Estudo detecta poluição atmosférica em Goiânia
No monitoramento da qualidade do ar em Goiânia foi constatada a presença de elementos-traços, mais conhecidos como metais pesados, na atmosfera
A pesquisa “Monitoramento da poluição atmosférica por meio da análise de metais em água das chuvas” foi realizada pelo professor do IFG – Câmpus Goiânia, Aldo Muro Júnior e mais os docentes do Instituto de Química da Universidade Federal de Goiás (UFG), Nelson Roberto Antoniosi Filho e Eliéser Viégas Wendt. O estudo revelou a presença de elementos-traço, vulgarmente conhecidos como metais pesados, na água das chuvas coletadas na capital, o que constatou a poluição do ar atmosférico em Goiânia.
A pesquisa revela a presença de elementos-traço na água das chuvas coletadas em Goiânia, com indicativos de poluição do ar atmosférico, quando os índices são comparados aos limites ocupacionais indicados pela OMS
Os elementos-traço, como Zinco, Chumbo, Cobre e etc..., são lançados na natureza por diversas fontes de emissão nos centros urbanos. Esses elementos vão parar também na atmosfera e são encontrados na precipitação das águas das chuvas.
Para o estudo, foram distribuídos coletores em cinco locais de Goiânia (Avenida Independência, Câmpus II da UFG, Clube de Engenharia, Alphaville e na zona rural) durante o período de estiagem. De acordo com o artigo, as normas ambientais internacionais de controle e de monitoramento do ar atmosférico controlam somente as emissões de Óxidos de Enxofre, Óxidos de Nitrogênio, Ozônio e Chumbo. Além disso, mesmo em outras pesquisas com foco no estudo da poluição atmosférica através da análise da água das chuvas, a maioria se concentra apenas na análise de alguns elementos-traço, como Sódio, Magnésio, Zinco e Manganês.
O objetivo dos professores com a pesquisa foi verificar quais elementos-traço podem ser encontrados nos pontos de coleta da água das chuvas em Goiânia e, assim, comparar a quantidade dos elementos constatados aos limites de exposição humana para ambientes ocupacionais determinados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
A pesquisa diferencia-se ao utilizar a análise da água da chuva para monitorar a qualidade do ar ambiental. Os elementos-traço, ao serem carregados pelas águas pluviais, impactam o meio ambiente e podem ser acumulados em seres vivos ou mesmo não se degradarem. “Com o ciclo das chuvas, que são verdadeiros aquíferos aéreos, os solos são contaminados, juntamente com os rios em solo, estuários e águas subterrâneas, com efeitos sobre toda a fauna e flora”, explica o professor do IFG – Câmpus Goiânia, Aldo Muro.
Foto de um dos pontos de coleta instalados em Goiânia para a pesquisa.
Índices de poluição
Entre os resultados, foi detectada a presença dos seguintes elementos químicos, em ordem quantitativa decrescente: Cálcio, Alumínio, Estrôncio, Magnésio, Ferro, Sódio, Zinco, Manganês e Bário. Foi constatada a poluição atmosférica em Goiânia, devido à presença dos elementos-traço Alumínio, Cálcio e Zinco, por apresentarem quantitativos na água das chuvas acima dos limites indicados como nocivos à saúde humana, segundo a OMS.
Ainda sobre os resultados, a presença de Ferro encontrada em todos os cincos pontos de coleta da pesquisa evidenciou o quanto as atividades da área de metal-mecânica em Goiânia acabam interferindo na qualidade do ar atmosférico. Outra preocupação foi a identificação de Magnésio em todas as regiões em que houve a coleta da água das chuvas, especialmente, nos locais em que há maior atividade industrial em Goiânia. De acordo com o estudo, a grande incidência do Magnésio no meio ambiente pode causar doenças degenerativas e ocasiona também efeitos carcinogênicos e mutagênicos.
Segundo o professor Aldo Muro, é preciso que outros elementos-traço, que não somente os dióxido de carbono, dióxido de enxofre, etc., passem a ser contemplados nos limites indicados como nocivos à saúde humana pela OMS. “Eu efetuei um projeto de lei para alterar os elementos que são mensurados para poluição atmosférica, apondo elementos denominados ‘metais-traço’, dentre os elementos a serem pesquisados e monitorados como poluentes e causadores de diversas patologias antrópicas e no meio biótico como um todo”, destaca o docente.
Infográfico mostra a localização espacial dos pontos de coleta usados para o estudo.
Reconhecimento da pesquisa
O artigo sobre a pesquisa foi submetido ao Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia (CONTECC’ 2017), que irá ocorrer de 8 a 11 de agosto, em Belém (PA). De diversos trabalhos enviados ao evento, 150 foram selecionados para apresentação em banners e 24 pré-selecionados para apresentações orais.
O estudo realizado pelos professores de Goiás foi um dos selecionados para as comunicações orais e também receberá certificado de honra ao mérito. Além da publicação nos anais do evento, os docentes foram convidados para escrever um capítulo de um livro sobre a engenharia.
Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia.
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