como resolver o quadro atual, bastante desafiador em todos os aspectos. E não é só questão de dinheiro. Muitas vezes, as pessoas confundem investimento em educação com apenas colocar mais recursos. Na verdade, a gente, como país, já coloca muito recurso nessa área: quase 6% do PIB (Produto Interno Bruto), que está dentro da recomendação da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O dobro do que investimos em saúde, que está na faixa dos 3%. No diagnóstico para o Bolsonaro, eu falei de alavancas para enfrentar os problemas de educação: a primeira é a alfabetização (porque não tem como fazer nada sem isso); a segunda é a formação de professores (é outro elemento que, sem ele, nada funciona); a terceira é a gestão (se essa não funciona, as duas anteriores não funcionam, pois estão interligadas). A falta de alfabetização expressa a má qualidade de formação dos professores e a má de gestão de processos, a enorme dificuldade de gerir processos que existe no setor público e que, na educação, é muito determinante — falo de gestão mesmo, que nem tem em empresa particular.

Por que, afinal, os professores não conseguem alfabetizar de modo adequado?

Não precisamos de teóricos em alfabetização, precisamos de quem saiba aplicar. O problema da alfabetização não é simplesmente de método, o problema é que os professores, em geral, estão despreparados para desempenhar o papel deles. Não importa se você dá na mão deles o método a, b, c ou d porque, antes disso, existe uma lacuna. Antes de entrar na faculdade, a seleção acaba sendo pelo lado negativo, é pelos alunos que têm os menores escores: no vestibular, você acaba não selecionando como nos países que estão dando certo, com os 10% melhores candidatos indo para o magistério. Não. Aqui, a gente faz o inverso. Aí, nos cursos superiores, a formação inicial é extremamente teórica, ideológica, conceitual e pouco ligada à sala de aula. A universidade do Brasil não forma para dar aula, forma para fazer pesquisa. E quem quer seguir o magistério não ganha importância lá dentro como quem quer seguir carreira acadêmica. O foco das faculdades não é preparar pessoas para as escolas.

A formação continuada de professores não corrige as lacunas?

A pessoa sai de uma formação inicial muito fraca e, quando entra na rede pública de ensino, aquilo não funciona. Existe a capacitação em serviço fornecida pelas secretarias (de educação), mas ela tem os mesmos vícios da formação inicial e não corrige o problema. Aí tem os processos seletivos das secretarias que deveriam definir o perfil necessário para cumprir o objetivo das escolas, mas não o fazem. Os critérios dessas seleções poderiam, inclusive, orientar as universidades. Resumindo: o problema anterior de formação (básica) não é resolvido na universidade, nem na formação continuada e aí vem uma seleção que também não seleciona com o perfil certo. O estágio probatório, que deveria colocar o aluno em contato com a prática (que deveria ser o tempo todo), tampouco existe, normalmente não existe, é para inglês ver, não tem nenhuma eficiência. Se você pegar da primeira perna para a última, elas não funcionam bem. E ainda tem a questão de que toda promoção é feita por tempo de serviço, não pelo fato de alguém ser um bom professor, que significa aluno que aprende. Tudo isso tem uma incidência enorme na alfabetização, que não está acontecendo.

Qual é o perfil do professor que deveria ser selecionado pelas escolas e pelas secretarias de educação?

Em primeiro lugar, precisa ser alguém que tem conhecimento da disciplina. Se você vai dar aulas de física e é formado em educação física, você não tem o mínimo insumo para tal, no entanto, isso acontece. Mas só conhecimento específico não é suficiente. Você precisa ter didática, saber operar uma sala de aula. Tem gente que é PhD (doutor) em matemática, mas é péssimo professor. E tem um outro aspecto que é o socioemocional: o profissional tem de ter garra, determinação, interesse no aluno, não abandonar o aluno na primeira dificuldade. Aprender é, sobretudo, uma relação: com o conhecimento e com outra pessoa. Então, se você tem problema em estabelecer relações, vai ter muito mais dificuldade em estabelecer esse canal entre professor e aluno. Há estudos que mostram que o professor, sozinho, responde por 70% do resultado do aluno. E, quando se pergunta o que é um bom professor, as pesquisas revelam coisas muito contraintuitivas. A gente pensa que ter título na universidade x ou y, mestrado ou doutorado torna alguém um bom professor, mas os estudos mostram que não. O bom professor você descobre pelo resultado do aluno, é aquele com o qual o aluno aprende, não é aquele que tem titulação. Os bons professores, todo mundo sabe na escola quem são.

