Educação e políticas públicas marcaram primeiro dia do V Seminário de Educação para as Relações Étnico-Raciais
Foi realizada na noite de 29, a solenidade de abertura do V Seminário de Educação para as Relações Étcnico-Raciais. Esta edição do evento, que foi realizado no Câmpus Uruaçu, discute o papel das políticas e relações étnico-raciais no projeto de desenvolvimento da Instituição. Compareceram à abertura autoridades do IFG, entre Pró-Reitores e Diretores de câmpus, o diretor da Universidade Estadual de Goiás (UEG), professor Edson Arantes, e a Coordenadora Regional de Educação, Cultura e Esporte de Uruaçu, professora Divina Rosenilde Alves, representando o prefeito de Uruaçu, Walmir Pedro.
A Diretora-Geral do IFG Câmpus Uruaçu, professora Andreia Alves do Prado, foi a primeira a tomar a palavra e saudar todos os visitantes do câmpus. Andreia assinalou a importância da participação das delegações dos 12 câmpus presentes no evento. "É um momento muito importante para discutir as relações étnico-raciais e estreitar os nossos laços, a fim de, unidos, darmos continuidade às lutas pelos direitos dos negros no Brasil", aponta Andreia.
Em seguida, assumiu a tribuna a Coordenadora da Comissão Permanente de Políticas da Igualdade Racial (CPPIR), professora Ádria Borges, do Câmpus Cidade de Goiás. A professora fez um levantamento das políticas afirmativas brasileiras sobre questões raciais, assim como as próprias políticas das Instituição. Segundo ela, os avanços são tangíveis, "mas ainda não se aproximam dos números reais, quando pensamos que mais da metade da população brasileira é composta por negros e pardos. Nossa luta é para que as políticas inclusivas, um dia, representem essa realidade."
O Pró-Reitor da Extensão, Daniel Barbosa, adentrou o tema da ancestralidade e seu papel na resistência e reivindicação de direitos. Para o Pró-Reitor, "a ancestralidade nos ajudou a resistir e avançar por muitos milênios. É preciso resgatar essa ancestralidade, e a sala de aula é um espaço fundamental para esse resgate".
Daniel ainda congratulou os esforços da Instituição, representados pela CPPIR e pela Direção-Geral do Câmpus Uruaçu, em realizar o Seminário, num momento em que o evento Institucional ao qual o Seminário costumava ser parte integrante, o Encontro de Culturas Negras, não pode ser realizado este ano. O Pró-Reitor também lembrou que, "conforme as últimas atualizações do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), o 4º Encontro de Culturas Negras deverá ser realizado em 2019, entre 28 e 30 de novembro".
A professora Divina Rosenilde, da prefeitura de Uruaçu, retomou o assunto das relações étnico-raciais, pensando sua importância no âmbito do ensino básico municipal, em que é professora. "É fundamental levar as discussões sobre diversas questões étnico-raciais para o ambiente escolar, como as necessidades e resultados de nossas políticas públicas e discutir as narrativas equivocadas presentes nos livros didáticos de história", cita Rosenilde.
A última a tomar a palavra foi a Pró-Reitora de Ensino, professora Oneida Cristina Barcelos Irigon, que representou na solenidade o Reitor do IFG, professor Jerônimo Rodrigues da Silva. A professora fez um apanhado histórico de como a educação brasileira trata as narrativas da população afrodescendente no Brasil, ressaltando que vigorou, por muito tempo, "uma história pautada pelo monoculturalismo, que exclui as raízes africanas da história do Brasil, pensando o país apenas no que tange a colonização europeia".
As falas das autoridades foram antecedidas por uma apresentação cultural, com a dupla vencedora do último Festival de Música do Câmpus Uruaçu, Mariana e Victor, orientados pelo professor de música João Henrique.
Conferência de abertura
Após a fala das autoridades, o auditório recebeu a professora Dra. Anna Maria Canavarro Benite, da Universidade Federal de Goiás (UFG), que ministrou a conferência de abertura do evento, sobre o tema A reinvenção do poder - possibilidades de uma educação tecnológica antirracista. A conferencista foi acompanhada e teve seu currículo apresentado pela professora Andreia Alves do Prado.
Anna Canavarro apresentou um panorama do desenvolvimento histórico dos posicionamentos, sociais, culturais e educacionais quanto as questões étnico-raciais, e salientou a importância de políticas públicas de inclusão do negro e da discussão sobres as questões de igualde racial no ambiente educacional, como meio de combate à discriminação racial.
Lançamento de livro
Ao término da conferência, os participantes do evento prestigiaram o lançamento do livro O movimento social negro brasileiro, do professor Dr. Pedro Barbosa. Barbosa conversou com o público sobre as principais questões presentes em sua obra e concedeu autógrafos em seus livros.
A programação do V Seminário de Educação para as Relações Étnico - Raciais começou no período da tarde, às 14h, com a Oficina Dança de Tambor, oferecida pela Associação Quilombola João Borges Vieira. Segundo a presidente da Associação, Domingas Gouveia, "a Dança de Tambor é uma tradição cultural negra ancestral e era uma das danças utilizadas, pelos negros escravizados no período colonial, para se comunicarem, numa época em que eles eram proibidos até mesmo de conversar entre si."
Durante a oficina, Domingas convidou participantes da platéia para vestirem as saias e participarem da Dança. Quem não dançou teve a oportunidade de aprender as músicas tradicionais e cantar junto ao instrumentistas de tambor. Alguns participantes da oficina também se uniram aos instrumentistas e tocaram tambor, enquanto os demais dançavam, cantavam e se uniam ao festejo.
Mesa - redonda
Na tarde da última quinta-feira, 29, também foi realizada a Mesa-Redonda com os Coletivos Negros do IFG. A conversa foi mediada pela servidora técnica-administrativa do Câmpus Águas Lindas e integrante da CPPIR, Carla Oliveira. Participaram da Mesa-Redonda os estudantes Ana Paula Moreira, representando o Coletivo Negra, do Câmpus Goiânia, Carlos Henrique, de Águas Lindas, membro da CPPIR e representante do Grêmio Estudantil Guilherme Neto e do DCE do IFG, Hellen de Oliveira, do Coletivo Negro Universário da Universidade Federal de Goiás, e Evaldo Gonçalves, servidor técnico-administrativo do Câmpus Jataí e representante do Coletivo Negro Indígena de Jataí (Afrontaí).
Após os integrantes da mesa discutirem os desafios e realidades dos movimentos étnico-raciais no ambiente estudantil, ouvintes da platéia puderam participar com perguntas direcionadas aos integrantes da mesa.
Seminário
Debates sobre as formas de enfrentamento ao racismo, as possibilidades de uma educação antirracista, as ações afirmativas e as práticas institucionais fizeram parte da programação do V Seminário de Educação para as Relações Étnico-raciais, realizado de 29 de novembro a 1º de dezembro, no Câmpus Uruaçu. Também aconteceram exposições orais de trabalhos científicos sobre questões africanas e de afrodescendência, de raça e antirracismo e diversidade étnico-racial.
Confira a programação completa.
Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Uruaçu.
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