Pesquisadores do Câmpus Goiânia auxiliam UFG em estudos para elaboração de plano de drenagem urbana da Capital
Contribuição do IFG no estudo envolve elaboração de diagnósticos das áreas afetadas por alagamentos e aqueles que possam sofrer futuramente com as consequências dos fenômenos
Docentes e estudantes do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG) estão contribuindo com equipe da Universidade Federal de Goiás (UFG) na elaboração do Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia (PDDU-GYN). O projeto, firmado após assinatura de protocolo de intenções entre a UFG e a Prefeitura de Goiânia, visa desenvolver um plano com apontamos e sugestões para amenizar os efeitos das chuvas na capital. O câmpus é representado no estudo pelos docentes João Batista Cortes, Elaine Costa Reis e Thiago Augusto Mendes, além de discentes do curso técnico subsequente em Agrimensura e da Engenharia Cartográfica e de Agrimensura. A professora aposentada da Instituição, Jussanã Milograna também faz parte da elaboração do projeto.
De acordo com a equipe de comunicação do PDDU-GYN, os representantes do Câmpus Goiânia estão atuando na coordenação de Meio Ambiente, Processos Erosivos e Qualidade da Água; Análise de Drenagem e Medidas Compensatórias; coordenação de Topografia e Aerofotogrametria. O professor Thiago Augusto Mendes, que coordena a parte referente ao Meio Ambiente, conta que o projeto está na fase de levantamento e diagnóstico (campo e laboratório) e elaboração da documentação técnica relacionada às sub-bacias do Ribeirão Anicuns (córregos Cascavel, Botafogo, Macambira e Taquaral).
Thiago Augusto Mendes explica que o levantamento é feito por diferentes técnicas e métodos, como, por exemplo, por meio de geoprocessamento, aerofotometria e modelagem hidrológica, etc. O levantamento de laboratório (escritório) é feito utilizando as informações coletadas em campo com os devidos ajustes e processamento dos dados, além de compilar também dados de monitoramento climáticos e hidrológicos disponíveis nos órgãos oficiais, como: Defesa Civil, IBGE, ANA, Universidades, entre outros. “Tudo isso compõem a base dos diagnósticos dessas sub-bacias do ribeirão Anicuns. Assim, são simulados diferentes cenários de precipitação e geração de vazões nos canais artificiais e naturais (rios), conforme topografia e condições reais de campo para produção de diferentes mapas de inundações e alagamentos. Diante de tudo isso, é possível propor soluções, medidas de controle, obras de engenharia para a gestão de águas pluviais do município”, completa o docente do Câmpus Goiânia.
O professor João Cortes, que cuida da parte Topografia, explica que sua equipe tem realizado voos com aeronave remotamente pilotada (RPA, vulgarmente conhecida como drone), para capturar imagens das regiões de interesse, isto é, próximo às bacias dos córregos e rios que cortam a cidade e são pontos comuns de alagamentos. Nessa área, participam do estudo o técnico Leomar Rufino Alves Júnior e os estudantes Ana Clara Pereira da Silva, Bruna Cristina Szlapakm, Dalcino Humberto das Dores Júnior, Gabriela Alves e Castro, Iulliane Garcia, Laudier Lopes Abreu, Lázaro de Almeida Santos Júnior, Nayza Pereira dos Santos, Rosana Silva de Jesus, da Engenharia Cartográfica e de Agrimensura; e Josael Neves Mariano, do técnico subsequente em Agrimensura. Eles são bolsistas da Fundação de Apoio à Pesquisa, Funape. O projeto conta também com uma estagiária, Lilian Alves de Araújo, do curso técnico em Agrimensura.
"O IFG é responsável pelo aerolevantamento dos cursos d'água e dos locais sujeito à inundação. Por ser uma área urbana usamos um multirotor da marca DJI modelo 210V2. Nossos alunos auxiliam nos voos, no processamento das fotografias fazendo a sua união, gerando o ortomosaico (Ortomosaico é a conversão da fotografia da projeção cônica para a ortogonal e unificação do tamanho do pixel no terreno.) Geramos também o Modelo Digital do Terreno (descrição do relevo). O do MDT e ortomosaico é inferior à 15 cm. O alunos também implantam alvos pré-sinalizados que tem por função ajudar na determinação da posição do RPAS além de permitir avaliar a precisão e acurácia dos produtos gerados", detalha João Cortes.