Qual o papel da gestão na alfabetização?

A gestão é essencial para fazer acompanhamento do processo, ou seja, gestão da alfabetização. Isso é uma coisa que as pessoas não fazem. Às vezes, o professor tem o conhecimento teoricamente necessário para alfabetizar, mas não tem o processo de acompanhamento dessa aprendizagem, não sabe para onde precisa ir, o que precisa melhorar. Você teria que acompanhar essa criança semanalmente, identificar onde ela está e, aí, seguir os alunos nível por nível, fazendo isso sistemicamente com centenas de alunos, mas atacando o problema específico de cada estudante, com uma intervenção personalizada e ao mesmo tempo sistêmica por meio de um processo de gestão de alfabetização.

Quais são as consequências da má alfabetização e, consequentemente, de uma educação ineficiente?

A gente tem cerca de 50 milhões de alunos na educação básica, que é quase a população da Espanha. Dentro desse total de crianças e jovens, de cada 10 que entram no sistema, só cinco terminam o ensino médio. A gente tem uma perda de 50% entre a entrada e a saída. Se você pensasse num hospital, é como se, de cada 10 pacientes que entrassem lá, só cinco saíssem vivos. Perguntei para vários médicos se existe alguma doença no mundo com essa taxa de mortalidade e eles me responderam que, no máximo, talvez a peste bubônica. Nosso índice de sobrevivência escolar, que é um termo da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), é de 50%. Então, estamos fazendo com o principal ativo do país uma coisa muito surreal que é perder metade das crianças no meio do trajeto.

O que isso gera na sociedade?

Temos um vírus letal que se chama má qualidade da educação, responsável por exterminar boa parte das crianças da educação básica, o que gera muitas consequências graves em produtividade e equidade social, num sentido mais amplo. As pessoas confundem equidade com a questão de ser branco, negro, mulher etc. Mas os estudos econômicos mostram que a educação, sozinha, explica de 40% a 50% da desigualdade brasileira. Os outros fatores (como ser branco, ser negro, morar no Nordeste ou no Sudeste, ser de atividade x ou y) representam só de 2% a 8% do que gera a desigualdade. Esses dados são de um estudo do Ricardo Paes de Barros. Assim, as pessoas acabam confundindo o problema da desigualdade com fatores como ser ou não negro. O que determina a desigualdade, no entanto, é a escolaridade. O negro está numa situação mais desigual porque tem menos escolaridade e, com poucos anos de estudo, tem menor empregabilidade, menor tudo. O nível educacional é o maior responsável pela desigualdade do país.

É possível recuperar a criança que teve falhas no processo de alfabetização?

Sim. Se você tem algum deficit, é possível recuperar. Temos evidência empírica por meio dos atendimentos do instituto (Ayrton Senna) a crianças não alfabetizadas e defasadas em idade-série. A gente pegou um grupo grande de crianças nessas condições, que são repetentes, estão na UTI do sistema educacional para morrer e não têm mais condições de continuar (em muitos casos, elas mesmas abandonam a escola) e agiu. A gente pega esse grupo dos piores dos piores, no fim da linha, dos quais 60% estavam também analfabetos e vemos que o principal fator da defasagem idade-série é a falta de alfabetização. Isso foi há 20 anos, mas continua atual. Temos que alfabetizar direito, se não, a criança vai repetir, repetir, repetir e depois vai abandonar — é uma escadinha infalível.

Conte um exemplo prático.

