Projeto Steam4Girls incentiva a participação de meninas nas áreas de Informática e Exatas
Na ação, são realizadas oficinas voltadas para alunas de escolas municipais de Goiânia
A participação feminina nas Ciências é menor se comparada à masculina. Segundo dados do Instituto de Estatísticas da Unesco, apenas 28% dos pesquisadores do mundo são mulheres. Com o objetivo de reverter esse panorama de desigualdade de gêneros no desenvolvimento científico, professores e alunas do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) desenvolvem o projeto Steam4Girls: aprendizagem criativa para estímulo de meninas cientistas. Na ação, são realizadas oficinas destinadas a alunas de ensino fundamental (8º e 9º anos) de duas escolas municipais da capital, com o objetivo de ensiná-las conteúdos interdisciplinares nas áreas de Tecnologia, Informática e das Engenharias.
Inspirado no projeto Meninas Cientistas, que já é realizado nos Câmpus Formosa e Uruaçu do IFG, o Steam4Girls tem por objetivo estimular o interesse de meninas em temáticas relacionadas ao conceito STEAM ( sigla em inglês de Science - Ciência, Technology - Tecnologia, Engineering - Engenharia, Arts - Artes e Math – Matemática), como: Matemática, Física, Química, Estatística, Informática e Engenharias, incluindo uma visão humana e criativa. O projeto teve início no mês de agosto deste ano e participam 16 alunas da Escola Municipal João Braz, situada no setor São Judas Tadeu, e da Escola Municipal Professora Dalísia Elizabeth Martins Doles, localizada no setor Goiânia 2, na capital.
De acordo com o professor do Câmpus Goiânia e coordenador do projeto, Carlos Roberto da Silveira Júnior, o projeto Steam4Girls visa dirimir o estereótipo de que as áreas de Exatas, Informática e Tecnologias são só para meninos. Também almeja despertar a curiosidade das alunas de escolas públicas de ensino fundamental de Goiânia nos conteúdos dessas áreas de conhecimento, contribuindo na formação das discentes participantes do projeto.
“Na história, observa-se o distanciamento das meninas nas áreas de Informática, de Exatas, por causa de um certo machismo nessas áreas. Um desses exemplos é que os videogames ficavam mais nos espaços dos meninos. Mas a história mostra diferente, pois as primeiras pessoas no Brasil a trabalharem com a parte de programação (de computadores) foram as meninas que saíam da área de Matemática. Não sabemos ainda quais serão os empregos do futuro. A gente só sabe que estão ligados à tecnologia, à informática, à internet, à criação de novas tecnologias, que são muito ligadas a essa área Steam, que é Ciência, Tecnologia, Engenharias, Matemática e Artes”, destaca o professor Carlos Roberto da Silveira Júnior.
A iniciativa surgiu a partir dos resultados de projeto anterior de robótica educacional realizado em duas escolas públicas de Goiânia, no ano de 2018, por grupo de professores e alunos do Câmpus Goiânia do IFG (Saiba mais). Com essa experiência, o professor Carlos Roberto afirma que foi possível observar que as alunas dessas escolas tinham receio em se envolverem com os exercícios práticos executados em computadores e, frequentemente, elas não assumiam o protagonismo das atividades em equipe, que eram quase sempre lideradas pelos meninos. A proposta desse projeto é mudar esse quadro e incentivar as meninas para que conheçam as áreas de conhecimento relacionadas à tecnologia e inovação desde o ensino fundamental.
Oficinas
A primeira edição do projeto Steam4Girls começou na Escola Municipal Professora Dalísia Elizabeth Martins Doles e hoje continua na Escola Municipal João Braz, reunindo as alunas das duas escolas. No projeto, são realizadas oficinas, em que as tecnologias serão ensinadas de maneira interdisciplinar aos conteúdos pertinentes ao ensino fundamental (como disciplinas de matemática, português etc). As oficinas ocorrem nas tardes de segundas e quartas-feiras e reúnem as estudantes participantes no contraturno das aulas.
Nas primeiras aulas do projeto, as alunas participantes aprenderam sobre o conceito de cidades inteligentes e suas tecnologias. E, ao final de cada oficina, elas são incentivadas a programarem por conta própria e a realizarem atividades práticas com o que aprenderam. Para o desenvolvimento das atividades, o projeto conta com investimentos de empresas apoiadoras: FAAFTECH Soluções Automotivas, Santos Dumont - Componentes Eletrônicos e Entele Telecomunicações.
Entre as participantes do projeto, a aluna da Escola Municipal João Braz, Stefanie Jaques, disse aprender muito nas oficinas, especialmente conteúdos de robótica. E isso a motiva a seguir futuramente carreira na área de Computação, revela.
A professora de Matemática da Escola Municipal João Braz, Giovana Fernandes da Costa, que contribui para a realização desse projeto na escola, considera a iniciativa benéfica tanto para as alunas quanto para a escola municipal. “O projeto é de extrema importância para as alunas, porque incentiva elas a buscarem os cursos nas áreas de Exatas e de Tecnologia. Para a escola, essa importância é mais ainda, porque a gente tem o prazer de trazer o IFG pra dentro da escola”, destaca a docente.
Segundo a diretora da Escola Municipal João Braz, Solange Mendes, é com muita satisfação que a instituição recebe o projeto. “As alunas estão super empolgadas. Primeiro, é muito importante pela valorização das meninas nessa área da robótica, pois já há um tabu que é só dos homens. E as meninas estão aí tomando conta, mostrando todas suas habilidades. Sem contar que mostra novos horizontes para essas alunas buscarem uma profissão para o futuro”.
De meninas para meninas
Não somente as alunas das escolas municipais são as protagonistas neste projeto bem como assumem um papel de destaque as alunas do curso de Engenharia de Controle e Automação do Câmpus Goiânia do IFG, que atuam como monitoras nas oficinas. Participam do projeto Steam4Girls as alunas: Amanda Beatriz Mendanha Fernandes, Diane Divina Sousa Ferreira e Carla Bueno do Nascimento Silva. As estudantes dedicam-se no período após o término das aulas para repassarem um pouco de seus conhecimentos, ensinando a outras meninas e também aprendendo a lecionar.
A aluna de Engenharia de Controle e Automação, Amanda Beatriz Mendanha Fernandes, destaca que todo o conteúdo prático referente ao seu curso, ela tem aprendido na realização do projeto de extensão. “Quando eu comecei no projeto, eu não tinha noção de como mexer no Arduino. Até agora, eu só tinha pegado matérias gerais do curso e nenhuma específica, então, o que o professor Carlos deu pra gente foi uma oportunidade de começar a aprender a programar”. Sobre a tutoria para as meninas, Amanda considera que a experiência de lecionar tem sido positiva, bem diferente do que ela acreditava inicialmente que teria dificuldades por não ter conhecimento de didática. Porém, ela conta que houve uma preparação inicial das monitoras do projeto para elaboração dos conteúdos das oficinas. Amanda afirma que as alunas das escolas municipais têm sido bastante receptivas durante as oficinas.
Além do professor Carlos Roberto da Silveira Júnior e as três alunas de Engenharia de Controle e Automação, participam do projeto Steam4Girls o professor Cloves Ferreira Júnior e a psicóloga Cintia Campos Ferreira Lustosa, do Câmpus Goiânia do IFG. A proposta é que o projeto tenha continuidade no próximo ano.
Veja mais fotos do projeto na página do Câmpus Goiânia no Facebook
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia do IFG
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