A Libras como instrumento de inclusão social dos surdos é tema de oficina e minicurso na Secitec
Os participantes puderam conhecer projetos e saber mais sobre a Língua Brasileira de Sinais
A literatura surda, a diversidade da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a sua aplicação no ensino – aprendizagem da Química foram algumas das temáticas abordadas durante oficinas e minicursos na 3ª Semana de Educação, Ciência, Tecnologia e Cultura (Secitec) do IFG – Câmpus Goiânia. Nas atividades, a Libras foi ressaltada como um instrumento de inclusão social da comunidade surda e como uma forma de comunicação que necessita ser dominada por surdos e ouvintes no Brasil.
A oficina Literatura em Libras: Rapunzel Surda, que foi ministrada no dia 26 de manhã, contou com a participação de um público interessado em conhecer mais sobre a literatura surda. A oficina foi organizada pelo grupo de estudos em Libras, que reúne estudantes da licenciatura em Matemática do Câmpus Goiânia e mais dois professores surdos, Janaína e Marcos Almeida, sob a coordenação da professora do IFG – Câmpus Goiânia, Soraya Bianca. Na oficina, foram realizadas atividades para o aprendizado da Língua Brasileira de Sinais e apresentada a obra de literatura infantil adaptada para surdos Rapunzel Surda, de Carolina Hessel Silveira, Fabiano Rosa e Lodenir Becker Karnopp.
A professora Soraya Bianca explicou que, na Libras, há três tipos de literatura: as traduções das obras originais para a língua de sinais; a literatura adaptada e a literatura surda, essa última produzida pelo próprio surdo sem perpassar por textos escritos, mas concebida segundo a língua de sinais. Segundo a professora Soraya, a literatura surda “é a arte de sinalizar com as mãos as lutas, as histórias, a cultura e as tradições da comunidade surda”. Na oficina, a professora destacou que o reconhecimento da literatura surda é recente, realizado a partir dos anos de 1960,e prossegue num contínuo processo de formalização.
Luana Dias da Silva, estudante de pedagogia no IFG – Câmpus Goiânia Oeste, que participou da oficina, disse que adorou. “Achei muito interessante ter o contato com uma literatura surda, porque, às vezes, a gente acha que perde um pouco a literatura ao ser adaptada para Libras, mas eu vi que é possível sim fazer uma reprodução de uma obra de forma fidedigna”. Luana revela que o interesse pela Libras surgiu na faculdade, onde ela tem um professor surdo. Além disso, ela contou que também tem uma prima surda, mas, foi na graduação em Pedagogia que surgiu o interesse em saber mais sobre essa língua.
Além da oficina de literatura surda, a professora do IFG – Câmpus Goiânia, Soraya Bianca, ministrou também o minicurso Sólido de Arquimedes em Libras, no dia 25, no qual relacionou a construção dos sólidos, conteúdo da área de Matemática, com o vocabulário da Língua Brasileira de Sinais.
A Libras aplicada no ensino da Química
Outro atividade que promoveu a Libras na programação da Secitec foi o minicurso Compreendendo a diversidade: Libras e quem precisa dela, que foi realizada no dia 26, à tarde, pelo professor, intérprete em Libras e servidor técnico-administrativo no Câmpus Goiânia, Leone Xavier. No minicurso, Leone promoveu uma introdução à Libras aos participantes. Na sequência, o professor de Química do Instituto Federal de Tocantis (IFTO) – Câmpus Gurupi, Francknaldo Pereira, apresentou o seu projeto, no qual desenvolveu uma tabela periódica em Libras para atender alunos surdos e também uma tabela periódica de realidade aumentada, voltada para pessoas com necessidades específicas de diversidade visual.
Segundo o professor Francknaldo, o projeto surgiu, neste ano, devido ao desafio de lecionar Química para o aluno surdo do curso de Engenharia Civil do Câmpus Gurupi do IFTO, Israel Lopes Cardoso, o qual participou do minicurso na Secitec do Câmpus Goiânia. Não apenas o professor Francknaldo foi motivado a buscar uma melhor comunicação com o estudante surdo, como também seus colegas de sala, Luiz Fernando Talarico Neto e Ayalla Souza Domingos, ambos estudantes de Engenharia Civil. Todos eles, representando o IFTO, marcaram presença no minicurso na Secitec do Câmpus Goiânia. Para os estudantes Ayalla Domingos e Luiz Fernando Talarico Neto, a superação das dificuldades de comunicação com o colega de sala Israel, que é surdo, os motivou a ingressarem nesse projeto interdisciplinar entre Química e Libras, coordenado pelo professor Francknaldo Pereira.
Segundo o professor Francknaldo, além da contribuição ao aluno surdo, o projeto estimula os demais alunos ouvintes a aprenderem a Libras durante as aulas de Química. “A União Internacional de Química Pura e Aplicada tem uma tabela oficial, mas falta essa tabela para atendar a comunidade surda. Teria que haver uma tabela periódica oficial adaptada a Libras. Então, o que nós fizemos foi construir uma tabela periódica em Libras para atender a necessidade do meu aluno. Nós encontramos uma tabela periódica em Libras na internet e trabalhamos para melhorá-la e passar os conhecimentos de Química para o Israel, nosso aluno surdo”.
O professor Francknaldo desenvolveu também uma tabela periódica de realidade aumentada, que utiliza um software para que os elementos químicos da tabela sejam apresentados numa perspectiva tridimensional, beneficiando os alunos surdos, ao tornar mais visual, lúdica e dinâmica a aprendizagem dos elementos químicos da tabela periódica. A intenção do professor Francknaldo é que este projeto não fique apenas no IFTO, mas seja disseminado em escolas e outras instituições de ensino.
Outras questões para inclusão
Na 3ª Secitec do IFG-Câmpus Goiânia, além da Libras, outras questões que visam reduzir as desigualdades sociais foram também contempladas na programação do evento, cujo tema dessa edição é a Ciência para a Redução das Desigualdades. Nesse sentido, na programação do dia 25, foram realizadas a oficina O cinema como espelho social: Problematizando as desigualdades de Gêneros, a palestra A mobilidade e a inclusão social, a oficina Diálogos entre História e fotografia: representações da exclusão social e a mesa-redonda Redução de desigualdades sócio-raciais em Educação no Brasil: movimentos sociais e instituições educacionais.
No dia 26, ocorreram a mesa-redonda Empreendedorismo reduz desigualdades?; a oficina Curso de espanhol para crianças e adolescentes carentes; a palestra O papel da educação científica na construção do conhecimento e na transformação social e a palestra O Saber Matemático: da Academia ao Exercício da Cidadania.
A programação completa da 3ª Secitec do IFG – Câmpus Goiânia está disponível na página do evento.
Confira mais fotos da 3ª Secitec na página do IFG – Câmpus Goiânia no Facebook.
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia
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