Quando a gente começou a propor as políticas de alfabetização, isso nem era bem-visto, porque haviam recolhido as cartilhas (de alfabetização) e consideravam que as crianças tinham que se alfabetizar no próprio ritmo. A gente não acreditava nisso e lutou por uma política de alfabetização clara no primeiro ano da escola. Em 1997, fomos aplicar isso em 15 municípios, entre eles o de Sobral (CE), onde 97% das crianças estavam defasadas por pelo menos dois anos. Atendemos essa cidade com toda essa distorção e a taxa saiu de quase 98% para 2%, que é o índice de hoje. Então, a gente corrigiu a torneira. Se você seca a água do chão, que é a criança defasada, mas não fecha a torneira, continua com o problema. Então, tudo começou ao instalar uma política de alfabetização já na 1ª série do ensino fundamental, acompanhar os alunos que não foram bem alfabetizados e estavam danificados, recuperá-los e colocá-los no ritmo certo. Esse trabalho e um projeto de gestão ajudaram a fazer com que o município se tornasse referência em educação. A equipe de Sobral foi muito comprometida em aplicar as coisas de fato, teve outros municípios que fizeram mais ou menos e não tiveram o mesmo resultado.

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EDUCAÇÃO

Aula com sucata leva professora de SP a ser finalista do Global Teacher Prize

Os alunos desconfiaram quando Débora Garofalo propôs que construíssem em sala de aula um carrinho com materiais recicláveis , que iria se mover sozinho, usando apenas uma bexiga de festa. Alguns minutos depois, as crianças de 11 anos comemoravam ao ver o brinquedo, que montaram, se locomovendo. "A partir desse dia, minhas aulas mudaram. A ideia se espalhou e todas as turmas queriam fazer o mesmo", conta a professora, que depois dessa experiência criou o projeto Robótica com Sucata.

O trabalho desenvolvido na Escola Municipal Almirante Ary Parreiras, na Vila Babilônia, zona sul de São Paulo, levou Débora a ser uma das dez finalistas do Global Teacher Prize, considerado a maior premiação de educação do mundo. É o terceiro ano que o Brasil tem um professor concorrendo a US$ 1 milhão (cerca de R$ 3,7 milhões) na final.
O projeto teve início em 2014, quando Débora começou a trabalhar no laboratório de informática da escola. Ela percebeu que os alunos adoravam os minutos em que iam para esse espaço, mas por acreditar que era para jogos de computador. "Para as crianças, era o momento dos joguinhos. E percebi que eles podiam aproveitar melhor esse tempo, descobrindo de fato o que é tecnologia", conta.
Ela diz que queria ensinar robótica para os alunos, mas faltavam recursos. No entanto, a solução para o problema estava no entorno da escola: o entulho e lixo descartado nas ruas pelos moradores do bairro. "Levei os alunos para dar uma volta e pedi para que recolhessem materiais recicláveis. Quando voltamos para a sala, pensamos em como poderíamos usá-los."
Em três anos, Débora e os cerca de 700 alunos de 1.º ao 9.º ano do ensino fundamental recolheram mais 700 quilos de recicláveis e produziram protótipos de aspirador de pó, mão mecânica e até placas para a produção de energia solar. "Apesar de animados com a ideia de construir sozinhos, muitas vezes eles não acreditavam que conseguiriam. Eles diziam que robótica era só para alunos de escola particular."
A professora conta que o maior desafio foi convencer os alunos de que eles tinham capacidade e condições de construir o que quisessem. "É uma região muito carente, sofrem com a pobreza. Entendo esse sentimento porque vim de uma família carente também. Foram meus professores que me fizeram acreditar que eu podia ser o que quisesse e eu queria fazer o mesmo para os meus alunos." A escola fica no distrito do Jabaquara que, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), tem 18,3% dos domicílios em favelas.
Débora conta que a o projeto teve impactos que ela não imaginava, como a redução de lixo descartado irregularmente no bairro. "No começo, cada vez que eu saía com uma turma para a coleta de materiais, voltávamos com 30 a 40 quilos de recicláveis. Agora, quase não achamos mais. Os alunos chamaram a atenção da comunidade para um problema que ocorria há anos e ninguém se dava conta."
O colégio enfrenta ainda bastante dificuldade com a defasagem de aprendizado. Dados da Prova Brasil, avaliação do Ministério da Educação, mostram que só 31% dos alunos do 5.º ano tinham, em 2017, desempenho considerado adequado em Matemática para a série - bem abaixo das médias estadual e nacional, (61% e 42%), respectivamente, no nível adequado.

