Prática discriminatória nas instituições é um dos temas da palestra ministrada pelo professor Guimes Rodrigues
Atividade ocorreu na última sexta-feira, dia 11, e contou com a participação de representantes do movimento negro
A Comissão Local de Políticas da Promoção da Igualdade Étnico-Racial (CPPIR) promoveu na última sexta-feira à noite, dia 11 de junho, a palestra “Brasil Branco das Instituições Federais de Ensino Superior”, que foi ministrada pelo renomado professor Guimes Rodrigues Filho. Durante a explanação o convidado discorreu sobre formas de alterar a prática discriminatória, particularmente nas instituições de ensino, no que tange à população negra, indígena, de baixa renda e de pessoas com deficiência.
Na opinião do palestrante, no ensino superior brasileiro predomina a “face branca que é a face do poder” e que determina como deve ser o currículo de formação e o currículo dos futuros profissionais. “Essa face não representa o Brasil”, afirmou o professor. Isso em razão da população branca não realizar a autocrítica, e mesmo assim determinar historicamente os lugares sociais dos outros e eliminar negros, indígenas e pessoas com deficiência, como se essas pessoas não existissem.
O professor ainda ressaltou que é muito recente a obrigatoriedade do ensino de Libras e/ou História e Cultura Afro-Brasileira nos currículos, e alertou: “Nós somos responsáveis pela educação. E se a nossa educação tiver uma base racista, dificilmente conseguiremos romper o racismo”, uma vez que os currículos e a legislação majoritariamente beneficiam a população branca.
Guimes também discursou sobre a dificuldade de implementar as cotas, particularmente nas instituições públicas, e apresentou reflexões e um resgate sobre a forma como as leis brasileiras interferiram positiva ou negativamente na população negra e como elas contribuíram para estruturar o racismo no país. “A população negra ao longo da história do Brasil foi sistematicamente excluída”.
O palestrante convidado também lembrou que as pessoas que ocupam espaços de poder, como é o caso da educação, precisam ser pressionadas a dialogar sobre essas questões relacionadas às práticas discriminatórias, e que isso deve ser realizado em conjuntos com poderes jurídicos ou organizações sociais. Como exemplo ele citou os ministérios públicos, organizações não-governamentais e entidades civis. “(...) precisamos denunciar e reclamar quando essas temáticas [discriminatórias] não estiverem presentes no curso. É preciso se articular para mudar essa realidade” disse Guimes Rodrigues.
Relevância
O professor Guimes é doutor em Química pela Universidade Federal de São Carlos, e atua como pesquisador na área de reciclagem de resíduos poliméricos industriais e urbanos; Ensino de Química; e Ensino de Química e a História de Culturas Africana e Afro-Brasileiras, além de projetos de extensão sobre inclusão sócio-cultural-racial através da Capoeira Angola.
Guimes também orientou a primeira tese de doutorado no Brasil sobre "A Bioquímica e a Lei Federal 10.639 de 2003" que obriga o Ensino de História de Culturas Africana e Afro-Brasileiras e Indígenas em todos os níveis da educação no País.
Participação
A palestra com o prof. Guimes Rodrigues foi organizada pelas integrantes da CPPIR Local, Juliana Moraes e Reila Versiane. A professora Juliana, que também é coordenadora do curso de Licenciatura em Química, deu as boas-vindas ao palestrante e convidados e, na sequência, elogiou a trajetória profissional do palestrante.
A diretora-geral do Câmpus Itumbiara, Aline Barroso, enalteceu a satisfação da comunidade acadêmica em receber o professor Guimes, que já foi orientador de diversos trabalhos de servidores do IFG, e parabenizou a equipe da CPPIR pela inciativa de abordar um tema tão relevante, mas, ao mesmo tempo, pouco discutido no nosso cotidiano.
Entre os demais ouvintes da palestra, estavam presentes o chefe de departamento de áreas acadêmicas, Fernando dos Reis, a coordenadora do curso de especialização em Ensino de Ciências e Matemática, Lígia Viana, a tutora do Grupo PET Química, Tatiana Aparecida (todos esses gestores do Câmpus Itumbiara), além de outros servidores e alunos. Também prestigiaram a atividade a representante do Grupo de Mulheres Negras Malungas, senhora Angela Café, e a representante da Comunidade Córrego do Inhambu de Cachoeira Dourada de Goiás e do Conselho de Saúde e da Mulher, Angela de Jesus Araújo..
Setor de Comunicação Social e Eventos – Câmpus Itumbiara.
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