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Produção Científica

Pesquisa revela índices alarmantes de poluição sonora no Parque Vaca Brava em Goiânia

Publicado: Terça, 04 de Abril de 2017, 09h06 | Última atualização em Segunda, 10 de Abril de 2017, 17h09

De acordo com o trabalho, os níveis de pressão sonora no Parque Vaca Brava estão acima dos limites estabelecidos pela legislação 

Da esquerda para direita: Professor da UFG, Sílvio Vieira; professor do IFG, Lucas Nonato; formando Edson Marques; e o professor do IFG,  Fabiano de Souza, durante banca de defesa do trabalho de conclusão de curso.

Trabalho de conclusão de curso do formando em Licenciatura em Física, Edson Miranda Marques, avaliou os níveis de pressão sonora no Parque Vaca Brava, um dos locais públicos mais frequentados em Goiânia. Na pesquisa, desenvolvida conjuntamente com o orientador e professor do IFG – Câmpus Goiânia Lucas Nonato, foi constatado que os frequentadores do parque estão expostos a níveis nocivos de poluição sonora.

O trabalho foi defendido no dia 29 de março e participaram da banca, além do orientador e professor Lucas Nonato, o professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Sílvio Leão Vieira, e mais o professor do IFG, Fabiano Caetano de Souza. A pesquisa teve por objetivo verificar os níveis de pressão sonora aos quais as pessoas que passeiam pelo Parque Vaca Brava são submetidas em diferentes dias e horários. O interesse pelo local, segundo o estudante Edson Marques, recaiu no fato de que muitos goianienses procuram o Parque Vaca Brava para atividades de lazer e descanso diariamente. Além disso, trata-se de um espaço público que se destaca por estar localizado numa região nobre de Goiânia, no setor Bueno, que é bastante urbanizada.

O estudante Edson Marques explicou que a poluição sonora é definida como sendo um som indesejado, o qual é despejado no meio ambiente, sem respeito aos efeitos negativos que podem ser gerados. E o conceito de ruído deriva exatamente desses efeitos negativos, que, para ser analisado, necessita que o pesquisador leve em conta os parâmetros físicos das ondas sonoras (frequência, intensidade, audibilidade, etc.) e também os aspectos sociais. Visto que o ruído é comumente associado a um som indesejado, ou seja, também envolve aspectos subjetivos, complementa Edson.

De acordo com o estudante, compete à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) estabelecer os níveis de critério de avaliação da pressão sonora em ambientes externo e interno, bem como dos procedimentos operacionais para medições, considerando questões de zoneamento urbano e limites diferentes para os períodos diurno e noturno. Porém, cabe às agências ambientais de cada município normatizar e estabelecer quais os limites para as zonas especificadas em suas cidades. “No caso específico do Parque Vaca Brava, a Instrução Normativa nº 26 de 18 de agosto de 2008 da Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA) estabelece que os pontos enquadrados como ‘zona residencial urbana’ são limitados a 55 decibéis (dB) no período diurno, e 50 dB no período noturno. Os pontos enquadrados como ‘zona de hospitais’ não devem ultrapassar 50 dB no período diurno, e 45 dB no período noturno”, explica Edson.


Captura de dados

Pontos de medição e instrumento utilizado na pesquisa.

Pontos de medição e instrumento utilizado na pesquisa.

“A pesquisa realizada no Parque Vaca Brava foi extremamente enriquecedora para a minha formação profissional, por se tratar de um trabalho que exigiu domínio de conceitos de física, normas técnicas e métodos científicos para coleta de dados, tratamento e análise de informações. Quando se realiza um trabalho com esse grau de complexidade, o estudante tem uma real noção que trabalhar com produção científica e tecnológica exige preparo e aprimoramento contínuo.” , destacou o formando Edson Marques.