Trajetória

Formada em Letras e Pedagogia, Débora conta que desde criança sonhava em ser professora. Quando terminou o ensino fundamental, ingressou no antigo magistério, onde confirmou sua opção profissional. "Muitos professores na época me perguntaram se eu tinha certeza de que era esse caminho que queria seguir. Eles falavam que trabalhavam muitas horas e ganhavam muito pouco. Eu sabia que seria difícil, mas ainda assim quis tentar."
O principal apoio para seguir a carreira veio da mãe, que trabalhava como assistente de estacionamento em um clube de elite da cidade e nunca conseguiu concluir o ensino médio. "Minha mãe não teve um estudo formal, mas lia muito e valorizava a educação", diz Débora. "Ela sempre dizia que a única coisa que poderia me deixar e que nunca ninguém iria me tomar era a educação." As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.

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GLOBO.COM

EDUCAÇÃO

MEC diz que vai analisar proposta de mudança na formação de professores feita na gestão Temer

O Ministério da Educação anunciou que vai rever a proposta de mudanças na formação dos professores da educação básica feita na gestão do ex-presidente Michel Temer. O documento, chamado de Base Nacional Comum de Formação de Professores da Educação Básica (BNC Formação de Professores), havia sido entregue em dezembro ao Conselho Nacional de Educação (CNE), e a expectativa era que ele fosse avaliado e aprovado ainda em 2019.

A gestão do ministro Ricardo Vélez Rodríguez confirmou, na noite desta terça-feira (19), que pediu que o documento fosse reenviado de volta ao MEC.

Procurado pelo G1, o MEC afirmou, em nota, que não está definido se o documento apresentado pela gestão anterior será alterado ou mantido.

"O pedido foi feito porque a atual gestão do MEC quer ter ciência e participar ativamente do processo de formulação da Base. Só depois da análise do documento – que foi entregue ao CNE pela gestão anterior no apagar das luzes – é que o MEC decidirá se fará ou não alterações", diz a nota.

A pasta ressaltou, ainda que o documento "foi encaminhado para início de discussão e que, portanto, não foi homologado".

Prazo de aprovação

O trâmite da BNC Formação de Professores tem início no MEC, que é responsável pela elaboração da proposta, mas passa por um longo processo de avaliação, discussão, audiências públicas e aprovação no CNE. Então, ele retorna ao MEC, que homologa o documento para que ele passe a vigorar.

Em dezembro, o relator da base no CNE, Mozart Neves Ramos, havia afirmado que o cronograma de trabalho seria definido no início do ano, mas que a expectativa era aprovar o documento até dezembro deste ano. Com o pedido do MEC para revisar a proposta, Neves disse ao G1 que a mudança "não necessariamente" vai atrasar o prazo de aprovação para depois de 2019.

"Vamos continuar o nosso trabalho internamente no CNE, de conhecer experiências internacionais, palestras com especialistas... Enquanto aguardamos o MEC", explicou ele. Segundo o relator, o MEC não estipulou prazo para finalizar a revisão, mas "houve o compromisso de um trabalho integrado com o CNE".

Proposta da gestão Temer

No documento enviado pela gestão passada do MEC ao CNE, havia propostas tanto para alterar a carreira de pedagogia quanto para mudanças nos programas de licenciatura e no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade).

