Estudantes revivem experimento de Eratóstenes no pátio do Câmpus Goiânia
Alunos puderam medir circunferência da Terra devido à posição dos raios solares na superfície durante dia de Equinócio
Na tarde do último dia 20 de março, iniciou o outono no hemisfério sul do planeta. Este período, conhecido como Equinócio de Outono, é marcado pelo fato dos raios solares atingirem a Terra paralelos ao plano equatorial (linha do Equador), fato que se repete durante o Solstício. Nesta época, em 240 a.C., o astrônomo Eratóstenes de Cirene realizou seu experimento e mediu, pela primeira vez, a circunferência do planeta, graças às posições do Sol e da Terra no momento de Solstício. No dia 21 de março de 2019, alunos do curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás aproveitaram o momento de maior declinação solar, às 12h24, para reviver o experimento de Eratóstenes, desta vez, no pátio da Instituição.
A ação faz parte do projeto organizado pelo Research and Development Department of Ellinogermaniki Agogi - Grécia, com o apoio da International Astronomical Union (IAU). A iniciativa, segundo o professor do Câmpus Goiânia, João Paulo Magna Junior, tem como objetivo fazer com que os alunos vivenciem a experiência do astrônomo e falar sobre a importância desse experimento, considerado um dos 10 mais brilhantes da humanidade. “Ele (experimento) é realizado duas vezes ao ano pela IAU, que é justamente quando o Sol atravessa a direção do Equador, que a gente chama de Equinócio. Eles fazem isso para reviver esse experimento e mostrar como, às vezes, algumas observações empíricas permitem a gente tirar conclusões muito importantes”, explica o professor.
Em 240 a.C., Eratóstenes percebeu que em determinado dia do ano, na cidade de Siena (atual Assuã), no Egito, a luz do Sol atingia o fundo de um poço. De acordo com João Paulo Magna, isso ocorreu no período de Solstício, momento em que os raios solares também atingem a Terra em um ângulo de 90° nos trópicos de Capricórnio e Câncer. “O Sol entra em um movimento, que vai gerando as estações do ano, em que ele passa do Sul para o Norte, atinge o máximo no trópico de Capricórnio e o mínimo no trópico de Câncer. Esse período a gente chama de Solstício”.
Com a observação do poço iluminado em Siena, Eratóstenes percebeu que os raios solares atingiam a Terra, naquele momento, de forma perpendicular, formando um ângulo de 90° com a superfície terrestre. No mesmo instante, em Alexandria, cidade situada a cerca de 5 mil estadias (ou estádios), isto é 787,5 km de Siena, a luz do Sol formava sombra a partir de torres da cidade, com ângulo de 7°,12’.
Tendo como base na Geometria, Eratóstenes concluiu que esse ângulo era o mesmo formado entre as duas cidades, tendo como referência o centro da Terra. Considerando esse ângulo e uma volta completa em uma circunferência (360º), o astrônomo chegou a relação de 1/50 da circunferência terrestre. Com isso, ele obteve a seguinte proporção: 7°12’/360° = 1/50.
Segundo João Paulo, a cada dois anos, instituições de ensino do mundo todo realizam o experimento de Eratóstenes durante o período de Equinócio. O IFG – Câmpus Goiânia participa pela primeira vez. Utilizando uma haste de um metro de altura, os estudantes puderam vivenciar o que Eratóstenes realizou há milênios e conseguiram chegar aos seguintes dados referentes à circunferência da Terra: 30,000 cm de sombra na primeira medição; 29,900 cm de sombra na segunda, terceira e quarta medição; 29,994 cm de sombra média; ângulo de 16°40’03,72’’; circunferência calculada de 39.812.408,631 metros, com uma circunferência referência de 40 milhões de metros, com possibilidade de erro de apenas 0,469%.
Vale ressaltar que as informações foram obtidas no pátio do câmpus, situado em Goiânia, que está a 1.843.281,350 metros do Equador. Os resultados alcançados pelos estudantes foram adquiridos fazendo uma comparação com informações de medição, utilizando a mesma metodologia, na região do Equador.
Para o professor, além de estudar a teoria de Eratóstenes, é importante fazer com o que os estudantes executem o experimento. “Reviver o que ele fez e trazer os alunos para prática. Trazer eles para fazer e calcular os resultados da medição é muito mais interessante para a gente vivenciar isso”, conclui.
Confira abaixo os dados mensurados pelos alunos do IFG – Câmpus Goiânia:
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia.
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