Para a pesquisa, o estudante delimitou oito pontos de monitoramento de níveis sonoros no Parque Vaca Brava, sendo cinco externos e que englobam as esquinas e as vias de tráfego que ficam nas proximidades do parque, e mais três pontos internos, próximos ao lago. Com a delimitação dos pontos externos, Edson disse que tinha a intenção de verificar se a aceleração e a frenagem de veículos nas avenidas próximas ao parque elevavam substancialmente o nível de pressão sonora na região.

Desse modo, ele realizou as medições em três dias entre os meses de setembro e outubro do ano passado: na sexta-feira, das 7 às 8h30; no sábado, das 16h30 às 18h40; e na segunda-feira, das 19h às 20h20. A escolha por esses dias e horários, segundo o pesquisador, considerou a rotina dos frequentadores do parque, que costumam fazer caminhadas, nos dias úteis, no início da manhã e/ou da noite. E, nos finais de semana, período em que o público usualmente se acomoda à beira do lago no final da tarde/ início da noite.

Utilizando-se de instrumentos que atendem às especificações técnicas para medições, como: um medidor de pressão sonora modelo DEC-490 (Instrutherm) e um calibrador acústico modelo CAL- 4000 (Instrutherm), Edson chegou a resultados alarmantes: Nenhum dos pontos do Parque Vaca Brava, em nenhum dos dias e horários de medições, apresentaram níveis de ruído enquadrados na legislação aplicada.

“A esquina da Avenida T-10 com a Avenida T-3 não poderia exceder 50 dB em período diurno. Já a esquina da T-10 com a T-15 não poderia exceder 55 dB em período diurno. Mas, sempre estiveram consideravelmente acima do limite estabelecido e se mantiveram, desde o primeiro dia de medição, como os pontos mais problemáticos do parque”, ressaltou Edson. Na pesquisa, ele confirmou o impacto do ruído do tráfego local como o principal elemento que contribui para a elevação dos níveis de pressão sonora no Parque Vaca Brava.


Consequências

Em seu trabalho, o estudante aborda os possíveis danos à saúde daqueles que são submetidos a elevados níveis de pressão sonora, especialmente, se houver um maior tempo de exposição à poluição sonora. De acordo com o professor do IFG – Câmpus Goiânia e orientador da pesquisa, Lucas Nonato, o resultado é bastante preocupante, porque as pessoas e famílias que procuram o parque sentem que ali é um lugar tranquilo. Mas, que se expostas de modo prolongado a esses elevados níveis de pressão sonora, podem ter a saúde afetada negativamente, como: deficiência auditiva, distúrbios de sono, estresse, entre outros males.

O estudante Edson Marques sugere a atuação do poder público na solução desse problema. “Cabe ao governo municipal a proposição de políticas públicas em promover uma atuação conjunta entre os órgãos de engenharia de tráfego e meio ambiente, com o objetivo de mitigar o ruído de tráfego nos arredores do parque, bem como na elaboração de campanhas educativas que visem sensibilizar a população sobre os males à saúde decorrentes da poluição sonora.” Ele propõe também que haja mais pesquisas e grupos de estudos sobre esse tema nas instituições de ensino públicas e privadas, com aquisição de instrumentos e softwares para análise de níveis de ruídos em vários locais da cidade.

Para Edson, a pesquisa não termina com a conclusão do curso de Licenciatura em Física. Juntamente com o professor Lucas Nonato e o estudante de Engenharia Mecânica, Eriberto Oliveira, já submeteram artigo sobre a pesquisa para a revista IEE Latin América Transactions, como produção científica do grupo de pesquisa em poluição sonora, sob a orientação do professor Lucas Nonato, docente do Mestrado Profissional em Tecnologia de Processos Sustentáveis e integrante do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Tecnologia de Processos Sustentáveis (NUPTECS), no IFG. O professor Lucas Nonato convida os demais estudantes interessados a participarem das atividades do grupo de pesquisa.

 

Coordenação de Comunicação Social do IFG/Câmpus Goiânia.

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