Entre as principais mudanças propostas estão:

a criação de um instituto nacional de formação de professores para centralizar ações de acreditação de cursos, formulação de políticas avaliação e monitoramento

a substituição das horas de estágio por uma residência pedagógica desde o primeiro semestre do curso

a aplicação anual do Enade para as licenciaturas, que seja obrigatório para que o estudante possa dar aulas

a criação de um estágio probatório para professores novatos, sob a mentoria paga de professores mais experientes

a redefinição da formação continuada no âmbito das secretarias estaduais e municipais, criando quatro níveis de proficiência

a instituição de avaliações ao longo da carreira docente

a atualização das diretrizes curriculares dos cursos de licenciatura e de pedagogia pelo CNE; no caso da pedagogia, a proposta do MEC é dividir os quatro anos de graduação em três etapas distintas de formação

Maria Helena Guimarães Castro, que foi secretária-executiva da gestão Temer até o início de 2018, atualmente presidente da comissão do CNE responsável pela análise e aprovação da nova base.

Nesta terça (19), ela afirmou, durante o Seminário Internacional Educação Já, promovido pelo Movimento Todos pela Educação, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) e o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), que a proposta, que começou a ser elaborada na gestão do ministro Mendonça Filho, e foi finalizada na gestão de Rossieli Soares, é "muito importante e muito bem feita".

De acordo com ela, a formação e a carreira de professores "são aspectos centrais de uma política de melhoria da qualidade e de mais equidade na educação brasileira. Isso pra mim é o maior ganho do debate acumulado nos últimos anos", destacando que esses são temas que têm "urgência e relevância".

Segundo especialistas ouvidos pelo G1 na época, colocar professores mais preparados nas salas de aula brasileiras é uma tarefa que envolve maior diálogo entre as universidades e as escolas, mas também maior participação da direção das universidades na reforma dos cursos de pedagogia e licenciatura.

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EDUCAÇÃO

USP volta atrás e aceitará alunos de colégios militares aprovados pelo Sisu

A Universidade de São Paulo (USP) reviu sua decisão e irá aceitar alunos de colégios militares aprovados pelo Sisu, programa que seleciona para vagas em universidades públicas através da nota do Enem.

Em comunicado, a USP disse que todos os candidatos aprovados oriundos de colégios militares “que se inscreveram no vestibular optando pela ação afirmativa para egressos de escolas públicas, tiveram a sua matrícula aceita”.

A decisão de cancelar as matrículas de alunos vindos de colégios militares foi revelada pelo jornal "O Estado de São Paulo", que disse que a medida mobilizou o Comando do Exército e o Ministério da Educação.

No comunicado, a universidade disse que, neste ano, a Comissão de Acompanhamento do Vestibular “recebeu questionamentos da existência de instituições denominadas militares, mas administradas por entidades privadas e mantidas por contribuições obrigatórias (mensalidades)”.

A faculdade alega que, por este motivo, os candidatos aprovados vindos de colégios militares tiveram sua matrícula analisada “caso a caso”. “Os poucos casos de indeferimento de matrícula estão em análise, em função de recursos apresentados”, informou a universidade

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FOLHA.COM

EDUCAÇÃO

MEC interrompe discussões em Conselho Nacional sobre formação de professores

O Ministério da Educação do governo Jair Bolsonaro (PSL) vai interromper as discussões no CNE (Conselho Nacional de Educação) do projeto para reformular a formação de professores. A pasta pediu de volta o texto da discussão. 

A chamada de Base Nacional Comum para Formação de Professores da Educação Básica havia sido levada para o CNE em dezembro passado, no fim do governo Michel Temer.

Segundo o MEC, o pedido foi feito porque a atual gestão quer ter ciência e participar do processo de formulação da Base. "Só depois da análise do documento —que foi entregue ao CNE pela gestão anterior no apagar das luzes— é que o MEC decidirá se fará ou não alterações", diz nota da pasta.

O principal objetivo do documento é orientar as faculdades para a adequação de seus cursos de formação docente ao previsto na Base Nacional Comum Curricular (que define o que os alunos devem aprender na educação básica). Também pretende tornar essas graduações mais práticas.

A iniciativa da gestão Bolsonaro era esperada inclusive por membros do conselho. A própria gestão Temer tratava a versão como um "pontapé inicial".

