Estudantes participam de oficina de vídeo popular
A atividade, realizada no Recanto das Emas, acontecerá em oito encontros em sábados consecutivos
No último sábado, 29 de julho, estudantes do Câmpus Águas Lindas participaram do primeiro encontro da oficina de vídeo popular oferecida pelo Movimento do Vídeo Popular (MVP), no Espaço Cultural Ubuntu, no Recanto das Emas, em Brasília. A atividade ocorrerá em oito encontros, distribuídos em sábados consecutivos.
Com o objetivo de trabalhar teoria e prática da linguagem cinematográfica, através da produção de vídeos curta-metragem de documentários ou ficções, a oficina envolveu estudantes do Câmpus Águas Lindas, como também membros da comunidade interessados na temática.
Surgimento do MVP
Segundo Danúbia Mendes, uma das organizadoras da oficina, o surgimento do Movimento do Vídeo Popular remete ao ano de 2002, quando um grupo de estudantes e professores de cinema, da Universidade Católica de Brasília, fez uma oficina com jovens do Riacho Fundo II, introduzindo-os no contexto de produção audiovisual.
Danúbia Mendes explica o surgimento do Movimento do Vídeo Popular |
O vídeo “Cidade dos Cavalos” foi resultado dessa oficina, da qual Danúbia e outros membros do MVP participaram. Para Danúbia, a repercussão desse documentário, que tratava de famílias que moravam junto com cavalos em suas baias, representou uma maior autoestima para todo o grupo.
Anos depois, eles foram influenciados pela a ocupação “Sonho Real”, que gerou um documentário homônimo, com denúncias de desrespeito aos direitos humanos na desocupação do Parque Oeste Industrial em Goiânia.
O MVP surgiu de forma mais concreta com a realização de oficinas com as famílias desocupadas, que então haviam ganhado moradias do governo no bairro Real Conquista, em Goiânia. Ao longo de 2008, foram produzidos quatro vídeos pela comunidade abordando as dificuldades enfrentadas por aquelas famílias.
Em 2014, o grupo realizou processo semelhante no bairro Santa Lúcia, em Águas Lindas, que durou cerca de nove meses, resultando outras produções audiovisuais. “Só queria mostrar essa história para mostrar para vocês que uma simples oficina, lá em 2002, com uma galera muito massa, gerou hoje muita coisa para as nossas vidas, para a nossa autoestima, para nossa vontade de estudar, de ir pra frente, de entender que a gente tem voz”, explica Danúbia Mendes.
O trabalho do Vídeo Popular
Grupo de estudantes pensa filme sobre Águas Lindas |
Ela ainda esclarece que o processo desenvolvido pelos oficineiros é de horizontalização da produção audiovisual, de maneira que os participantes tenham noção de todas as etapas, do roteiro à edição.
“Nós do movimento do vídeo popular somos um movimento social, estamos interessados em interferir na realidade, e modificar a realidade e pensar nossa realidade dentro das nossas possibilidades e o audiovisual é uma ferramenta e é uma forma da gente interferir”, destaca Davi Félix, também membro do Movimento.
“O vídeo popular é do povo e feito pelo povo... quando começa a era digital a gente passa a ter acesso aos meios de produção audiovisuais... a gente também tem que se apropriar da parte técnica, mas também se apropriar do discurso, a gente quer criar novos discursos, a gente quer criar novas perspectivas a partir do vídeo”, enfatizou Adriana Gomes, que também compõe a equipe de oficineiros.
Alunos discutem filme sobre a interação do jovem nas redes sociais |
Como resultado dessa oficina, o grupo tem o objetivo de produzidos dois vídeos curta-metragem que retratem as realidades das comunidades dos estudantes do curso e um vídeo making off do processo de construção desses vídeos. Outro objetivo é a apresentação desses vídeos à comunidade no fim do projeto.
No primeiro dia da oficina, os alunos do Câmpus Águas Lindas se organizaram em dois grupos, cujos temas, ainda embrionários, estão relacionados às dificuldades da cidade de Águas Lindas em emprego, educação, cultura e lazer; e relacionados à interação dos jovens nas redes sociais.
Comunicação Social / Câmpus Águas Lindas
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