Segundo o docente, os voos são realizados sempre a 120 metros de altura, obtendo um pixel referente ao terreno na faixa de 3cm. “Com isso nós geramos um ortomosaico, que é a união de todas essas fotografias, transformando elas de uma projeção cônica para uma projeção ortogonal e nós também fazemos a descrição do modelo digital do terreno. Ou seja, nós descrevemos o relevo nessa área”, explica.
Todo o trabalho deve seguir as especificações estipuladas pela Prefeitura de Goiânia, que exigiu Padrão de Exatidão Cartográfica dos Produtos Cartográficos Digitais (PEC-PCD) melhor ou igual a 1 para 1000. “Nós estamos chegando na faixa de 1 para 600 e precisão altimétrica de 1 metro, nós estamos chegando na faixa de 60cm”, informa Cortes.
Ainda de acordo com o professor, por meio desse trabalho são levantados, em cada bacia, dados como posição e dimensão de bueiros, se eles são simples, duplos, triplos ou quádruplos, diâmetro de suas tubulações, áreas impermeáveis e permeáveis, declive do terreno, entre outros. “Vamos pensar aqui no IFG [Câmpus Goiânia]. Têm algumas bocas de lobo que saem direto do IFG, passam por debaixo do Mutirama e deságuam diretamente no Córrego Botafogo. Então todo esse percurso é analisado, o volume da água. Aí vem algumas soluções, tipo: para eliminar isso é obrigado a aumentar o diâmetro das manilhas ou é obrigado a alargar o córrego ou tem que fazer uma bacia de contenção. Sempre tem mais de uma solução proposta”, afirma Cortes.
Em alguns casos, o professor conta que a equipe chega a realizar uma simulação de chuva para identificar o ponto de drenagem de alagamento. “E o que estamos oferecendo? Soluções para evitar o alagamento, esse é o objetivo. Não só evitar esses pontos de alagamentos existentes hoje, mas prevendo o crescimento da cidade. [...] Se a Prefeitura implementar esse plano de drenagem urbana, a cidade não teria mais problemas de alagamento”, acredita.
Como é o trabalho cartográfico
Até o momento, a equipe que cuida da parte de cartografia conseguiu levantar dados da bacia do Córrego Cascavel – sua foz, no Ribeirão Macambira, até sua nascente pegando todos os afluentes – Vaca Brava, totalizando aproximadamente 27km lineares de curso d’água. “E tudo isso nós temos que verificar qual é o padrão de qualidade do produto que nós estamos gerando. Para isso, nós colocamos no chão algo que nós chamamos de alvo personalizado. Esse alvo personalizado ele lembra um ponto de interrogação. É uma bolinha com uma haste pintada. Nós colocamos mais de mil alvos desse para verificar a qualidade”, explica João Cortes.
O professor adianta que ainda é preciso realizar o levantamento dos córregos Capim Puba, Areião, Semidouro (Parque Flamboyant), Botafogo e Buritis. “Esse trabalho tem duração prevista de 12 meses, podendo ser prorrogado por mais um. Ao entregar esse plano de drenagem urbana para a Prefeitura, nós vamos enfrentar o próximo desafio que seria como a Prefeitura conseguiria implementar parte ou todas as recomendações. Obviamente essas recomendações seriam para Goiânia inteira, mas a primeira alternativa seria diminuir o fluxo de enxurrada”, finaliza Cortes.
O PDDU-GYN
O projeto iniciou após assinatura de um protocolo de intenções pela Prefeitura de Goiânia e Universidade Federal de Goiás em fevereiro de 2023. O IFG Câmpus Goiânia é uma das instituições que colabora com a UFG no trabalho de elaboração do plano de drenagem urbana (PDDU). De acordo com a UFG, o atual plano de drenagem de Goiânia é de 2005 e cobre apenas 60% da área urbana do município. Após ser aprovado, o novo PDDU terá uma margem de vigência de aproximadamente 20 anos.
Confira mais informações sobre o Plano Diretor de Drenagem Urbana de Goiânia.
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia
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