O CNE, no entanto, já articulava uma agenda de reuniões para a discussão da proposta. A secretária de Educação Básica do MEC, Tânia Leme de Almeida, havia tratado do assunto no conselho —como titular dessa subpasta, Tânia faz parte do CNE.O MEC deve reformular o texto para encaminha-lo novamente ao CNE. Em seu programa de governo, Bolsonaro prometeu modificar a Base Nacional da educação básica, mas não há confirmação se isso ocorrerá. Também não há informações sobre a postura relacionada à formação docente, embora um foco maior em alfabetização seja uma das diretrizes.

No texto finalizado pela equipe do ex-ministro Rossieli Soares previa-se, entre outras coisas, que o aluno de licenciatura, e futuro professor, passe um dia da semana em uma escola —modelo inspirado na residência médica. Essa atividade seria supervisionada. Assim, o estágio hoje obrigatório seria substituído por essa residência educacional.

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OPINIÃO

Escola deve ensinar aluno a arriscar e a pensar sozinho, diz especialista de Harvard

A lousa pode ser a mais moderna das digitais e o conteúdo estar em uma plataforma esperta que une computadores, tablets e celulares, mas a questão central na educação de hoje não é nova: Como ensinar as crianças e os jovens a pensar?

Até o próximo ano, todas as escolas públicas e particulares do Brasil, de ensino infantil e fundamental, deverão implementar as determinações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para o ensino médio o prazo é 2022.

Além de indicar o conteúdo obrigatório das matérias para cada ano escolar, o documento do Conselho Nacional da Educação exige que sejam desenvolvidas nos alunos as chamadas “habilidades socioemocionais”. O texto menciona capacidades como “utilizar os conhecimentos (...) para entender e explicar a realidade”, “argumentar com base em fatos”, “exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos” e “agir com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação”.

Temas assim mobilizam um grupo de pesquisa criado há 51 anos na Faculdade de Educação de Harvard, o Project Zero. Mark Church, 48, coautor do livro “Making Thinking Visible” (tornando o pensamento visível) com outros pesquisadores do projeto, dá palestras em escolas de vários países defendendo a ideia de que é preciso criar nos alunos “rotinas do pensamento” (algumas estão no YouTube, em inglês).

O processo de ensinar não pode estar restrito ao professor passar a lição e receber as respostas dos alunos. As aulas devem ser elaboradas a partir de um tripé que estimule a observar, pensar e questionar.

As atividades que criam essas oportunidades são muitas vezes simples e conhecidas dos professores, mas tendem a ocorrer de forma esporádica e sem reflexão sobre seus objetivos. Pode, por exemplo, ser um jogo em que os estudantes olham uma imagem, descrevem o que observaram, dizem o que pensam que está acontecendo naquela cena e o que gostariam de saber sobre aquilo.

Debates em grupo, com troca de impressões e dúvidas, também são ricos. “Temos de nos perguntar se ensinamos as habilidades da matemática, ciências etc. de modo que eles saibam utilizá-las em novas situações. Pensar em como prepará-los para os problemas que ainda não estão aqui.”

Nesse início de 2019, Church esteve em São Paulo para uma terceira conferência na Concept (mensalidade em torno de R$ 6.000), que, como outras novas escolas de elite, vende a proposta de ensino de vanguarda. À Folha, falou sobre a ideia de “ensinar para compreender” e se disse otimista sobre a possibilidade de isso seja implementado mesmo em uma realidade em que as escolas têm pouca estrutura e os professores, formação deficiente e salários baixos

Como o sr. se envolveu com a ideia de que é preciso ensinar o aluno a compreender?

Depois de lecionar nos EUA, tornei-me professor em escolas internacionais no Japão, na Alemanha e na Holanda. Foi quando comecei a trabalhar com o Project Zero. Na década de 1990, o grupo estava com um grande projeto em torno de questões como “o que é compreender?”, “como ensinar os alunos a compreender?”, “o que vale a pena aprender?”. Eu estava na sala de aula, passava as lições e achava que meus alunos estavam aprendendo, porque entregavam as atividades feitas.

Mas percebi que talvez estivesse ensinando apenas como fazer um procedimento, como multiplicação com dois dígitos, por exemplo. Praticávamos, eles tinham habilidade para fazer, eu podia ver o que conseguiam fazer, no que precisavam de ajuda extra. Frequentemente, porém, acontecia o seguinte: quando as crianças viravam a página das contas de multiplicação para a seguinte com um conjunto de problemas matemáticos, me perguntavam: “tenho que multiplicar aqui?” Meus alunos sabiam fazer, mas não reconheciam quando, como, onde e por que usar aquelas habilidades em novas situações. E estávamos apenas virando a página.

Qual é o sentido de ter as habilidades se não podemos colocá-las em ação por conta própria? Comecei então a pesquisar o que é compreender e como isso é desenvolvido. Além de dar às crianças habilidades em matemática, leitura, redação e em qualquer área, como fomentar as condições para que possam trabalhar com elas em novas situações?

As escolas mudaram muito nos últimos anos ou continuam semelhantes às de antigamente, com professores, lousas, livros, provas e estudantes sentados?

Não sou um historiador da educação, mas penso que, se em outras áreas há tanta inovação, ideias surgindo e influenciando as profissões, por que deveria ser diferente com as escolas?

Meu colega David Perkins, membro fundador do Project Zero, muitas vezes menciona o fato de tantas escolas ensinarem para ninguém, ensinarem coisas que já sabemos. As crianças vão seguir em frente para o desconhecido, para o futuro. Que senso de dever e cidadania temos nessa profissão para não preparar as crianças apenas para o que já conhecido? Como as preparamos para o desconhecido, para os problemas que ainda não estão aqui, para as situações que ainda não encontramos? Temos que ajudar os professores a pensar em movimentos do pensamento nos quais as crianças precisam ser boas para serem conduzidas a uma vida adulta desconhecida. Devemos refletir sobre o que será útil para elas não só agora, mas ao longo dos anos.

Você veio a São Paulo para fazer conferências na Concept, uma dessas novas escolas de elite. Mas temos no Brasil uma realidade de escolas públicas e até privadas com pouca estrutura, professores mal remunerados e formação insuficiente. Nesse contexto, é possível aplicar o conceito de se ensinar alunos a compreender?

Não acredito que só escolas como a Concept devam observar que temos de ensinar nossos estudantes a compreender, pensando em que tipo de pensadores esperamos que se tornem quando tiverem a nossa idade. Para lecionar em qualquer contexto, deve-se pensar nos objetivos de longo prazo para nossos alunos e em como os preparamos para um futuro em que vão encarar grandes dilemas, terão grandes questões para tentar solucionar.

Tem sido interessante ver como essa ideia tem se espalhado. Já observei isso i quando estive trabalhando em escolas de subúrbio, como em Sydney, na Austrália, e em Glasgow, na Escócia. Nas escolas escocesas de ensino médio, por exemplo, tanto públicas quanto privadas, em áreas pobres da cidade, os estudantes não estavam atingindo o Attainment Challenge [sistema do país que mensura o rendimento dos estudantes e busca equidade na formação]. Estavam lutando com as escolas, com todos esses exames, e não iam bem. Foi interessante ver que quando os professores tentaram tornar o processo de pensamento deles visível criou-se uma nova dinâmica. Os alunos passaram a sentir mais e mais que a escola era um lugar para eles, que suas ideias importavam e que os adultos que comandavam aquelas salas de aulas não estavam lá apenas para controlar o grupo. Estavam, sim, sinceramente interessados em ser alunos dos alunos, em criar espaço para que suas vozes fossem ouvidas. Isso deu força a eles.

Não sou especialista em sistemas de educação, mas sei que essas ideias estão encontrando espaço dentre professores que trabalham em circunstâncias muito adversas e eu acho isso promissor.

Você defende que se crie espaço para que os estudantes desacelerem e possam pensar, evitando a pressão de prazos e agendas lotadas. Não é o oposto do que se dá hoje especialmente com crianças da elite, que, além das matérias da escola, têm os mais diversos cursos extras, de futebol e natação a carpintaria e skate?

Nosso projeto não fala disso, mas certamente é algo com que nos preocupamos. Tem um filme maravilhoso, “Race to Nowhere”, que questiona se não estamos sobrecarregando as crianças com tanta coisa sem prestar a atenção a elas como seres humanos, pensadores.

O trabalho de ensinar para compreender e de criar a cultura de rotinas do pensamento não minimiza que existem deveres e prazos. Queremos que as crianças pensem profundamente sobre matemática, ciências, história e todas as matérias, mas é central avaliar em que hábitos de pensamento queremos que sejam boas para que possam se agarrar às grandes ideias em cada área e levá-las para a vida adulta.

As redes sociais são aliadas ou inimigas do processo de ensinar para compreender?

Estamos presos a bolhas falando com quem concorda com as ideias que temos e, como sociedade, temos de nos perguntar como queremos conversar uns com os outros, ter diálogos, debater, pensar sobre que vozes estão sendo ouvidas.

Quando os estudantes estão bem preparados para observar de perto, fazer conexões, considerar outros pontos de vista, raciocinar com evidências, construir explicações, enfim, quando têm esses hábitos de pensamento, estão mais bem preparados para ter conversas mais profundas com quem compartilha da mesma opinião. Mas também podem transpor para conversas difíceis com pessoas das quais discordam a rotina de buscar perspectivas, complexidade e empatia, realmente escutando o outro.

Você fala de “pais helicópteros”, sempre em cima dos filhos, prontos para salvá-los em qualquer situação, e “professores helicópteros”, que, em vez de ajudar os alunos a buscar soluções, agem como se tivessem de consertar seus erros. Como evitar esse comportamento e deixar que as crianças desenvolvam autonomia?

Não fui eu que criei esse termo, ele está aí, mas o que entendo desse fenômeno é que não damos às nossas crianças a chance de falhar. Se estamos sempre os carregando, que oportunidades podemos estar menosprezando? Por que evitamos ensinar resiliência em vez de olhar para as oportunidades de desenvolvê-la?

Muitas vezes na escola, com boa intenção, nós, professores, assim que vemos os alunos fazendo um grande esforço para entender algo, queremos pular para salvá-los. Deve-se criar uma cultura para que se sintam seguros de arriscar, tentar. E, se algo não der certo, não há um demérito enorme ou prejuízo para o aprendizado. Quero colocar o aprendizado na mão deles e deixá-los se esforçar para que as coisas façam sentido. Mesmo que tenham equívocos, devemos deixá-los trabalhar a partir do erro, sem tentar salvá-los. Devem batalhar com suas próprias ideias, se sentir seguros para isso, e temos de agir como facilitadores. Sei que esse esforço pode se transformar em sofrimento para os alunos e obviamente não quero isso.

Por isso, temos de sempre nos perguntar quando dar um passo à frente, um passo para trás, quando intervir, quando deixar nas mãos deles, desenvolvendo a autonomia e respeitando o tempo de cada um. É bem diferente de não prestar atenção às crianças, de só passar lição e esperar que obedeçam. É uma habilidade complexa, temos de ser alunos dos nossos alunos.

Pesquisar ferramentas e tendências da educação em diferentes países e ter contato com crianças, adolescentes, pais, professores e com a relação se constrói entre todos fazem de você otimista ou pessimista em relação ao futuro?

(Risos) Otimista, sem dúvida. Leio jornais, sei que há muito sobre o que ser pessimista. Mas vou a muitas escolas onde os professores estão de fato tentando o melhor para ter uma influência consciente sobre as crianças. O desafio é enorme, escolas são complexas e têm uma série de dificuldades, tanto públicas quanto privadas, mas vejo professores tentando realmente prestar a atenção às crianças. Não estão só ensinando matemática, ciências, o conteúdo curricular.

Ver professores, mesmo com tantas dificuldades, fazendo o melhor para levar em conta quem são os seres humanos à sua frente e pensando sobre o querem para eles agora e no futuro, me traz muito otimismo.

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Clipping da educação, encaminhado pela Diretoria de comunicação social do IFG, todas as sextas.

 

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